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ADORNO EM JESUS IS MY HOMEBOY BÁRBARA FERNANDES DE OLIVEIRA CAVALCANTE EDIGENY SOARES BARROS VALU RANIERI SANTANA BORGES 1  RESUMO  No trabalho em questão, abordamos a obra de LaChapelle, que em “Jesus is my homeboy”, critica alguns fatos relatados na Bíblia, especificamente no Novo Testamento, misturados em ambientes de subúrbios, retratando cenas de sexo, drogas e alcoolismo, mostrando que Jesus, é um bom am igo, um irmão. Palavras-chaves: LACHAPELLE. JESUS. AMIGO. 1 INTRODUÇÃO David LaChapelle, americano, fotógrafo, vanguardista dos movimentos coloridos. Vários autores já o consagraram como destruidor do Pop Art (movimento pós-moderno), pois a sua fotografia promove um absurdo e um exagero de luz, cores, acabamentos (quadros) e situações diferentes. A fotografia de LaChapelle narra acontecimentos através de poses, fazendo-o buscar, também, a dicotomia do ser humano, criando personagens animalescos e também, representando o sagrado dos Deuses. A sátira, o sarcasmo e as cores surreais, mostram a influência do universo pós-moderno nas obras de David. 111 Alunas do curso de Comunicação Social-Jornalismo da UFMA

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ADORNO EM “JESUS IS MY HOMEBOY” 

BÁRBARA FERNANDES DE OLIVEIRA CAVALCANTEEDIGENY SOARES BARROS

VALU RANIERI SANTANA BORGES1 

RESUMO

 No trabalho em questão, abordamos a obra de LaChapelle, que em “Jesus is my

homeboy”, critica alguns fatos relatados na Bíblia, especificamente no Novo

Testamento, misturados em ambientes de subúrbios, retratando cenas de sexo,

drogas e alcoolismo, mostrando que Jesus, é um bom amigo, um irmão.

Palavras-chaves: LACHAPELLE. JESUS. AMIGO.

1 INTRODUÇÃO

David LaChapelle, americano, fotógrafo, vanguardista dos

movimentos coloridos. Vários autores já o consagraram como destruidor do Pop

Art (movimento pós-moderno), pois a sua fotografia promove um absurdo e um

exagero de luz, cores, acabamentos (quadros) e situações diferentes.

A fotografia de LaChapelle narra acontecimentos através de poses,

fazendo-o buscar, também, a dicotomia do ser humano, criando personagens

animalescos e também, representando o sagrado dos Deuses. A sátira, o

sarcasmo e as cores surreais, mostram a influência do universo pós-moderno nas

obras de David.

111Alunas do curso de Comunicação Social-Jornalismo da UFMA

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Algumas das imagens do álbum intitulado de “Jesus is my homeboy”,

de David LaChapelle serão utilizadas para fazer uma análise a partir da teoria

crítica. Sendo que essa teoria surgiu paralela aos movimentos nazifascistas, aescola responsável pela criação da teoria foi a Escola de Frankfurt, o estudo

sobre a receptividade e emissão de mensagens feitas por pelos   Mass Medias,

onde as ideologias são extraídas dos produtos midiáticos, e logo surgirão com

novas mídias como, por exemplo, o rádio, a aperfeiçoamento do telegrafo, entre

outros instrumentos de comunicação.

2 O INDIVÍDUO NA ERA DA INDÚSTRIA CULTURAL

O conflito entre receptividade e emissão de mensagens é descrito

pelas teorias da comunicação desde seu advento, no final dos anos 30. A teoria

crítica constitui a identidade dos fenômenos da comunicação que estudam o

interesse do público. Esse recebe as questões e as “programações”, não de

acordo com os filtros pessoais, mas com a rede social na qual estão inseridas.

O emissor se preocupa com o sujeito e suas reações. Algumas

correntes definem que a indústria cultural impõe seu produto, mas esse tem o

formato que concorda com o consumidor (quando é disciplinado, Adorno). Ou

seja, o entretenimento proposto pelo produto midiático vai estar sempre

relacionado ao “estar de acordo”, com a substituição da subjetividade

(individualidade pela pseudoindividualidade, ADORNO, 1941, p. 44).

2.1 Quanto ao produto

O produto midiático invalida os sentidos do espectador, segundo a

teoria crítica. Ou seja, o destinatário tem que perder todo o senso para apreensão

global da mensagem oferecida pela mídia. Uma fotografia, por exemplo, tem

que ser observada de maneira fixa, sem que haja, no momento, nenhuma

atividade mental.

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Imagem 1: Santa Ceia

2.2 Efeito dos Mass Media  –  Teoremas e práticas na imagem de David

LaChapelleUma fotografia de LaChapelle que diz sobre como Jesus é retratado na

Santa Ceia, pode ser vista por patamares distintos.

Uma senhora inserida em um contexto social religioso, ao ver a

 fotografia de LaChapelle, pode relacioná-la à blasfêmia religiosa. Onde o autor 

brinca com ícones sagrados, prejudicando a imagem dos mesmos.

Um leigo sobre assuntos religiosos pode achar uma bela obra de arte,sem nenhuma emoção transcendida.

Um apreciador da arte, afirmaria a beleza da obra e ainda poderia

responder pela dicotomia estabelecida na obra original, analisando o uso de

cores, traços e luz.

A estratégia da mídia utiliza diversas facetas, uma delas é o

estereótipo, onde é possível estabelecer uma resposta-reação ao produto antesmesmo de sua apresentação formal (  já sabemos, por exemplo, que a religiosa

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sofreria um impacto negativo na observação da foto, por causa de seus credos e

 preconceitos). Isso, segundo Adorno, neutraliza o caos cognitivo, que constitui

um fenômeno que barra a fluência na compreensão. Mas com as novas mídias, afunção do estereótipo mudou bastante. A classificação do objeto apresentado em

categorias específicas, também pode ajudar como o produto final é percebido.

David LaChapelle deve ser classificado como fotógrafo que usa a

ironia, sexo e abuso das cores nas suas fotos. Adorno diz que a compreensão

deve ser feita antes mesmo da reação final sobre o produto uma análise nesta

categoria:

(...) Por isso, para se compreender televisão, não basta destacar asimplicações dos vários espetáculos e dos vários tipos de espetáculos,deve-se examinar-se também, os pressupostos em que estasimplicações funcionam antes de se pronunciar uma única palavra.(ADORNO, 1961, p. 67)

Neste sentido, é possível esperar o ensaio produzido por David através

da categoria fotográfica do qual ele está inserido.

As teorias econômicas vigentes na época ressaltaram a presença de

uma nova forma capitalista, que é o capital investido, encantando tantos os

subordinados, quanto os subordinadores.

As pessoas que se acostumaram a ver diversos estereótipos e conceitos

sobre os mesmos, não mudaram através dos anos, porque eles se materializam.

Assim é feito o controle social das pessoas através da mídia , instigando aoespectador o que assistir, simplesmente porque as possibilidades ou

demonstrações anteriores não deram certo. Segundo Adorno, é essa a nova

representação da vida moderna, onde as pessoas se agarram a clichês que podem

oferecer a elas, garantia de uma recepção esperada.

As pessoas, através dessa teoria, apresentam uma visão parcial da

realidade como se elas usassem diariamente a observação da mídia através de“óculos fumê”. 

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Mas seria inútil esperar que a pessoa, contraditória e decadente  em si

mesma, não possa durar gerações, que, nesta cisão patológica, osistema deva mudar e que a falsa substituição do individual peloestereótipo deva tornar-se intolerável para os homens.

(HORKHEIMER. ADORNO. 1947, p. 16).

LaChapelle, por ser um artista ímpar, ousa em suas diversas obras,

dentre as quais, podemos destacar a série “Jesus is my Homeboy” ("Homeboy" é

uma palavra de calão, que normalmente é utilizado pela nova geração de pessoas

e seria usado para descrever um bom amigo), onde ele mistura sexo com

religião, ambientando um cenário de sexo, drogas e alcoolismo, sugerindo que

Jesus, como os adolescentes de hoje, esteve envolvido nesse meio, remetendo

aos problemas que são comuns nessa fase.

Destacamos como exemplos, tais obras:

Imagem 2: Intervenção

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Imagem3: Sermão

Nesse trabalho, o autor faz uma recriação das cenas clássicas da

Bíblia, especificamente, referindo-se ao Novo Testamento, trazendo Jesus paraNova York, situando-o em subúrbios, ambientando bem tais temas.

Apesar de a cena ser ambientada na atualidade, Jesus é caracterizado

conforme o estereótipo proposto pelo catolicismo, com roupas e aparência

sugestivas ao modo como se vestiam em sua época. Para reforçar essa

caracterização há sempre um halo de luz difusa ao seu redor  – o que faz com que

Jesus mantenha sua nobreza e poder visual nas imagens.O cuidado com as luzes e brilhos dá um ar mágico e imponente,

porém sempre remetendo-nos para sua realidade: na qual as associações de

signos de nosso repertório imagético juntamente com os signos da fotografia,

tornam-na uma cena viva e real.

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CONCLUSÃO

No artigo em questão abordamos a teoria crítica, de acordo com oproduto em relação ao espectador, que se torna, segundo tal teoria, invalidado

diante da mídia, em que sua análise.

Quanto ao Efeito dos Mass Media com a fotografia da Santa,

estabelecemos o possível envolvimento dos receptores, na obra, devido à

mistura de elementos ímpares, que LaChapelle utilizou no cenário que nos

lembra a Santa Ceia, descrita na Bíblia.

David não se prendeu aos estereótipos que a mídia causa no público

em geral. Na exposição “Jesus is my homeboy”, ele utiliza de seus elementos-

chaves, tais como o sexo e o alcoolismo, para retratar de algumas cenas descritas

no Novo Testamento, situando-as num cenário de subúrbios, ambientando bem

tais temas.

Nesse trabalho, identificamos o cuidado que LaChapelle teve ao usar

as luzes e brilhos, remetendo-nos para sua realidade. Reforçando a imagem do

Jesus proposto pelo catolicismo, há sempre um halo de luz difusa ao seu redor,

fazendo com que Jesus mantenha sua nobreza e visibilidade nas imagens.

Mesmo tratando-se de uma obra de espiritualidade, LaChapelle

utilizou-se de seu sarcasmo, que é uma de suas marcas registradas, mostrando

assim, que Jesus, é de fato, nosso “mano”.

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REFERÊNCIAS

MATTELANT, Michèle; ARMAND. História das Teorias da Comunicação.Loyola, São Paulo, e. 12, 2009.

POLISTCHUK, Ilana; TRINTA, Aluízio R. Teorias da Comunicação: O

Pensamento e a Prática da Comunicação Social. Elsevier, Rio de Janeiro, v. 5, p.

109-128, 2003.

http://arte-factoheregesperversoes.blogspot.com/2011/03/david-lachapelle.html

<Acessado em 23/06/11>

http://desconversandoafotografia.wordpress.com/2009/08/17/jesus-is-my-

homeboy-%E2%80%93-david-lachapelle-by-adenio-fuchs/ <Acessado em

22/06/11>

http://expresionmx.com/2009/01/30/david-lachapelle-y-sus-delirios-de-razon-

en-mexico/#ixzz1Q70RbJRg <Acessado em 21/06/11>

http://www.lachapellestudio.com/editorial/i-d_3/?ci=16

http://pt-br.paperblog.com/david-lachapelle-79098/ <Acessado em 23/06/11>

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ANEXOS

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Unção

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Intervenção

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