375 - Laicado Dominicano Jul.ago.Set. 2015

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     Julho/Agosto/Setembro 2015 Ano XLV - nº 375 

    Directora:ISSN: 1645-443X - Depósito Legal: 86929/95Praça D. Afonso V, nº 86, 4150-024 Porto - PORTUGAL

    Fax: 226165769 - E-mail: [email protected] 

       L   A   I   C   A   D   O

       D   O   M   I   N   I   C   A   N   O

    Directora:

    ISSN: 1645-443X - Depósito Legal: 86929/95

    Praça D. Afonso V, nº 86, 4150-024 Porto - PORTUGAL

     APELO AOS DOMINICANOS PARA A

    CONFERÊNCIA SOBRE O CLIMAFr. Mike Deeb

    op, represen-tante da Or-dem Dominica-na junto dasNações Uni-das, convida osmembros daFamília Domi-nicana para

    que estejam presentes na grande conferênciasobre o Clima que terá início em Dezembro de

    2015 na cidade de Paris. «Que a nossa pregaçãoseja benéfica para o planeta!».

    Mike Deeb considera a cimeira da ONUsobre a mudança climática como um momentocrucial. Vai decorrer de 30 de Novembro a 11de Dezembro. «Depois de anos de decepções espera- se que as negociações que se vão levar a cabo este anoresultem num pacto honesto, ambicioso e juridica- mente vinculativo sobre a redução de gases de efeito

    estufa, a fim de limitar o aquecimento global».

     A mudança climática é a maior ameaça à vi-da na Terra. 97% dos cientistas estão convenci-dos de que as rápidas mudanças que temos vi-

     venciado, resultam como consequência do com-portamento humano.

    O papa Francisco escreveu na sua encíclicaLaudato Si (23-26), que um pacto internacional

     vinculativo é de grande importância. «Todosquantos se preocupam devem aproveitar esta oportu- nidade para colocar pressão sobre os chefes de governo

    para estes se focarem na importância de todo o plane- 

    ta», escreve Deeb.

    No entanto, não é apenas importante aque-les poucos dias da cimeira: é necessário umaampla coligação de muitas pessoas e organiza-ções que servem o mesmo propósito, declara orepresentante da ONU Dominicana. «Nós senti- mos que temos que desempenhar um papel como do- minicanos através da nossa rede e instituições emtodo o mundo». A mudança climática não é ape-nas uma questão ambiental ou económica. Étambém uma questão espiritual e ética, como oPapa tem mostrado profundamente.

    Mike Deeb pede para partilharmos o seuapelo com todos os frades, irmãs e leigos domi-nicanos. Aqueles que querem cooperar podemcontatá-lo através de [email protected]. Ascontribuições também são bem-vindos na formade apoio financeiro para as despesas de viageme alojamento dos Dominicanos, ou através da

    participação nas grandes manifestações de 28 deNovembro e 13 de Dezembro.

    Fonte: www.op.org(tradução: Gabriel Silva o.p.)

     ABERTURA DO ANO JUBILAR OP 7 DE NOVEMBRO, CONVENTOS DOS DOMINICANOS - F ÁTIMA  

    10.00h : Acolhimento e Saudação aos participantes 10.30h : Conferência: ” A MISSÃO DA ORDEM HOJE”(fr.Bento) 12.00 h : Eucaristia  13.00h : Almoço partilhado

    14.45h: Lançamento do Livro “ESPIRITUALIDADE DOMINICANA”, do Fr. FelicisimoMartinez (apresentam: Fr.José Manuel Fernandes,op e João Azevedo Mendes/Ed. Tenacitas) 

    15.30h : Momento Cultural - Concerto pelo Coro SOLEMNIS. 

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     Anunciar a Boa Nova – é esta a razão de ser do en- vio e o verdadeiro objetivo da pregação. E esta BoaNova não se resume à simples narrativa de um aconte-cimento passado há pouco mais de 2000 anos, aliásum acontecimento bastante dramático: a vida de umjudeu, filho de Maria e de José, como o pai tambémele carpinteiro de profissão (Mc.6:3), que tratava Deuscom a intimidade de um filho e nos ensinou a chamar-Lhe Pai; que fez de gente simples, humilde e iletradaseus discípulos; que subverteu a ordem cultural, sociale religiosa; que falou do Amor incondicional ao próxi-mo como o caminho que falta percorrer para a pleni-tude da vida; que foi traído, negado, abandonado, hu-milhado e crucificado, como contemplamos nos misté-rios dolorosos. A Boa Nova a anunciar não é a vidadeste homem, nem uma doutrina, nem um conjuntode normas de vida, um sistema social e político ou tão-

    pouco uma ideologia, que daqui tivesse resultado. A

    Boa Nova a anunciar é uma pessoa: o próprio JesusCristo.

    O envio dos discípulos, com a missão de anuncia-rem a Boa Nova, só se dá, na ordem cronológica dosacontecimentos, após a Páscoa da Ressurreição do Se-

    nhor. É esta a Boa Nova de que n’Ele também nósestamos destinados à plenitude da vida; é a Boa Novade que n’Ele também o nosso destino é pascal. É esta aBoa Nova que temos que anunciar. Não é possívelanunciar a Boa Nova sem a termos experimentado naprimeira pessoa, sem termos tido a experiência de ser-mos perdoados, de nos sentirmos amados, de voltar-mos a viver; não é possível falar de mudança de vida,de conversão, sem nós mesmos experimentarmos pri-meiro o que isso é; não é possível apregoarmos o Res-suscitado se não tivermos, nós próprios, feito a experi-ência da alegria da ressurreição na nossa vida. Comocontemplamos nos mistérios gloriosos, também nóspodemos dizer: eu encontrei-me pessoalmente com oRessuscitado e esse facto, que transformou definitiva-mente a minha vida, não cabe dentro de mim. Precisode o dizer aos outros.

    O maravilhoso testemunho de Maria Madalena, namadrugada daquele primeiro dia da semana, diz o quequero dizer: Vi o Senhor! (Jo.20:18).

     José Carlos Gomes da Costa, o.p.

    LAICADO DOMINICANO E PREGAÇÃO (4)

    PALAVRA DO PROMOTOR

    Desta vez deixo como sugestão a transcrição, nes-te número, do parágrafo um e três da encíclica doPapa Francisco - Laudato Si (Louvado sejas...) - semcomentários e oferecidos à meditação do pessoal!

     A intenção de fundo é estimular sua leitura e es-tudo... e aquisição por todos!

    Sem mais por hoje, as rituais saudações em S. Do-mingos. frei marcos,op  

    “1. «LAUDATO SI’, mi’ Signore –  Louvado sejas,meu Senhor», cantava São Francisco de Assis. Nes-te gracioso cântico, recordava-nos que a nossa casacomum se pode comparar ora a uma irmã, comquem partilhamos a existência, ora a uma boa mãe,que nos acolhe nos seus braços: «Louvado sejas,meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe terra, que nossustenta e governa e produz variados frutos comflores coloridas e verduras».

    3. Mais de cinquenta anos atrás, quando o mun-do estava oscilando sobre o fio duma crise nuclear, o

    Santo Papa  João XXIII escreveu uma encíclica naqual não se limitava a rejeitar a guerra, mas quistransmitir uma proposta de paz. Dirigiu a sua mensa-gem  Pacem in terris a todo o mundo católico, masacrescentava: e a todas as pessoas de boa vontade.

     Agora, à vista da deterioração global do ambiente,

    quero dirigir-me a cada pessoa que habita neste pla-neta. Na minha exortação Evangelii gaudium,  escreviaos membros da Igreja, a fim de os mobilizar paraum processo de reforma missionária ainda penden-te. Nesta encíclica, pretendo especialmente entrarem diálogo com todos acerca da nossa casa comum.” 

    http://w2.vatican.va/content/john-xxiii/pt.htmlhttp://w2.vatican.va/content/john-xxiii/pt/encyclicals/documents/hf_j-xxiii_enc_11041963_pacem.htmlhttp://w2.vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/documents/papa-francesco_esortazione-ap_20131124_evangelii-gaudium.htmlhttp://w2.vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/documents/papa-francesco_esortazione-ap_20131124_evangelii-gaudium.htmlhttp://w2.vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/documents/papa-francesco_esortazione-ap_20131124_evangelii-gaudium.htmlhttp://w2.vatican.va/content/john-xxiii/pt/encyclicals/documents/hf_j-xxiii_enc_11041963_pacem.htmlhttp://w2.vatican.va/content/john-xxiii/pt.html

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    «DE ONDE NOS VEM A LUZ»CICLO CONFERÊNCIAS

    Segundo a primeira página da Bíblia, a luz é a reali-

    dade primordial da Criação. Sem necessidade de con-

    cordismos fáceis, as mais recentes teorias científicas

    afirmam algo de semelhante. Para os cristãos, nunca

    será possível esquecer o canto do salmista .

    (Sl.119,105):«A Tua palavra é farol para os meus passos e luz

    para os meus caminhos».

    MODELO DAS SESSÕES

    15,30h – 17h : Conferência e Debate

    Entrada livre

    PROGRAMA Sáb. – 24 Jan 2015

    Luz que ilumina o caminho. A pergunta pelo

    sentido como horizonte do viver humano– Juan

     Ambrosio

    Sáb. – 31 Jan 2015

    Luz e Criação– Nuno Teixeira

    Sáb. – 21 Fev 2015

    Simbólicas da luz na liturgia– Joaquim Félix

    Sáb. – 28 Fev 2015

    Luz e vida na Bíblia– fr. Francolino, op

    Sáb. – 7 Março 2015

    Iluminação e budismo zen. Implicações para

    uma mística cristã– fr. Rui Grácio, op.

    INTRODUÇÃO AO ESTUDODE S. TOMÁS

    Curso orientado por Fr. Mateus Peres,OP5 Sessões à 6ª feira, 18h

    9. Out - O homem: vida e obra. Contexto social,intelectual e social. O Santo. Os vários tipos de escri-tos. O Doutor da Igreja.

    16 Out - O plano da Suma de teologia. A questão1ª. Os prólogos.

    23 Out – A parte moral de uma teologia una: bem-aventurança, regra do agir, virtudes (conexão)

    30 Out - As Leis. Lei natural. Lei Nova.

    6 Nov - O Cristo. Os Sacramentos. A Eucaristia.

    Convento São Domingos de Lisboa

    Rua João de Freitas Branco, 12(Metro 'Alto dos Moínhos')

     ACTIVIDADES DO CONVENTO DE S. DOMINGOS (LISBOA)

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     NOTÍCIAS DAS FRATERNIDADES

    FRATERNIDADE DE S. DOMINGOSDE ELVAS

    No passado dia 08 de Agosto a Fraternidade Leigade São Domingos celebrou a Solenidade do NossoPai São Domingos com uma Vigília de Oração comOficio de Leitura e veneração da Relíquia de São Do-mingos no dia 7 de Agosto á noite, no dia 8 de Agos-to pela tarde foi exposta á veneração dos fiéis a Relí-quia de São Domingos e ao fim da tarde a EucaristiaSolene; tanto a Vigília como a Eucaristia foram presi-didas pelo nosso Vigário Paroquial o Reverendo Pa-dre Abílio que muito se sensibilizou pela forma com

    que tudo foi preparado; estiveram ainda presentesnestes dois actos a Fraternidade de Elvas da OrdemFranciscana Secular, e os cânticos da vigília e da Euca-ristia estiveram a cargo de alguns elementos do CoroBeato Aleixo Delgado de Elvas.

    Tozé o.p. 

    FRATERNIDADES ADEREM À CNAL

     A Conferência Nacional das Associações de Apos-tolado dos Leigos (CNAL) é uma pessoa coletiva pri-

     vada canónica, constituída por deliberação de 19 demarço de 2011 dos seus membros fundadores- associ-ações de fiéis, movimentos eclesiais e novas comuni-dades de apostolado dos leigos, reconhecidos pelaIgreja Católica-, com aprovação pela ConferênciaEpiscopal Portuguesa a 5 de maio de 2011 em Fáti-ma.

    Tem como finalidades:. Promover a COMUNHÃO ENTRE OS SEUS

    MEMBROS e entre estes e outras entidades eclesiais,através do estímulo à colaboração recíproca entre osmembros, estabelecimento de contactos com outrasentidades eclesiais nacionais e representação junto de

    estruturas eclesiais internacionais afins.. Fomentar o DISCERNIMENTO CRISTÃODAS REALIDADES CONTEMPORÂNEAS e dosdesafios da sua evangelização, através da promoção doconhecimento, da reflexão e da avaliação dos sinaisdos tempos.

    . Contribuir para uma MAIOR UNIDADE DEESPÍRITO E DE AÇÃO no serviço dos leigos nomundo, com o desenvolvimento de ações coordena-das ou comuns entre as associações de fiéis, movimen-

    tos eclesiais e novas comunidades de apostolado lai-cal, segundo critérios de necessidade e urgência.

     As Fraternidades Leigas de São Domingos solicita-ram a sua adesão à CNAL, tendo sido deliberado asua aceitação como membro pleno por unanimidadeem 19 de Setembro passado. Neste momento são 47os movimentos/associações de leigos com expressãonacional que integram a CNAL.

    No decorrer do Conselho Nacional que decorreuna data referida, em Lisboa, foram ainda realizadaseleições para os novos corpos dirigentes para o triénio2015-2018 e aprovados os relatórios e contas e o Pla-no de Actividades. De destacar a próxima realização,em Maio de 2016, na cidade de Évora, do III Encon-tro Nacional de Leigos.

    Mais informações em www.cnal.pt- Gabriel Silva, o.p.

    http://www.cnal.pt/http://www.cnal.pt/

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    CAPÍTULO PROVINCIAL DA IRMÃSMISSIONÁRIAS DOMINICANAS

    DO ROSÁRIO 

     As irmãs Missionárias Dominicanas do Rosário,realizamos o nosso Capítulo Provincial em Lisboa, de26 a 30 de Julho de 2015.

    Fomos convidadas a vivê-lo como um “tempo favo-rável”, que nos impulsione à reflexão, ao discernimen-to e à escuta da voz do Espírito. E para podermos en-trar, desde o início na “onda do Espírito”, fomos desa-fiadas a procurar dentro do “poço” de cada uma, aágua da Nascente que nos une e a descobrir que tipode água desejamos oferecer.

    Hoje mais que nunca, urge buscar e redecidir, paraencher de sentido as nossas opções, o nosso compro-misso e as nossas vidas. Somos desafiadas a percorrero caminho das gerações passadas, para redescobrir ne-le a chispa inspiradora, os ideais, os valores, os proje-tos que impulsionaram os nossos Fundadores e as nos-sas primeiras irmãs. Regressar às fontes para traduzi-lasao presente, desde os mesmos objetivos que o PapaFrancisco convida aos religiosos neste ano da VidaConsagrada: “olhar o passado com gratidão, viver o

     presente com paixão e sonhar o futuro com esperan- ça”. 

    No dia 28 de Julho, após a celebração da Eucaristia Votiva do Espírito Santo e de O invocarmos, em atitu-de de silêncio orante, procedemos à eleição da Coor-denadora Provincial e Conselho.

    Foram eleitas as irmãs:Coordenadora Provincial - Mª Trindade L. Rafael

     Vigária e Secretária – Maria Adelaide Dias VarandaEcónoma – Maria del Carmen Benito Álvarez.

    O Capítulo Provincial decorreu num ambiente fra-terno, de diálogo e consenso dominicano.

    Damos graças a Deus por nos ter acompanhadocom a Sua Bênção, ao longo de todo o Capítulo.

    Pedimos a sua proteção para o próximo triénio.

    Irmãs Missionárias Dominicanas do Rosário – Pro- víncia de Santa Catarina de Sena - Portugal

    www.missionariasdominicanas.org

     NOVA EQUIPA COORDENADORA

    PROVINCIAL DAS IRMÃS DESANTA CATARINA DE SENA

    Foi eleito o novo Conselho Provincial referente aomandato de 2015-2019:

    Superiora Provincial – Ir. Maria Clarinda Ferreira GasparConselho Provincial – Ir. Maria Teresa Carvalho RibeiroIr. Graça Maria de Jesus RoqueSecretária – Ir. Maria da Assunção Duarte Faustino

    Ecónoma — Ir. Maria da Conceição Santos.

    Notícia enviada pela secretária do Conselho da Família

    Dominicana, Ir. Adelaide Varanda

     NOTÍCIAS DA FAMÍLIA DOMINICANA

    (Continuação da última página)

    Houve ainda a oportunidade de nos dirigirmosà Abadia Beneditina de S. Domingos de Silos, on-de participamos da oração de Vésperas solenes dosmonges beneditinos.

    Terminou esse dia num ambiente de partilha ecomunhão fraterna, entre leigos, frades e irmãs daProvíncia, todos num agradável e refrescante mo-mento, na esplanada do café que fica em frente aoConvento dos frades de Caleruega.

    No dia seguinte, a celebração da Eucaristia Do-minical, na capela dos frades, foi o momento altoque deu início ao último dia da peregrinação. Pre-sidiu, uma vez mais, o Pe. Provincial e pregou oFrei Marcos. Na homilia insistiu-se na ideia de

    que«nunca é tarde para que Deus nos chame a pregar» e

    que «nenhum cristão está, portanto, descartado destamissão». 

    Depois do pequeno-almoço, partimos já de re-gresso a Portugal, não sem antes pararmos em Pa-lência, a cidade onde Domingos estudou Filosofiae Teologia, exercitando o seu espírito misericordio-so.

    Por tudo isto, e pelo muito que ficou nos cora-ções de todos nós (seria impossível pôr tudo issopor escrito), dêmos muitas graças a Deus e avance-

    mos em frente, segundo o testemunho de Cristo Jesus, pelo qual Domingos , e tantos santos da Or-dem, ofereceram as suas vozes e as suas vidas.

    Mário Eduardo Rocha

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    Qual é tua memória de infância mais preciosa? Algo muito importante na minha infância foi vi-

     ver no campo. Cresci nos bosques e campos da Ingla-terra do sul, muito próximo da natureza, dos pássarose animais. Na minha mente, a educação mais maravi-lhosa que podemos ter é estar no campo, onde pode-mos aprender como escutar, como olhar, como passearnuma mata sem fazer barulho e como estar em contac-to com o que se passa.

     A primeira vez que deixei esse mundo foi quando

    arranjei um emprego antes de ir para a universidade ecomecei a fazer amigos que não eram católicos. Pelaprimeira vez na minha vida tive de perguntar: “Aquiloem que eu acredito é verdade?” E a questão da verdadetornou-se apaixonante para mim. Lembrei-me que ha-

     via uma ordem religiosa com o lema veritas, “verdade”,mas não me lembrava qual era, por isso telefonei aamigos e finalmente descobri que era a Ordem Domi-nicana.

     A religião é muitas vezes associada a um certo tipo demoralidade de que não gostamos? A moralidade é fazer aquilo que mais desejamos

    fazer. Tomás de Aquino disse que as pessoas são fun-damentalmente boas e procuram a bondade que éDeus. Corre mal quando nos deixamos capturar porpequenos desejos que não nos podem satisfazer. D. H.Lawrence coloca isso desta forma: “A ocupação dosnossos grandes pensadores é dizer-nos dos nossos dese-jos profundos, não continuar a guinchar os nossos pe-quenos desejos aos nossos ouvidos” (“A propósito deO Amante de Lady Chatterley”). Ensinar uma visão mo-ral não quer dizer andar a dizer às pessoas o que é per-

    mitido e o que é proibido. É convidar as pessoas a des-cobrirem a luz dos Evangelhos, o seu apetite funda-

    mental pelo bem.

     A palavra “Deus” está a desaparecer na nossa linguagem.

    É um problema?Quando as pessoas deixam de adorar o Deus vivo

    que liberta, adoram qualquer deus que encontrem.Penso que o problema com a nossa sociedade não éque se tenha tornado secularizada ou que não estejainteressada na religião. De certa maneira nós somosdemasiado religiosos, adoramos demasiados deuses.

    Por exemplo?O estado! Podemos ver que este século foi crucifi-

    cado pela adoração do poder estatal, a adoração dosangue, toda a mitologia ariana do nazismo. As pessoasestava a adorar um falso deus. De momento, reina aideologia do mercado global. Mas esse é um falso deus.Parece-me que o papel da Igreja não é convidar as pes-soas a acreditar; porque toda a gente acredita —  masacreditam em coisas loucas; acreditam no destino, nasestrelas, em horóscopos. O que temos de fazer é desco-

    brir a crença no Deus que nos vai libertar da escravi-dão. A maioria dos falsos deuses exige que nos curve-mos e adoremos. Mas o nosso Deus diz-nos para noslevantarmos e sermos livres. A revelação do verdadeiroDeus veio quando Moisés conduziu o povo para longeda escravidão no Egipto para encontrar Deus no deser-to: o Deus que disse, “Eu sou aquele que sou”. Ele é oDeus que iria libertar o Seu povo.

    Qual é a tua opinião sobre a sociedade contemporânea?

    Uma característica da nossa sociedade de consu-mo é pensar que tudo está à venda. Falei da minhainfância e do amor à natureza, do amor a estar na flo-resta e descobrir os animais, da sensação de viver nummundo que ninguém pode realmente possuir. Os nos-sos antepassados sabiam que não podemos realmentepossuir a terra, não podemos possuir as estações, achuva e a fertilidade. Mas a nossa cultura baseia-se noque foi chamado pelo [filósofo húngaro Karl Polanyi](1)

    de “ficção da mercadoria” —  que tudo pode ser com-prado e vendido. Em última análise, isso quer dizerque nós mesmos estamos à venda.

    (Continua na página seguinte)

    “ A RESSURREIÇÃO ACONTECE HOJE” 

    Timothy Radcliffe OP entrevistado por Lucette Verboven

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    CONFERÊNCIAS NO MOSTEIRO DE SANTA MARIA DO LUMIAR A Misericórdia: um evangelho por habitar

    (Continuação da página anterior)

     A grande escravização dos africanos começadano século XVII, tornando-os em mercadorias paraexportação, como gado, para a América, era sintomá-tica de uma profunda crise que tocou todos os paísesocidentais. Colocar pessoas no mercado de trabalhoonde precisam de se vender a elas mesmas parece fa-

    zer parte da crise cultural do nosso tempo. Se vemostudo como estando à venda, como podemos estarconscientes do Deus que é o dador de todas as coisasboas?

    Que papel vês para a religião e a Igreja no século XXI?Colocar a questão desse modo confirma a im-

    pressão de que a religião de alguma maneira se desti-na a ser relevante. Mas eu não penso que a religiãoseja de todo relevante. A fé revela aquilo para o qualtudo o mais é relevante. Qualquer coisa só tem rele-

     vância na medida em que pertence à nossa viagempara Deus. Deus não é relevante. Tentar tornar a reli-gião relevante é tentar usar Deus para pequenos fins,como se Deus fosse um instrutor de  fitness  ou umgerente bancário. Mas em última análise isso é umablasfémia.

    Dizes que não é suficiente recontar a história da ressur- reição, mas que precisamos também de uma iniciação naexperiência. O que queres dizer?

     A ressurreição acontece hoje. Deixa-me dar-teum exemplo de uma irmã dominicana que conheço.Ela trabalha na vila de Kawat em Gujarate, Índia.Quando ela chegou a esta vila, encontrou as pessoas

    na pobreza absoluta. Estavam todas nas mãos de pres-tamistas: para comprar sementes para plantar os cam-pos, tinham de pedir dinheiro emprestado e nuncaconseguiam fazer dinheiro suficiente das suas colhei-tas para escapar à divida. Viviam como se estivessempresas. Aquela irmã montou um pequeno banco do-minicano que emprestou dinheiro quase sem juros,

    para que os aldeões pudessem vender as suas colhei-tas, construir as suas quintas, erguer as suas casas eganharem vida. É uma pequena ressurreição.

    Todo o ser humano terá de passar por pequenosmomentos de morte e ressurreição. Talvez tenhas deencontrar a morte e a ressurreição na tua própria vi-da, ou podes vê-la acontecer na vida de uma socieda-de. Vi extraordinários momentos de ressurreição na

     África do Sul depois do apartheid. De todas estas situ-ações, talvez aprendas a ouvir de novo a história do

    homem que morreu e ressuscitou. A morte e ressur-reição de Jesus é obviamente mais do que isso —  érealmente um triunfo sobre a morte. Mas quandoderrotamos os poderes da morte na sociedade e nasnossas próprias vidas, podemos começar a entender.

    (1)Originalmente, “filósofo polaco Leszek Koł akowski” (“Polish philo- 

    sopher Leszek Koł akowski”). Fr. Timothy confundiu o autor do concei- to. Tal confusão não altera o sentido da frase, mas justifica esta peque- na correcção. (Nota da tradução para português.)

    [trad. de Sérgio Dias Branco OP a partir de excertos deLucette Verboven, ed., “Timothy Radcliffe (UK): Passionately

    in love with truth”, in The Dominican Way (Londres: Continu- 

    um, 2011), pp. 5-16.]

    HORÁRIO15:30 ConferênciaDebate, convívio e EUCARISTIA  

    10 de Outubro 2015 A desconcertante misericórdia de Deus— José To-

    lentino Mendonça

    14 de Novembro 2015Misericórdia para todo o criado: precisamos de

    uma nova ecologia? - Rui Grácio, o.p.

    12 de Dezembro 2015Figuras inesperadas da misericórdia no teatro—

    Luís Miguel Cintra

    9 de Janeiro 2016 A misericórdia que nos reconstrói—Emília Leitão

    13 de Fevereiro 2016 A misericórdia no judaísmo bíblico— João Louren-

    ço OFM

    12 de Março 2016Misericórdia e homoafectividade na Igreja— José

     António Almeida / Sofia Madureira

    9 de Abril 2016 A Igreja é credível quando (não) prega a misericór-

    dia? - José Frazão, S.J.

    14 de Maio 2016Entre o dito e o dizer: novas declinações da mise-

    ricórdia em José Augusto Mourão—MªJosé Vaz Pin-to / Rui Pedro Vasconcelos.

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    F i c h a T é c n i c a Jornal bimensal Publicação Periódica  nº 119112 / ISSN: 1645-443XISSN: 1645-443X

    Propriedade: Fraternidade Leigas de São DomingosContribuinte: 502 294 833Depósito legal: 86929/95Direcção e RedacçãoCristina Busto (933286355)

    Maria do Carmo Silva Ramos (966403075)Colaboração: Maria da Paz Ramos

     Administração: Maria do Céu Silva (919506161)Rua Comendador Oliveira e Carmo, 26 2º Dtº2800– 476 Cova da PiedadeEndereço: Praça D. Afonso V, nº 86,

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    Laicado Dominicano  Julho/Agosto/Setembro 2015

    CALERUEGA —PEREGRINAÇÃO DA FAMÍLIA DOMINICANA

    Providencialmente, quis Deus e os irmãos, queeu peregrinasse e visitasse a humilde Caleruega, terraque viu nascer há mais de 800 anos o pregador bem-aventurado S. Domingos de Gusmão, fruto precio-so do matrimónio de seus pais, Félix e Joana, repre-

    sentantes das nobilíssimas casas de Gusmão e de Aza.Durante a nossa estadia por lá, foi tudo muito sur-preendente, intenso e profundo, alegre e úni-co, simples e fraterno. De facto, há muitos "últimos"que se tornam "primeiros", nesta ordem da graça quesó Deus conhece e dispõe...

    E assim partimos, em Família Dominicana, rumo ao"poço" dessa "água da Sabedoria" da qual Domingosbebeu e deu a beber aos seus irmãos:«contemplare etcontemplata aliis tradere!» 

     A primeira paragem foi Salamanca, essa extraordiná-

    ria cidade do saber, do belo e da busca da Verdade. Visitámos o Convento de San Esteban, dos irmãosdominicanos que residem nessa cidade e onde desen-

     volvem inúmeras tarefas, sobretudo ligadas ao campodo saber teológico, mas não só... Recebidos pela co-munidade, na pessoa do Frei Laércio Pereira, O.P.,

     visitamos as partes mais importantes do monumentalconvento, que foi berço da primeira escola humanistada Europa: a célebre escola de Salamanca (séc. XVI).

    Prosseguimos o caminho e, depois das vá-rias paragens de descanso do nosso corajoso motoris-

    ta, lá chegamos à vetusta Caleruega, já de noite e dese-josos de uma reconfortante sopa (e o que mais provi-denciasse Deus para as barrigas vazias e os corpos des-gastados da viagem), tendo às portas do Convento osnossos irmãos frades que nos aguardavam de braçosabertos.

    No dia seguinte, e resgatadas as forças físicas, fomoslogo à "fonte": celebramos a Eucaristia, presidida peloPe. Provincial, na cripta onde se encontra um poçoque, segundo a tradição, assinala o lugar do nascimen-to do Patriarca S. Domingos. Referia com ardor o Frei

    Marcos Vilar (que pregou no momento da homilia),que «o glorioso S. Domingos só o foi, porque sempre conce- deu as glórias da sua 'santa pregação' Àquele que é verdadei- ramente digno de toda a glória e louvor: Jesus Cristo!» Ele éo sentido e o fim de toda a nossa pregação, paraque «as almas dos irmãos cheguem ao conhecimento do Cris- to e, assim, à salvação!»

    O dia prosseguiu e fomos de visita a Osma, à cate-dral onde Domingos foi ordenado presbítero e serviuo seu bispo como cónego regular, sob a obediênciada Regra de Santo Agostinho. Um momento muito curi-

    oso foi verificarmos o suposto lugar onde Domingosse sentava para, junto com os restantes cónegos, asse-gurar a oração da Liturgia das Horas na sua Catedral.

    Regressados a Caleruega, a tarde ficou dedicada à visita do "Real Monasterio de Caleruega", onde resi-dem as irmãs de clausura (monjas dominicanas) e ofe-recem as suas vidas totalmente consagradas à oração,ao trabalho e ao estudo. O momento do encontrocom as monjas foi, para mim pessoalmente, por todosos motivos e mais alguns, um momento verdadeira-mente emocionante e único. O diálogo foi muito bre-

     ve, naturalmente devido aos diversos afazeres que elastêm, mas muito rico. Ficaram os pedidos de oração e acerteza da comunhão recíproca, no espírito dopai Domingos.

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