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prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e intervenção profissionalDocument Transcript
1. A prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e
intervenção profissional* The social worker practice: knowledge,
instrumental- ity and professional intervention Charles Toniolo de SOUSA**
Resumo: Este artigo tem por finalidade apresentar uma reflexão sobre a prática
pro- fissional do Assistente Social, reconhecendo suas dimensões, com o
objetivo de situar a instrumentalidade do Serviço Social bem como seu arsenal
técnico-operativo. Em seguida, serão apresentados, de forma sucinta, alguns
‹ › /14 prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade
e intervenção profissionalby José Araujo on Oct 31, 2011
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prática do assistente social: conhecimento,
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Andre Carvalho Rezende
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prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e int... http://www.slideshare.net/joseweldson/prtica-do-assistente-social-con...
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dos principais instrumentos de trabalho utilizados pelos Assistentes Sociais no
exercício da prática profissional, bem como algumas considerações finais.
Palavras-chave: Serviço Social, Instrumentalidade, Instrumentos de trabalho
do As- sistente Social. Abstract: This article has in view to introduce a
reflection about the Social Worker professional practice, recognizing
dimensions, in order to situate the Social Work ins- trumentality and the
technical-operation that the professionals use. After, will be intro- duced,
succinctly, some principal tools used for the Social Workers in their
professional practice, and also some final considerations. Keywords: Social
Work, Instrumentality, Social Workers tools. Recebido em: 07/04/2008. Aceito
em: 30/04/2008.∗ Este texto é fruto das reflexões e estudos realizados a partir
das diferentes experiências adquiridas durante a vida profissional, e,
sobretudo,da experiência com a disciplina de Técnicas de Intervenção Social,
ministrada para as turmas do curso de Serviço Social da Universidade
doGrande Rio. A produção deste artigo teve como objetivo nortear a Semana
do Curso de Serviço Social da UNIGRANRIO, realizada em setem-bro de
2006, a fim de orientar estudantes do 1º ao 8º períodos letivos, culminando em
atividade de avaliação conceitual requerida à totalidadedos alunos do
curso.∗∗ Assistente Social do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro,
Mestrando em Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiroe
Professor da Escola de Serviço Social da Universidade do Grande Rio.
Emancipação, Ponta Grossa, 8(1): 119-132, 2008. Disponível em
<http://www.uepg.br/emancipacao>
2. Charles Toniolo de SOUSA Na trajetória histórica do Serviço Social, po-
instrumentalidade. Porém, não é possível falar se-demos identificar várias
correntes que discutem riamente sobre a questão se não situamos o debatea
questão da sua instrumentalidade, que trazem em alguns de seus fundamentos
científicos maisconsigo um corpo conceitual específico que dá a elementares –
caso contrário, caímos nas “teias”esse tema um determinado significado.
Entende- do senso comum.mos por instrumentalidade a concepção desen- Ora,
o debate sobre a instrumentalidade dovolvida por Guerra (2000) que, a partir
de uma Serviço Social percorre a história da profissão emleitura lukacsiana da
obra de Marx, constrói o de- razão da própria natureza desta: o Serviço
Socialbate sobre a instrumentalidade do Serviço Social, se constitui como
profissão no momento históricocompreendendo-a em três níveis: no que diz
res- em que os setores dominantes da sociedade (Es-peito à sua funcionalidade
ao projeto reformista tado e empresariado) começam a intervir, de for-da
burguesia; no que se refere à sua peculiarida- ma contínua e sistemática, nas
conseqüências dade operatória (aspecto instrumental-operativo); e “questão
social”, através, sobretudo, das chama-como uma mediação que permite a
passagem das das políticas sociais. Segundo Carvalho & Iama-análises
universais às singularidades da interven- moto (2005), o Serviço Social é
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prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e int... http://www.slideshare.net/joseweldson/prtica-do-assistente-social-con...
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requisitado pelasção profissional. complexas estruturas do Estado e das
empresas, Desde o período em que o Serviço Social de modo a promover o
controle e a reproduçãoainda fundava sua base de legitimidade na esfera
(material e ideológica) das classes subalternas, emreligiosa, passando pela sua
profissionalização e um momento histórico em que os conflitos entreos
momentos históricos que a constituíram, a di- as classes sociais se
intensificam, gerando diver-mensão técnica-instrumental sempre teve um lugar
sos “problemas sociais” que tendem pôr a ordemde destaque, seja do ponto de
vista do afirmar de- capitalista em xeque (Netto, 2005).liberadamente a
necessidade de consolidação de Torna-se mister situar essa questão, poisum
instrumental técnico-operativo “específico” do ela revela um dado que é
crucial para o debateServiço Social (falamos aqui em especial da tradi- sobre
a instrumentalidade: o Serviço Social surgeção norte-americana, que teve forte
influência so- na história como uma profissão fundamentalmentebre o Serviço
Social brasileiro, sobretudo entre os interventiva, isto é, que visa produzir
mudanças noanos 40 e 60), seja no sentido de afirmar o Serviço cotidiano da
vida social das populações atendidasSocial como um conjunto de técnicas e
instrumen- – os usuários do Serviço Social. Assim, a dimensãotais – em outras
palavras, uma tecnologia social1. prática (técnico-operativa) tende a ser
objeto privi-Em outros momentos, no sentido de atribuir à ins- legiado de
estudos no âmbito da profissão.trumentalidade do Serviço Social um estatuto
desubalternidade diante das demais dimensões que Mais ainda: no momento de
sua emergên-compõem a dimensão histórica da profissão2. cia, o Serviço
Social atua nas políticas sociais com funções meramente executivas, também
chama- Esse debate é apenas introdutório para loca- das de funções terminais.
A concepção e o pla-lizarmos as razões que fazem da instrumentalidade
nejamento das políticas sociais ficavam ao cargodo Serviço Social uma
questão tão importante à de outras categorias profissionais e dos
agentesprofissão, digna de um real aprofundamento teó- governamentais – ao
Serviço Social cabia apenasrico. Não nos caberá neste artigo aprofundar, do
executá-las, na relação direta com os “indivíduos,ponto de vista teórico-
filosófico, o debate sobre a grupos e comunidades” que de algum modo eram
atendidos pelos serviços sociais públicos. Temos aqui a clássica separação
entre trabalho intelec-1 Essa visão pode ser identificada como uma
componente da cor- tual (quem pensa as políticas sociais) e trabalhorente
denominada por Netto (2004) de “modernização conservado- manual (quem
executa as políticas sociais)3. Nestara”, hegemônica no cenário profissional
brasileiro durante o períododa ditadura militar e do movimento de renovação
do Serviço Socialno Brasil.2 Novamente nos reportamos ao chamado
Movimento de Recon- 3 Guerra (2004), ao pensar o Serviço Social como uma
profissãoceituação do Serviço Social, em que algumas correntes tentavam
inscrita na divisão social do trabalho, apropria-se do debate marxia-atribuir ao
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Serviço Social o status de Ciência, questionando sua di- no sobre a divisão
entre trabalho manual e intelectual para pensar amensão interventiva.
profissão.120 Emancipação, Ponta Grossa, 8(1): 119-132, 2008. Disponível
em <http://www.uepg.br/emancipacao>
3. A prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e
intervenção profissionalanalogia, ao Assistente Social caberia a tarefa do
atuaram nesse movimento4, a principal motivação“trabalho manual”. era dar
ao Serviço Social um estatuto científico. E mais propriamente, no âmbito da
corrente que O Movimento de Reconceituação do Servi- Netto (2004)
denominou de “Intenção de Ruptu-ço Social, com toda a diversidade que lhe
foi pró- ra” (que para ele significa o rompimento com asprio, criticou
duramente essa divisão, e propor- visões conservadoras da profissão), foi
levantadacionou um aprofundamento teórico-metodológico a necessidade de
que a profissão se debruçasse(principalmente a partir do diálogo com a
tradição sobre a produção de um conhecimento crítico damarxista e, sobretudo,
com a obra marxiana) que realidade social, para que o próprio Serviço
So-possibilitou à profissão romper com esse caráter cial pudesse construir os
objetivos e (re)construirmeramente executivo e conquistar novas funções
objetos de sua intervenção, bem como respondere atribuições no mercado de
trabalho, sobretudo às demandas sociais colocadas pelo mercado dedo ponto
de vista do planejamento e administra- trabalho e pela realidade. Assim, pôde
o Serviçoção das políticas sociais. Assim, essa dicotomia Social aprofundar o
diálogo crítico e construtivofoi superada no âmbito profissional, e tal conquis-
com diversos ramos das chamadas Ciências Hu-ta encontra-se expressa no Art.
4º, Inciso II da Lei manas e Sociais (Economia, Sociologia, Ciênciade
Regulamentação da Profissão (Lei nº 8662 de Política, Antropologia,
Psicologia).07/06/1993): A partir de então, entramos no período em
Art.4º.São competências do Assistente Social: que os autores contemporâneos
da profissão cha- II. elaborar, coordenar, executar e avaliar pla- mam de
“maturidade acadêmica e profissional do nos, programas e projetos que sejam
do âmbito Serviço Social” (Netto, 1996), que procurou defi- de atuação do
Serviço Social com participação da sociedade civil (CFESS: 2002; p. 17). nir
novos requisitos para o status de competência profissional. Iamamoto (2004),
após realizar uma análise dos desafios colocados ao Serviço Social Ambas as
dimensões previstas no inciso ci- nos dias atuais, apontou 03 dimensões que
devemtado – elaboração, coordenação e execução – e ser do domínio do
Assistente Social:que são uma realidade do mercado de trabalhodo Assistente
Social na atualidade, requerem o • Competência ético-política – o
Assistentedomínio de um instrumental técnico-operativo que Social não é um
profissional “neutro”. Sua práticapossibilite a viabilização da intervenção a
que o se realiza no marco das relações de poder e deAssistente Social foi
designado (ou se designou) forças sociais da sociedade capitalista – relaçõesa
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realizar. Porém, ele não é o suficiente para ga- essas que são contraditórias.
Assim, é fundamen-rantir o objetivo final da intervenção profissional, tal que o
profissional tenha um posicionamentoconforme veremos a seguir. político
frente às questões que aparecem na rea- lidade social, para que possa ter
clareza de qual1 As competências do Serviço Social na con- é a direção social
da sua prática. Isso implica emtemporaneidade: política, ética, investigação e
assumir valores ético-morais que sustentam a suaintervenção prática – valores
esses que estão expressos no Có- digo de Ética Profissional dos Assistentes
Sociais Se no momento da origem do Serviço Social (Resolução CFAS nº
273/93)5, e que assumemcomo uma profissão inscrita na divisão do traba-
claramente uma postura profissional de articularlho, era apenas a sua dimensão
técnica que lhegarantia os estatutos de eficácia e competênciaprofissional (isto
é, era a forma e os resultados 4 Uma sintética análise desse movimento tão
plural e complexo seimediatos de sua ação que lhe garantiam legitimi-
encontra em Netto (2004).dade e reconhecimento da sociedade), o Movimen- 5
O Código de Ética profissional vigente defende o reconhecimentoto de
Reconceituação buscou superar essa visão e a defesa de 11 princípios
fundamentais. São eles: liberdade, di- reitos humanos, cidadania, democracia,
eqüidade e justiça social,unilateral. No universo das diversas correntes que
combate ao preconceito, pluralismo, construção de uma nova ordem social
(sem dominação-exploração), articulação com movimentos de trabalhadores,
qualidade dos serviços prestados e combate a toda espécie de
discriminação.Emancipação, Ponta Grossa, 8(1): 119-132, 2008. Disponível
em <http://www.uepg.br/emancipacao> 121
4. Charles Toniolo de SOUSAsua intervenção aos interesses dos setores majo-
dores do projeto profissional. Ora, para isso éritários da sociedade; necessário
um cuidadoso conhecimento das situações ou fenômenos sociais que são objeto
• Competência teórico-metodológica – o pro- de trabalho do assistente social
(IAMAMOTO:fissional deve ser qualificado para conhecer a re- 2004; p.
56).alidade social, política, econômica e cultural coma qual trabalha. Para
isso, faz-se necessário um Pensar sob esse ponto de vista significaintenso rigor
teórico e metodológico, que lhe per- colocar o Serviço Social em um lugar de
desta-mita enxergar a dinâmica da sociedade para além que, tanto no plano da
produção do conhecimen-dos fenômenos aparentes, buscando apreender to
científico (rompendo com o discurso do sensosua essência, seu movimento e as
possibilidades comum) como no âmbito das instituições públicasde construção
de novas possibilidades profissio- e privadas que, de algum modo, atuam
sobre anais; “questão social”. • Competência técnico-operativa – o profis- O
Assistente Social ocupa um lugar privile-sional deve conhecer, se apropriar, e
sobretudo, giado no mercado de trabalho: na medida em quecriar um conjunto
de habilidades técnicas que ele atua diretamente no cotidiano das classes
epermitam ao mesmo desenvolver as ações profis- grupos sociais menos
prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e int... http://www.slideshare.net/joseweldson/prtica-do-assistente-social-con...
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favorecidos, ele tem a realsionais junto à população usuária e às instituições
possibilidade de produzir um conhecimento sobrecontratantes (Estado,
empresas, Organizações essa mesma realidade. E esse conhecimento é,Não-
governamentais, fundações, autarquias etc.), sem dúvida, o seu principal
instrumento de traba-garantindo assim uma inserção qualificada no mer- lho,
pois lhe permite ter a real dimensão das diver-cado de trabalho, que responda
às demandas co- sas possibilidades de intervenção profissional.locadas tanto
pelos empregadores, quanto pelosobjetivos estabelecidos pelos profissionais e
pela Assim, o processo de qualificação continua-dinâmica da realidade social.
da é fundamental para a sobrevivência no merca- do de trabalho. Estudar,
pesquisar, debater temas, Essas três dimensões de competências reler livros e
textos não podem ser atividades de-nunca podem ser desenvolvidas
separadamen- senvolvidas apenas no período da graduação oute – caso
contrário, cairemos nas armadilhas da nos “muros” da universidade e suas
salas de aula.fragmentação e da despolitização, tão presentes Se no cotidiano
da prática profissional o Assistenteno passado histórico do Serviço Social
(Carvalho Social não se atualiza, não questiona as demandas& Iamamoto,
2005). institucionais, não acompanha o movimento e as Contudo, articular
essas três dimensões co- mudanças da realidade social, estará certamenteloca
um desafio fundamental, e que vem sendo fadado ao fracasso e a uma
reprodução mecânicaum tema de grande debate entre profissionais e de
atividades, tornando-se um burocrata, e, semestudantes de Serviço Social: a
necessidade da dúvidas, não promovendo mudanças significati-articulação
entre teoria e prática. Investigação e vas seja no cotidiano da população
usuária ou naintervenção, pesquisa e ação, ciência e técnica não própria
inserção do Serviço Social no mercado dedevem ser encaradas como
dimensões separadas trabalho.– pois isso pode gerar uma inserção
desqualificadado Assistente Social no mercado de trabalho, bemcomo ferir os
princípios éticos fundamentais que 2 Teoria e prática, método e
metodologiasnorteiam a ação profissional: O que se reivindica, hoje, é que a
pesquisa se Estudar a realidade social nunca foi tarefa afirme como uma
dimensão integrante do exer- fácil. cício profissional, visto ser uma condição
para Desde a Antigüidade, filósofos, cientistas e se formular respostas capazes
de impulsionar pensadores, de um modo geral, se debruçam so- a formulação
de propostas profissionais que bre as diferentes formas de organização social,
tenham efetividade e permitam atribuir mate- de modo a conhecê-las. Mas,
para além disso, o rialidade aos princípios ético-políticos nortea-
conhecimento é uma poderosa arma para quem122 Emancipação, Ponta
Grossa, 8(1): 119-132, 2008. Disponível em <http://www.uepg.br
/emancipacao>
5. A prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e
intervenção profissionalo detém, pois é ele que fornece as bases para social
prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e int... http://www.slideshare.net/joseweldson/prtica-do-assistente-social-con...
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(isto é, ele se explica em si mesmo), estare-qualquer proposta de mudança ou
transformação mos adotando uma determinada postura políticadessa mesma
realidade. Se atuar no e sobre o e teórica, e utilizando uma determinada forma
decotidiano das populações menos favorecidas é conhecer a realidade. Porém,
essa forma tende aum componente fundamental do Serviço Social, é
empobrecer esse conhecimento, pois consideracom vistas a transformações
nesse cotidiano que os indivíduos como seres atomizados, e não comoa prática
profissional deve se dirigir. seres sociais. Contudo, o cotidiano cria
armadilhas às quais Todavia, o que se propõe hoje no âmbito doo Assistente
Social deve estar atento. O profissio- Serviço Social é justamente a produção
de um co-nal trabalha com situações singulares, isto é, situ- nhecimento que
rompa com a mera aparência eações que, a princípio, podem parecer
exclusivas busque apreender o que está “por trás” dela, suadaquele(s)
sujeito(s) que está(ão) sendo o alvo da essência. Para isso, é fundamental que
o profissio-intervenção do Assistente Social. E nesse sentido, nal sempre
mantenha uma postura crítica, questio-ele (o Assistente Social) até pode
produzir um co- nadora, não se contentando com o que aparece anhecimento
prático dessa situação imediata que ele imediatamente.aparece no dia a dia do
seu trabalho. Mas nem De posse desse conhecimento, o profissionaltudo que
aparece é o que realmente é. pode planejar a sua ação com muito mais proprie-
Os seres humanos são seres essencialmen- dade, visando à mudança dessa
mesma realidade.te sociais, ou seja, vivem em uma determinada Assim, no
momento da execução da ação profissio-sociedade. E essa sociedade é uma
totalidade. nal, o Assistente Social constrói suas metodologiasNenhuma
situação pode ser considerada apenas de ação, utilizando-se de instrumentos e
técnicasem sua singularidade, pois senão corre-se o sério de intervenção
social.risco de se perder de vista a dimensão social da A diferença entre
método de investigação evida humana. Portanto, qualquer situação que che-
metodologias de ação põe uma reflexão fundamen-ga ao Serviço Social deve
ser analisada a partir de tal para quem se propõe a construir uma práticaduas
dimensões: a da singularidade e a da univer- profissional competente e
qualificada: são os ob-salidade. Para tal, é necessário que o Assistente jetivos
profissionais que definem que instrumentosSocial tenha um conhecimento
teórico profundo e técnicas serão utilizados – e não o contrário. Esobre as
relações sociais fundamentais de uma esses objetivos, planejados e
construídos no planodeterminada sociedade (universalidade), e como político
e intelectual, só podem ser expressos se oelas se organizam naquele
determinado momento Assistente Social conhece a realidade social
sobrehistórico, para que possa superar essas “armadi- a qual sua ação vai se
desenvolver7. Ou, como dizlhas” que o senso comum do cotidiano prega – e
Guerra (2002):que muitas vezes mascaram as reais causas edeterminações dos
fenômenos sociais. É na rela- Se é correto que o valor do trabalho do As-ção
prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e int... http://www.slideshare.net/joseweldson/prtica-do-assistente-social-con...
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entre a universalidade e a singularidade que sistente Social reside na sua
utilidade social,se torna possível apreender as particularidades de que é
medida em termos de respostas con-uma determinada situação. cretas que
venham produzir uma alteração imediata na realidade empírica (...), o seu O
que acabamos de afirmar nada mais é do resultado final, o produto do seu
trabalhoque chamamos de método de investigação – e mais passa a ser o fator
determinante da for-especificamente, de método dialético6. Existem vá- ma de
realizá-lo (GUERRA: 2002; p. 157).rias formas de se pesquisar a realidade.
Se acredi-tamos que os fenômenos sociais são fragmentadose ocorrem sem
nenhuma relação com a totalidade 7 Guerra (2002) e Netto (1994) definem
esse processo como a6 Uma recomendável leitura sobre o método dialético na
literatu- relação entre causalidade (descobrir as causas de determinado fe-ra
do Serviço Social, incluindo a relação singularidade/universali- nômeno),
teleologia (capacidade racional e da consciência humanadade/particularidade
é encontrada em Pontes (2002), aproprian- de antever/planejar o produto final
da sua ação) e práxis (a capaci-do-se do debate metodológico desenvolvido
por Lucáks (1968). dade do ser humano intervir na realidade a fim de
transformá-la).Emancipação, Ponta Grossa, 8(1): 119-132, 2008. Disponível
em <http://www.uepg.br/emancipacao> 123
6. Charles Toniolo de SOUSA É apenas a partir dessa reflexão que se faz do
determinado instrumento. Sua prática se tor-possível discutir a
instrumentalidade do Serviço na mecânica, repetitiva, burocrática. Mais do
queSocial. meramente aplicar técnicas “prontas” – como se fossem “receitas
de bolo”, o diferencial de um profissional é saber adaptar um determinado ins-
trumento às necessidades que precisa responder3 A instrumentalidade do
Serviço Social no seu cotidiano. E como a realidade é dinâmica, Expressar os
objetivos que se quer alcan- faz-se necessário compreender quais mudançasçar
não significa que eles necessariamente serão são essas para que o instrumental
utilizado seja oalcançados. Nunca podemos perder de vista que mais eficaz
possível, e, de fato, possa produzir asqualquer ação humana está condicionada
ao mo- mudanças desejadas pelo Assistente Social – oumento histórico em que
ela é desenvolvida. A rea- chegar o mais próximo possível.lidade social é
complexa, heterogênea e os impac- Ora, isso pressupõe que, mais do que
copiartos de qualquer intervenção dependem de fatores e seguir manuais de
instruções, o que se colocaque são externos a quem quer que seja – inclusive
para o Assistente Social hoje é sua capacidadeao Serviço Social. Como
analisa Iamamoto (1995), criativa, o que inclui o potencial de utilizar instru-
reconhecer as possibilidades e limitações históri- mentos consagrados da
profissão, mas também decas, dadas pela própria realidade social, é funda-
criar outros tantos que possam produzir mudançasmental para que o Serviço
Social não adote, por na realidade social, tanto em curto quanto em mé-um
lado, uma postura fatalista (ou seja, acreditar dio e longo prazos.que a
prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e int... http://www.slideshare.net/joseweldson/prtica-do-assistente-social-con...
9 de 36 26/03/2013 11:02
realidade já está dada e não pode ser mu- Isso é primordial para que possamos
de-dada), ou por outro lado, uma postura messiânica sempenhar com
competência as atribuições que(achar que o Serviço Social é o “messias”, que
é foram definidas para o Assistente Social na Lei dea profissão que vai
transformar todas as relações Regulamentação Profissional – e que foi citado
nasociais). É importante ter essa compreensão para Introdução desse texto.
Vejamos: se o Serviço So-localizarmos o lugar ocupado pelos instrumentos
cial, em sua trajetória histórica, não tivesse criadode trabalho utilizados pelo
Assistente Social em novos instrumentos e novas técnicas de interven-sua
prática. ção, teria conseguido sair da condição de mero Se são os objetivos
profissionais (construí- executor das políticas sociais e hoje desempenhardos a
partir de uma reflexão teórica, ética e política funções de elaboração,
planejamento e gerênciae um método de investigação) que definem os ins- das
mesmas? Certamente não.trumentos e técnicas de intervenção (as metodolo-
Assim, pensar a instrumentalidade do Servi-gias de ação), conclui-se que
essas metodologias ço Social é pensar para além da “especificidade”não estão
prontas e acabadas. Elas são necessá- da profissão: é pensar que são infinitas
as possi-rias em qualquer processo racional de intervenção, bilidades de
intervenção profissional, e que issomas elas são construídas a partir das
finalidades requer, nas palavras de Iamamoto (2004), “tomarestabelecidas no
planejamento da ação realizado um banho de realidade”. Guerra (2004)
resume, empelo Assistente Social. Primeiro, ele define “para poucas palavras,
o sentido dessa reflexão:quê fazer”, para depois se definir “como fazer”.Mais
uma vez, podemos aqui identificar a estreita A clara definição do ‘Para quê’ da
profissão,relação entre as competências teórico-metodoló- possível desde que
iluminada por uma raciona-gica, ético-política e técnico-operativa. lidade
(como forma de ser e pensar) que seja dialética e crítica, conectada à
capacidade de Em outras palavras, os instrumentos e téc- responder
eficazmente às demandas sociais,nicas de intervenção não podem ser mais
impor- se constituirão na condição necessária, talveztantes que os objetivos da
ação profissional. Se não suficiente, à manutenção da profissão.partirmos do
pressuposto que cabe ao profissio- Aqui se coloca a necessidade de dominar
umnal apenas ter habilidade técnica de manusear repertório de técnicas, legada
do desenvolvi-um instrumento de trabalho, o Assistente Social mento das
ciências sociais, fruto das pesqui-perderá a dimensão do porquê ele está
utilizan- sas e do avanço tecnológico e patrimônio das124 Emancipação, Ponta
Grossa, 8(1): 119-132, 2008. Disponível em <http://www.uepg.br
/emancipacao>
7. A prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e
intervenção profissional profissões sociais (e não exclusividade de uma
Considera-se que a linguagem é o instrumen- categoria profissional), mas
também um con- to número um de todos os profissionais, pois ela junto de
prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e int... http://www.slideshare.net/joseweldson/prtica-do-assistente-social-con...
10 de 36 26/03/2013 11:02
estratégias e táticas desenvolvidas, possibilita a comunicação entre estes e
aqueles criadas e recriadas no processo histórico, no com quem interagem. Ou,
como afirma Iamamoto, movimento da realidade (GUERRA: 2004; p. no nosso
caso: “o Serviço Social, como uma das 115-6). formas institucionalizadas de
atuação nas relações entre os homens no cotidiano da vida social, tem como
recurso básico de trabalho a linguagem” (IA- MAMOTO: 1995; p. 101). E é a
partir das formas de4 Instrumentalidade e linguagem(ns) comunicação que se
estabelecem no espaço das instituições onde trabalha o Assistente Social que É
sabido que o estudo sobre linguagem é este profissional poderá construir e
utilizar instru-bastante amplo no âmbito das Ciências Sociais. mentos e
técnicas de intervenção social.Contudo, esse ainda é um tema pouco
exploradona literatura do Serviço Social – clássica ou con- Segundo
Martinelli & Koumrouyan (1994),temporânea8. A título de referência,
usaremos aqui define-se por instrumental o conjunto articuladoos conceitos
trabalhados por Magalhães (2003). de instrumentos e técnicas que permitem a
ope-Para ela, segundo os lingüistas, racionalização da ação profissional.
Nessa idéia, o instrumento é estratégia ou tática por meio da O homem se
comunica através de signos, e qual se realiza a ação; a técnica é a habilidade
no estes são organizados através de códigos e uso do instrumento. linguagens.
Pelo processo socializador, ele de- senvolve e amplia suas aptidões de
comunica- O uso do instrumental pressupõe interações ção, utilizando os
modos e usos de fala que es- de comunicação, isto é, do uso de linguagens por
tão configurados no contexto sociocultural dos parte do Assistente Social. Se a
linguagem é um diferentes grupos sociais dos quais faz parte meio através do
qual um determinado grupo social (MAGALHÃES: 2003; p. 22). cria uma
identidade social, não será diferente para uma profissão que tem a linguagem
como o prin- Assim, os seres humanos dão significados às cipal recurso de
trabalho. O que queremos dizer écategorias que existem na realidade
(ontológicas) que o Assistente Social diz quem ele é, seja paraatravés de
códigos-palavras. Portanto, uma palavra a população atendida ou para quem
com que esta-só tem significado se compreendida no contexto belecer alguma
relação, a partir das formas de co-social e político no qual ela é utilizada.
municação e de interação que ele estabelece com Indo mais além, a autora
afirma que as lin- esses sujeitos. Assim, a definição do instrumental aguagens
construídas são produtos do processo de ser utilizado na intervenção
profissional deve sem-socialização dos seres humanos, o que remete a pre
levar em consideração o agente receptor dauma concepção social das
diferentes linguagens mensagem, ou seja, o destinatário da mesma.existentes
em uma mesma sociedade: elas (as lin- Assim, para além da linguagem que é
própriaguagens) indicam modos de ser e de viver de clas- da matéria de
Serviço Social, isto é, aquela que éses e grupos sociais diferentes entre si. Em
outras utilizada quando a “questão social” está sendo re-palavras, a linguagem
prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e int... http://www.slideshare.net/joseweldson/prtica-do-assistente-social-con...
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possibilita a construção da fletida e trabalhada, nunca nos esqueçamos que
oidentidade de um determinado grupo social. Assistente Social é um
profissional de nível supe- rior. Com tal grau de escolaridade, “é de esperar
que sigam a norma culta da língua [portuguesa]8 Algumas iniciativas estão
sendo tomadas no sentido de levantar e não adentrem seus escritos [e falas]
para umaesse debate. A título de exemplo, o Conselho Regional de Servi-
linguagem coloquial ou do senso comum” (MAGA-ço Social (CRESS) do Rio
de Janeiro realizou, no mês de julho de LHÃES: 2003; p. 32). Nesse sentido, é
primordial2006, um evento com o título “Comunicação e Serviço Social”, o
queindica uma preocupação da categoria em aprofundar a discussão que o
Assistente social saiba falar e escrever cor-sobre a temática. Entretanto, é de
nosso conhecimento que o debate retamente, bem como comunicar-se
articulada-sobre o tema é extremamente complexo, pois coloca no centro
dapolêmica a própria condição do ser social. Sobre esse debate, ver mente.
Isto é criar uma identidade social de umLessa (1996). profissional competente,
que articula teoria e prá-Emancipação, Ponta Grossa, 8(1): 119-132, 2008.
Disponível em <http://www.uepg.br/emancipacao> 125
8. Charles Toniolo de SOUSAtica, e que detém uma forma coerente de pensar
Na definição clássica, a observação é o usoe de expressar o pensamento. dos
sentidos humanos (visão, audição, tato, olfa- to e paladar) para o conhecimento
da realidade. Definido isto, podemos identificar duas ca- Mas não um uso
ingênuo dos sentidos, e sim, umtegorias de linguagens comumente utilizadas
pelo uso que tem como objetivo produzir um conheci-Serviço Social: a
linguagem oral ou direta e a lin- mento sobre a realidade – tem-se um objetivo
aguagem escrita ou indireta, e com elas, estabelecer alcançar.as interações.
Desse modo, podemos classificaros instrumentos de trabalho como
instrumentos Porém, o Assistente Social, ao estabelecerdiretos (ou “face a
face”) e instrumentos indiretos uma interação face a face, estabelece uma
rela-(ou “por escrito”). ção social com outro(s) ser(es) humano(s), que
possui(em) expectativas quanto às intervenções Não é possível aqui esgotar
todas as possibi- que serão realizadas pelo profissional. Assim,lidades de
utilização dos instrumentos de trabalho, além de observador, o profissional
também é ob-pois cada um deles possui características muito
servado.peculiares. O que será aqui desenvolvido é umabreve apresentação
dos principais instrumentos E ainda: na medida em que o Assistente
So-utilizados pelo Serviço Social no cotidiano de sua cial realiza
intervenções, ele participa diretamenteprática9 – e nunca perdendo de vista
que se trata do processo de conhecimento acerca da realidadede alguns
instrumentos, uma vez que a definição que está sendo investigada. Por isso, não
se tratados mesmos depende do objetivo estabelecido de uma observação fria,
ou como querem alguns,pelo profissional. “neutra”, em que o profissional
pensa estar em uma posição de não-envolvimento com a situa-4.1 Os
prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e int... http://www.slideshare.net/joseweldson/prtica-do-assistente-social-con...
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instrumentos de trabalho diretos ou ção. Por isso, trata-se de uma observação
partici-“face a face” pante – o profissional, além de observar, interage com o
outro, e participa ativamente do processo Sobre a interação face a face, esta de
observação. (...) permite que a enunciação de um discurso se expresse não só
pela palavra, mas também 4.1.2 Entrevista individual e grupal pelo olhar, pela
linguagem gestual, pela ento- nação, que vão contextualizar e, possivelmen- A
entrevista nada mais é do que um diálogo, te, identificar subjetividades de uma
forma mais um processo de comunicação direta entre o Assis- evidenciada.
Sob esse enfoque, pode-se dizer tente Social e um usuário (entrevista
individual), ou que o discurso direto expressa uma interação mais de um
(entrevista grupal). Contudo, o que di- dinâmica (MAGALHÃES: 2003; p. 29).
ferencia a entrevista de um diálogo comum é o fato de existir um entrevistador
e um entrevistado, isto Assim, podemos identificar alguns instru- é, o
Assistente Social ocupa um papel diferente –mentos de trabalho “face a face”
consagrados na e, sob determinado ponto de vista, desigual – dohistória da
profissão, e que abaixo apresentamos papel do usuário.de forma bastante
sucinta: O papel do profissional entrevistador é dado pela instituição que o
contrata – no momento da4.1.1 Observação participante interação com o
usuário, o Assistente Social fala em nome da instituição. Ambos os sujeitos
(Assis- Observar é muito mais do que ver ou olhar. tente Social e usuário)
possuem objetivos com aObservar é estar atento, é direcionar o olhar, é sa-
realização da entrevista – objetivos esses necessa-ber para onde se olha (Cruz
Neto, 2004). riamente diferentes. Mas o papel de entrevistador que cabe ao
Assistente Social coloca-lhe a tarefa9 Cabe ressaltar que não se trata de
instrumentos de uso exclusivo de conduzir o diálogo, de direcionar para os
obje-do Assistente Social – é o objetivo do trabalho, suas atribuições e tivos
que se pretendem alcançar.competências que definem a forma como o
Assistente Social deveráutilizá-los, a saber, a intervenção sobre as diferentes
expressões da“questão social”, nas interações entre universalidade e
singularidades.126 Emancipação, Ponta Grossa, 8(1): 119-132, 2008.
Disponível em <http://www.uepg.br/emancipacao>
9. A prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e
intervenção profissional Nem sempre é possível conciliar os objetivos
profissionais – no caso, a dinâmica de grupo devedo usuário e os do Assistente
Social (e alcançar estar em consonância com as finalidades estabe-essa
conciliação não é uma regra). Entretanto, lecidas pelo
profissional.estabelece-se uma relação de poder entre esses Sucintamente, a
dinâmica de grupo é umadois sujeitos – relação essa em que o Assistente
técnica que utiliza jogos, brincadeiras, simulaçõesSocial aparece em uma
posição hierarquicamen- de determinadas situações, com vistas a permitirte
superior. Mas se defendemos a democracia e que os membros do grupo
produzam uma reflexãoo respeito à diversidade como valores éticos fun-
prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e int... http://www.slideshare.net/joseweldson/prtica-do-assistente-social-con...
13 de 36 26/03/2013 11:02
acerca de uma temática definida. No caso do Ser-damentais da nossa profissão,
o momento da en- viço Social, uma temática que tenha relação com otrevista é
um espaço que o usuário pode exprimir objeto de sua intervenção – as
diferentes expres-suas idéias, vontades, necessidades, ou seja, que sões da
“questão social”. Para tanto, o Assistenteele possa ser ouvido (em tempo: ser
ouvido não é Social age como um facilitador, um agente queconcordar com
tudo o que usuário diz). Estabele- provoca situações que levem à reflexão do
grupo.cer essa relação é fundamental, pois se o usuário Isso requer tanto
habilidades teóricas (a escolha donão é respeitado nesse direito básico, não
apenas tema e como ele será trabalhado), como uma pos-estaremos
desrespeitando-o, como prejudicando tura política democrática (que deixa o
grupo produ-o próprio processo de construção de um conheci- zir), mas
também uma necessidade de controle domento sólido sobre a realidade social
que ele está processo de dinâmica – caso contrário, a dinâmicatrazendo,
comprometendo toda a intervenção. vira uma “brincadeira” e não alcança os
objetivos Importante ressaltar que, por ser um obser- principais: provocar a
reflexão do grupo.vador participante, o Assistente Social tambémemite suas
opiniões, valores, a partir dos conhe- 4.1.4 Reuniãocimentos que já possui.
Desse modo, entrevistaré mais do que apenas “conversar”: requer um ri-
Assim como a dinâmica de grupo, as reuni-goroso conhecimento teórico-
metodológico (Silva, ões são espaços coletivos. São encontros grupais,1995),
a fim de possibilitar um planejamento sério que têm como objetivo estabelecer
alguma espécieda entrevista, bem como a busca por alcançar os de reflexão
sobre determinado tema. Mas, sobre-objetivos estabelecidos para sua
realização. tudo, uma reunião tem como objetivo a tomada de uma decisão
sobre algum assunto.4.1.3 Dinâmica de Grupo As reuniões podem ocorrer com
diferentes sujeitos – podem ser realizadas junto à população Descendente da
Psicologia Social, a dinâmi- usuária, junto à equipe de profissionais que
traba-ca de grupo surgiu como um instrumento de pes- lham na instituição.
Enfim ela se realiza em todoquisa do comportamento humano em pequenos
espaço em que se pretende que uma determinadagrupos (NESC/UFRJ, s/d). Em
seguida, tornou-se decisão não seja tomada individualmente, mas co-um
instrumento bastante utilizado na área social letivamente. Essa postura já
indica que, ao coleti-– em especial na saúde mental – e hoje é muito vizar a
decisão, o coordenador de uma reunião seutilizada em empresas. A dinâmica
de grupo foi coloca em uma posição democrática.amplamente usada como uma
forma de garantircontroles coletivos, manipular comportamentos, Entretanto,
colocar-se como um líder de-valendo-se das relações grupais. mocrático não
significa não ter firmeza quanto ao cumprimento dos objetivos da reunião. O
espaço Contudo, a dinâmica de grupo é um recurso de tomada de decisões é
um espaço essencial-que pode ser utilizado pelo Assistente Social em mente
político, pois diferentes interesses estãodiferentes momentos de sua
prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e int... http://www.slideshare.net/joseweldson/prtica-do-assistente-social-con...
14 de 36 26/03/2013 11:02
intervenção. Para le- em confronto. Saber reconhecê-los e como se re-vantar
um debate sobre determinado tema com um lacionar com eles requer uma
competência teóricanúmero maior de usuários, bem como atender um e
política, de modo que a reunião possa alcançar omaior número de pessoas que
estejam vivencian- objetivo de tomar uma decisão que envolva todosdo
situações parecidas. E nunca é demais lembrar os seus participantes.que é o
instrumento que se adapta aos objetivosEmancipação, Ponta Grossa, 8(1):
119-132, 2008. Disponível em <http://www.uepg.br/emancipacao> 127
10. Charles Toniolo de SOUSA4.1.5 Mobilização de comunidades principal
objetivo conhecer as condições e modos de vida da população usuária em sua
realidade co- Muitos Assistentes Sociais desenvolvem tra- tidiana, ou seja, no
local onde ela estabelece suasbalhos em comunidades de um modo geral. Con-
relações do dia a dia: em seu domicílio.tudo, faz-se necessário clarificar o que
se entendepor comunidade. Segundo a definição de Souza A visita domiciliar é
um instrumento que, ao(2004), comunidade é um final, aproxima a instituição
que está atendendo ao usuário de sua realidade, via Assistente Social.
Conjunto de grupos e subgrupos de uma mes- Assim as instituições devem
garantir as condições ma classe social, que têm interesses e preo- para que a
visita domiciliar seja realizada (trans- cupações comuns sobre condições de
vivência porte, por exemplo). no espaço de moradia e que, dadas as suas
condições fundamentais de existência, tendem Como os demais instrumentos, a
visita do- a ampliar continuamente o âmbito de repercus- miciliar não é
exclusividade do Assistente Social: são dos seus interesses, preocupações e
en- ela só é realizada quando o objetivo da mesma é frentamentos comuns
(SOUZA: 2004; p. 68). analisar as condições sociais de vida e de existên- cia
de uma família ou de um usuário – pois é esse Assim, temos algumas
características que “olhar” que determina a inserção do Serviço Socialdefinem
o que entendemos por comunidade: fa- na divisão social do trabalho.lamos de
um território geograficamente definido, Contudo, a visita domiciliar sempre foi
ummas ao mesmo tempo, entendendo que a divisão dos principais instrumentos
de controle das classesgeográfica do espaço territorial reflete as diferentes
populares que as instituições utilizavam. Uma vezdivisões da sociedade em
classes sociais e seg- que o usuário está sendo atendido na instituição,mentos
de classes sociais. Assim, trabalhar em ele está acionando um espaço público:
quando auma comunidade significa compreendê-la dentro instituição se propõe
a ir até a casa do usuário, elade um contexto econômico, social, político e
cultu- está adentrando no terreno do privado. A residên-ral de uma sociedade
dividida em classes sociais cia é o espaço privado da família que lá vive.
Ter– e que ela não está descolada da totalidade da essa dimensão é
fundamental para que o Assis-realidade social. tente Social rompa com uma
postura autoritária, Trabalhar em projetos comunitários na pers- controladora e
fiscalzadora10.pectiva ético-política defendida pelo Serviço Social, Porém, é
prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e int... http://www.slideshare.net/joseweldson/prtica-do-assistente-social-con...
15 de 36 26/03/2013 11:02
de suma importância que o pro-hoje, significa criar estratégias para mobilizar
e fissional que realiza a visita tenha competênciaenvolver os membros de uma
população situada teórica para saber identificar que as condições
dehistoricamente no tempo e no espaço nas decisões moradia não estão
descoladas das condições dedas ações que serão desenvolvidas, uma vez que
vida de uma comunidade onde a casa se localiza, esão eles o público-alvo do
trabalho do Assistente que, por sua vez, não estão separadas do
contextoSocial. Assim, trata-se de um processo de mobili- social e histórico.
Assim, o profissional conseguezação comunitária. romper uma mera
“constatação” da singularidade, Para tal, é necessário que o Assistente Social
mas situá-la no campo da universalidade, ou seja,conheça a comunidade, os
atores sociais que lá no contexto sócio-econômico vigente.atuam: os agentes
políticos, as instituições existen-tes, as organizações (religiosas, comerciais,
polí-ticas) e como se constroem as relações de poder 4.1.7 Visita
institucionaldentro da comunidade. Mas também é necessá- Assim como a
visita domiciliar, aqui se fala derio conhecer quais são as principais demandas
e quando o Assistente Social realiza visita a institui-necessidades da
comunidade, de modo a proporações que visem ao atendimento das mesmas.
10 Uma interessante reflexão sobre o papel histórico que a visita domiciliar
cumpriu na história do Serviço Social, bem como o seu ca-4.1.6 Visita
domiciliar ráter controlista e autoritário pode ser encontrado em Verdès-
Leroux (1986), bem como em Martinelli (2005). Trata-se de um instrumento
que tem como128 Emancipação, Ponta Grossa, 8(1): 119-132, 2008.
Disponível em <http://www.uepg.br/emancipacao>
11. A prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e
intervenção profissionalções de diversas naturezas – entidades públicas, tor
que, nessa forma de diálogo, fica à mercêempresas, ONGs etc. da
unilateralidade de interpretação” (MAGA- LHÃES: 2003; p. 29). Muitas
podem ser as motivações para queo Assistente Social realize uma visita
institucional. Enquanto a comunicação direta, como o pró-Enumeramos três
delas: prio nome diz, permite uma intervenção direta junto 1. Quando o
Assistente Social está trabalhan- ao interlocutor, a comunicação escrita
possibilitado em um determinada situação singular, e resolve que outros
agentes tenham acesso ao trabalhovisitar uma instituição com a qual o usuário
mantém que foi desenvolvido pelo Assistente Social. Sen-alguma espécie de
vínculo; do assim, os instrumentos de trabalho por escrito, não raramente,
implicam que outros profissionais 2. Quando o Assistente Social quer conhecer
e/ou outras instituições desenvolverão ações in-um determinado trabalho
desenvolvido por uma terventivas a partir da intervenção do
Assistenteinstituição; Social. Por isso a necessidade do texto estar bem 3.
Quando o Assistente Social precisa reali- escrito, claro e coerente, para que
não haja dúvi-zar uma avaliação da cobertura e da qualidade dos das quanto à
prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e int... http://www.slideshare.net/joseweldson/prtica-do-assistente-social-con...
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mensagem que o Assistente Socialserviços prestados por uma instituição. quer
emitir. Em todos os casos, sobretudo nos 02 últi- Contudo, a utilização dos
instrumentos demos, o que se quer fazer é conhecer e avaliar a trabalho por
escrito também possui uma funda-qualidade da política social – o que requer
do pro- mental importância: é aqui que se torna possívelfissional um intenso
conhecimento teórico e técnico ao Assistente Social sistematizar a prática.
Todosobre políticas sociais. processo de registro e avaliação de qualquer ação
Pode-se perceber, a partir do elencado aci- é um conhecimento prático que se
produz, e quema, que os instrumentos de trabalho não são ato- não se perde,
garantindo visibilidade e importânciamizados ou estáticos: eles podem
co-existir em à atividade desenvolvida. E mais: sistematizar aum mesmo
momento. A observação participante prática e arquivá-la, é dar uma história ao
Serviçoestá presente em todos os demais; em uma visita Social, uma história
ao(s) usuário(s) atendido(s),domiciliar a entrevista pode ser utilizada; no
traba- uma história da inserção profissional do Assisten-lho de mobilização
comunitária, reuniões podem te Social dentro da instituição – é essencial
paraocorrer, além de visitas institucionais, dentre ou- qualquer proposta de
construção de um conheci-tras situações. Várias combinações entre eles po-
mento sobre a realidade social.dem ser descritas, porque a realidade da
prática Assim, podemos identificar alguns instru-profissional é muito mais
dinâmica e rica do que mentos de trabalho “por escrito” consagrados
naqualquer tentativa de classificação dos instrumen- história da profissão, e
que abaixo apresentamostos de trabalho. de forma bastante sucinta.4.2 Os
instrumentos de trabalho indiretos ou 4.2.1 Atas de reunião“por escrito” É o
registro de todo o processo de uma Sobre os instrumentos de trabalho
indiretos, reunião, das discussões realizadas, das opiniõeseles
necessariamente são utilizados após a utili- emitidas, e, sobretudo, da decisão
tomada – e dazação do instrumental face a face, que é caracte- forma como o
grupo chegou a ela (por votação,rizado por uma forma de comunicação mais
ativa. por consenso, ou outra forma).É o registro do trabalho direto realizado.
Assim, no Geralmente o relator de uma ata de reuniãocaso da interação por
escrito, esta é designado para tal. Pode ser um membro do gru- “(...) tende a
ser mais passiva. A comunicação po ou um funcionário da instituição.
Comumente, que se estabelece entre locutor e interlocutor, as atas de reuniões
são lidas ao final da mesma, embora possibilite reações e interpretações, e,
após sua aprovação, todos os participantes as- não conta com a presença física
do seu au- sinam – com garantia de que a discussão realiza-Emancipação,
Ponta Grossa, 8(1): 119-132, 2008. Disponível em <http://www.uepg.br
/emancipacao> 129
12. Charles Toniolo de SOUSAda assim como a decisão tomada é de ciência
de pelo profissional (relatório de atividades). Dessetodos. modo, os diferentes
relatórios sociais são os ins- trumentos privilegiados para a sistematização
prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e int... http://www.slideshare.net/joseweldson/prtica-do-assistente-social-con...
17 de 36 26/03/2013 11:02
da4.2.2 Livros de Registro prática do Assistente Social. Os tipos de relatórios
produzidos pelo Assis- O Livro de Registro é um instrumento bas- tente Social
são tão iguais à quantidade de possibi-tante utilizado, sobretudo em locais
onde circula lidades de realizar diferentes atividades no campoum grande
número de profissionais. Trata-se de de trabalho. Assim, qualquer tentativa de
classifica-um livro onde são anotadas as atividades realiza- ção dos relatórios
é tão-somente uma breve apro-das, telefonemas recebidos, questões pendentes,
ximação com essa gama de probabilidades.atendimentos realizados, dentre
outras questões,de modo que toda a equipe tenha acesso ao que Não é nosso
objetivo aqui descrever deta-está sendo desenvolvido. lhadamente como se
produz um relatório. Isso de- pende do objetivo do trabalho, do tipo de
atividade desenvolvida etc. Entretanto, retomando a discus-4.2.3 Diário de
Campo são de Magalhães (2003), um dado é fundamental Como afirmamos
anteriormente, o pro- para qualquer elaboração textual: o destinatáriofissional
está em constante transformação, em do texto – o agente interlocutor. É
importante sa-constante aprendizagem e aperfeiçoamento. ber para quem se
escreve (e, portanto, escreverContudo, ele precisa se reconhecer no trabalho
bem). É um outro Assistente Social, um gestor, um– identificar onde residem
suas dificuldades, e lo- profissional da área jurídica, um profissional dacalizar
os limites e as possibilidades de trabalho. área médica, um Psicólogo, um
Administrador11. Ou também o relatório pode ser produzido para o O diário
de campo é um instrumento que au- próprio Assistente Social – ou para a
própria equipexilia bastante o profissional nesse processo. Trata- de Serviço
Social de onde o Assistente Social estáse de anotações livres do profissional,
individuais, desenvolvendo trabalho. Nesse sentido, cabe umaem que o mesmo
sistematiza suas atividades e breve classificação entre relatórios internos
(quesuas reflexões sobre o cotidiano do seu trabalho. serão de uso e manuseio
do Assistente Social ouO diário de campo é importante porque o Assisten- da
equipe que ele compõe) e relatórios externoste Social, na medida em que vai
refletindo sobre (que serão de uso e manuseio de agentes exte-o processo,
pode perceber onde houve avanços, riores à equipe).recuos, melhorias na
qualidade dos serviços, aper-feiçoamento nas intervenções realizadas – além
de Um outro dado também é fundamental nes-ser um instrumento bastante
interessante para a sa discussão sobre o relato do trabalho. Não serealização
de futuras pesquisas. Ele é de extrema trata de qualquer relatório, e sim, de um
relatórioutilidade nos processos de análise institucional, social. Isso repõe o
debate sobre a inserção doo que é fundamental para localizar qualquer pro-
Serviço Social na divisão do trabalho – um profis-posta de inserção
interventiva do Serviço Social. sional que trabalha com as diferentes
manifesta- ções, na vida social, da “questão social”. Desse modo, os dados
relatados são de natureza social,4.2.4 Relatório Social isto é, as informações
que dizem respeito a essas características. Esse instrumento é uma exposição
prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e int... http://www.slideshare.net/joseweldson/prtica-do-assistente-social-con...
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do tra-balho realizado e das informações adquiridasdurante a execução de
determinada atividade. 4.2.5 Parecer SocialSemanticamente falando, é o relato
dos dadoscoletados e das intervenções realizadas pelo As- Um parecer social
é uma avaliação teórica esistente Social. técnica realizada pelo Assistente
Social dos dados O relatório social pode ser referente a qual- 11 E nesse
sentido, é de fundamental importância localizar a dimen-quer um dos
instrumentos face a face, bem como são ética, regulamentada pelo Código de
Ética Profissional do As-pode descrever todas as atividades desenvolvidas
sistente Social.130 Emancipação, Ponta Grossa, 8(1): 119-132, 2008.
Disponível em <http://www.uepg.br/emancipacao>
13. A prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e
intervenção profissionalcoletados. Mais do que uma simples organização
análise prospectiva, isto é, apontar que desdobra-de informações sob a forma
de relatório, compete mentos determinada situação podem tomar. Comao
Assistente Social avaliar essas informações, o rigor teórico necessário,
conhecendo profun-emitir uma opinião sobre elas. Uma opinião que damente a
realidade social na qual determinadadeve estar fundamentada, com base em
uma pers- situação está sendo avaliada, o Assistente Socialpectiva teórica de
análise. terá a capacidade de levantar hipóteses sobre possíveis conseqüências
da situação. Assim, o Assim, o parecer social é crucial, pois é ele parecer
social deve também conter sugestões deque dá ao Assistente Social uma
identidade pro- novas ações que precisam ser desenvolvidas juntofissional – a
inexistência de um parecer reduz o àquela situação – ações estas que serão
desen-relatório a uma simples descrição dos fatos, não volvidas ou pelo
próprio Assistente Social, ou porpermitindo nenhuma análise profunda sobre
os outros agentes profissionais (daí a necessidade demesmos. Ora, todo o
processo de formação profis- se pensar a produção da escrita tendo como
pa-sional do Assistente Social, bem como o seu lugar râmetro o destinatário do
texto, isto é, para quemna divisão social do trabalho, demanda que esse se
escreve).profissional se posicione diante das situações veri-ficadas na
realidade social. Isso requer um posicio-namento político claro do Assistente
Social – quepossui, no Código de Ética Profissional, os pilares Considerações
finaisbásicos para tal posicionamento. Cada um desses instrumentos de
trabalho, A emissão de um parecer social pressupõe ou dos espaços e funções
que ocupam e desem-a existência de um relatório social (interno ou ex-
penham o Assistente Social nos espaços institu-terno). Por razões óbvias: um
profissional só pode cionais, poderiam ser objeto, individualmente, deemitir
uma opinião sobre um fato que foi dito, no um artigo próprio. Ou até mesmo de
um livro, decaso, escrito. Assim, o parecer é a conclusão de um Trabalho de
Conclusão de Curso, de uma mo-determinado trabalho – seja de um
atendimento nografia, de uma dissertação de Mestrado ou deindividual, seja de
um conjunto de instrumentos uma tese de Doutorado. Nosso objetivo, aqui,
prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e int... http://www.slideshare.net/joseweldson/prtica-do-assistente-social-con...
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foiutilizados durante determinado processo de inter- apresentar, de forma bem
sucinta, os principaisvenção12. instrumentos e técnicas de intervenção
utilizados Apreender a realidade não é apenas des- pelo Serviço Social no
cotidiano de sua prática.crevê-la. É um produzir um conhecimento sobre
Contudo, voltamos a afirmar: não é possívela mesma. E é no momento do
parecer social que pensar um instrumento de trabalho como se eleesse
conhecimento é elaborado a partir da reflexão pudesse ser mais importante do
que os objetivosracional do profissional – um conhecimento prático, do
Assistente Social. O instrumental é o resultadoque visa compreender a
singularidade da situação da capacidade criativa e da compreensão da
rea-estudada pelo Assistente Social, à luz da universa- lidade social, para que
alguma intervenção possalidade dos fenômenos sociais (descobrindo então ser
realizada com o mínimo de eficácia, responsa-a particularidade dos
fenômenos) e assim, criar bilidade e competência profissional.alternativas
visando sua transformação. Mas é importante ressaltar que, indepen- Mas para
além de uma avaliação do pas- dente do instrumento que se utilize, a
dimensãosado, o parecer social também deve realizar uma ético-política deve
ser constantemente refletida e pensada. A instrumentalidade da nossa
profissão,12 A literatura mais recente do Serviço Social tem se debruçado
conforme toda a reflexão de Guerra, é a da ma-sobre essa questão, e algumas
polêmicas já se colocam. Alguns nutenção e reprodução da ordem burguesa,
comautores afirmam que o conjunto relatório/parecer social, constitui vistas ao
controle e reprodução dos segmentosum laudo social – o que remete a uma
outra polêmica: o AssistenteSocial realiza estudo social ou perícia social?
Não entraremos no pertencentes à classe trabalhadora. Se o nossomérito dessa
discussão aqui. Somente fazemos tais apontamentos, modus operandi não
estiver em plena sintonia comdeixando registrado que, independente das
polêmicas, para todos o projeto ético-político que, hoje, defende o Servi-os
autores, os momentos do relatório e do parecer social devemexistir em todo
processo de sistematização da prática. ço Social, podemos cair nas teias do
conservado-Emancipação, Ponta Grossa, 8(1): 119-132, 2008. Disponível em
<http://www.uepg.br/emancipacao> 131
14. Charles Toniolo de SOUSArismo e do tecnicismo, tão presentes na
trajetória lho em Lukács. In: Serviço Social & Sociedade. Sãohistórica da
nossa profissão. Paulo: Cortez, n.52, 1996. Certamente existem centenas,
milhares de LUKÁCS, Georgy. Introdução a uma estética mar-metodologias de
ação sendo construídas e utili- xista: sobre a categoria da particularidade. Rio
de Ja- neiro: Civilização Brasileira, 1968.zadas por muitos Assistentes
Sociais. – no Brasilou em qualquer outro país. Isto porque, conforme
MAGALHÃES, Selma Marques. Avaliação e lingua-explicitado, os
instrumentos não são estáticos, gem: relatórios, laudos e pareceres. São Paulo:
Veras;estanques: eles respondem às necessidades dos Lisboa: CPIHTS,
prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e int... http://www.slideshare.net/joseweldson/prtica-do-assistente-social-con...
20 de 36 26/03/2013 11:02
2003.profissionais a partir de diferentes contextos e re- MARTINELLI, Maria
Lúcia. Serviço social: identidadealidades sociais. Cabe a nós, Assistentes
Sociais, e alienação. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2005.e sobretudo,
pesquisadores, ter a capacidade de ______ & KOUMROUYAN, Elza. Um
novo olhar para aconhecer essa pluralidade de práticas – e isso só questão dos
instrumentais técnicos operativos em Ser-será possível quando todos nós
entendermos a viço Social. In. Revista Serviço Social &
Sociedade.necessidade e a importância da sistematização São Paulo: Cortez, n.
45, 1994.de nossas práticas – porque é através disso que NESC/UFRJ. O
facilitador. Rio de Janeiro: NESC/podemos sempre reconstruir a história da
nossa UFRJ/FIOCRUZ, s/d. (Manual)profissão em nosso país e aperfeiçoar
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