97379333 Vampiros Das Terras Altas2 O Beijo Do Vampiro Rev RS Amp RTS

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    Vampiros das Terras Altas 02 - Obeijo do vampiro

    Informao da srie:

    Vampiros das Terras Altas 01 - A noiva eterna

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    O Beijo do Vampiro

    Vampiro das Terras Altas 02 - O beijo do vampiro

    Distribuio e Formatao

    Reviso: Leniria Santos

    Formatao: Karina Rodrigues

    e

    Cris Skau

    http://recados-rs.blogspot.com/2009/12/traducoes-e-revisoes-rs-rts.html
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    O Beijo do Vampiro

    Captulo I

    Esccia, primavera de 1478

    O sol ainda tardaria a se pr, Jankyn concluiu enquanto olhava por uma dasjanelas estreitas de seu quarto. Quando o astro se encontrava naquele exatoponto no cu, podia enxergar os jardins l embaixo em total segurana.

    Sorriu levemente, pensando no quanto sofreria se viesse a pblico que eletinha um gosto todo especial por flores. Um MacNachton apreciador de flores? Jpodia ver seus conterrneos rolando pelo cho de tanto rir.

    Isso chegava a ser pattico, reconheceu, enquanto aspirava profundamente oar perfumado, saboreando o cheiro das prmulas, dos sininhos azuis e das rosas.Tinha todo um jardim que florescia na claridade l fora.

    Ele, entretanto, era obrigado a viver nas sombras.

    Talvez o que sentisse em relao s flores fosse mais inveja do queadmirao. Havia uma parte dentro dele que ansiava pela chance de poder voltaro rosto em direo ao sol, aproveitar seu calor sobre a pele. Esse, naturalmente,

    seria o ltimo prazer que teria na vida se fosse louco o suficiente para passar portal experincia. Mas havia momentos em que se sentia profundamente tentado ase arriscar.

    Ouviu algum bater na porta, e uma voz feminina chamou seu nome, masJankyn a ignorou. Ficou imvel, fingindo que o quarto estava vazio.

    Decerto ela viera at ali em busca de prazeres. Algo que tanto surpreenderiacomo divertiria seus compatrcios. Quando ele havia chegado ao castelo onde acorte real passava a primavera, tinha desfrutado de aventuras amorosas com umbom nmero de belas mulheres, a maioria delas casada.

    Esse tipo de distrao no mais o interessava, contudo. Mulheres to liberaisno mais o atraam.

    Mesmo assim, elas viviam se gabando para as amigas por terem dormidocom o lindo e sensual Jankyn MacNachton e querendo repetir a dose!

    Mas qual mulher, ali na corte, no queria afirmar que tinha dormido com umMacNachton?

    Jankyn suspirou profundamente. Fizera bem em entrar naquela espcie deexlio voluntrio. Havia muito perigo nos excessos, que inclua no apenascuriosidade, mas cime.

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    Encontrava-se tambm cansado daqueles encontros furtivos, nenhum delesenvolvendo qualquer dose de paixo, onde s liberava seus instintos sexuais juntoa mulheres que nem se importavam em conhec-lo melhor.

    E que fugiriam, apavoradas, se soubessem quem de fato ele era.

    Tinha chegado a hora de partir, mas no podia ceder de imediato ao desejode voltar s confortveis e sombrias cavernas de Cambrun. Ainda no encontrarauma noiva adequada para seu filho David, tampouco tinha terminado o seuprprio trabalho de pesquisa. Como a me no pertencia a cl MacNachton, Davidnascera sem algumas das caractersticas peculiares de seu povo, podendo levaruma vida quase normal e ele, Jankyn, estava determinado a fazer de tudo paraque o filho tivesse a chance de desfrutar de uma vida maravilhosa.

    Aspirou novamente o perfume das flores. Tudo se encaminhavarazoavelmente bem. E havia tambm fortes indicaes de que descobriria ali arazo de no possuir o sangue puro dos MacNachton, como sempre julgara ter.

    Ouviu vozes e voltou sua ateno para o jardim l embaixo.- Tem certeza de que ela vem mesmo?

    Dois homens muito bem vestidos conversavam prximo ao canteiro de rosas.Reconheceu um deles de pronto. Era o elegante sir Lachlan Armstrong, um nobrefalido, que contava agora com poucos bens. Nem desconfiava de onde ele haviatirado o dinheiro para pagar por aquele belo traje. Seu companheiro era ThomasOliphant, o filho mais novo de um pequeno proprietrio com uma poro de outrosfilhos e pouco dinheiro. Era do conhecimento geral que estes nunca conseguiriamarranjar uma esposa rica.

    Jankyn estranhou o modo como estavam agindo. Tinham praticamente seescondido atrs das rvores. Suspeitou de imediato que deviam estar esperandoque uma determinada mulher aparecesse por ali, quando esta, ento, se tornariapresa dos dois. Ficou pensando quem seria a infeliz.

    - Ah, ela vem, sim - Lachlan respondeu ao amigo. - Mandei Eleanordizer que as rosas haviam florescido. Ela adora.

    - Ela gosta, eu sei, Mas isso no significa que visitara o jardim agora,poder vir amanha ou depois.

    No, no... Vir agora mesmo. Antes que o sol se ponha. Eleanor disse a elaque o velho Rob, que tem a habilidade de prever o tempo, informou que est parachegar uma forte tempestade, capaz de destruir todas as flores. Ela no vaiquerer perder a chance de ver o jardim florido.

    - Muita esperteza por parte de Eleanor.

    O mais difcil era entender a razo de Eleanor se dispor a ajudar aquelesidiotas, Jankyn pensou. Talvez sentisse antipatia pela moa em questo. Podiahaver muitas razes, mas, conhecendo Eleanor como ele infelizmente conhecia,suspeitava de que a vtima escolhida devia ser jovem e bela.

    Eleanor no gostava quando alguma outra mulher despertava muito interessenos homens e a fazia deixar de ser o centro das atenes. A moa devia ser

    alguma forasteira. Quem sabe chegara ali no castelo nas ltimas duas semanas

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    em que ele estivera afastado das intrigas da corte; tanto das polticas como dassexuais.

    E a adorvel Eleanor era uma das razes para esse exlio a que ele seimpusera.

    - Atrs daquele p de rom seria um bom lugar para esperarmos porela - sugeriu Lachlan, indo em direo a enorme arvore.

    - Ha um problema nesse nosso plano. - Thomas se reuniu ao amigo. -Qual dos dois vai desfrut-la?

    - Ns dois vamos. Mas o primeiro a lhe tirar sangue ter o direito a sero marido dela.

    - O que vai deixar um de ns de bolso vazio, sem terra nem nada, eainda tendo de sair atrs de uma esposa com dote.

    - No, no. Essa dama tem o suficiente para ns dois. Dividimos o dote

    e nenhum de ns sai prejudicado. Est de acordo?- De acordo.

    Canalhas! Jankyn pensou, ento eram verdadeiros os boatos de que, debaixodaquelas roupas elegantes e caras, s havia brutalidade e covardia.

    Olhando em direo ao sol, Jankyn soube que no seria capaz de se envolverem uma operao de resgate. O melhor que podia fazer seria gritar um alerta edeixar os patifes saberem que tinha uma testemunha do que estavam fazendocom a pobre jovem.

    - No havia muita glria num simples aviso, especialmente porque os

    infelizes l embaixo no se veriam intimidados pela ordem dada por algum quese encontrava num dos aposentos mais altos do castelo. Jamais esperariam que o"estraga-prazeres" pudesse pular l do alto e ainda continuar vivo.

    No demorou muito e ambos os rapazes se esconderam melhor na sombra daarvore. Jankyn sabia que sua vtima devia ter entrado no jardim e esperou paraver quem era. Quando a mulher entrou em sua linha de viso, ele quase caiu deseu posto. Podia reconhecer facilmente a silhueta e o modo sensual de andar damoa. Seu longo cabelo dourado balanava a cada passo que dava, tornando-aainda mais atraente. Embora raramente a tivesse visto naqueles trs ltimosanos, lembrava-se perfeitamente de Efrica Callan.

    Maldio! Os dois homens escondidos atrs do arbusto pretendiam atacar ajovem de um cl ligado ao dele por meio do casamento da irm de Efrica com umMacNachton.

    O choque ao reconhec-la foi to grande que Jankyn perdeu a chance degritar, alertando-a do perigo a sua frente.

    Praguejou baixinho. Seu primeiro desejo foi extravasar sua fria e atacar, masse forou a ficar onde estava. Com certeza, Efrica no era nenhuma tola. E aindahavia o sol a considerar.

    Com os punhos cerrados, ele esperou.

    - At que enfim chegou milady. - Lachlan saiu de trs do arbusto esurgiu diante de Efrica, com Thomas vindo bem atrs dele.

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    - Talvez eu esteja enganada, mas no creio que tenha marcado aquium encontro com os senhores para admirarmos as flores.

    Jankyn notou que o corpo gil da moa se posicionava como se ela estivessese preparando para evitar um ataque.

    - Estamos aqui para demonstrarmos nossa admirao pela senhorita.- Podemos deixar isso para alguma outra hora - ela retrucou,

    aparentando uma calma que no sentia.

    Efrica sentiu o medo invadir a alma, mas se forou a ignor-lo. O temordistraia as pessoas, e ela precisava agora de toda a sua ateno.

    De alguma forma conseguiria escapar daquela armadilha sem muito alarde.Podia sentir as ms intenes daqueles dois e isso lhe provocava arrepios naespinha. O que planejavam estava claro. Estupro, depois um casamento forado.Era um plano que ela devia ter temido quando se recusara a lhes dar qualquerateno nos dias anteriores. Tinha sido educada, mas os dispensara claramente.

    Voltou-se ento para deixar os jardins, entretanto Lachlan a agarrou pelobrao.

    - Largue-me! - ela exigiu, e viu os dois homens a observarem comcuriosidade. - Solte-me agora!

    - To valente - debochou Lachlan. - Sempre coloca esse ardor em tudoque faz?

    - E o senhor sempre traz outro idiota junto para dominar uma mulher?

    Insultar o homem no tinha sido uma boa ttica, Efrica concluiu ao ver

    Lachlan ficar vermelho de raiva. J percebera antes que aqueles dois no eramexatamente aquilo que fingiam ser.

    Descobrir que no se enganara, entretanto, de nada adiantava naquelemomento. Preferia que isso tivesse acontecido enquanto estivesse a salvo emseus aposentos ou no meio de um bom nmero de pessoas.

    O nico modo de se proteger agora era colocar de lado a mascara de damagentil e educada que havia usado at ento. No momento, ela no lhe seria denenhuma valia.

    Infelizmente, revelar demais sua verdadeira natureza despertaria a

    curiosidade e apresentaria seus prprios perigos.- Ficar zombando do orgulho de um homem no sinal de esperteza -

    Thomas murmurou.

    - Duvido que o que vocs dois esto planejando seja tambm algomuito esperto. Vamos considerar as conseqncias?

    Lachlan riu abertamente.

    - A conseqncia ser que a senhorita vai ter de se casar com um dens. No h nada mais a considerar.

    - Ah, no? E quanto a despertarem a ira de meu cl?

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    - Os Callan? - Lachlan soltou uma risada de escrnio. - Um cl to semimportncia, que se esconde em suas terras agarrado apenas a seu dinheiro? Poismuito bem. Chegou hora dessa fortuna ser compartilhada com outros quesabero fazer melhor uso dela.

    Efrica engoliu a raiva com dificuldade ao ouvir o insulto a sua gente.

    - Como pretendem fazer isso? Comprando roupas espalhafatosas ejias para suas mulheres adlteras e vagabundas? Melhor seria se jogassemnossa fortuna no fundo do mar.

    - A senhorita j est aqui ha dez dias procurando por um marido.Decidimos que chegou a hora de arranjar um.

    - Jogaram alguma moeda para decidir qual dos dois ser esse marido?

    - Nada disso, doura. Ns dois vamos usufrui seu corpo, e o prmio irpara quem lhe tirar sangue primeiro. - Lachlan sorriu friamente enquanto tentavapux-la para os braos.

    - Verdade? - Efrica flexionou os dedos. - Ento acredito que serei eu...

    Jankyn soltou um grunhido quando viu a jovem enfiar as unhas no rosto deLachlan. Lembrava-se bem daquelas garras longas e afiadas que as mulheres docl Callan costumavam manter. Lachlan deveria dar graas a Deus se aindaestivesse com os olhos intactos...

    Na verdade, Jankyn suspeitou de que Efrica suavizara o ataque, querendosomente marcar a pele de seu agressor, pois o rosto do rapaz no sangravamuito. Os cortes no deviam ter sido profundos.

    De imediato, sentiu despertar nele aquela fome ancestral diante do cheiro desangue quente e fresco misturado ao suave perfume das flores. Obrigou-se a secontrolar, mantendo ateno total a batalha que transcorria l embaixo.

    Parte dele queria atacar, acabar com o assalto a Efrica... Mas continuouparado, apenas observando. Seria bem melhor se ela conseguisse lidar com oshomens por conta prpria, Efrica tinha agilidade, fora e era esperta. Talvez osuficiente para escapar daquela arapuca. A ltima coisa que ela deveria fazer erachamar muita ateno para sua pessoa. Mas Efrica era inteligente o bastante parasaber disso.

    Se conseguisse escapar dos rapazes, ningum saberia daquele confronto. E

    os dois homens tambm prefeririam que aquela tentativa de estupro fosseabafada.

    Se ele interferisse de algum modo, pensou Jankyn, o episdio deixaria de sersecreto. Haveria, inclusive, a chance de que os rapazes se aproveitassem do fatode o acontecimento vir a publico para forar Efrica a se casar com um deles. E,estava bem evidente: ela no queria nenhum daqueles dois.

    Com uma agilidade que o impressionou, Efrica conseguiu se afastar dos doishomens. No ficou livre, porm, j que tudo indicava que os rapazes se divertiamainda mais com sua resistncia. Era um jogo com o qual os dois pareciambastante familiarizados. Com certeza tinham o costume de estuprar jovens

    indefesas e dividi-las entre si.

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    Enquanto Jankyn tentava pensar em um modo de terminar com aquilo semrevelar segredos demais - nem os dele nem os de Efrica - notou que a batalha sevoltara contra a moa. Sua raiva cresceu ao ver Efrica tentar se livrar e serperseguida.

    E a cada vez, eles a tocavam. Aquele no era modo de se tratar uma dama.

    Alem de aquilo ser um crime, o fato de a mulher estar ligada ao cl dele porintermdio do casamento com um MacNachton tornava o insulto pessoal. Jankynno tinha certeza da razo, mas o ataque a Efrica pareceu levar sua ira ao limite.

    Os patifes a atiraram no cho, Thomas pressionando-lhe os braos parabaixo, enquanto Lachlan se colocava sobre ela.

    De sbito, Jankyn se esqueceu de tudo sobre os segredos que precisavam serprotegidos e de que Efrica poderia terminar humilhada por se ver em situao todegradante. Esqueceu-se do sol, inclusive.

    Com um grunhido que pareceu lhe brotar da alma, ele simplesmente pulou deonde estava.

    Efrica praguejou quando Lachlan desviou o corpo, evitando que ela ochutasse. O bruto estava conseguindo pression-la contra o cho, e o medo lhetrouxe um gosto amargo para a boca.

    Mesmo assim, tentou virar o corpo e continuar a lutar.

    Lachlan havia deixado bem claro que ambos a estuprariam. Claro. Queriammatar dois coelhos com uma cajadada s, os dois a forariam sexualmente, mass um se casaria com ela e se apossaria de seu dote.

    Cus! Ela no viera corte para arranjar um marido como aqueles doisvermes. No se surpreenderia se houvessem feito um pacto de dividir seu dotecaso conseguissem coloc-la diante de um padre.

    - Bem, mocinha, parece que ganhei o grande prmio - Lachlan declarouenquanto comeava a levantar suas saias.

    - Se fizer o que esta pretendendo, vai ganhar tmulo bem fundo! - elaretrucou.

    - Vai morrer por isso, seu bastardo!

    - Eles vo morrer de qualquer maneira...

    Os dois rapazes voltaram cabea, surpresos, ao ouvirem a voz profunda; eEfrica de repente se viu livre. Levantou a cabea e viu Lachlan, depois Thomas,sendo atirados para o ar e se chocando com uma arvore.

    Levou um instante para reconhecer o homem que grunhia contra seusatacantes. Jankyn MacNachton estava realmente ali. No era nenhum sonho, e eleparecia furioso.

    Lembrando-se do que aquela emoo poderia fazer a um MacNachton, Efricalevantou-se e correu, segurando-o pelo brao, quando ele levantava do cho umdos rapazes,

    - No! - disse, aflita. - No deve mat-los.

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    Jankyn abaixou o olhar. As feies bem desenhadas haviam ganhado umaexpresso arrepiante. Os olhos dourados eram os de um predador e ele seguravacada um dos homens no ar como se eles nada pesassem.

    Ento, lentamente, sua fria foi diminuindo, as feies voltando ao normal, eos lbios voltando ao formato sensual de antes.

    - Melhor larg-los antes que algum veja o que esta acontecendo aqui,e antes que eles retomem a conscincia o bastante para abrir os olhos.

    - Resolvo facilmente esse problema.

    Efrica gemeu quando viu Jankyn bater a cabea de Lachlan contra a do amigoe depois jogar os dois no cho. Um rpido olhar em seus atacantes revelou queestes, decerto, no veriam nada por um bom tempo.

    Estava se preparando para perguntar a Jankyn o que ele estava fazendo ali,quando o viu cambalear.

    - O que h de errado? - perguntou, colocando o brao em volta dacintura do MacNachton para lhe dar equilbrio.

    - O sol ainda no se ps - ele murmurou com olharam com voz fraca.

    Levou um momento para Efrica entender o que ele queria dizer com aquilo.Praguejou baixinho e comeou a ajud-lo a caminhar em direo ao castelo.

    Uma vez dentro das grossas paredes, Jankyn se recuperaria o suficiente pararevelar a ela qual dos aposentos ali era o dele.

    Quando conseguiram chegar ao quarto, no entanto, era ela quem lhesustentava todo o peso. Jankyn pediu por vinho e desabou na cama. O cheiro do

    "vinho que enchia a garrafa revelou a Efrica a razo pela qual ele queria tom-lo.Tambm a fez se lembrar como os MacNachton eram exatamente.

    Depois de tomar uma segunda garrafa, Jankyn caiu no sono.

    Efrica ficou ao lado da cama, observando-o. A cor de seu rosto haviamelhorado um pouco, e ele dormia, voltando a ser o belo homem que elaconhecera trs anos antes.

    Suspirou e sacudiu a cabea. O homem que tinha surpreendentementesurgido do nada para salv-la, que havia vencido aqueles patifes com tantafacilidade e que estivera disposto a mat-los, fora derrubado pelos raios suaves

    pr do sol.- Meu heri - murmurou, e foi em busca de uma cadeira para assim

    poder ficar ao lado dele at que Jankyn se recuperasse.

    Efrica sorriu enquanto observava Lachlan e Thomas ajudarem um ao outro ase levantar. Ambos olharam em volta, assustados, ento correram como se odemnio em pessoa estivesse atrs deles.

    Se soubessem a verdade sobre o homem que os tinha derrubado semesforo, com certeza ficariam ainda mais aterrorizados.

    Ela suspirou. Desejava apenas que aqueles dois no voltassem a representar

    nenhum problema.

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    Afastando-se da janela, serviu-se de um pouco do vinho que Jankynobviamente reservava para as visitas, e voltou poltrona ao lado da cama. Davidtinha aparecido ali e, depois de ouvir o que tinha acontecido, oferecera-se parasentar ao lado do pai, mas ela o dispensara, afirmando que tomaria conta deJankyn.

    O menino parecia ansioso para voltar ao grande salo onde teria comida ecompanhia, enquanto ela ficava satisfeita em continuar ali por mais algum tempo-a ltima coisa que queria era confrontar seus atacantes.

    David, ento, havia levado um bilhete para a prima dela, lady BarbaraMatheson, de modo que esta no precisasse mandar ningum sair a sua procura.

    Enquanto tomava o vinho, Efrica continuou a observar o homem alto eesbelto, deitado sobre a cama. Aborrecera-se em descobrir que a atrao quesentira por ele ainda continuava viva apesar da luta que empreendera tentandoesquec-lo

    A aparncia de Jankyn tornava isso compreensvel. Era um homemextremamente atraente com aqueles cabelos negros e a pele clara. Tinha o narizperfeito o queixo firme e um olhar de aristocrata; sem contar os olhos dourados ea boca sensual, que lhe emprestavam ao rosto tragos bem marcados, ausentes namaioria dos homens. Em aparncia, ele era tudo aquilo que qualquer mulherpoderia desejar na vida.

    Mas eram justamente essas peculiaridades que a levara a tentar matarqualquer atrao que sentisse por Jankyn. O problema, era que com certeza,levaria tempo para conseguir isso.

    Suspirou, aborrecida, devia saber que jamais se curaria daquela fascinao

    por Jankyn. Desde seu primeiro encontro em Cambrun, quando ela era somenteuma garota de dezesseis anos, ele povoava seus sonhos.

    Quando havia chegado corte, ficara sabendo da reputao que Jankyn tinhajunto s mulheres, e o cime que sentira j devia t-la alertado. Se ele no tivessese exilado da vida em sociedade, ela por certo o teria visto com uma ou maismulheres, e isso seria extremamente doloroso. Era uma reao inaceitvel, masno sabia o que fazer com ela.

    Terminando de saborear o vinho, procurou se acomodar maisconfortavelmente na poltrona e descansou os ps na beirada da cama. Podia ficarcom Jankyn at ter certeza de ele ter se recuperado, e ento se afastaria, o queera a melhor atitude a tomar. Recusava-se a permitir que seu corao fosseprisioneiro de um libertino que vivia nas trevas.

    Fechando os olhos, Efrica tomando cuidado listou todos os defeitos de Jankynat adormecer.

    ***

    Jankyn abriu os olhos bem devagar no quarto praticamente tornado pelassombras e iluminado apenas por uma vela quase se apagando, um momento

    depois, lembrou-se da razo de estar ali deitado na cama; e se sentindo um poucofraco.

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    Olhou em volta, e seu olhar deu com um par de pequenos ps descansandona beira do colcho, depois de admirar as longas pernas expostas pela roupalevantada at quase os joelhos, deteve o olhar no rosto da mulher que dormia.

    Sorriu ao reconhec-la e correu os olhos pelo corpo delicado. Ficouimaginando como ela teria conseguido traz-lo at ali, mas se recordou da foraque ela revelara enquanto o ajudava a chegar ao aposento. As Callan erammulheres frgeis na aparncia, mas dotadas de uma considervel energia.Tomando cuidado para no desperta-la, sentou-se na cama, descansando o corpocontra os travesseiros que ela devia ter colocado sob sua cabea. Ainda que Efricaparecesse muito nova, tinha perdido aquele ar infantil que possua aos dezesseisanos, seus cabelos loiros caiam em ondas at os quadris, e havia um leve tomdourado em sua pele. Havia tambm algo de felino em suas feies, exceto peloslbios grossos e tentadores.

    Mesmo aos dezesseis anos sua boca parecia capaz de provocar os maisintensos desejos em qualquer homem.

    Claro, naquele exato momento, a boca tentadora encontrava-se entreaberta eemitindo um leve ressonar. Mas o pescoo longo e lindo se posicionava de umaforma tal, que sem dvida ela teria um torcicolo ao despertar.

    Dizendo a si mesmo que s fazia algo para seu conforto, Jankyn fez ccegasna sola dos ps delicados at que ela comeou a acordar. Quando abriu os olhossonolentos, estes se mostraram de um tom de mbar que fez Jankyn pensar emcoma eles deviam ficar no calor da paixo...

    Era um pensamento perigoso.

    - Estava com os ps sobre a minha cama - justificou a travessura,

    sorrindo quando a suavidade do olhar de Efrica foi substituda por um leve sinal deirritao.

    - Eu tirei os sapatos, no esta vendo? - ela replicou enquanto voltava osps ao cho e comeava a se espreguiar, tentando tirar do corpo o resto do sonoe das dores causadas por ter dormido em uma cadeira.

    Jankyn ficou admirado ao se dar conta de como um gesto to simples podiaparecer to sensual.

    - Agradeo por ter evitado que eu matasse aqueles dois idiotas,embora eles bem merecessem a morte - falou, disfarando sua inquietao.

    - Sim, de fato mereciam, mas isso provocaria problemas demais elevantaria perguntas que nenhum de nos dois gostaria de responder. Eu que lheagradeo por ter ido ao meu socorro. - Efrica endireitou o corpo - Estou bastantesurpresa de que estivesse to prximo e disponvel quando o sol ainda brilhava nocu.

    - Estava olhando pela janela. Saltei apenas quando ficou claro que vocestava perdendo a batalha.

    Efrica olhou para a janela que ficava em um ponto bem alto da parede, depoisvoltou o olhar para Jankyn.

    - Pular de uma janela to no alto j lhe representava um perigo.

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    O Beijo do Vampiro

    - No. O sol era a ameaa maior, por isso demorei a intervir - eleadmitiu. - Esperei que pudesse se livrar daqueles patifes sozinha.

    - Creio que eles j estejam bastante habituados a esse tipo de assalto.Talvez eu devesse t-lo deixado lhes cortar as gargantas... Agora eles podem serecuperar e repetir esse crime contra outras mulheres.

    - Vai demorar algum tempo para que Lachlan ouse exibir o rosto.Aqueles arranhes o marcaram e no vo desaparecer to depressa - odiandodemonstrar fraqueza, Jankyn suspirou - Poderia me trazer outra garrafa do meuvinho especial?

    Efrica concordou e foi em busca da bebida, seu olfato aguado no deixoupassar o cheiro do sangue misturado ao vinho.

    Aquela necessidade por sangue fora uma das razes que a haviam levado alutar contra a atrao que sentia por Jankyn. Nunca deixara de se admirar com ofato de a irm Bridget, casada com um dos MacNachton, ser to feliz em um lugar

    onde o sol nunca brilhava ou aquecia, e viver rodeada por pessoas queprecisavam de sangue para se sentir bem, naturalmente a razo era simples.Bridget amava o marido, claro.

    Ela, Efrica, estava determinada a no cair na mesma armadilha. Mas seucorao parecia relutante em seguir o raciocnio.

    A mo de Jankyn tremia quando ele segurou a garrafa, e Efrica se aproximoupara ajud-lo. Colocou o brao em torno dos ombros fortes e a outra mo sobre adele enquanto ele bebia.

    Estando assim, to prxima, sentiu o corao disparar e o sangue correr mais

    forte nas veias, dizendo a si mesma que seria humilhante se de sbito o largassee fugisse do quarto, rezou em silncio para que, Jankyn no percebesse suareao e terminasse sua bebida o mais rpido possvel

    A bebida reanimou Jankyn, levando-o a tomar conscincia do corpo macio efeminino junto ao dele. Enquanto tomava o ltimo gole, aspirou o perfume delavanda. Tinha se sentido atrado por Efrica desde o primeiro momento em que avira, e aquela atrao agora voltava com incrvel intensidade.

    Somente um pequeno beijo, pensou, enquanto levava o brao cinturadelgada. Apenas queria sentir o gosto que ele ansiava fazia tanto tempo, massabia que no poderia ter jamais...

    Teria de roubar aquela carcia, percebeu, pois Efrica tencionava seafastar dele.

    Assim, terminou a bebida, colocou a garrafa de lado, e a deitou sobre a camaa seu lado para que no tivesse tempo de fugir.

    - O que esta fazendo? - ela perguntou, dizendo a si mesma queprecisava sair dali embora, ao mesmo tempo, sentisse que era incapaz de fazerisso.

    - No deveria agradecer ao seu galante salvador com alguma coisamais do que simples palavras? - ele indagou rouco.

    - Acho que isso no nada sbio.

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    O Beijo do Vampiro

    - Com certeza tem razo...

    Mas em vez de solta-l, Jankyn a envolveu nos braos e a beijou.

    A resistncia de Efrica durou menos do que uma batida de seu corao. Oslbios dele eram to suaves e quentes!

    S um beijo, ela disse a si mesma; apenas experimentar aquilo com quesonhava com tanta freqncia.

    Quando ele pressionou os lbios dela com a lngua, entretanto, ela osentreabriu, dando-lhe boas-vindas. O mero movimento despertou nela o calor dodesejo, fazendo desaparecer completamente a razo e a necessidade de resistir.Enlevada, ignorou a voz interior que a alertava de que agora que o tinhaexperimentado, somente um beijo jamais seria o suficiente...

    Apenas quando sentiu o corpo afundar no colcho sob o peso de Jankyn seusenso de perigo retornou.

    Mas, por um breve momento, saboreou a sensao de ter o corpo excitadosobre o dela. Era tentador demais aceitar o que ele lhe oferecia, o que eladesejava to ardentemente que chegava a doer...

    Sabia, no entanto, que se viesse a se tomar amante de Jankyn, estariaassociada a ele de tal forma que jamais conseguiria se libertar.

    O pensamento lhe deu foras para lutar contra o desejo e se debater.Conseguiu sair da cama e ficou por uns instantes procurando recuperar a calmafeliz em ver que ele estava igualmente sem flego.

    - No sou uma de suas mulheres - disse, satisfeita com o tom frio da

    prpria voz.- No tenho nenhuma mulher.

    Ela bufou, incrdula.

    - Ouvi tudo sobre voc quando cheguei aqui. No tenho intenoalguma de fazer parte do seu harm.

    Ele praguejou baixinho, consciente demais de tudo o que diziam dele e dasmulheres da corte. Sentiu-se aborrecido pela sbita necessidade de se explicar,mesmo de se desculpar, pelos seus excessos de antes! Solteiro e semcompromisso, ele s aceitara tudo o que lhe haviam oferecido como faria

    qualquer outro homem.O desapontamento nos olhos de Efrica, contudo o perturbou.

    - Rumores no so fatos.

    Jankyn no a culparia por no precisar de uma resposta to pattica.

    Efrica engoliu em seco. No fundo, ela queria que ele tivesse dito que osmexericos eram todos falsos, que ele era mais casto do que um monge...

    Por isso era hora de sair dali.

    - No diria tal coisa se ouvisse tudo o que ouvi - ela murmurou com

    desdm. - Do que foi que o chamaram, mesmo? Ah, sim, de garanho. - Sorriusem vontade ao ver Jankyn ruborizar.

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    O Beijo do Vampiro

    - Agora tenho ainda mais certeza de que tudo o que ouviu forammentiras... Alis, o que veio fazer neste lugar?

    - Minha prima Barbara me trouxe. Estou com quase vinte anos... Estmais do que na hora de eu arranjar um marido.

    Pensar em outro homem tocando em Efrica, declarando-a sua, despertou umaraiva em Jankyn que ele teve dificuldade em disfarar.

    - Barbara no parece ser uma boa acompanhante.

    - Pois ela a melhor. No fica colada em mim o tempo todo, mas estasempre por perto quando preciso dela.

    - Como quando estava no jardim?

    Que argumentos ela teria para rebater a pergunta dele? Nenhum, claro.

    - Ainda era dia. Eu no devia correr risco algum. Serei mais cautelosa apartir de agora. E quanto a voc, posso lhe perguntar o que est fazendo nacorte?

    - Procuro uma esposa para David. Ele no tem todas as caractersticasde um MacNachton, mas imagino que eu possa lhe arranjar um bom casamentopor aqui.

    - Sim, seria uma forma de reconhecer que um de ns no assim to...

    - Estranho?

    - A palavra serve. - Ele a encarou - Planeja esconder os seus prpriossegredos de seu marido?

    Efrica desejava ter uma resposta fcil para aquela pergunta; uma quecontinuava fazendo a si mesma.

    - Creio que meus segredos sejam mais fceis de ser escondidos.

    - verdade. Com exceo do rudo que faz quando seu sangue seaquece... - ele murmurou, lembrando-se de como ela ronronara durante o beijoque tinham trocado. - Penso que esposas no devam fazer tal tipo de rudo...

    - E eu acho que e melhor eu ir embora antes que ceda a vontade deestrangul-lo! - Efrica retrucou, embaraada que ele soubesse que seus beijos aexcitara.

    - Deus meu, com que facilidade a gata vira um tigre...Abrindo a boca para contestar, Efrica a fechou em seguida, engolindo os

    insultos que gostaria de dizer.

    - No vai conseguir que eu perca a calma. - Olhou em direo a sada -Cresci com tais caractersticas, verdade... Mas a maturidade pode me ajudar acontrol-las.

    O sorriso de Jankyn aumentou quando a viu sair e bater a porta. A maturidadeobviamente no a impedira de agir intempestivamente.

    Suspirou e ficou olhando para o teto. Percebeu ento que a vela se queimara

    por inteiro, e que o quarto estava completamente s escuras.

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    Efrica no tinha percebido isso. Ficou pensando se deveria dizer a ela que amaioria das pessoas no podia enxergar to bem no escuro, que um marido semdvida notaria tal habilidade e a consideram uma estranha.

    Pensar em Efrica com outro homem novamente fez com que seu bom humorsumisse. Droga. Nenhuma outra mulher o afetara assim antes.

    Na verdade, ele nunca havia pensado em Efrica como uma mulher adulta edesejvel. Em sua mente sempre a via como uma garotinha inocente, cunhada deseu irmo... E um fruto proibido. Nunca lhe passara pela mente que ela seria umatentao para os outros homens, nem que ela desejasse ter um marido.

    O pior de tudo e que agora que tinha experimentado o gosto desse fruto, elequeria mais. Queria ouvi-la gemer de paixo outra vez, queria ser o nico homemcom quem ela tivesse aquele tipo de reao.

    Transtornado, Jankyn percebeu que beijar Efrica tinha sido um dos maioreserros que j cometera na vida.

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    O Beijo do Vampiro

    Captulo II

    Voc o beijou?! Efrica olhou, horrorizada, para a prima, j que as palavras deBarbara haviam soado to alto que algumas pessoas tinham se voltado, curiosas.

    - Talvez queira contratar um arauto para anunciar a novidade. Issopouparia a sua voz. - Barbara ignorou a ironia, mas abaixou a voz

    - Como foi o beijo?

    - Barbara!

    - Ora, pelo amor de Deus! O homem praticamente uma lenda entreas mulheres daqui.

    - Sim, eu bem sei disso. E essa e uma das razes para que eu jamaisdevesse ter permitido tal liberdade.

    - Aposto que outra razo e ter gostado demais do beijo.

    No havia como negar isso. No apenas a lembrana do beijo a vinhamantendo acordada durante a noite, como ainda acordara vrias vezes suada eansiando por t-lo.

    Decididamente, seus sonhos inocentes com Jankyn no eram mais inocentes.- Bem, ele no seria o melhor marido que voc poderia arranjar, mas...

    - No o quero como marido.

    O olhar que a prima lhe dirigiu revelou a Efrica que ela no acreditavaabsolutamente naquela afirmao.

    - Ora, Barbara, voc sabe quem ele , e o que os MacNachton so!

    - Pois sua irm parece muito satisfeita.

    Efrica suspirou e encostou-se a parede de pedra, observando os elegantes

    convidados que enchiam o grande salo.- Minha irm ama o marido. Eu me recuso a amar Jankyn. Amo o sol, as

    flores e adoro os pssaros. Acha mesmo que eu conseguiria viver com um homemque nunca pode deixar as sombras, que vive a maior parte do tempo emaposentos escuros do castelo de Cambrun? Isso me daria agonia, isso sim...

    E como ele pode viver muito mais do que eu, certamente continuarparecendo um jovem quando eu estiver grisalha e com a pele enrugada.

    Efrica viu Jankyn entrando no salo e sendo abordado imediatamente poruma bela mulher de cabelos vermelhos.

    - Sem dizer que ele e um libertino - murmurou, sentindo um fortedesejo de esbofetear a mulher que o acariciava no brao com atrevimento.

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    - Minha querida criana, ele e um homem solteiro. Solteiro e semqualquer compromisso. E tambm to bonito e elegante que faz o sangue dequalquer mulher correr mais depressa. Pelo que ouvi, as mulheres o perseguemdesde que chegou a corte. Mostre-me um solteiro que afirme recusar taisconvites, e eu lhe direi que um mentiroso.

    Efrica bufou, exasperada. Aquele fato universal a irritava. Preferia nempensar nos privilgios que os homens desfrutavam a partir do momento em quemulheres quisessem, mas se as mulheres fizessem o mesmo eram chamadas devagabundas... Eles procuravam perder a virgindade o mais rpido possvel e segabavam de sua virilidade, porm exigiam que suas esposas ainda fossem virgensao se casarem.

    - Diga-me: quem Jankyn afirma que David ? - perguntou a Barbara.

    - Filho dele, Jankyn diz que se casou aos treze anos e que o casamentodurou muito pouco.

    - Quanta esperteza. Isso da a David legitimidade e leva todos a pensarque Jankyn tem uns trinta e poucos anos. Quantos anos ele tem exatamente?

    - No tenho a menor idia.

    - Quem e a mulher que esta com ele? Parece aquela que me mandou irver as flores do jardim.

    - Ah. lady Eleanor MacBean. No uma pessoa muito confivel.Fingida, malvada, sem moral alguma. No ano passado, tentou seduzir o meumarido. Pior que isso: comeou a me encher a cabea com mentiras e mexericosat que comecei a acreditar no que ela dizia.

    - Ora, Barbara, seu marido jamais a trairia, Ele...- Sei disso - Barbara interrompeu a prima. - Mas o cime comeou a me

    dominar e me deixei levar pelas mentiras dessa mulher terrvel. Por sorte, minhame percebeu e me fez voltar ao bom-senso. Digo-lhe isso como um aviso: noconfie jamais em lady Eleanor.

    Barbara franziu a testa ao perceber que Jankyn tinha empurrado a mo damulher que o tocava e que agora se afastava dela.

    - Ele vem vindo para c, Efrica! Seria bom alertar Jankyn dos perigosque lady Eleanor representa.

    - Vocs dois tem segredos demais a proteger. No precisam de umavbora tornando as coisas ainda mais difceis. E ambas sabemos a participaodela no ataque que voc sofreu, e que poderia ter terminado muito mal.

    Efrica sentiu um desejo enorme de fugir dali antes que Jankyn as alcanasse.Abater as sensaes que aquele beijo lhe havia causado seria difcil demais se elecomeasse a cortej-la...

    Porm ela se recusou a fugir e se esconder. Havia tambm a chance de quetal covardia revelasse a Jankyn exatamente o que ela sentia. Uma mulher imuneaos seus atrativos no fugiria dele.

    Ficou difcil permanecer calma, porm, quando Barbara se afastou logo queterminaram os cumprimentos.

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    - Estou feliz em ver que no deixou que o incidente com aqueles doisidiotas a perturbasse a ponto de no comparecer as reunies da corte. - Jankyndisse enquanto se colocava ao lado dela, na parede, para observar os convidados.Mesmo assim, no estava satisfeito consigo pela necessidade que sentia em ficarprximo de Efrica. Acabara de recusar o convite de lady Eleanor para desfrutarem

    uma noite de prazeres. Seu corpo ansiava somente por uma mulher. Droga!Precisava se curar daquela aflio, mas no tinha certeza de como isso seriapossvel. S de ficar perto de Efrica j comeava a se excitar.

    - Recuso-me a deixar que aqueles dois canalhas pensem que eu lhesdou importncia - Efrica respondeu.

    - Mas vai evit-los, no e?

    Jankyn balanou a cabea, concordando.

    Ento ficou pensando se deveria ou no se abrir com Efrica. Por fim, decidiuque ser direto era mais sensato.

    - Acho que precisamos conversar sobre o que aconteceu na noitepassada.

    - No h o que conversar. Voc me salvou e eu o salvei. - Efrica tentouno ruborizar diante do olhar firme, mas suspeitava de que no estava tendosucesso nisso.

    - Voc sabe ao que me refiro mulher. Precisamos discutir o queaconteceu entre ns dois quando nos abraamos.

    - Foi apenas um beijo, Jankyn. J fui beijada antes.

    Por um breve momento, ele quase acreditou que ela no experimentaratambm a fome que ele havia sentido. Mas notou que Efrica evitava seu olhar.

    - E deixou que esses outros homens a tivessem sob seus corpos?Ronronou de prazer ao ser beijada por eles, Efrica? - Ele se sentiu satisfeitoquando ela o encarou, chocada. - Ambos sentimos algo muito especial. Ambossentimos o calor, o desejo...

    Efrica se recusou a admitir que o beijo a tivesse perturbado tanto assim.

    - Mera luxria. No grande coisa. No sou mais nenhuma criana,assim no me surpreendo que um homem com sua experincia possa despertardesejo em mim. E pelo que ouvi voc desperta desejo em qualquer mulher com

    um mero sorriso.- Pare com isso, Efrica. Pare de me condenar por eu ter aceitado aquilo

    que me foi oferecido livremente, como qualquer outro homem faria. No tenhocompromisso com ningum nem devo explicaes ou desculpas. - Ele suspirou emassageou a nuca, pensando por que ela conseguia faz-lo se sentir to culpado,to envergonhado. - Sim, quando cheguei aqui, o interesse que despertei foigrande. Nunca tinha deixado Cambrun a no ser para visitar alguns reinos. Mas foium prazer do qual logo me cansei.

    Apesar de odiar ouvi-lo falar em outras mulheres, Efrica sentiu-se curiosa.

    - O que mais pode ter sido alm de simples luxria?

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    - O atrativo de ter novas presas, talvez. De viver em meio a um climade mistrios e segredos. Eu era o amante perigoso, o homem das sombras... Umperigo que as mulheres queriam conhecer. Um verdadeiro desafio. Quem poderiadescobrir os meus segredos? Eu era s um brinquedinho para elas.

    - Entendo, as mulheres o trataram como os homens habitualmentetratam as mulheres.

    Jankyn respirou fundo. Aquela era uma verdade que ele deduzirarecentemente, mas que se recusava admitir.

    - Pensei que tivesse entrado nessa vida acidentalmente, que tinha metornado igual a eles... Mas percebi que no era bem assim.

    - E por que veio para c? Para ver se conseguia se tornar um deles?

    Jankyn deu de ombros.

    - Esse pensamento at me ocorreu. Voc conhece os planos de Cathal

    de afastar os MacNachton das sombras.- Sim, ele planeja tirar os MacNachton das cavernas. - Efrica se

    esforou para no ruborizar quando percebeu o olhar de censura que ele lhedirigiu.

    - Voc sabe to bem quanto eu que Cathal e Bridget so ligados noapenas pelos votos do casamento como tambm pelos do corao. - Ele sorriu.

    - E sua irm acaba de dar a Cathal mais um par de filhos. Participa, pois, do sonhodo marido de livre espontnea vontade.

    Pensando na nova sobrinha e no sobrinho, Efrica no conseguiu deixar de

    sorrir tambm, Bridget ficaria mais do que ocupada cuidando daqueles dois.Ento pensou em outra sobrinha e sobrinho, crianas nascidas quando os

    irmos dela haviam engravidado mulheres do cl MacNachton durante uma desuas visitas. Mulheres com as quais eles no tinham se casado.

    - Veio aqui para procriar? - perguntou a Jankyn incomodada.

    - Claro que no. Desde que me tornei um homem, no tenho vividoexatamente como um monge, eu sei... No entanto, o nico filho que gerei foiDavid, e eu pedi a me dele em casamento. Mas ela decidiu que queria ficar comseu povo. - Ele suspirou. - No foi vontade de ter mais filhos o que me trouxe

    aqui. Tudo o que pensei foi, j que este outro mundo est se aproximando cadavez mais do nosso santurio, seria bom se nos vssemos de forma mais natural,sem que os daqui se perturbem com os rumores sombrios sobre a minha raa.Nada est saindo exatamente como planejei, embora eu tenha feito algunspoucos amigos entre os nobres daqui. Infelizmente, explicar por que no apareodurante o dia complica tudo.

    - Que explicaes do a eles?

    - Que o sol me faz mal, que meus olhos ardem com qualquer luz forte.E que minha pele queima com facilidade. - Jankyn franziu a testa ao ver Efrica rir.

    - Isso me faz parecer com uma flor delicada, eu sei.

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    - Por isso precisei me exibir praticando mais atividades masculinas... -Voltou-se para ela, observando-a melhor. - Acabamos no conversando sobrenada daquilo que eu pretendia.

    Efrica cruzou os braos na defensiva.

    - O que precisa ser dito, Jankyn? Foi somente um beijo.- Mulher, confie em mim quanto a esses assuntos: no foi apenas um

    beijo. Voc sabe disso tanto quanto eu. O calor e o desejo vieram rpido demais enos dominaram. Precisamos ser honestos ou no poderemos lutar contra o quesentimos.

    - No sou nenhuma desavergonhada que...

    Ele a interrompeu, colocando o dedo nos lbios cheios e tentadores.

    - Eu no disse que era desavergonhada. No se trata de moral. apaixo o que nos atrai. A no ser que aceitemos isso como verdade, acabaremos

    caindo em sua armadilha.- Ento no me beije mais.

    - No vou beijar. Manteremos uma distncia respeitvel a partir deagora.

    Era exatamente o que ela queria, contudo Efrica ficou irritada e aborrecidapor ter sido ele a sugerir isso.

    - Isso seria com certeza o melhor - forou-se a dizer, satisfeita por suavoz soar bastante calma.

    - E ficar ainda mais fcil se eu voltar a me envolver com uma dasrazes que me trouxeram a este maldito lugar.

    - E qual seria ela?

    - Descobrir mais sobre minha prpria origem - Ele endireitou o corpopara no ceder ao desejo de beijar a pele macia daquele rosto. - Perder-me emmeio a documentos que possam esfriar o meu sangue.

    Efrica o viu se afastar e suspirou profundamente. Ele era to bonito, movia-secom uma graa felina que chamava a ateno de todos. Se Jankyn no fosse umMacNachton, ela com certeza seria uma das mulheres tolas tentando chamar aateno dele. Mesmo agora sentia uma forte inclinao fazer isso.

    O leve toque em seu ombro a surpreendeu, e ela se voltou, vendo-se diantede Barbara e seu olhar preocupado.

    - Parece muito triste, prima. Talvez devesse...

    - No. - Efrica olhou em volta para se certificar de que no seria ouvidapor mais ningum a no ser pela prima. - Ele um MacNachton. No tenho nadacontra eles. Sei que no so criaturas ms; no so demnios querendo devoraros humanos. Mas, o que sei sobre ele no me agrada, Barbara. Jankyn nunca vaipoder me acompanhar em um passeio pelos jardins ou assistir ao amanhecer.Deve ser uns trinta anos mais velho do que eu, e no sei quanto tempo ele ainda

    vai viver. Mas ser, sem dvida, por um longo tempo. Est claro que ele umpuro-sangue, e todos sabemos que os vampiros puros-sangues no geram muitos

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    filhos, Jankyn conseguiu gerar s um filho e um ser estranho. E eu quero filhos,Barbara.

    - Mas sua irm...

    - O marido dela no um puro-sangue. Entendo a maldio das antigas

    linhagens que marcam uma pessoa como diferente. Os Callan tem lidado com issopor geraes, no ? Jankyn pode levantar sem esforo o mais pesado doshumanos. Seus dentes, que ele toma cuidado para esconder, fariam um lobosentir inveja, Jankyn pode dilacerar a garganta de qualquer homem e beber todo oseu sangue por meio da ferida... Sim, claro, agora os MacNachton tem regrasrgidas sobre tais coisas e reservam sua selvageria apenas para os ladres,assassinos e inimigos. Ele teria feito isso com os homens que me atacaram se euno o tivesse detido, a necessidade estava l. Para se recuperar de ter estado sobo sol, mesmo por to curto espao de tempo, Jankyn precisou beber do vinhoenriquecido com sangue. - Ela balanou a cabea ao ver a surpresa no olhar daprima. - Ele diferente demais.

    - Isso faz com que nossos ancestrais no paream to maus - Barbaramurmurou.

    - Sim. Melhor um gato do que um lobo. E os Callan tm trabalhadoarduamente para gerar filhos fora do cl. Os MacNachton somente comearam afazer o mesmo. Levar muito tempo at que eles possam andar livremente entrens.

    - Entendo o que diz, mas penso que seu corao no concordacompletamente com sua mente.

    - No, ele no concorda. Mas eu farei com que isso acontea.

    - Mesmo se Jankyn corresponder aos seus sentimentos?

    - Mesmo sendo tentador demais. Posso aceitar qualquer coisa vindadele, mas h algo que no posso aceitar de forma alguma e que chega a mearrepiar a espinha.

    - E o que e?

    - Eu seria capaz de me condenar a uma vida nas sombras, mas nopoderia condenar meus filhos a fazer o mesmo.

    ***

    Ela no se importava por no ter visto Jankyn naquela semana, Efricaprocurou se convencer, enquanto deixava o jardim e entrava no castelo. Terpassado a maior parte do tempo entre as flores, olhando para a janela do quartodele era apenas questo de curiosidade.

    Uma enorme mentira, mas se apegava a ela. Melhor: lembrar a si mesma deque o tempo que passava sob o sol, desfrutando de seu calor e saboreando oaroma das flores, era exatamente a razo de Jankyn no ser o homem certo para

    ela, ele no podia nem mesmo: olhar para o jardim se o sol estivesse brilhando ebatendo na janela.

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    - Ol, Efrica.

    Sobressaltada, ela se voltou e viu David sentado no cho, o corpo encostadoem um muro de pedra. Isso era bastante estranho, mas ao olh-lo maisatentamente, percebeu que o rapaz estava plido. medida que foi seaproximando, notou que ele tambm tremia levemente. Ajoelhou-se a seu lado,tocando com suavidade em seu rosto na tentativa de ver se estava febril.

    - Esta doente? - perguntou, ansiosa.

    - No, s fraco. - Ele sorriu levemente. - Levei a Srta. Fiona em umpasseio pelos jardins e me demorei mais do que seria conveniente. Isso vaipassar. Posso suportar a luz do sol, voc sabe, mas no devo me expor claridade por muito tempo. Esqueo-me disso o tempo todo... Talvez porque tentono ser diferente dos outros.

    Efrica sentou-se ao lado dele. Ficou imaginando por quanto tempo o rapazdevia estar ali. Pois desde que chegara no havia visto nem ele nem Fiona nos

    jardins. David se parecia com o pai apesar dos cabelos vermelhos. As feiesclssicas, o corpo magro e bem-proporcionado e os olhos dourados ocaracterizavam como um MacNachton. Era evidente que haveria outrassimilaridades nada agradveis entre pai e filho.

    - Precisa de alguma coisa? Posso ajud-lo a subir para os eu quarto.

    - No, no. Um pouco do vinho de meu pai poderia me recuperar maisdepressa, mas tento resistir a essa cura. Quero me casar, sabe disso, no? Essetipo de coisa pode assustar uma esposa.

    - Mas por acaso no pretende contar a sua esposa sobre o que

    acontece com os MacNachton? Nunca vai voltar a Cambrun?David sacudiu a cabea.

    - No vou viver uma mentira nem desprezar o meu cl - Ele procurouendireitar o corpo. - Quero me casar com a Srta Fiona, e parece que a famlia delareage bem corte que lhe fao. Estou preparando o terreno aos poucos, emboratalvez tenha de manter segredo sobre minhas condies dos pais dela por umtempo. Mas no posso esconder o que sou de minha esposa, no e?

    - No, no pode. Ainda mais se gostar dela de verdade e se quisermarc-la como sua esposa - David balanou a cabea concordando.

    - E quero. Mas essa ser a coisa mais difcil de contar a ela. Temoperd-la, mas terei de revelar tudo antes de nos casarmos. Espero que o amor deFiona seja grande o suficiente para aceitar que sou diferente.

    - Imagino que ela tambm esteja apaixonada.

    - Tambm penso assim, mas o sentimento que nos unir dever ser fortee profundo. Meu pai me alertou que algumas mulheres no nos aceitam de jeitoalgum. Minha me, mesmo, no foi capaz disso... Por isso no quis se casar comele. Tambm no aceitou o fato de que ela envelheceria e ele no. Afinal, meu paiterminaria parecendo mais como filho dela do que como seu marido.

    Efrica conhecia esse sentimento.

    - Isso pode criar muitos problemas, no?

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    - No acho que isso v acontecer comigo. Tenho envelhecidonormalmente at agora tambm no me curo com facilidade e nem muito rpido.A maioria de ns, que produto de dois mundos, vive bastante; mas no tantocomo os puros-sangues. - David comeou a se levantar e sorriu quando Efrica seaproximou para ajud-lo. - Minha fora est voltando. Desde que conheci Fiona,

    tenho ocasionalmente amaldioado a minha origem, mas h algumas coisas boasem ser um MacNachton, no posso negar.

    Quando ele deu um passo, mostrou-se no muito firme ainda, e Efricaprontamente lhe ofereceu apoio.

    - Quer ir at os aposentos de seu pai?

    - No, no. Preciso apenas de uma cama onde eu possa me deitar, e aminha servir tanto quanto a dele. Alm do mais, meu pai no esta no quartoagora, mas na sala dos livros. Ele tem pesquisado bastante.

    Efrica ignorou a curiosidade que havia no olhar de David enquanto

    caminhavam lado a lado.- Ele me falou alguma coisa sobre pesquisar todo o material que fala

    sobre sua herana gentica, mas, aparentemente seu pai parece ter ainda muitasperguntas.

    - Tem mesmo. No sabemos tudo sobre o nosso passado. difcil paraum MacNachton viajar em busca de informaes... E perigoso tambm. No muitoantes do chefe do nosso cl se casar com lady Bridget, um dos nossos foi pegoenquanto se aventurava pelos arredores e brutalmente executado. O padre deuma vila o declarou um demnio.

    - Fiquei sabendo. - Essa era outra razo que a levava a no se envolvercom Jankyn. Se viessem a se casar, quando ela viajasse para ver seus parentes,sem dvida teria de ir sozinha ou se arriscar a perder o marido, que poderia serqueimado em uma fogueira em alguma vila.

    - Papai descobriu alguns pontos inexplicveis, uns poucos mistrios.Procura por respostas. Comeou a se perguntar se realmente um puro-sangue,como sempre lhe disseram. Algo que despertou muito a sua curiosidade e que soumais parecido com minha me do que com ele. No o que acontecenormalmente quando se filho de um puro-sangue.

    Efrica no conseguiu deixar de pensar na chance de Jankyn no ser um

    MacNachton por parte de pai e me. No entanto, ele era mais fera do quehumano; uma criatura da noite. Podia haver sangue mestio em suas veias, mas,obviamente, ele puxara mais aos MacNachton. David podia ter herdado maistraos da me, porm ainda sofria sob os efeitos do sol e tinha desejo de sangue,mesmo que evitasse tom-lo.

    ***

    Logo que deixou o rapaz em seus aposentos, Efrica seguiu para o prprio

    quarto; aquele que compartilhava com sua prima Barbara.

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    Ficou surpresa ao encontrar a prima l, j que Barbara praticamente passavao dia inteiro fora.

    - Procurando por mim? - perguntou enquanto pegava uma jarra comgua para poder lavar as mos.

    Barbara voltou-se para a prima. Estava sentada em uma cadeira junto lareira, aquecendo os ps ao fogo.

    - No. Embora eu tenha ficado imaginando onde poderia estar. Acabeientretida com os mexericos das mulheres, por mais banais que fossem.

    - Creio que esteja comeando a sentir falta de seu marido. - Efrica seserviu de uma jarra de cidra e sentou-se perto da prima. - Podemos partir sequiser.

    - No. Claro que sinto a falta dele e das minhas manias, mas quero ficarpor aqui mais algum tempo. Encontrar um marido para voc no algo que sepossa fazer assim, to depressa. Voc despertou interesse nos rapazes. Melhorcomear a prestar ateno a eles.

    Efrica fez uma careta e tomou um gole da cidra.

    - Preferia no ter despertado interesse algum. - Passou a mo sobre assaias bordadas, agora cheias do plen das flores. - Aqueles dois porcos que meatacaram deram as caras de novo, sabia?

    - Eles a aborreceram?

    - No. Mesmo assim, causaram-me nuseas. Eles me pediramdesculpas e jogaram a culpa por seu comportamento na bebida. Eu disse que os

    perdoava. Uma troca rpida de mentiras e sorrisos educados, claro. At ladyEleanor veio implorar por meu perdo, desculpando-se por sua inocente sugestoter criado tantos problemas.

    - Como ela soube o que aconteceu?

    - Boa pergunta. Eu nunca disse a ningum, a no ser a voc. E duvidoque Jankyn tenha feito algum comentrio. - Efrica ficou olhando para o fogo nalareira. - Se quer saber, creio que ela tenha ajudado aqueles dois, mesmo cientedas intenes deles.

    - Ento melhor evitar todos os trs.

    - Eu tento. Posso evitar Lachlan e Thomas sem provocar perguntas.Mas e mais difcil evitar lady Eleanor se ela no desejar isso... Pode ser umadepravada, mas uma depravada rica e bem-nascida, que possui amigospoderosos. Muitos deles homens, claro. Ela no vai me fazer cair em outraarmadilha, porm. - Lembrando-se de como a mulher lhe tinha feito perguntassobre Jankyn e os MacNachton, Efrica estremeceu. - O interesse dela por Jankyn bem conhecido.

    - Creio que tenham sido amantes por algum tempo, mas no depoisque chegamos aqui. Na verdade, o relacionamento terminou bem antes.

    Aquilo era algo que Efrica desejaria que a prima no tivesse dito; porm j

    suspeitara de que o relacionamento houvesse acontecido.

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    - obvio que lady Eleanor no considera que o caso entre eles tenhaterminado. Julgando pelas perguntas que me fez est considerando apossibilidade de jogar a culpa em mim pelo sbito desinteresse de Jankyn por ela.- Efrica suspirou. - Bem, isso no importa. Basta querer e ela descobrirafacilmente que no tenho envolvimento algum com Jankyn.

    - No estou nada satisfeita em termos essa mulher rodeando voc.Tenha cuidado, Effie, Muito cuidado!

    - Pretendo ter. Ela me provoca arrepios. Chegou a me passar pelacabea como ela reagiria se visse Jankyn agir como fera naquela tarde, e concluique isso s a incitaria ainda mais.

    - Refere-se fora dele?

    - Sim. Que fantstica e, digamos, muito excitante de se ver. Quemulher no se entusiasmaria em ver um homem to valente e capaz de derrotarcom tanta facilidade seus inimigos? Penso que ela no o teria impedido de matar

    - Aqueles dois canalhas, mesmo que isso colocasse Jankyn em seriascomplicaes, alias, aposto que ela o encorajaria a mat-los e ficaria ainda maisexcitada ao ver sangue.

    - Oh,Deus!

    - Tenho a impresso de que, por dentro, lady Eleanor e uma besta maissedenta de sangue do que qualquer dos MacNachton jamais foi. Eles pelo menospodem ser desculpados por seus atos mais ferozes graas as suas necessidades,sua origem... Uma natureza que eles vm tentando controlar. Lady Eleanor notem tal inclinao. Assim como nos no conseguimos anular completamente

    nossa natureza felina, herdada da deusa celta, os MacNachton no podem anulartotalmente sua natureza de lobo. Lady Eleanor, ao contrario, tem uma almanegra. o que penso.

    Barbara balanou a cabea, concordando.

    - Isso explicaria muita coisa. Voc tem razo. Como ns, o que hadentro dos MacNachton o esprito da besta. No tem a ver com moral outendncia. Eles so o que so. Mas se o que voc v em lady Eleanor for verdade,ela tem uma alma doente e uma natureza sombria e nada natural.

    - Posso estar errada - Efrica concedeu.

    - Voc raramente erra, e eu tambm sou testemunha da maldadedessa mulher. Somente no consegui definir o que era. Mas agora me diga ondeesteve?

    - Nos jardins - contou Efrica, detalhando o encontro com David.

    - Ento a ameaa do sol no desaparece completamente nos mestios.Uma pena. Mas talvez os filhos de David nasam sem essa fraqueza. E Fiona seriauma boa escolha para noiva. Debaixo daquele ar doce e tmido, existe umapersonalidade forte, pode apostar. Se o rapaz conseguir convenc-la a secasarem, tudo dar certo.

    - Espero que esteja certa. Acho que ele j se apaixonou. David meconfirmou que sente necessidade de marc-la como sua companheira...

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    Barbara sorriu.

    - Esta apaixonado mesmo. Quanto pesquisa que Jankyn esta fazendo,Efrica, voc deveria encaminh-lo ao nosso primo Malcolm.

    Efrica arregalou os olhos, surpresa. Havia se esquecido completamente de

    Malcolm. Ele era um homenzinho estranho, com um apetite voraz por rumores,mexericos, lendas do passado e documentos que trouxessem informaes sobrequalquer cl. Se algum deles tivesse um segredo, Malcolm certamente o conheciae o tinha guardado. Alem do mais, tambm vivia perto dali.

    De repente, sentiu o impulso de sair correndo e falar a Jankyn sobre aexistncia do primo Malcolm. Tinha de confessar a si mesma que aquilo lhe dariaa chance de v-lo novamente.

    - Talvez voc devesse falar com Jankyn a respeito de Malcolm, Barbara.

    - Temo no poder. Vou me encontrar com lady Beatrice e lady Margaretem poucos minutos.

    - Mas, Barbara...

    - Ora, Effie, no pode se esconder do homem o resto da vida. Afinal, eleagora e uma espcie de parente nosso. Que mal h em contar algo a ele que develhe interessar muito e, quem sabe, lev-lo algum lugar? E talvez seja melhor,mesmo, ver se consegue manter o relacionamento de vocs em bases maissimples antes que ele se torne complicado demais. Se no consegue nem levaruma mensagem para Jankyn, deveria pensar melhor sobre o que ele que aassusta tanto.

    Antes que Efrica pudesse responder ao comentrio, Barbara deixou o quarto.

    Embora tudo o que a prima dissera fosse verdade, tinha a sensao de que haviaalgo mais na insistncia da mulher para que fosse ela a procurar Jankyn. TomaraBarbara no estivesse planejando bancar o cupido e quisesse que ela alimentassea atrao que sentia por Jankyn em vez de procurar suprimi-la.

    Logo que deixou seus aposentos, Efrica procurou encontrar algum que lheinformasse onde ficava a sala dos livros. Era provvel que encontrasse Jankyn l.

    No caminho, foi tentando enumerar todas as razes possveis para no ceder atrao que sentia por ele. Precisava trat-lo como um parente, com nada maisdo que amabilidade. Deveria ser firme e forte na defesa de seu corao. Era umamulher agora; no uma garota que no tinha controle sobre as prprias emoes.

    Entrou na sala onde estavam os documentos e, ao ver Jankyn examinandoum enorme livro, quase praguejou. Seu corao disparara ao v-lo, por algumarazo, sentia-se inclinada a suspirar enquanto o observava.

    Sentiu um calor no corpo ao se lembrar do beijo que haviam trocado. Por umbreve momento, desejou fugir dali, mas sua covardia a envergonhava.

    Assim, endireitou o corpo e se aproximou dele.

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    Captulo III

    Jankyn sentiu a presena de Efrica antes mesmo que ela se manifestasse.

    No houvera som algum, nenhum sinal de sua aproximao, contudo ele notinha se surpreendido. Assim como a irm Efrica caminhava em silncio, e mesmoos mais apurados ouvidos tinham dificuldade em ouvir quando ela se movia. Eusoube que ela estava ali apenas por causa do aroma de seu corpo: ele reconheciato bem quanto o do filho.

    Respirou fundo, aspirando ao aroma delicioso e se deixando embriagar porele. Voltou-se bem devagar, descobrindo que ver Efrica o aquecia ainda mais ficarafastado dela naqueles ltimos dias obviamente de nada adiantara. A paixo quesentia por ela no diminura. E os sonhos ardentes que tivera s haviamaumentado seu desejo por ela.

    - O que a traz aqui? - perguntou, e de sbito ficou alerta. - Problemas?

    - No comigo. Tudo tranqilo como devia estar - Efrica respondeu comsua voz doce. - Encontrei-me hoje com David e ele mencionou sua pesquisa.-Parou junto mesa e olhou o livro que ele estava examinando. Descobriu algo?

    - Algumas informaes podem ser interessantes, mas pouca coisa. Oautor desse livro se preocupou mais em detalhar o que acontecia com um homemnestas terras em relao a sua riqueza e batalhas, mas no com o que se referia asua origem.

    - Pois eu sei com quem voc poder encontrar um nmero bem maior

    de documentos sobre sua possvel origem: com meu primo Malcolm.Jankyn franziu o cenho.

    - Como ele poderia me ajudar?

    - Ele coleta informaes.

    - Sei que os Callan esto interessados em seus ancestrais tanto quantons, mas...

    - No s os Callan. Malcolm coleciona todo o tipo de informao queconsegue. No deixa passar nada, nem o menor rumor. Continua o trabalho de

    seu pai, av e bisav, todos sempre interessados em tudo o que acontecia emqualquer cl. Se Malcolm fosse uma mulher, poderia ser considerado o maior dosmexeriqueiros. Como homem, porm, ele pode se desculpar pelo que faz falando

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    de sua necessidade de descobrir a verdade para oferec-las a quem vier depoisde ns. Afirma que aquele que garante que a memria oral dos ancestrais osuficiente se engana. Basta uma praga ou uma batalha para que todo o seuconhecimento seja sepultado e perdido para sempre.

    Jankyn sentiu o sangue correr mais rpido nas veias. - Esse seu primo temmuito material? - Efrica riu com suavidade.

    - Mais do que voc possa imaginar. E seus trs filhos viajam paralugares distantes, ansiosos por colherem mais informaes. Ele lhe pedir umpagamento - assim que consegue prosseguir com seu trabalho.

    - O que e perfeitamente aceitvel. Onde ele mora?

    - Temo que tenha de me deixar lev-lo at ele.

    - Malcolm pode ser hospitaleiro com todos que o procuram, mas temsuas reservas quanto aos MacNachton. Se sairmos logo que o sol se puser,poderei lev-lo at l ainda esta noite.

    - Ento vamos nos encontrar nos estbulos depois que anoitecer... Estbem assim para voc?

    Efrica concordou e deixou a sala de livros as pressas. Fugia de Jankyn, claro,mas a si mesma afirmava que queria encontrar Barbara e lhe contar como ascoisas estavam indo. Sentia-se cheia de animao por estar ajudando Jankyn emsua pesquisa.

    Com relutncia, acabou admitindo que aquele entusiasmo todo se devia a umsimples fato: teria a chance de passar algum tempo com ele, desfrutar suapresena, ouvir sua voz profunda e se deslumbrar com suas belas feies.

    E isso tudo em nome da pesquisa, no da forte atrao fsica que sentia pelohomem.

    Talvez Barbara estivesse certa. Talvez fosse hora de se fazer algumasperguntas difceis.

    ***

    Jankyn estava parado ao lado de dois cavalos que ele havia escolhido e

    esperava por Efrica. Admirando a brilhante lua cheia, sentiu um apelo vindo dedentro de si. Os MacNachton deviam estar em uma caada naquela noite, e faziamuito tempo que ele no participava de nenhuma. Desejou naquele momentoestar voltando para Cambrun, correndo pelas colinas e entrando nos bosques aolado de sua gente.

    Talvez a vinda at a corte no fora uma atitude das mais sbias. Davidpoderia muito bem encontrar uma esposa por conta prpria, mas estar entreaquele povo que no era o dele o deixava consciente de sua prpria realidade.

    Estaria querendo negar sua origem? Envergonhava-se de ser umMacNachton?

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    No. Sabia que no era isso. Tinha orgulho de seu cl, mas s vezes gostariade poder ser menos diferente dos outros homens.

    Sentiu-se de repente muito sozinho. Nenhuma das mulheres com quem tinhadormido lhe diminura a solido. O fato era que, mesmo em meio aos arroubos dapaixo, tomara o cuidado de guardar seus segredos, o que apenas contriburapara aumentar essa sensao de estar s.

    Sua insatisfao tinha comeado havia um bom tempo. Observar Cathal eBridget, e ver a famlia dos dois crescer, tinha sido o ponto de partida dessedescontentamento. Aquela jornada corte somente aumentara sua insatisfao.

    Deu um longo suspiro. No queria passar sua longa vida sozinha, arranjandouma amante aqui e ali entre mulheres de sua prpria espcie, e fazendo nadamais do que meramente existir. Parte dele continuaria a existir por intermdio dosfilhos que David gerasse, mas, de outra forma, ele no deixaria marcas no mundo.E esse era um pensamento bastante perturbador.

    Vendo Efrica se aproximar, Jankyn praguejou em silncio. Ela tornava atmais difcil aquele estado de esprito em que se deixara mergulhar. Ele a desejavademais, sentia uma necessidade visceral de t-la nos braos, de aspirar o perfumede sua pele e de seu glorioso cabelo. Sabia que ela era a companheira de seussonhos, mas isso no aconteceria. O sangue de seus ancestrais era forte demais,o que o fazia uma criatura da noite. Efrica era uma criatura da luz ainda mais doque a irm. As sombras que garantiam a sobrevivncia dele terminariam por faz-la murchar.

    Mesmo assim, enquanto a ajudava a montar no cavalo, permitiu que as mosdeslizassem pela cintura delgada um pouco mais de tempo do que o necessrio.

    Ignorou o olhar que ela lhe dirigiu, ento montou o garanho e lhe fez um sinalpara que ela levasse ao tal primo. Sabia que no tinha o direito tirar vantagem daatrao que existia entre os dois, mas decidiu que um pequeno e roubado prazerno faria mal algum.

    Exceto que poderiam levar os seus sonhos a se tornar verdadeiros tormentos,pensou.

    A casa onde Efrica os levou ficava ao sudoeste da cidade. Por detrs de umparedo enorme, a parte principal da residncia se parecia com a de muitasoutras. Aqui e ali, no entanto, algum havia construdo um ou outro cmodo.

    Os portes que levavam a rea da frente estavam abertos. Prximo a eles,um homem de cabelos brancos os observava em silncio.

    - Efrica? voc, menina? - perguntou enquanto Jankyn a ajudava adesmontar. Eu j estava para fechar os portes.

    Efrica deu um abrao no primo e o beijou.

    - Sabia que estava para se recolher, da termos nos apressado. Peodesculpas por vir em hora to tardia, Malcolm, mas foi impossvel vir durante odia. - Apressou-se em apresentar Jankyn, surpreendo-se ao notar que os olhosverdes de Malcolm o fitavam, atentos. O primo sem dvida sabia demais sobre ocl MacNachton e no parecia em nada satisfeito.

    - Venham. Entrem e me digam o que querem.

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    Seguindo Efrica e seu mal-humorado primo, Jankyn escutou a explicao delasobre a razo que os levara at ali. Malcolm continuou a olhar para ele, suacuriosidade agora se mesclando ao medo.

    De alguma forma aquele homem conhecia bem os MacNachton, concluiuJankyn. Ao menos o suficiente para que ficasse assim, to inquieto.

    Enquanto passavam pelos aposentos da casa, Jankyn percebeu que o lugarhavia se tornado uma espcie de biblioteca com paredes apinhadas de livros.Devia haver ali um documento ou outro mais sobre os MacNachton, e Malcolmdevia estar, naquele momento, se lembrando de seu contedo.

    Quando ele tornou a se voltar em sua direo, Jankyn o contemplou com umlargo sorriso. Malcolm arregalou os olhos e empalideceu levemente antes devoltar ateno para Efrica.

    Jankyn sorriu, sem se surpreender com a reao do pesquisador. Era a reaode todos que descobriam estar diante de um MacNachton.

    Em silncio, Malcolm os levou a um grande salo cheio de estantes e mesasabarrotadas de documentos e papis.

    - Vai encontrar um volume sobre os MacNachton, na estante junto janela - disse, sem fit-lo diretamente. - Bem no canto... esquerda. Vou buscarvinho e algo para vocs comerem, est bem?

    Antes que Efrica pudesse responder, Malcolm j apressara em deixar a sala.

    Quando se voltou para Jankyn, ele j se encontrava mexendo na estante, nolugar que seu primo indicara. Pensou que talvez Jankyn houvesse feito algo paradeixar Malcolm to nervoso, mas decidiu ignorar o assunto.

    Uma voz interior lhe dizia que deveria sair dali o mais rpido possvel, queficar sozinha com Jankyn no era sensato... Mas no deu ateno ao alerta. Dissea si mesma que tambm estava interessada em saber que material Malcolmconseguira arranjar sobre os MacNachton.

    Silenciosamente, ajudou Jankyn a procurar qualquer coisa que citasse o nomeMacNachton, e foi colocando o que encontrava sobre uma mesa.

    - Isso mesmo - Malcolm os encorajou ao retornar com uma grandebandeja contendo vinho, po, queijo e bolinhos de aveia. - Podem ver asanotaes e assim, ir direto s informaes. Muitos cls esto vinculados, vocs

    bem sabem disso, e as histrias de um encontram-se muitas vezes no meio doscontos de outro.

    Efrica arregalou os olhos ao ver um metal brilhante em torno do pescoo doprimo.

    - Malcolm, o que colocou em volta do pescoo? - no conseguiu deixarde perguntar, embora nem precisasse da resposta.

    - Nada. - Ele cobriu o pescoo com as mos, nervoso. - Um meroadereo.

    - Malcolm, no minta para mim. Voc colocou uma espcie de anel

    protetor... Como pode insultar assim o seu visitante? - indagou baixinho, noquerendo que Jankyn os ouvisse.

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    - Effie, ele um MacNachton - Malcolm sussurrou.

    - E um parente dele casado com minha irm Bridget. Est me vendousar um protetor em volta do pescoo? Penso que se deixou influenciar demaispelos rumores, esquecendo-se de que devia separar os mexericos dos fatos reais.Tambm acho que deve desculpas a Jankyn.

    - Desculpe-me - Malcolm resmungou, comeando a deixar o aposento. -Achem a sada quando terminarem a sua pesquisa.

    Malcolm saiu, fechando a porta e deixando Efrica e Jankyn sozinhos. - Vocmostrou os caninos a ele, no foi, Jankyn? - ela perguntou, cheia de suspeitas.

    - Podem ter aparecido acidentalmente quando lhe dirigi um sorrisoamigvel - Jankyn respondeu rindo.

    Ela balanou a cabea e foi se servir de um pouco de vinho.

    - Acho que Malcolm passa tempo demais dentro desta casa tentando

    descobrir coisas do passado. - Efrica franziu a testa ao ver Jankyn ler uma carta eum sorriso surgir em seus lbios. - O que foi? Encontrou alguma coisa?

    - O porqu de seu irmo saber tanto sobre a minha gente. Ele sempredisse que tinha um amigo muito culto... Parece que descobri quem esse amigo.

    Ela tomou o papel nas mos de cenho franzido. - Bridget casou-se com CathalMacNachton, senhor de Cambrun. - Ela leu em voz alta. Quem ele? Precisosaber tudo imediatamente, Duncan - Ela ergueu as sobrancelhas. - Agora estmais do que claro como meu irmo soube tudo sobre o seu cl. Procurou Malcolm.

    - No sei se fico satisfeito que algum de fora de Cambrun saiba tanto

    sobre o meu povo.- Malcolm muito cuidadoso em compartilhar suas informaes. Eletambm tem material sobre os Callan, mas no aqui. Sendo um de ns, entende ovalor de manter muita coisa em segredo. - Efrica percebeu que o olhar de Jankyncontinuava preocupado. - Tenho uma idia. Vou dizer a meu primo que mantenhaem outro lugar os segredos dos MacNachton, assim como os faz com os dosCallan.

    - No h documentos sobre o seu povo aqui?

    - Deve haver algumas poucas histrias e cartas inocentes, mas nomuito mais do que isso. Malcolm toma muito cuidado para no manter aqui dados

    sobre nossos ancestrais. Guarda tudo em um lugar mais seguro. J que nosso elaagora esta ligado ao seu, talvez seja hora de ele fazer o mesmo com o que dizrespeito aos MacNachton.

    - Assim seria bem melhor. Fico preocupado em saber que h tantacoisa escrita neste lugar sobre meu cl. No importa o quo cuidadoso Malcolmpossa ser algum mais pode colocar a mo nesse material. difcil lutar contralendas de um passado tenebroso. Guardadas em um livro, ento... Seria comouma espcie de prova irrefutvel.

    Efrica balanou a cabea, concordando.

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    - S o fato de algum j ter despendido tempo escrevendo sobre issoatesta importncia do que contado. H poder no texto escrito. Mgica, quemsabe - ela sugeriu, voltando estante.

    Jankyn a observou, distraindo-se com sua presena, queria poder dizer aEfrica que o deixasse pesquisar sozinho, que no precisava de ajuda. Mas nopodia recusar o que ela estava lhe oferecendo. Ela o levara at aquele lugar, umverdadeiro tesouro de informaes, e ele no a insultaria mandando-a se afastar

    Era um homem com muitos anos de experincia, lembrou a si mesmo,voltando com esforo ateno ao livro a sua frente. Precisava ser capaz de ficarao lado de Efrica sem ser tomado por pensamentos erticos.

    O controle se revelou mais difcil nas horas que se seguiram. Por muitas vezesele se viu distrado e pensando em como queria fazer amor com Efrica,esquecendo-se de prestar ateno ao que lia.

    Maldio! Ela estava se revelando como uma febre incurvel. E o fato de ser

    uma assistente eficiente s piorava as coisas.Foi Efrica quem lhe chamou a ateno para o fato de que o amanhecer no

    tardaria a chegar. Jankyn se libertou da fascinao pela pesquisa e olhou ansioso,para a pilha de livros que ainda tinha a sua frente. Notou que Efrica colocava umacarta sobre a bandeja.

    - Estou deixando uma mensagem para Malcolm, dizendo que estamoslevando algum material conosco.

    - E ele permitir isso?

    - No se fssemos lhe pedir pessoalmente... Mas podemos apenas lhe

    comunicar o fato e escapar daqui.- Eu deixarei isto. - Jankyn colocou uma pequena bolsa sobre a bandeja,

    e o peso da mesma revelou que ali estava uma boa soma em dinheiro.

    - Isso sem dvida amenizar a raiva dele - Efrica murmurou enquantoseguia Jankyn para fora da casa.

    Depois de colocarem os livros na sacola presa sela do cavalo, Jankyn notouque Efrica no havia com suspiro, montou no dele.

    - Alguma coisa errada? - perguntou, notando o preocupado da jovem.

    - Na verdade, eu estava pensando onde Malcolm conseguiu aquelacoisa que colocou em volta do pescoo. No algo que se encontre numa casanormal.

    Jankyn riu com suavidade.

    - Suspeito de que tenha mandado fazer quando soube que uma Callantinha se casado com um MacNachton... No fique preocupada. No me sentiinsultado.

    Efrica no tinha certeza se podia acreditar em Jankyn, mas no argumentou.A reao de Malcolm a Jankyn s reafirmava sua opinio de que era uma tola porse sentir to atrada por um MacNachton, chegando mesmo a considerar apossibilidade de um futuro com ele. Se at mesmo os membros do cl Callan no

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    se sentiam a vontade perto de Jankyn, como ela poderia sonhar em ter uma vidanormal com tal marido?

    ***

    - No lhe faria mal passar mais tempo na corte. - Jankyn levantou o olhar dospapis que examinava, e olhou surpreso, para Malcolm. Passara as ltimas quatronoites pesquisando o material colecionado pelo primo de Efrica: aquelesdocumentos com anotaes meticulosas em cada uma das menes aosMacNachton, incluindo as velhas e sombrias lendas, muito parecidas com as queeram conhecidas nos vilarejos perto de Cambrun. Aparentemente, no passado, osMacNachton tinham encontrado um meio de viajar a lugares distantes com muitomais freqncia.

    Malcolm havia se acostumado com a presena dele, embora continuasse ausar aquele estranho artefato em torno do pescoo. Era evidente que havia lidoalguma das mais tenebrosas histrias, onde homens com olhos de lobocavalgavam pelas noites deixando um rastro de sangue em seu caminho.

    - Por que eu deveria ficar na corte? No encontraria l as respostaspara aquilo que quero saber.

    - Imaginei que um homem como voc fosse aprender a manter osouvidos mais atentos.

    - O que quer dizer?

    - Rumores, homem.- Tais coisas sempre existiram no que diz respeito aos MacNachton,

    - Acontece que no estar atento a eles j levou alguns de seu cl paraa morte. Mortes duras e cruis, e tumbas amaldioadas.

    Jankyn estremeceu.

    - O que ouviu, afinal?

    - O que voc acha? Que voc nunca se expe quando o sol brilha quetem uma fora descomunal, que...

    - J sei disso tudo. - Ele interrompeu, exasperado. - Mas como quesabe dessas coisas se parece no sair desta casa?

    Malcolm sentou-se em um banco junto mesa e cruzou os braos.

    - Todos vm a mim com informaes sobre seus cls. Gente que quersaber sobre sua origem, que deseja entrar em um cl pelo casamento, enfim...Isso me d a chance de estar sempre informado a respeito de qualquer rumor oufato. raro que se passe um dia sem que algum me traga uma carta, venha aquialgum mensageiro, ou me traga cpias de livros e manuscritos. H pessoas nacorte que me contam todas as novidades. Coisas como dois bastardos quecontinuam a perseguir minha inocente prima Efrica como h uma mulher

    determinada a ter voc de volta a sua cama... Na verdade, uma mulher que vaificando mais perigosa a cada dia que passa, j que voc no lhe da ateno.

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    Jankyn comprimiu os lbios. Tentando manter uma distncia segura entre elee Efrica, e vendo-se envolvido nas pesquisas, no soubera que Lachlan e Thomashaviam recomeado a perseguir Efrica. E dado o que aqueles dois infelizes eramcapazes de fazer, Efrica devia se encontrar em srio perigo. Sua prima, Barbara,era uma boa mulher, mas no representava nenhuma proteo contra aqueles

    patifes. Lachlan e Thomas precisavam apenas encontrar Efrica sozinha em algumlugar.

    E ele no tinha certeza se essa oportunidade no ocorreria. S de pensar noque aqueles dois tinham tentado fazer com Efrica j ficava furioso.

    Jankyn viu Malcolm arregalar os olhos e percebeu que em sua fria, acabararevelando suas feies mais cruis. Lutou para controlar a raiva e observou ohomem tentar recuperar a calma. Algo lhe dizia que somente o carinho queMalcolm tinha pela prima que o impedira de sair correndo da sala.

    - No penso que voc precise sair correndo daqui para encontraraqueles dois bastardos no jardim de novo - Malcolm conseguiu dizer.

    - Efrica lhe contou o que aconteceu?

    - No. Vocs foram vistos naquele dia. Um velho amigo meu viu osrapazes atacando Efrica e saiu correndo de seu quarto para ajud-la. Chegou aojardim um pouco depois que voc j a salvara. Ele me contou que voc levantouos homens, um em cada mo com incrvel fora. Estas eram notcias alarmantes.

    - Ele est espalhando a histria?

    - No. Eu o convenci de que, mesmo sendo um homem esbelto, voc muito forte e que pode vencer qualquer disputa em que a fora seja usada. Dissea ele que os MacNacthon podem algumas vezes ser tomados por uma foradescomunal especialmente quando vem um dos seus em perigo. Expliquei que ochefe do cl dos MacNachton tinha se casado com Bridget e tudo mais. Meuamigo comentou, porm que notou uma expresso alarmante em seu rosto -Malcolm respirou fundo quando Jankyn praguejou. - Eu, por fim, consegui que eleacreditasse que, sob uma fria intensa, voc era dotado de uma fora maior.

    - Tem certeza de esse seu amigo no vai ficar contando o que viu paratodo mundo?

    - Tenho, mas, mesmo que ele comece a duvidar das minhasexplicaes, ele nada falar. Deixei bem claro que no ficaria feliz se ouvissehistrias espalhadas sobre o cl de que minha adorada prima faz parte. No oameacei de retaliar, revelando alguns fatos embaraosos sobre a famlia dele,mas meu amigo entendeu a implicao. A questo agora se foi s ele quempresenciou o acontecimento ou temos outras testemunhas. Ele acredita doishomens e uma dama cochicha a respeito do que aconteceu, mas esperemos queningum mais tenha visto voc salvando Efrica.

    Depois de praguejar novamente ao pensar nessa possibilidade, Jankyn tentouvoltar pesquisa em que estivera envolvido at Malcolm entrar. Encerrou o que

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    estava fazendo, pegou seus papis e comeou a deixar a sala com Malcolm emseus calcanhares, obviamente pretendendo fechar os portes to logo ele sasse.

    Jankyn sabia que ele estava prestes a desvendar alguns dos segredos sobresua linhagem, mas a segurana dos mistrios dos MacNachton e a segurana deEfrica eram mais importantes. Poderia pagar uma boa soma de dinheiro a Malcolmpara continuar a pesquisa por ele, sabendo o homem protegeria o segredo dosMacNachton to bem quanto protegia os do seu prprio cl. Afinal, osdescendentes de uma sacerdotisa pag que, segundo boatos, assumia a forma deum felino, poderiam ser considerados demnios to facilmente quanto qualquerMacNachton.

    To logo se viu de volta ao castelo, Jankyn se apressou a chegar aos seusaposentos para poder guardar o trabalho e poder lavar a tinta das mos. Foi entoem busca de Efrica sentindo a necessidade de comprovar com os prprios olhosque ela estava em segurana. Precisava alert-la dos perigos que corria naquelelugar, embora soubesse que Efrica no era nenhuma tola e j deveria estar agindo

    com mais cautela.Um som estranho chegou aos seus ouvidos quando se encontrava no hall.

    Parou de pronto, esperando que o rudo soasse mais uma vez. Isso lhe diria deonde vinha.

    - Gatos malditos - resmungou um homem que passou apressadamentepor Jankyn. - Odeio essas bestas, mas elas mantm os insetos sob controle, no?

    Jankyn murmurou alguma coisa concordando, e o homem desapareceu emum dos quartos. Agora Jankyn sabia a razo de o som ter despertado o seu

    interesse. Era similar a de um gato durante uma luta. Esse gato, porm, deviaestar enfrentando insetos de duas pernas, o que no devia estar sendo fcil...

    Ouviu com ateno, agradecendo pelo silncio que havia ao redor, e foirecompensado com a repetio do som. Indo em meio s sombras, moveu-se emsilncio, arte na qual era mestre.

    Sentiu o sangue correr mais rpido nas veias. O som felino deixava claro queuma Callan estava em perigo, e o instinto lhe dizia que era Efrica.

    Com as costas contra a fria parede de pedra e os dois homens a sua frente,Efrica no conseguia ver uma rota de escape. Julgara ter sido cautelosa osuficiente nos ltimos dias, mas obviamente se descuidara, dando aos nefandosrapazes a chance que eles tanto esperavam. Nunca lhe havia ocorrido de queprecisaria de um guarda-costas, o que acabaria com sua privacidade. O fato de osdois homens estarem sangrando em razo dos ferimentos que ela provocara lhedava prazer, mas sabia que tais feridas poderiam lhe custar muito se ela noconseguisse escapar dali. Eles a rodeavam agora. Atenta, procurou lanar mo detodos os golpes que conhecia para manter os dois a alguma distncia. Desta vezeles no subestimaram sua fora.

    Quando Lachlan a jogou contra a parede com brutalidade, ela se surpreendeupor no ouvir o barulho de algum osso se quebrando, e se conscientizou de queeles queriam que ela sofresse para pagar o que lhes havia feito. A se verencurralada contra a parede, sibilou, irritada.

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    O olhar de surpresa no rosto de Lachlan e Thomas deixou claro que, durantea batalha, ela poderia revelar algumas das peculiaridades de seus ancestrais. Maslogo a surpresa no rosto deles foi substituda pela determinao. Efrica sabia queno conseguiria lutar mais, pois estava ferida e exausta.

    De sbito, Jankyn apareceu por detrs dos homens, e ela precisou admitir: oolhar de lobo e os dentes expostos continham uma beleza selvagem. A expressode surpresa e horror de seus atacantes por serem erguidos para o alto mais umavez revelava que no haviam escutado a aproximao de Jankyn. Thomas caiu,esparramado no cho a diversos metros de distncia, e no mais se moveu, masLachlan comeou a se levantar. Efrica viu Jankyn se virar na direo do homem, afria ainda marcando suas feies de um modo que aquele que as visse jamais eesqueceria-se delas. Usando o que lhe restava de foras, ela se jogou nos braosde Jankyn. - Esconda os seus dentes, Jankyn! - Murmurou, lutando para se manterconsciente at que a luta tivesse acabado, no foi fcil, contudo Jankyn conseguiudominar sua fria e apertou os lbios antes de olhar para Lachlan. O cheiro do

    sangue ainda correndo dos ferimentos causados pelas unhas de Efrica fazia comque o controle se tornasse ainda mais difcil. Ficou parado, segurando-a nosbraos. Chegava a sentir dor, to forte era seu desejo de fazer aqueles homenspagarem por ter ousado tocar nela, feri-la, e assust-la daquela maneira.

    - Quando eu olhar de novo nessa direo, melhor ser que voc e esseoutro lixo tenham desaparecido daqui - rosnou para Lachlan, ento voltou toda aateno para Efrica, que parecia prestes a desmaiar.

    - Eles a feriram!

    Ouvindo a ira permear a voz profunda, ela lutou para falar.

    - No foi nada to ruim. Um machucado ou dois. No precisa dilaceraras gargantas deles... Isso criaria muita confuso depois.

    Jankyn suspirou ruidosamente.