13

A Obra do Espírito Santo na Salvação, por Arthur Walkington Pink

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Excelente exposição sobre a obra do Espírito Santo na salvação do eleitos de Deus.

Citation preview

Page 1: A Obra do Espírito Santo na Salvação, por Arthur Walkington Pink
Page 2: A Obra do Espírito Santo na Salvação, por Arthur Walkington Pink

A OBRA DO ESPÍRITO

SANTO NA SALVAÇÃO A. W. Pink

Page 3: A Obra do Espírito Santo na Salvação, por Arthur Walkington Pink

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

Traduzido do original em Inglês

The Holy Spirit's Work in Salvation

By A. W. Pink

Via: EternalLifeMinistries.org

Tradução por Amanda Ramalho

Revisão e Capa por William Teixeira

1ª Edição: Dezembro de 2014

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida

Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, sob a licença Creative

Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.

Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato,

desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdo

nem o utilize para quaisquer fins comerciais.

A Obra do Espírito Santo na Salvação

Page 4: A Obra do Espírito Santo na Salvação, por Arthur Walkington Pink

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

Por Arthur Walkington Pink

Em Atos 19 aprendemos que quando o apóstolo Paulo chegou a Éfeso, ele perguntou a

alguns discípulos de João Batista: “recebestes vós o Espírito Santo quando crestes?” (v. 2)

e nos é dito: “eles disseram-lhe: Nós nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo”. É triste

dizer: a história se repetiu. Sem dúvida, se fosse feita a mesma pergunta aos membros de

centenas das chamadas “igrejas” (nas quais o modernismo e o mundanismo imperam), eles

seriam obrigados a retornar uma resposta idêntica. A razão pela qual aqueles discípulos

em Éfeso não conheciam o Espírito Santo foi, muito provavelmente, porque eles haviam si-

do batizados na Judéia pelo precursor de Cristo e, em seguida, voltaram para Éfeso, onde

eles permaneceram na ignorância do que havia acontecido no dia de Pentecostes. Mas a

razão pela qual os membros da “igreja” comumente não sabem nada sobre a terceira pes-

soa da Trindade é porque os pregadores deles não falam sobre Ele.

Também não é muito melhor com muitas das igrejas ainda consideradas como ortodoxas.

Embora a pessoa do Espírito não seja repudiada e embora Seu nome possa, ocasional-

mente, ser mencionado, contudo, com apenas raras exceções há qualquer ensino bíblico

definitivo dado sobre os ofícios e operações do Consolador Divino. Quanto à Sua obra na

salvação, isso é pouquíssimo compreendido até mesmo por Cristãos professos. Na maioria

dos lugares onde o Senhor Jesus ainda é formalmente reconhecido como o único Salvador

para os pecadores, o ensino atual é que Cristo tornou possível que os homens sejam sal-

vos, mas que eles próprios devem decidir se eles serão salvos. A ideia agora tão ampla-

mente predominante é que Cristo é oferecido para aceitação do homem, e que ele deve

“aceitar a Cristo como seu Salvador pessoal”, “dar o seu coração para Jesus”, “tomar a sua

decisão por Cristo” e etc. se quiser que o sangue da cruz sirva para remir seus pecados.

Assim, de acordo com essa concepção, a obra consumada de Cristo, a maior obra de todos

os tempos e em todo o universo é deixada na dependência da vontade inconstante do

homem para saber se será um sucesso ou um fracasso!

Entrando agora num círculo mais estreito da Cristandade, em lugares onde ainda é enten-

dido que o Espírito Santo tem uma missão e ministério em conexão com a pregação do

Evangelho, a ideia geral prevalece mesmo onde o Evangelho de Cristo é fielmente pregado,

o Espírito Santo convence os homens do pecado e lhes revela a sua necessidade de um

Salvador. Mas, além disso, muito poucos estão dispostos a ir. A teoria que prevalece nesses

lugares é que o pecador tem que cooperar com o Espírito, que ele mesmo deve ceder ao

Espírito “se esforçando” ou ele não vai e não pode ser salvo. Mas esta teoria perniciosa

que insulta a Deus nega duas coisas: argumentar que o homem natural é capaz de cooperar

com o Espírito é negar que ele está “morto em delitos e pecados”, pois um homem morto é

Page 5: A Obra do Espírito Santo na Salvação, por Arthur Walkington Pink

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

incapaz de fazer qualquer coisa. E, por dizer que as operações do Espírito no coração e na

consciência de um homem podem ser resistidas, opostas, é negar Sua onipotência!

Antes, prosseguindo adiante, e a fim de abrir o caminho para o que se segue, algumas

palavras precisam ser ditas sobre “o meu Espírito não contenderá para sempre com o

homem” (Gênesis 6:3) e “vós sempre resistis ao Santo Espírito” (Atos 7:51). Agora, essas

passagens se referem ao trabalho externo do Espírito, isto é, o seu testemunho através da

Palavra pregada. 1 Pedro 3:18-20 mostra que foi o Espírito de Cristo em Noé, que “se

esforçou” com os antediluvianos enquanto o patriarca pregava a eles (2 Pedro 2:5). Assim,

Atos 7:51 explica as palavras: “A qual dos profetas não perseguiram vossos pais”. Como

disse Neemias: “Porém estendeste a tua benignidade sobre eles por muitos anos, e testi-

ficaste contra eles pelo teu Espírito, pelo ministério dos teus profetas” (Neemias 9:30).

O trabalho externo do Espírito, Seu testemunho através das Escrituras, uma vez que recai

sobre o ouvido externo do homem natural, é sempre “resistido” e rejeitado, o que somente

demonstra solenemente o terrível fato de que “a inclinação da carne é inimizade contra

Deus” (Romanos 8:7). Mas o que vamos hoje salientar é que a Escritura revela outra obra

do Espírito Santo, uma obra que é interna, imperceptível e invisível. Esta obra é sempre

eficaz. É a obra do Espírito na salvação, começado no coração com o novo nascimento,

continuado ou mantido ao longo de todo o curso da vida do Cristão na terra, e concluído e

consumado no céu. Isto é o que é referido em Filipenses 1:6: “aquele que em vós começou

a boa obra a aperfeiçoará.” Isto é o que está em vista em Salmos 138:8: “O Senhor aperfei-

çoará o que me toca”. Este trabalho é feito pelo Espírito em cada um dos “eleitos de Deus”,

e neles apenas.

Tem sido dito que “a parte e o oficio do Espírito Santo na salvação dos eleitos de Deus con-

siste em renová-los. Ele vivifica os herdeiros da glória com a vida espiritual, ilumina a mente

para conhecer a Cristo, O revela a eles, forma a Cristo em seus corações e os leva a cons-

truir todas as suas esperanças de glória eterna somente nEle. Ele derrama o amor do Pai

em seus corações, e dá-lhes um sentido real do mesmo na experiência de Sua obra gra-

ciosa e eficaz em suas almas, eles são levados a dizer como o salmista: ‘Bem-aventurado

aquele a quem tu escolhes, e fazes chegar a ti, para que habite em teus átrios’ (Salmos

65:4)”.

Um dos enganos do dia é que uma crença evangélica em Cristo repousa sobre o poder do

homem não regenerado, de modo que pela realização do que é ingenuamente chamado de

“um simples ato de fé”, ele se torna um homem renovado. Em outras palavras, supõe-se

que o homem é o iniciante da sua própria salvação. Ele dá o primeiro passo, e Deus faz o

restante; ele “acredita” e, em seguida, Deus vem e o salva. Isto não é senão uma negação

Page 6: A Obra do Espírito Santo na Salvação, por Arthur Walkington Pink

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

evidente e obscura da obra do Espírito. Se há um momento mais do que qualquer outro em

que o pecador se encontra necessitado do poder do Espírito é no princípio. “Aquele que

nega a necessidade do Espírito, no início, não pode acreditar em Sua obra nas fases seguin-

tes. Não, não pode acreditar na necessidade da obra do Espírito de forma alguma. A maior

e mais insuperável dificuldade se encontra no começo. Se o pecador pode superar essa

parte sem o Espírito, ele pode facilmente superar o restante. Se ele não precisa do Espírito

para capacitá-lo a crer, ele não precisará dEle para capacitá-lo a amar” (Horatius Bonar).

Erram muito os que pensam que depois que o Espírito fez o Seu trabalho na consciência,

segue que é o homem quem deve dizer se ele quer ser regenerado ou não, se ele irá crer

ou não. O Espírito de Deus não espera que o pecador exerça a sua vontade para crer; Ele

opera nos “eleitos” “tanto o querer como o efetuar”. (Filipenses 2:13) Portanto, Jeová

declara: “Eu fui achado pelos que não me buscavam” (Isaías 65:1, citado por Paulo em

Romanos 10:20). Pois “crer” em Cristo de forma salvífica é um ato sobrenatural, o efeito da

graça sobrenatural. Não há mais poder no homem caído para crer para a salvação de sua

alma do que mérito de sua autoria que lhe dá direito ao favor de Deus; assim, ele é tão

dependente do Espírito por poder como de Cristo por merecimento. A obra do Espírito é

aplicar a redenção que o Senhor Jesus comprou para o Seu povo, e os filhos de Deus

devem sua salvação a Um tanto quanto ao Outro.

Em Tito 3:5, a salvação dos remidos é expressamente atribuída a Deus, o Espírito: “Não

pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou

pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo”. “Se for perguntado em

que sentido os homens podem ser chamados de “salvos” pela renovação do Espírito, a res-

posta é óbvia: Há uma série de verdades a que nenhuma delas pode ser perdida. Somos

salvos pelo propósito Divino, pois Deus nos elegeu para a salvação, somos salvos pela

expiação como o fundamento meritório do todo, somos salvos pela fé, como o vínculo de

união a Cristo, somos salvos pela graça, em contraste com as obras feitas, somos salvos

pela verdade enquanto carregamos o testemunho de Deus, e, como aqui é dito: somos sal-

vos pela renovação do Espírito Santo, como a produção de fé no coração”. (Prof. Smeaton)

A REGENERAÇÃO É PELO ESPÍRITO

“E vos vivificou estando vós mortos em delitos e pecados” (Efésios 2:1). A vivificação dos

que estão mortos em delitos é a obra da terceira pessoa da Trindade: “O que é nascido do

Espírito é espírito” (João 3:6). O homem natural está morto espiritualmente. Ele está vivo

para o pecado e para o mundo, mas morto para Deus: “separados da vida de Deus” (Efésios

4:18). Se esta verdade solene fosse realmente crida, haveria um fim à controvérsia sobre

o nosso tema presente. Um homem morto não pode “cooperar” com o Espírito, nem pode

Page 7: A Obra do Espírito Santo na Salvação, por Arthur Walkington Pink

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

“aceitar a Cristo”. Em 2 Coríntios 3:5, lemos: “Não que sejamos capazes, por nós, de pensar

alguma coisa, como de nós mesmos”. Isto é dito aos Cristãos. Se o regenerado não tem

capacidade de “pensar” espiritualmente, ainda muito menos capazes são os não-regenera-

dos.

“Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem

loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1 Coríntios

2:14) O que poderia ser mais claro? O “homem natural” está caído em seu estado não-

regenerado. A menos que ele nasça do alto, ele é completamente desprovido de discerni-

mento espiritual. Nosso Senhor expressamente declarou: “Na verdade, na verdade te digo

que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (João 3:3). O “homem

natural” não pode ver a si mesmo, a sua ruína, sua depravação, a imundícia da sua justiça

própria. Não importa o quão claramente a verdade de Deus lhe seja apresentada, sendo

cego, ele não pode discernir tanto o seu significado espiritual ou a sua própria necessidade.

A compreensão espiritual do Evangelho é verdadeiramente devida à operação do Espírito

Santo, assim como Ele é o Autor da revelação Divina. A vida espiritual deve preceder a

visão espiritual, e o próprio Espírito deve entrar no coração antes que haja a “vida”: “porei

em vós o meu Espírito, e vivereis” (Ezequiel 37:14).

A obra do Espírito na regeneração é um milagre Divino, que é primeiramente o resultado

da Sua introdução de poder sobrenatural. É a vivificação de um cadáver espiritual; é o trazer

uma alma morta à vida. O próprio pecador não mais pode realizá-lo por um ato de sua pró-

pria vontade do que ele pode criar um universo. Este milagre da graça é descrito nas Escri-

turas como: “a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo

a operação da força do seu poder, que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os

mortos, e pondo-o à sua direita nos céus” (Efésios 1:19-20). “O mesmo poder que foi empre-

gado para levantar Cristo dentre os mortos é exercido na regeneração... A ressurreição de

Cristo é o modelo exemplar de nossa ressurreição espiritual, segundo a qual, conforme o

Espírito Santo operou nEle, para que Ele operasse em nós uma obra conforme à Sua

ressurreição. Assim como a ressurreição de Cristo foi a grande declaração dEle ser o Filho

de Deus, também a regeneração é a declaração de sermos filhos de Deus, sendo a prova

da nossa adoção, e também a primeira descoberta de nossa eleição. Como a ressurreição

de Cristo é o primeiro passo para o Seu reino eterno e glória, do mesmo modo a regene-

ração é a primeira introdução aberta para a todas as bênçãos do estado de graça na qual

o filho de Deus está agora introduzido” (S. E. Pierce).

A APTIDÃO PARA O CÉU É POR MEIO ESPÍRITO

Nosso título para a glória reside unicamente na justiça de Cristo; nossa aptidão pessoal

Page 8: A Obra do Espírito Santo na Salvação, por Arthur Walkington Pink

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

para ela reside na nossa regeneração pelo Espírito Santo. Toda a nossa iminência para o

estado celeste foi operada em nós na regeneração. Escrevendo aos regenerados de Colos-

senses o apóstolo disse: “Dando graças ao Pai que nos fez idôneos para participar da

herança dos santos na luz”. E então ele mostra no que esta “idoneidade” consiste: “O qual

nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor”

[Colossenses 1:12-13]. Este título não vem deles; sua “idoneidade” os antecede. O Espírito

Santo criou neles uma natureza que é capacitada para conhecer e desfrutar do Deus

Triuno.

Em nosso estado não-regenerado estávamos completamente sob o poder das trevas, isto

é, do pecado e de Satanás, e erámos menos capazes de nos livrar do cativeiro do que Jo-

nas foi capaz de escapar da barriga do grande peixe. Nós nos “assentávamos na escuridão”

e “na região e sombra da morte” (Mateus 4:16). Estávamos “cativos”, “sujeitos” e na “prisão”.

(Isaías 61:1) Nós éramos aqueles que “não tinham esperança, e estavam sem Deus no

mundo” (Efésios 2:12). A partir desse estado terrível cada alma renovada foi “liberta” pelo

poder gracioso, soberano e invencível do Espírito Santo, e tem sido “transportado para o

reino do Filho amado de Deus”. Então que cada leitor igualmente honre, adore e louve a

Ele, como ao Pai e ao Filho.

A JUSTIFICAÇÃO E SANTIFICAÇÃO SÃO PELO ESPÍRITO

“E é o que alguns têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas

haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus” (1

Coríntios 6:11). Esta é uma Escritura notável e pouco ponderada. Isso nos conduziria a

muito longe de nosso tema que estamos tentando expor completamente. Duas coisas aqui

nós claramente destacamos: as três bênçãos da salvação enumeradas neste versículo são

referidas: em primeiro lugar, pelo “nome” ou méritos de Cristo como Sua própria causa

obtida; e depois pelo Espírito Santo, que faz com que os eleitos sejam participantes deles

por Sua própria aplicação eficaz. Ele é quem ilumina a mente e abre o coração para receber

e ter certeza de que eles são “lavados, santificados e justificados”.

A FÉ É PELO ESPÍRITO

Um servo de Deus profundamente instruído certa vez escreveu a um jovem pregador,

“Nunca apresente a fé como sendo um ato tão ‘simples’ que o trabalho do Espírito não se

faça necessário para produzi-la”. No entanto, isso é o que tem sido comumente feito. Uma

grande parte dos evangelistas dos últimos séculos tem mostrado um zelo que não está de

acordo com o conhecimento (Romanos 10:2), e manifestaram uma preocupação muito

maior em ver almas salvas do que em pregar a verdade de Deus em sua pureza. Em seus

Page 9: A Obra do Espírito Santo na Salvação, por Arthur Walkington Pink

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

esforços para mostrar a simplicidade do “caminho da salvação”, eles perderam de vista as

dificuldades da salvação (Lucas 18:24, 1 Pedro 4:18). Em sua urgente responsabilidade de

fazer o homem crer, eles ignoraram o fato de que ninguém pode acreditar até que o Espírito

conceda a fé. Pois apresentar Cristo ao pecador e, em seguida, largá-lo de volta a sua pró-

pria vontade, é zombar dele em seu desamparo; a obra do Espírito no coração é tão real e

urgentemente necessária, como foi o trabalho de Cristo na cruz. Pois o fato do coração ser

realmente levado a acreditar e confiar em Deus é um ato espiritual, um “bom fruto”, e se o

homem caído possui poder inerente de fazer o bem, segue-se que apresentar a expiação

para ele é completamente desnecessário.

Não há meio-termo entre a vida e a morte; nenhum estágio intermediário entre a conversão

e não-conversão. A outorga da vida eterna é instantânea; somos “criados em Cristo Jesus”

(Efésios 2:10) É um erro gravíssimo supor que depois que o Espírito de Deus tem feito a

Sua obra no pecador, ainda permanece para ele a incumbência de ser regenerado ou não,

se ele deve crer ou não. Todos os que são recipientes de Suas operações sobrenaturais

são regenerados, efetivamente convertidos e realmente acreditam. Não é que o Espírito dá

a capacidade de acreditar e aguarda o indivíduo exercer a sua vontade de crer: não, Ele

opera nos eleitos “tanto o querer como o efetuar” (Filipenses 2:13). Eu posso dizer a um

homem que na sala ao lado, existe uma luz acesa, e ele pode não acreditar em mim, mas

deixe-me levá-lo para a sala onde a luz está, e tão logo ele veja a luz por si mesmo ele é

irresistivelmente persuadido. Assim, um servo de Deus pode dizer a um homem que Cristo

é suficiente para o principal dos pecadores, e ele não acreditar; mas quando Cristo é

“revelado nele” (Gálatas 1:16), ele não pode deixar de confiar nEle. Veja 2 Coríntios 4:6.

Como o homem perversamente inverte a ordem da verdade de Deus. Eles pedem aos peca-

dores mortos para virem a Cristo, supondo que eles têm o poder ou vontade de fazê-lo.

Considerando que Cristo clara e enfaticamente afirmou: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai

que me enviou o não trouxer” (João 6:44). “Vir a Cristo” é o afeto do coração sendo atraído

para Ele, e como pode uma pessoa amar o que ela não conhece? Veja João 4:10. Ah, é o

Espírito que deve levar Cristo para mim, revelá-lO em mim antes que eu possa realmente

conhecê-lO. “Vir a Cristo” é um ato interior e espiritual, não um ato externo e natural. Verda-

deiramente, “o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe

parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1

Coríntios 2:14) Não podemos “olhar para Cristo” até que tenhamos nascido de novo (João

3:3).

A graça salvadora é algo mais do que um fato objetivo que nos é apresentado; é uma ope-

ração subjetiva forjada dentro de nós. Como não é pelo meu discernimento natural que eu

descubro a minha necessidade de Cristo, também não é por minha força natural e vontade

Page 10: A Obra do Espírito Santo na Salvação, por Arthur Walkington Pink

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

que eu “vou” a Ele. Deve haver vida e luz (visão) antes que possa haver movimento. Um

bebê tem que nascer, e possuir visão e força, também, antes que seja capaz de “vir” até o

seu pai. Crer em Cristo é um ato sobrenatural, o produto de um poder sobrenatural. Pode-

se, por meio de frases gramaticais e proposições das Escrituras ensinar a verdade espiritual

para outro, mas isso não pode iluminar a mente dele a esse respeito. Ele pode dizer a um

homem que Deus é santo, mas ele não pode dar a ele uma consciência de que Deus é san-

to. Ele pode dizer a ele que o pecado é infinitamente hediondo, mas ele não pode gerar ne-

le um sentimento ou fazê-lo compreender de coração que é assim. Para aqueles que esta-

vam bem familiarizados com isso exteriormente, Cristo disse: “Não me conheceis a mim,

nem a meu Pai” (João 8:19) Um homem pode “conhecer” o caminho da justiça (2 Pedro

2:21), teoricamente, intelectualmente, mas isso é uma questão muito diferente (embora

muito poucos sejam interiormente cientes disso) de um conhecimento experimental e espi-

ritual dEle: “temos portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei;

nós cremos também, por isso também falamos” (2 Coríntios 4:13) Aqui, o Espírito de Deus

fala de acordo com a obra que Ele opera. “O título 'Espírito de fé’ dá a entender que o

Espírito Santo é o autor de fé; pois, nem todos os homens têm fé; ou seja, não é dada a to-

dos e não pertence a todos (2 Tessalonicenses 3:2). A designação significa que a causa, a

aquisição da fé é a partir do Espírito Santo, que produz esse efeito por um chamado invi-

sível, um convite que acompanha, de acordo com o beneplácito de Sua vontade, a procla-

mação externa do Evangelho. A fé, portanto, da qual Ele é o autor, não é afetada pela

própria força do ouvinte, ou pela própria vontade efetiva do ouvinte... A operação especial

do Espírito inclina o pecador, anteriormente avesso, para receber os convites do Evangelho;

pois é somente Ele, atuando como o Espírito de fé, que remove a inimizade da mente carnal

contra as doutrinas da cruz, pois sem tais, as doutrinas pareceriam desnecessárias, tolas

ou ofensivas” (Prof. Smeaton).

Escrevendo aos santos de Filipos, o apóstolo declarou: “A vós é dado... crer nele” (1:29). A

fé é “dom” de Deus como Efésios 2:8-9 afirma positivamente. Não é um dom oferecido para

a aceitação do homem, mas, na verdade, conferido aos filhos de Deus, soprados neles. Ele

a concedeu a cada um dos “eleitos de Deus” no seu tempo determinado pelo Espírito Santo.

Não é produzida pela vontade da criatura, mas é “fé no poder de Deus” (Colossenses 2:12)

É uma “obra” do Espírito Santo, pela Sua atuação sobrenatural. O Espírito Santo é dado

por Cristo para este fim, a saber, para que cada um daqueles por quem Ele morreu seja

levado ao conhecimento da salvação da verdade, portanto, é-nos dito: “por Ele (não por

nossa vontade) credes em Deus” (1 Pedro 1:21). Em 1 Coríntios 3:5 nos é dito que:

“crestes... conforme o que o Senhor deu a cada um”; assim em Efésios 6:23 é declarado:

“Paz seja com os irmãos, e amor com fé da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo”.

O próprio grau e força da nossa fé é determinado unicamente por Deus: “pense com mo-

deração, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um” (Romanos 12:3). Se pela

Page 11: A Obra do Espírito Santo na Salvação, por Arthur Walkington Pink

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

graça Ele fez de você verdadeiramente um “crente”, que o leitor dê a Deus, o Espírito, a

honra, a glória e o louvor por isso.

A SALVAÇAO É TOTALMENTE APLICADA PELO ESPÍRITO

“Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter

Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da ver-

dade” (2 Tessalonicenses 2:13). A missão do Espírito na terra é aplicar aos eleitos de Deus

o resgate proposto por Deus Pai e comprado por Deus, o Filho, para eles. O Espírito Santo

está aqui para fazer o bem às almas dos herdeiros da glória pelos frutos das dores de parto

da alma de Cristo. Isso Ele faz por meio do Evangelho, pelos escritos e pelo ministério oral

da Escritura, pois a Palavra de Deus é o único instrumento que Ele emprega ou utiliza. A

Palavra de Deus é “a palavra da vida” (Filipenses 2:16), mas ela só se torna vida na expe-

riência da alma individual pela operação imediata e aplicação do Espírito de Deus. Como

Paulo escreveu aos santos de Tessalônica: “Mas devemos sempre dar graças a Deus por

vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação,

em santificação do Espírito, e fé da verdade” (2 Tessalonicenses 2:13). Isto não é para

negar a eficácia da própria Palavra, mas é para insistir que a agência direta do Espírito

sobre o coração é absolutamente necessária para a recepção da Palavra. A Palavra é lâm-

pada para o nosso caminho, mas deve haver uma abertura dos olhos do nosso entendi-

mento pelo Espírito antes que possamos ver a Sua luz.

A salvação dos eleitos de Deus foi proposta, planejada e provida por Deus Pai, antes da

fundação do mundo. Foi adquirida e garantida pela encarnação, obediência, morte e res-

surreição do Filho de Deus. É revelada, aplicada neles por Deus, o Espírito. Assim, “do

Senhor vem a salvação” (Jonas 2:9), e o homem não tem parte ou põe a mão nela em

qualquer ponto. O filho de Deus não é o conquistador, mas o recipiente dela. A fé não é

uma condição que o pecador eleito deve atingir a fim de obter a salvação, mas é o meio e

canal através do qual ele pessoalmente goza a salvação do Triuno Jeová.

Sola Scriptura!

Sola Gratia!

Sola Fide!

Solus Christus!

Soli Deo Gloria!

Page 12: A Obra do Espírito Santo na Salvação, por Arthur Walkington Pink

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

10 Sermões — R. M. M’Cheyne

Adoração — A. W. Pink

Agonia de Cristo — J. Edwards

Batismo, O — John Gill

Batismo de Crentes por Imersão, Um Distintivo

Neotestamentário e Batista — William R. Downing

Bênçãos do Pacto — C. H. Spurgeon

Biografia de A. W. Pink, Uma — Erroll Hulse

Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a

Doutrina da Eleição

Cessacionismo, Provando que os Dons Carismáticos

Cessaram — Peter Masters

Como Saber se Sou um Eleito? ou A Percepção da

Eleição — A. W. Pink

Como Ser uma Mulher de Deus? — Paul Washer

Como Toda a Doutrina da Predestinação é corrompida

pelos Arminianos — J. Owen

Confissão de Fé Batista de 1689

Conversão — John Gill

Cristo É Tudo Em Todos — Jeremiah Burroughs

Cristo, Totalmente Desejável — John Flavel

Defesa do Calvinismo, Uma — C. H. Spurgeon

Deus Salva Quem Ele Quer! — J. Edwards

Discipulado no T empo dos Puritanos, O — W. Bevins

Doutrina da Eleição, A — A. W. Pink

Eleição & Vocação — R. M. M’Cheyne

Eleição Particular — C. H. Spurgeon

Especial Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A —

J. Owen

Evangelismo Moderno — A. W. Pink

Excelência de Cristo, A — J. Edwards

Gloriosa Predestinação, A — C. H. Spurgeon

Guia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. Pink

Igrejas do Novo Testamento — A. W. Pink

In Memoriam, a Canção dos Suspiros — Susannah

Spurgeon

Incomparável Excelência e Santidade de Deus, A —

Jeremiah Burroughs

Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvação

dos Pecadores, A — A. W. Pink

Jesus! – C. H. Spurgeon

Justificação, Propiciação e Declaração — C. H. Spurgeon

Livre Graça, A — C. H. Spurgeon

Marcas de Uma Verdadeira Conversão — G. Whitefield

Mito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. Chantry

Natureza da Igreja Evangélica, A — John Gill

OUTRAS LEITURAS QUE RECOMENDAMOS Baixe estes e outros e-books gratuitamente no site oEstandarteDeCristo.com.

— Sola Fide • Sola Scriptura • Sola Gratia • Solus Christus • Soli Deo Gloria —

Natureza e a Necessidade da Nova Criatura, Sobre a —

John Flavel

Necessário Vos é Nascer de Novo — Thomas Boston

Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A — C. H.

Spurgeon

Objeções à Soberania de Deus Respondidas — A. W.

Pink

Oração — Thomas Watson

Pacto da Graça, O — Mike Renihan

Paixão de Cristo, A — Thomas Adams

Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado — J. Edwards

Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural —

Thomas Boston

Plenitude do Mediador, A — John Gill

Porção do Ímpios, A — J. Edwards

Pregação Chocante — Paul Washer

Prerrogativa Real, A — C. H. Spurgeon

Queda, a Depravação Total do Homem em seu Estado

Natural..., A, Edição Comemorativa de Nº 200

Quem Deve Ser Batizado? — C. H. Spurgeon

Quem São Os Eleitos? — C. H. Spurgeon

Reformação Pessoal & na Oração Secreta — R. M.

M'Cheyne

Regeneração ou Decisionismo? — Paul Washer

Salvação Pertence Ao Senhor, A — C. H. Spurgeon

Sangue, O — C. H. Spurgeon

Semper Idem — Thomas Adams

Sermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill,

Owen e Charnock

Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça de

Deus) — C. H. Spurgeon

Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A — J.

Edwards

Sobre a Nossa Conversão a Deus e Como Essa Doutrina

é Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen

Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aos

Propósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J.

Owen

Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink

Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.

Downing

Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan

Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de

Claraval

Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica

no Batismo de Crentes — Fred Malone

Page 13: A Obra do Espírito Santo na Salvação, por Arthur Walkington Pink

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

2 Coríntios 4

1 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;

2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem

falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,

na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3 Mas, se ainda o nosso evangelho está

encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4 Nos quais o deus deste século cegou os

entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória

de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo

Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus,

que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,

para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7 Temos, porém,

este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.

9 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;

10 Trazendo sempre

por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus

se manifeste também nos nossos corpos; 11

E assim nós, que vivemos, estamos sempre

entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na

nossa carne mortal. 12

De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13

E temos

portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,

por isso também falamos. 14

Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará

também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15

Porque tudo isto é por amor de vós, para

que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de

Deus. 16

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o

interior, contudo, se renova de dia em dia. 17

Porque a nossa leve e momentânea tribulação

produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18

Não atentando nós nas coisas

que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se

não veem são eternas.