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Análises em inovação: estudos preliminares para o anteprojeto do Memorial da Associação Bahiana de Imprensa Analysis on innovation: preliminary studies for the outline project of Bahia’s Press Association Memorial Ibsen Véras Queiróz NEPAUR-UNIFACS, Brasil [email protected] Lucas Figueiredo Baisch NEPAUR-UNIFACS e GREMM-UFBA, Brasil [email protected] Abstract This article consists on presenting the preliminary studies made during the meetings of this Extension Research on innovative techniques in architecture and new expositive methods concerning the subject “Museology”, in order to start the outline project of Bahia’s Press Association Memorial (in Portuguese: Memorial da Associação Baiana de Imprensa – ABI),scheduled to begin at the first semester of 2015. Keywords: Museu de imprensa; Museologia; Expografia; Instalações artísticas; Arquitetura Introdução A palavra Museu tem origem no termo grego Museion, que pode ser traduzido como templo das musas. O primeiro estabelecimento cultural a receber o nome de Museu foi o Palácio do soberano egípcio Protolomeu I, que cedeu parte dele para que os filósofos e sábios mais célebres de seu tempo pudessem se reunir. Contudo, a nomenclatura Museu da forma como é conhecida atualmente só se consolida a partir da abertura do Louvre em 1750, na França.

Análises em inovação

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Estudos preliminares para o anteprojeto do Memorial da Associação Bahiana de Imprensa

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Anlises em inovao: estudos preliminares para o anteprojeto do Memorial da Associao Bahiana de ImprensaAnalysis on innovation: preliminary studies for the outline project of Bahias Press Association Memorial

Ibsen Vras QueirzNEPAUR-UNIFACS, [email protected]

Lucas Figueiredo BaischNEPAUR-UNIFACS e GREMM-UFBA, [email protected]

AbstractThis article consists on presenting the preliminary studies made during the meetings of this Extension Research on innovative techniques in architecture and new expositive methods concerning the subject Museology, in order to start the outline project of Bahias Press Association Memorial (in Portuguese: Memorial da Associao Baiana de Imprensa ABI),scheduled to begin at the first semester of 2015.Keywords: Museu de imprensa; Museologia; Expografia; Instalaes artsticas; Arquitetura

IntroduoA palavra Museu tem origem no termo grego Museion, que pode ser traduzido como templo das musas. O primeiro estabelecimento cultural a receber o nome de Museu foi o Palcio do soberano egpcio Protolomeu I, que cedeu parte dele para que os filsofos e sbios mais clebres de seu tempo pudessem se reunir. Contudo, a nomenclatura Museu da forma como conhecida atualmente s se consolida a partir da abertura do Louvre em 1750, na Frana.Um museu aberto ao pblico deve estar sempre a servio da sociedade e de seu desenvolvimento. Logo, para que um Museu se mantenha funcionando de maneira saudvel, de suma importncia que a instituio atenda, de certa forma, aos anseios de uma sociedade cada vez mais exigente e que j no se impressiona to facilmente como antes. Seja no espao, na forma, ou ainda no estilo de exposio utilizado, necessrio haver criatividade e inovao. Tendo isso em vista, e a partir das pesquisas realizadas na disciplina extracurricular Iniciao Cientfica durante o semestre letivo de 2014, com orientao do Prof. Me. Lucas Figueiredo Baisch, o seguinte artigo visa elucidar as anlises elaboradas junto a equipe de pesquisa de extenso da UNIFACS, apresentando projetos arquitetnicos e estilos expogrficos de referncia em inovao no Brasil e no exterior para que sirvam como estudos preliminares elaborao do anteprojeto para o Memorial da Associao Bahiana de Imprensa, a ser realizado no primeiro semestre de 2015. Museus de ImprensaComo objeto de estudo, so analisados dois museus que abordam a temtica imprensa: o Museu da Imprensa Oficial Eloy de Souza, em Natal/RN; e o Museu da Imprensa de Madeira, na Ilha de Madeira em Portugal. Criado em novembro de 2003 e inaugurado um ano depois, o Museu da Imprensa Oficial Eloy de Souza foi criado pelo Governo do Estado do Rio Grande do Norte com o intuito de restaurar e estruturar melhor o Departamento Estadual de Imprensa. O Museu hoje est instalado no salo que abriga o acervo do Parque Grfico do Departamento de Imprensa, que dispe de mquinas de imprensa antigas, mveis, utenslios e exemplares de jornais (Figura 1), e que por sua vez foi incorporado integralmente ao novo Museu. Figura 1 Maquinrio em exposio no Museu Eloy de Souza. Fonte: Associao Norteriograndense de Estudantes. [footnoteRef:1] [1: Disponvel em: . Acesso em: 09 dez. 2014.]

Nele, os visitantes tem a oportunidade de ver como os jornais antigos eram fabricados por meio de uma equipe especializada em operar as mquinas antigas, contratada quando h visitas agendadas. No caso de visitas normais, o Museu dispe de recursos audiovisuais, com TVs e DVDs (informao disponvel no site do prprio Departamento Estadual de Imprensa), que mostram o mesmo processo de fabricao dos jornais aos visitantes quando a equipe que opera as mquinas no pode comparecer ao local.J o Museu da Imprensa de Madeira em Portugal teve seu projeto apresentado e viabilizado em maio de 2009, mas s foi efetivamente inaugurado no ano de 2013. Em texto publicado no site da Cmara de Lobos, diz-se que o projeto busca abordar a comunicao e a imprensa como patrimnio histrico, destacando assim alguns equipamentos e mquinas originais dos sculos XIX e XX, e tambm visa homenagear as grandes figuras da histria da imprensa a nvel mundial. Segundo o site Madeira Islands da Direo Regional Turstica de Madeira, o Museu funciona num volume anexo Biblioteca Municipal de Cmara de Lobos (Figura 2) e possui uma rea de cerca de 2000m. Seu acervo conta com variadas mquinas trazidas de diversas regies de Portugal, sendo algumas delas ligadas impresso de jornais. Alm da programao expositiva, o Museu tambm promove atividades de dinamizao cultural.

Figura 2 Biblioteca Municipal de Cmara de Lobos. Fonte: Jornal da Madeira. [footnoteRef:2] [2: Disponvel em: . Acesso em: 09 dez. 2014.]

Embora ainda no se saiba do que dispe o acervo do Memorial da ABI, pode-se propor que, assim como no Museu Eloy de Souza, o Memorial mostre como funcionava a produo de folhetins antigos aos visitantes, deixando at mesmo que eles participem do processo desde que possvel. Outra sugesto a de que os prprios visitantes construam as notcias a serem impressas nos jornais, fosse por meio de curtas entrevistas a pessoas presentes no prprio local, relatos que eles considerassem interessantes ou at mesmo fatos fictcios. Ainda, para que se consolide o carter de utilidade social da instituio, o Memorial pode vir a oferecer cursos rpidos relacionados rea, como digitao (uma vez que a datilografia caiu em desuso), fotografia ou construo textual. Por fim, interessante estudar a possibilidade da integrao do Memorial com os cursos de Jornalismo oferecidos na capital soteropolitana e no resto do Estado, seja por meio de palestras, visitas de campo dirigidas ou, caso seja vivel, reunir um pequeno acervo bibliogrfico de livros, peridicos ou revistas relacionados ao curso.Anlise ArquitetnicaNeste tpico, so analisados trs museus internacionais, selecionados como referncia durante os encontros semanais junto ao orientador da disciplina. The Prmont Lantern em Qubec, Canad.O primeiro Museu abordado o The Prmont Lantern, da DMG architecture + Bourgeois Lechasseur architectes, localizado na cidade de Qubec, no Canad. O Museu, que conta a histria da marca de motocicletas Harley-Davidson, foi inaugurado em 2012 e ocupa uma rea de aproximadamente 8000m (ArchDaily), onde tambm fazem parte do programa um restaurante temtico e escritrios de administrao. Seu acervo composto por vrios artigos de coleo e uma grande loja de reparos. possvel tambm adquirir unidades das motocicletas no local.O Museu est implantado na autoestrada La Capitale, onde o entorno constitudo basicamente pela mesma tipologia arquitetnica simplria dos arredores da cidade, sem grandes edifcios. Seus acessos foram pensados considerando os automveis pelo fato de estar localizado ao longo de uma autoestrada. A entrada principal est localizada abaixo da torre lanterna, que ilumina os visitantes que adentrarem o hall. O estacionamento do Museu est situado nos fundos do edifcio, paralelo ao alinhamento deste.O sistema estrutural do Museu misto, sendo composto por trelias e vigas metlicas (notoriamente a torre) junto a lajes, pilares e algumas vigas executadas em concreto armado. possvel ver parte da estrutura metlica aparente olhando para o teto do salo principal (chamado de showroom, mostrado na Figura 3). Os materiais que compem o Museu so: ao e concreto armado (estrutura); vidro, grade metlica e placas de alumnio (fachadas).Figura 3 The Prmont Lantern: Showroom. Fonte: Stphane Groleau.[footnoteRef:3] [3: Disponvel em: . Acesso em: 09 dez. 2014. ]

Composto por dois pavimentos, o projeto bastante minimalista, no fazendo uso de linhas curvas ou se baseando em grandes recursos tecnolgicos a fim de se destacar no entorno: ele consegue isso dentro de seu prprio minimalismo. Em planta, o prdio se abre numa faixa em forma de U, dando as costas para a autoestrada e ao mesmo tempo criando um ptio protegido de rudos, vento e da contaminao dos gases txicos emitidos pelos automveis do outro lado. Na extremidade ao sul do terreno aparece uma torre cortada na parte superior, criando assim a Lanterna Prmont, que durante a noite funciona como um farol, visvel da autoestrada e das reas adjacentes. O corte na parte superior da torre faz com que parte da estrutura metlica treliada presente nela fique aparente na fachada.O volume foi concebido e inserido sem se pensar no entorno propositalmente para deixar a justaposio entre o Museu e o entorno da maneira mais evidente possvel. Assim, a Lanterna Prmont assume o papel de marco visual da rea (Figura 4), que, como dito antes, era caracterizada pela continuidade de uma tipologia arquitetnica simplista e no possua um at a construo do Museu.

Figura 4 O The Prmont Lantern como marco visual do seu entorno imediato na cidade de Qubec, Canad. Fonte: Stphane Groleau[footnoteRef:4] [4: Disponvel em: . Acesso em: 09 dez. 2014.]

Museu da Histria Urbana e Social de Suresnes, em Suresnes, Frana.Aps um trabalho de restaurao na antiga estao ferroviria de Suresnes-Longchamp, onde a edificao foi preservada em sua forma original, foi adicionado um novo anexo em concreto para a implantao do Museu da Histria Urbana e Social da cidade de Suresnes, inaugurado em 2014 e que funciona tanto no volume pr-existente, como na interveno. No interior do Museu so expostos modelos, objetos e projeo de imagens em grande escala para contar a histria do planejamento urbano e social da cidade.O acesso antiga estao feito por meio de uma escada inserida na fachada frontal do Museu, onde os blocos da interveno parecem se dividir. Esse novo acesso d para um terrao elevado, onde ocorrem coquetis, eventos educacionais e exposies ao ar livre. O edifcio antigo tambm pode ser acessado diretamente dando a volta na interveno, por outra escada maior pela fachada lateral (Figura 5).

Figura 5 Relao do Museu da Histria Urbana e Social de Suresnes com a antiga estao ferroviria e seu entorno imediato. Fonte: Luc Boegly[footnoteRef:5] [5: Disponvel em: . Acesso em: 09 dez. 2014.]

Existem dois acessos ao anexo: o principal d para a recepo, que funciona como um hall de distribuio para os outros ambientes do Museu; enquanto o outro d para um corredor que tem acesso direto rea de estoques, o que pode caracteriz-lo como acesso de servio.O Museu se estende ao longo da fachada da antiga estao ferroviria de Suresnes-Longchamp, que foi requalificada e tambm funciona como parte integrante da instituio, cobrindo parte do muro de conteno do terreno. As exibies de exposies temporrias, recepo e servios esto localizados na parte nova do Museu, enquanto as colees permanentes so mostradas nos dois pavimentos da antiga estao. O volume da interveno foi pensado de modo a no sobrepor a antiga estao, que aparece logo atrs dele. Tambm por esse motivo, os arquitetos optaram por usar o concreto branco e esquadrias de vidro na fachada, criando uma agradvel justaposio com a antiga estao e seu entorno (composto por edificaes com fachadas claras), e ao mesmo tempo no chamando toda a ateno apenas para si (como visto na Figura 6).

Figura 6 Fachada do Museu da Histria Urbana e Social de Suresnes. Fonte: Cyrus Cornut[footnoteRef:6] [6: Disponvel em: . Acesso em: 09 dez. 2014.]

Quanto forma, a interveno aqui tambm cuidadosamente minimalista: paredes retas, sem curvas e sem grande uso de tecnologias contemporneas. O concreto usado na fachada foi deixado branco para remeter a cor natural da pedra, usada antigamente como principal material na construo de edifcios. O prdio se desenvolve em um pavimento, a fim de no interferir mais do que o necessrio na tipologia arquitetnica do entorno, como j dito anteriormente. Todo o novo anexo do Museu foi construdo em concreto armado, que est aparente em todas as fachadas dele e revestido com pintura branca na parte interior, que por sua vez tem seu piso cermico. As aberturas da fachada frontal do Museu so executadas em esquadrias de alumnio e vidro.Museu Amparo, em Puebla, Mxico.Convenientemente, o edifcio onde atualmente funciona o Museu Amparo data do sculo XVI e testemunhou praticamente todo o desenrolar da histria da cidade de Puebla. O edifcio funcionou como hospital at meados do sculo XVII, quando virou um edifcio educacional. Dois sculos mais tarde, passou a funcionar como residencial, e, finalmente, foi convertido em Museu no ano de 1991, sculo XX.O Museu, que segundo o ArchDaily possui no seu repertrio uma coleo permanente de 4800 peas da era pr-hispnica alm de outras obras de artistas contemporneos, passou por um processo de ampliao em 2011, onde foi estabelecido o desejo de modernizar os espaos e o roteiro museogrfico de modo que a intercomunicao entre pr-existncia e ampliao surgisse de maneira independente e que no se precisasse passar por todas as galerias para chegar nela. A soluo encontrada foi criar um volume de vidro e ao na cobertura do Museu rodeada por terraos externos e jardins, para que o visitante possa desfrutar tambm de vistas para as diversas paisagens da cidade. Ocupando uma rea de, conforme informaes obtidas no ArchDaily, aproximadamente 12000 m, o Museu est localizado no Centro Histrico da cidade de Puebla e, assim como o prdio da ABI, est rodeado por outros edifcios de grande importncia para o patrimnio histrico local. O Museu possui dois acessos no trreo, enquanto o acesso parte nova do edifcio se d por meio de escadas e elevadores inseridos j na parte interior do Museu. A nova interveno se caracteriza por uma caixa de ao e vidro, inserida na cobertura do antigo prdio onde funciona o Museu Amparo, entre terraos e jardins externos. A caixa de vidro praticamente imperceptvel aos olhos do pedestre que acessar o Museu pelo trreo. Toda a parte nova do edifcio foi erguida em estrutura metlica com fechamento de pele de vidro, permitindo total permeabilidade de luz natural e trazendo de certa forma a paisagem externa para dentro do volume edificado, de modo que as edificaes histricas tambm passam a fazer parte da exposio (Figura 7).

Figura 7 Anexo do Museu Amparo. Fonte: Luis Gordoa[footnoteRef:7] [7: Disponvel em: . Acesso em: 09 dez. 2014.]

Ao fazer uso do vidro transparente como fechamento em todos os lados do novo volume, a integrao do anexo com a pr-existncia, bem como com seu entorno, funciona de um modo bastante eficaz. H uma clara justaposio entre novo e antigo aqui, mas a disparidade entre duas pocas distintas no se d agressivamente, como poderia ter sido. Por fim, os materiais usados na criao do novo anexo foram: ao na parte estrutural com fechamento de vidro e madeira nos pisos.Aps essas abordagens, pode-se afirmar que o vidro um dos melhores materiais (se no o melhor) a ser utilizado como material para intervenes em edificaes antigas, pois dificilmente ir competir com a pr-existncia pela ateno do visitante. Porm, como no caso do Memorial da ABI no se pode fazer nenhuma interveno de carter fixo ou na estrutura, a ideia de criar um novo anexo como visto nas referncias do Museu de Suresnes e do Museu Amparo. Ainda que essa interveno na edificao no seja possvel e por se tratar de uma pr-existncia de valor patrimonial, seria interessante que a proposta no tente recriar literalmente a atmosfera colonial do entorno, tentando fazer com que o espao tenha certa independncia, dando continuidade ou justapondo de maneira harmoniosa com a pr-existncia. Expografia: Instalaes ArtsticasSeguindo a premissa de inovao e criatividade proposta na introduo deste artigo, buscou-se evitar na medida do possvel o mtodo expositivo tradicional encontrado nos museus desde sempre, onde consta a obra exposta com uma legenda logo abaixo dela informando autor, nome e ano do objeto. Atualmente, com a incluso cada vez maior do campo tecnolgico em todos os campos de atuao, surgiram novos mtodos expositivos onde existem inmeras possibilidades a serem exploradas, com o intuito de proporcionar uma dinmica menos impessoal relao exposio / observador, que sero tratados nos demais artigos elaborados pelos outros colaboradores dessa pesquisa de extenso. Este artigo abordar o mtodo das instalaes artsticas.As instalaes artsticas surgem na era do Modernismo a partir de experimentaes espaciais dos artistas plsticos Kurt Schwitters e Marcel Duchamp. Trata-se da criao de uma interveno temporria tridimensional, construda com o propsito de facilitar a imerso do espectador numa determinada ideia que o artista teve a inteno de passar. Como dito por Furegatti: a arte contempornea no pode ser vista apenas com os olhos, precisa ser percebida com todo o corpo do seu espectador. A questo-chave das instalaes artsticas justamente a necessidade do espectador para que ela funcione devidamente: a relao exposio / observador se torna indissocivel aqui, pois sem a presena do espectador, bem possvel que a instalao no cause o mesmo impacto ou no consiga passar as mesmas sensaes que o artista buscou inserir nela. Abaixo, so mostrados dois exemplos de instalaes artsticas e, ao final do tpico, propostas de intervenes do tipo para o Memorial da ABI.O primeiro exemplo a instalao aMAZEme (Figura 8), criada em 2012 por dois artistas brasileiros (Marcos Saboya e Gualter Pupo) na cidade de Londres como parte de uma srie de projetos artsticos precedendo as Olimpadas do mesmo ano. O prprio nome da instalao j informa do que ela se trata: um labirinto (maze) construdo em 4 dias com 250 mil livros, novos e usados, emprestados em sua maioria por uma ONG de combate pobreza e devolvidos aps o trmino da exposio. De acordo com informaes do jornal britnico The Guardian, o labirinto tinha a forma da impresso digital do escritor argentino Jorge Luis Borges, homenageado com o projeto. Ao adentrarem o labirinto, os visitantes eram informados por udio sobre o posicionamento dos livros, de modo que caso algum deles estivesse interessado em algum livro em especial que estivesse entre os 250 mil, conseguiria encontr-lo seguindo o direcionamento fornecido.

Figura 8 Instalao artstica aMAZEme, Londres, 2012. Fonte: Christopher Jobson[footnoteRef:8] [8: Disponvel em: . Acesso em: 12 dez. 2014.]

A segunda instalao a ser mostrada a Branches Unbound (Figura 9), originalmente exposta em 2011 no Museu de Arte Grand Rapids, nos Estados Unidos. Segundo Wahl, criadora do projeto, a interveno explorou ideias associadas a rvore da vida e a rvore do conhecimento, representadas como galhos conectados do pensamento humano, criando assim uma floresta alternativa do conhecimento. Para dar suporte a esse conceito, os altos galhos da instalao foram confeccionados usando pginas de uma Enciclopdia.

Figura 9 Instalao artstica Branches Unbound, Michigan, 2011. Fonte: Cory Morse[footnoteRef:9] [9: Disponvel em: . Acesso em: 12 dez. 2014.]

Durante as reunies presenciais dessa Pesquisa de Extenso, uma ideia bastante discutida foi a possibilidade de produzir fotos dos visitantes (ou deixar que eles as tirassem) a fim de public-las como capa de jornal, que seriam entregues a eles ao final da visita ao Memorial. A proposta principal referente ao recurso de instalaes artsticas fundamentada nessa ideia: pode se recriar cenrios desmontveis de diversos fatos (como exemplificado na Figura 10), que seriam instalados no prprio espao do Memorial ou na parte externa do mesmo (o que pode funcionar como ao promocional para o Museu).

Figura 10 Instalao artstica The Scene of the Crime (Whose Crime?) 1993, Nova Iorque, 2013. Fonte: Art F City[footnoteRef:10] [10: Disponvel em: . Acesso em: 12 dez. 2014.]

Ento, as fotos podem ser tiradas nesses cenrios para dar mais veracidade ao fato apresentado no jornal. Por serem temporrios, os cenrios no precisam ser sempre os mesmos, mantendo assim o fator de inovao constantemente atualizado, at motivando assim eventuais novas visitas dos mesmos visitantes. Outra coisa que pode ser pensada a montagem de um espao que mostre a linha do tempo da Imprensa no Estado da Bahia, assim como a histria da prpria ABI. A instalao pode ser montada por meio de cartazes ou jornais pendurados em fios (algo parecido com o ilustrado na Figura 11), que percorrem uma rea inicialmente definida do Memorial, preferencialmente onde tenha um bom fluxo de pessoas passando. Desse modo, a instalao poderia ser facilmente vista por todos os que estiverem visitando o Museu. Aps certo tempo, a obra poderia ser deslocada para outros pontos no espao, ou mesmo para prximo ao acesso do edifcio. Algumas paredes do prdio podem at trazer alguns painis compostos por trechos retirados de jornais que noticiaram fatos histricos importantes do Pas, como por exemplo, o Golpe Militar de 64 e o fim do mesmo em 1985.

Figura 11 Instalao artstica I fly like paper get high like planes, 2009. Fonte: My Modern Met[footnoteRef:11] [11: Disponvel em: < http://api.ning.com/files/kV4MbYiv7oRorRd-hnr6rmqjmuy0V9U-xrWZHgX4qsbXy03wtrGhacg0-ZWmHIvuWMc*etFs4sViVRTATF4brazfByTxyKc8/1082045189.jpeg?width=721>. Acesso em: 12 dez. 2014.]

Ainda, pela proximidade do prdio onde funcionar o Memorial com a Praa da S e, como existem vrias maneiras de trazer o recurso das instalaes artsticas para o exterior da edificao, a equipe do Museu pode estudar a viabilidade de trazer algumas exposies para a prpria Praa. importante que a instalao atraia o olhar curioso do espectador para que ele se mostre interessado e decida ento visitar o Memorial para conhecer mais obras a respeito deste. Uma ideia que pode funcionar criar alguma histria relacionada ao Museu (algo semelhante a campanhas publicitrias) e espalhar pela Praa objetos que faam referncia ao tema Imprensa, como mquinas fotogrficas antigas, exemplares de jornais, microfones, cmeras de vdeo antigas, mquinas de escrever, dentre outras possibilidades, semelhante ao que foi feito na exposio Invaso dos Macacos (Figura 12), do artista Chico Mazzoni em 2014.Figura 12 Instalao artstica Invaso dos Macacos, Salvador, 2014.Fonte: Portal R7[footnoteRef:12] [12: Disponvel em: . Acesso em: 12 dez. 2014.]

Os objetos podem conter placas informativas ao lado, com direes sede da ABI ou at com frases marcantes ditas ou escritas no decorrer da histria do Estado ou do Pas. Concluso e DesdobramentosBaseado nas anlises apresentadas, pode-se afirmar que, apesar da cidade de Salvador, sede do futuro Memorial da ABI, dispor de variados Museus, faltam referncias da prpria capital de novas tecnologias aplicadas exposio nos mesmos, fato que pode ser comprovado durante a realizao da visita em campo realizada no ms de Outubro a dois Museus no Centro Histrico, fazendo com que forosamente qualquer um que se disponibilize a pesquisar sobre o tema busque referncias de outros estados ou pases. Por consequncia dessa falta de investimento em inovaes dos recursos expositivos, h um baixo interesse da populao em conhecer os Museus da cidade, que quase sempre ficam vazios na maior parte do dia.Reconhecida a importncia que tem a melhoria da relao entre exposio e observador e a partir das ideias propostas ao longo do artigo, pensa-se que a aplicao de algumas destas no Memorial da ABI pode supostamente incentivar as diretorias responsveis por outros Museus da capital a reavaliarem suas estratgias para atrair o pblico, passando a investir tambm nas novas tecnologias dos recursos expositivos para suas obras. Dessa forma, o cenrio museolgico de Salvador poderia, ao longo do tempo em que o processo de reestruturao dos outros Museus fosse implantado, entrar em evidncia a nvel regional ou at mesmo nacional junto a outros estados j consolidados na temtica, como So Paulo. Com esse aumento do interesse do pblico nos Museus da cidade, estes passariam a serem visitados com maior frequncia, o que serviria de certa forma como facilitador ao acesso cultural desse porte populao soteropolitana. RefernciasARCHDAILY. Amparo Museum / TEN Arquitectos. Disponvel em: . Acesso em: 09 dez. 2014.

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