10
Publicação Científica: desmistificando o drama. Gilson Luiz Volpato Research Center on Animal Welfare - RECAW Depto. Fisiologia, IB, Caunesp, UNESP Botucatu, SP, [email protected] O Problema O processo de globalização que vem ocorrendo os últimos anos, fortemente incrementado pela internet, tem trazido conseqüências imediatas e sérias para a vida profissional do cientista. Uma dessas conseqüências refere-se à publicação científica. Nunca se ouviu falar tanto em Publicação, Qualidade de Revistas, Fator de Impacto e Divulgação do Conhecimento quanto no final do século passado e início do presente. Essa globalização faz com que a realidade de países mais desenvolvidos e também com maiores investimentos na Ciência seja assimilada por quase todos os países. Em geral, assimilamos apenas as obrigações, como os critérios de qualidade em ciência, mas não as políticas de investimento no setor. Hoje os cientistas fazem parte de um grande grupo onde as pessoas estão conectadas quase instantaneamente pela internet ou outros meios de divulgação eletrônica e digital. Apenas frações de segundo separam essas pessoas das divulgações mais atuais. É como se todo mundo estivesse num grande congresso internacional. Ao contrário desse cenário, nossa história em pesquisa científica mostra que no Brasil desenvolvemos em muitas áreas uma ciência tipicamente brasileira, com fronteiras muito resistentes ao diálogo internacional. Frente à nova dinâmica trazida pela globalização, essa postura fechada de se fazer ciência começa a encontrar alguns problemas. E não cabe aqui simplesmente condenarmos a globalização. Com certeza ela traz prejuízos para os países em desenvolvimento, mas pode também estimular melhoras. Fechar-se a ela é praticamente impossível, de forma que a solução mais adequada é enfrentá-la com competência.

2005 Volpato - Esalq - Publ Cient Desmistificando o Drama

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Publicação científica

Citation preview

Publicao Cientfica: desmistificando o drama. Gilson Luiz Volpato Research Center on Animal Welfare - RECAW Depto. Fisiologia, IB, Caunesp, UNESP Botucatu, SP, [email protected] O Problema Oprocessodeglobalizaoquevemocorrendoosltimosanos,fortemente incrementadopelainternet,temtrazidoconseqnciasimediatasesriasparaavida profissionaldocientista.Umadessasconseqnciasrefere-sepublicaocientfica. NuncaseouviufalartantoemPublicao,QualidadedeRevistas,FatordeImpactoe Divulgao do Conhecimento quanto no final do sculo passado e incio do presente. Essaglobalizaofazcomquearealidadedepasesmaisdesenvolvidose tambmcommaioresinvestimentosnaCinciasejaassimiladaporquasetodosos pases. Em geral, assimilamos apenas as obrigaes, como os critrios de qualidade em cincia, mas no as polticas de investimento no setor. Hoje os cientistas fazem parte de um grande grupo onde as pessoas esto conectadas quase instantaneamente pela internet ou outros meios de divulgao eletrnica e digital. Apenas fraes de segundo separam essas pessoas das divulgaes mais atuais. como se todo mundo estivesse num grande congresso internacional. Ao contrrio desse cenrio, nossa histria em pesquisa cientfica mostra que no Brasildesenvolvemosemmuitasreasumacinciatipicamentebrasileira,com fronteirasmuitoresistentesaodilogointernacional.Frentenovadinmicatrazida pelaglobalizao,essaposturafechadadesefazercinciacomeaaencontraralguns problemas. E no cabe aqui simplesmente condenarmos a globalizao. Com certeza ela trazprejuzosparaospasesemdesenvolvimento,maspodetambmestimular melhoras.Fechar-seaelapraticamenteimpossvel,deformaqueasoluomais adequada enfrent-la com competncia. 2 No campo da pesquisa cientfica, a globalizao est trazendo novos referenciais decompetncia.Nessequadroassistimosalgumasvezesaverdadeirasinversesde valoresnocenrionacional,principalmentenasreasquesemantiverammaistempo arrediassnovidadesexternas.Oqueerabompassaaserconsideradomedianoou ruim. Ocientista conceituadono Brasil est sendo testado em novos referenciais e nem sempre se mantm. Nestetextotratoespecificamentedosnovosreferenciaisparaapublicao cientfica,apresentandoediscutindoosprincipaiscritriosdequalidadedapublicao cientfica num panorama internacional. Mas meu objetivo central neste texto mostrar queessesnovosreferenciaisestoaonossoalcance,muitomaisprximosdoque geralmente se imagina. Na verdade, nossos equvocos de paradigmas sobre a qualidade nacinciasonossosreaiseprincipaisinimigos,muitomaisdoqueosnovos referenciais de qualidade na publicao. Portanto, num primeiro momento mostro esses novosreferenciaisparaareaBiolgicae,numsegundobloco,discutonossos equvocos e como super-los. Referenciais de Qualidade da Publicao Cientfica Neste tpicoapresento seis das principais caractersticas que definem hoje uma publicao de boa qualidade na rea Biolgica. A partir dessas qualificaes, a pesquisa cientficatemmuitaschancesdeadentraracinciainternacional.Masumaquesto anterior deve ser colocada: por que adentrar a cincia internacional? Apenas por causa da globalizao? A resposta no! Pelos preceitos filosficos e histricos da cincia, o cientista busca, pelos meios cientficos,construirconhecimentonovooumodificarconhecimentopr-estabelecido (nessecaso,tambmsignificandoconhecimentonovo).Nesseprocesso,almdeusar suaatividadecrticaemetodolgica,necessitadiscutireincluiresseconhecimento gerado na rede de conhecimentos aceitos pela comunidade cientfica. No h uma rede deconhecimentosdeumanicainstituio,deumnicopasouestado.Essarede historicamenteumaredeinternacional,ondeparticipamtodos,teoricamentesem distino de credo, nacionalidade, sexo, idade ou qualquer outra fonte de separao. As nicasrestriessoointeressepessoalpelostemaseacapacidadeparaprestar 3 contribuies.Fugirouevitaressadiscussonoparticipardaconstruodo conhecimento cientfico nessa comunidade. Reforando a necessidade do discurso internacional, vemos que em praticamente todasasreasdacinciaexistemcongressosinternacionaiserevistasdecirculao internacional,etudoissodesdemuitoantesdoadventodainternet.Ignorarisso colocar-se na contra-mo da histria do processo cientfico. Aseguirdiscutoosprincipaisaspectosdeumapublicaocientficaqueso importantes para que essa pesquisa adentre a discusso cientfica internacional. a) Novidade da proposta SegundoThomasS.Kuhn(1975),hdoistiposdecincia:acincianormal, queconfirmaparadigmasjaceitos,eacinciarevolucionria,quetrocaparadigmas. EmboraKuhnserefiraaparadigmascomoidiasmuitogerais,nocampoterico aplicveis a teorias como as de Darwin, Einstein e Freud, na nossa prtica da pesquisa cientfica podemos reduzir essa noo a alcances mais modestos. Podemos considerar a cincianormalcomoaquelaquereforaascrenaseconhecimentosaceitosemnossa especialidade; a cincia revolucionria a que traz novidades, mostra caminhos novos. Umadasprimeirasperguntasqueoseditoresdeperidicoscientficos internacionais colocam nos questionrios aos assessores (referees) para saberem sobre a novidade que o trabalho traz para a rea. Por exemplo, se mostramos num estudo que numadeterminadaespcieanimaloestresseaumentaometabolismo,estamosapenas mostrandooesperado,obvio.Artigosdessanaturezanosopreferidosporrevistas de boa qualidade. Acinciainternacionalvalorizanovidades.Veja,porexemplo,operfildos artigos publicados em revistas gerais como a Science e a Nature. Veja tambm aqueles nas revistas de boa qualidade internacional de sua especialidade. b) Qualidade metodolgica Oscrescentesincrementostecnolgicostmtrazidoaoscientistasferramentas metodolgicasquenoapenasgarantempesquisarprocessosefenmenosantes inimaginveis,mastambminvestigarproblemasantigosnumarealidadetecnolgica moderna.Umexemploabiologiamolecular,quetrouxeumaferramentapelaqual muitas questes antigas esto sendo revistas, e muitas novas foram conhecidas. 4 Noentanto,esseavanotecnolgicomassacranteparaalgumasreas,no dandochancedesobrevivnciasmetodologiasantigas.Emoutrasreas,noentanto, essa presso bem menor e a qualidade das idias em discusso prevalece. Odiscursocientficointernacionalchegaadesdenharmetodologias ultrapassadas,dandopoucachanceparaaquelescujapesquisadependedasinovaes tecnolgicas, mas que a defasagem econmica impede as atualizaes. Nesse sentido, os pesquisadores de pases onde os recursos para a pesquisa cientfica so ainda escassos, como o nosso, ficam em desvantagens. c) Qualidade do texto Independente do layout da revista, a qualidade estrutural (seqncia de idias) e deredaodotextoderesponsabilidadedoautor.Comisso,otextopodesermais claroouconfuso.Entreoleitorseinteressarpeloassuntodoartigoeconseguirl-lo podehaverumagrandedistncia.Textostruncadosnoestimulamointeressee aborrecemoleitorque,nacomodidadedesuasatividades,simplesmentedescartaos textosnoconvidativos.Aocontrriodoqueocorrianopassado,hojevivemoso excessodostextos,ondeotrabalhodoleitortriaroquedevelerapartirdeum universo imenso de textos. NessaqualidadesovalorizadosaspectoscomobonsTtulos,bonsResumos, seqnciasadequadasdeidiasnaIntroduo,MateriaiseMtodoseDiscusso,alm deboaapresentaodosResultadoseRefernciasconfiveis.Ostextosquecativama leitura acabam sendo referenciados e divulgados pelos cientistas da rea. d) Veculo da publicao Nomundohumaquantidademuitograndederevistascientficas.H estimativasdecercade16.000ttulosdeperidicosnumuniversode160reasem46 pases (Coelho et al., 2003). Dessas, pouco mais de 5 mil participam da grande corrente internacional,fortementedeterminadapelaindexaoedivulgaodoInstitutefor Scientific Information (ISI). Revistasconceituadasnomeiocientficoconseguemmanterassessoresde excelentequalidade,oqueminimiza(masnoelemina)aschancesdetriagemerrada dos manuscritos submetidos para publicao. Com isso, espera-se encontrar nas revistas de boa qualidade os artigos com mais novidades, melhor estruturados e com concluses mais aceitveis, que so os preferidos pela comunidade internacional. No escasso tempo 5 docientista,entreaopodelerdoisartigosdeinteressessemelhantes,preferirler aqueleemperidicodequalidadeinternacionalindiscutvel,poistermenor probabilidade de concluir, ao final da leitura, que perdeu tempo. Nocenriointernacional(incluindoaquiperidicosnacionaiseestrangeiros),a qualidade do peridico medida por seu fator de impacto, que representa a relao entre os artigos que publica e o nmero de citao que esses artigos recebem da comunidade cientficadaquelarea(Volpato,2003,2004a,b).Emboraessefatordevaseravaliado comcautela(Coelho,2003),sendovlidasapenascomparaesdentrodeumanica rea,elerepresentaaopiniodacomunidadecientficanaespecialidadedoperidico, dentrodesuarealidadedepublicao(revistasdeespecialidadescommaiorfluxode publicaotmfatordeimpactomaior).Apesardetodasascrticas,aindaamelhor propostaquetemos,poisrefleteaopiniodoscientistasdarea.Issoestdeacordo comoconceitodeconhecimentoquetenhodefendido,segundooqualum conhecimento s cientfico se aceito por parcela significativa da comunidade cientfica (Volpato, 2003, 2004a,b). Emboraascitaesqueasrevistasrecebemsejamconvertidasnofatorde impacto,deve-seatentarqueaqualidadedessascitaestambmimportante.Um revistacomfatordeimpacto1,5,masdecorrenteapenasdecitaesdeautores nacionais, no est inserida na cincia internacional. Nesse caso, uma revista com fator de impacto 0,5, mas com predominncia de citaes de vrios pases do mundo, revela maior penetrao internacional. Critriosqueenvolvemopiniesdecomisses(certamenteumgruporestrito) devem ser vistos com muito mais cautela, pois as chances de vieses so muito maiores, podendo at prevalecer certo corporativismo. e) Nmero de citaes dos artigos Asfacilidadescomputacionaistmpermitidoumacompanhamentomais detalhado do destino das publicaes cientficas. O ISI web of science fornece servio deacompanhamentodosartigospublicadosnasrevistasqueindexa,permitindoaos autoresedemaispessoasacompanharemonmerodecitaesqueseusartigosvm recebendoetambmconhecerquemestcitandoessestrabalhos.Evidentemente,as citaes mostram que o conhecimento produzido est sendo usado. Atentem que na rea Biolgicaascitaesraramentesofeitasparacriticaralgumaconcluso,mas geralmente usando-a no auxlio da construo de um novo conhecimento.6 EstetipodecritriojcomeaaserusadonoBrasileatendnciaqueseja incrementadorapidamente.Ouseja,nobastapublicar,necessrioserlido,aceitoe citado.Associadoaessecritrio,ecomcertezaserodesdobramentodasanlisesde qualidade, est a origem da citao (autor nacional ou do exterior), fator de impacto do veculo em que ocorreu a citao e, por ltimo, teor da citao (diferenciando entre uma citao geral junto com outros tantos autores e uma citao que mostre que seu trabalho direcionou a metodologia ou a concluso de autor). Como podem observar, a tendncia caminhar para se conhecer cada vez mais o impactoqueascontribuiesdecadaautortmnacomunidadecientfica.Istorevela umacoernciamuitograndecomadinmicahistricaefilosoficamentemostradana cincia. Evidentemente, no est em discusso aqui a qualidade tecnolgica do trabalho, quepodecontribuirpoucoparaaacademiamaistericaemuitoparaageraode tecnologia e patentes. Este ltimo caso requer outros referenciais; necessariamente, nem mais, nem menos importantes que os discutidos aqui. f) Pas de origem Infelizmente,autoresdoditoprimeiromundoacabamsendopreferidosna literaturainternacional.Humacrenadequeaspesquisasdepasesricosso melhores.Nomomentodecitaralgumtrabalho,osdosEstadosUnidosacabamsendo preferidos.Naaceitaodeartigosnosperidicosissotambmocorre.Jouvi pesquisadores renomados do exterior dizerem que no devemos publicar em Brazilian Journalof....Emboraestequesitonosignifiquemelhorqualidadedapesquisa cientfica,eleaceitopormuitoscientistasinternacionaisqueditamocertoeo errado na pesquisa em muitas reas. Essetipodepreconceitodevesercriticado,masacimadetudodeveser confrontado.Nobastanossatisfazermoscomnossaparticipaocomoummeroet al.numgrupofamosodoexterior.OBrasilprecisadecientistasquetenham capacidade de tornar nossas pesquisas reconhecidas no cenrio cientfico internacional. Romper o preconceito que muitos autores do exterior tm no uma tarefa fcil, mas possvel.Mudar-separaoexterioroujuntar-seaelesnoresolveoproblema.Temos que adentrar a cincia internacional com competncia. Desmistificando o drama e conseguindo a qualidade merecida 7 Osseisitenslistadosacimasoosmaisfreqentesindicadoresdequalidade cientficaaceitosnacinciainternacional.Comoestoentrandonacincianacionale requeremajustesprecisosdoscientistasparaessenovoquadro,tmcausadorevelia, medo, espanto e curiosidade em nossos acadmicos. Tratarei aqui de desmistificar essas posturas,mostrandoquedevemosaceitaressasituaocomomaisumdesafiona carreira do cientista, que deve estimul-lo ao crescimento. Aprticadepublicaoemperidicosdebaixaqualidadesealastroumuitono Brasil,sobdiversasalegaes(raramenteasreais,queenvolvemagrandedificuldade em se fazer uma publicao de boa qualidade). Num momento passado (ainda presente paraalgumasreas),asimplespublicaojeraumgrandefeito.Hojeaqualidadeda publicao imperativa. Enfrentaressasituaoimpostapelosreferenciaisinternacionaisdequalidade cientfica envolve mais que ultrapassar alguns preconceitos. Envolve crescer e aprender afazercinciadebomnvel.Requerquesejamoshumildeserompamosvriosde nossosparadigmas.Issosermaisdifcilparaosorientadores,quetmqueenfrentar praticamentesozinhosoproblema.Maisfcilseriaparaosps-graduandos,masno tero muitas vezes os orientadores para lhes ensinar. Trata-se de uma problemtica pela qual passa a cincia nacional e que os acertos esto sendo encontrados casualmente por alguns.Osquenoencontrampagamocaropreodocomprometimentoprofissional. Ascobranasvmdeformasriaergidaapartirderevistas,agnciasdefomento, sistemadeps-graduao,universidadeseinstitutosdepesquisa,entreoutras,maso aprendizadonoacompanhaessasistemtica.Geralmentecabeaoscientistas encontrarem por si prprios as fontes de ensino e treinamento. Preocupadocomessaproblemtica,procurodiscorrerabaixo,mesmoque brevemente,sobreocomoessedramapodeserresolvidopelosnossoscientistas.A distanciaqueocientistatemdasquestesmaisfilosficasdacinciacomprometem muitosuaatividade,particularmenteconsiderandooprimeiroreferencialexposto (Novidade da Proposta). Pensar temas novos e inusitados para a comunidade cientfica dareaenvolveintuio,conhecimento,discernimentoeousadia,caractersticasque nemsempreestoatreladasaumacinciatcnicamuitasvezesexercida(ondese procuram muito mais resultados do que concluses). AQualidadeMetodolgicapareceorequisitomaissimplesparamuitasreas. Temos conseguido vrios avanos nesse setor e, em muitos casos, recursos tecnolgicos sopraticamentedesnecessriosparaseproduzirconclusesnovaseinteressantes. 8 Nesteaspecto,vejaoartigodeKelleyetal.(1999),cujametodologiaconsistiuna simplescontagemdonmerodevezesqueopeixemachocortejavaafmea.A qualidade da pergunta inicial e o delineamento metodolgico foram fundamentais nesse estudo que est publicado numa das melhores revistas cientficas, a Nature. A Qualidade do Texto um requisito mais difcil. Envolve todo o entendimento daestruturalgicadapesquisacientfica.Defendoqueotextocientficopossuidois argumentoslgicos(Volpato,2003;Volpato&Gonalves-de-Freitas,2003).Umest naIntroduo,ondeaspremissassoasinformaesquelevamoleitoradeduzir,ou inferirindutivamente,qualseroobjetivodotrabalho.Assim,umaIntroduobem estruturadapermitequeoleitordescubraoobjetivodotrabalhoantesdeleresse objetivo. O outro argumento formado por Material e Mtodos, Resultados, Discusso, ConcluseseReferncias.Aspremissassoosmtodos,osdadosobtidoseas informaesdaliteraturaeoutraspresentesnaDiscusso,culminandocomas conclusesdotrabalho.Outrosdoisaspectosquemelhorammuitoaredaodeum artigo so: a) no apresentar informaes metodolgicas ou resultados repetidos de duas ou mais formas; e b) no apresentar uma informao que o leitor no tenha condies de entender naquele momento do texto, ou no mximo que seja explicada na frase seguinte. Uma prtica que prejudica muito o aprendizado de nossos autores para elaborar umbomtextocientficoaadoodoformatoquejuntaostpicosResultadose Discusso.Issomuitocomumemalgumasreas,egeralmenteasmais problemticas em termos de publicao. Nesses casos, fiz vrias tentativas de separar os resultadosdadiscussoeperceboquegeralmenteoquesobradediscussomuito pouco e pobre. Mas, quando os itens so juntados, isso passa despercebido. Revistas de qualidade internacional exigem boas discusses e concluses, mesmo que apresentadas juntas num item Resultados e Discusso. Outra atitude que atrapalha a separao entre Discusso e Concluso. Embora essaseparaopossaserfeita,eatajudeumpoucopoisevidenciaasconcluses, devemosteremmentequeasconclusessoelaboradasmedidaquefazemosa Discusso,deformaqueinevitvelqueapareamnotpicoDiscusso.Quandoa revista estabelece um item a mais para Concluses, deve estar patente que nesse item apareceroasconclusesjreferidasnaDiscussoque,porelegncia,devemser escritasdeoutraforma.Afaltadecompreensodisso,pelosautoreseatmesmopor editoreseassessoresdosperidicosdebaixaqualidade,fazcomqueapareamnas Concluses divagaes que no possuem as corroboraes empricas necessrias para 9 o status cientfico, chegando mesmo a incluses sobre a importncia dos resultados ou especulaessobrepossveisaplicaes.Essetipodeprticamaisdesorientanossos autores,colocandoosonhodeadentraracinciainternacionaldebomnvelcadavez mais distante. Vriosoutrosequvocosnapreparaodeartigoscientficospodemser encontradosemVolpato(2003a,b,2004a,b).Oquefaltaparaosautoresbrasileiros pareceserumpoucomaisdeestudosobreRedaoCientfica,umareaqueacaba sendoconsideradacomodetalhenaatividadedocientista,masqueaatualidade mostra seu incontestvel carter emergencial e aplicado. QuantoaoPasdeOrigem,poucosepodefalar,poisumpreconceitodos outros conosco. Mas, certamente, tambm temos esse preconceito com autores de pases menosfavorecidosqueonosso.Gradativamente,noentanto,conformeosautores brasileiros comeam a adentrar a cincia internacional, esse preconceito tente a reduzir, em velocidades proporcionais agressividade de cada rea. Mas a proposta de mudana desse quadro uma louvvel atitude nacionalista. ONmerodeCitaestambmumaconseqnciadaqualidadedenossos trabalhos.Lgicoquenoapenasisso,poisoutrospreconceitos(comooreferido acima) influem. Mas sem a qualidade merecida do trabalho, outras tentativas se tornam nomnimoestranhas.Podemos,porexemplo,participardevrioscongressos internacionais,ondecontatoseamizadesimportantesacabamsendofeitas,quebrando umpoucoopreconceitoqueestrangeirostmdenossostrabalhos.Mastemosque considerarospreconceitosqueevitamquecitemosautoresnacionais,nossosprprios colegas. Isso parece estranho, mas acontece. Cabe aos cientistas brasileiros valorizarem apesquisaaquirealizada,incluindocitaesdecolegas(noapenasdeamigos)do Brasil, permitindo que seus trabalhos sejam vistos na cincia internacional. Isso tambm ser nacionalista. Ao final, quero comentar brevemente o que considero as duas melhores formas para ajudarmos as revistas nacionais. Uma delas no submetermos trabalhos ruins para essas revistas. Se so ruins, ento no devem ser publicados. Infelizmente, a maioria dos artigosassinaladosnoCurrculoLattescomoosmaisimportantesdacarreirado cientistasogeralmenteaquelespublicadosembonsperidicosinternacionais.Mas paraoautorpoderenviabonstrabalhosemrevistasnacionaisnomuitoconceituadas, deverestarnumpatamarcurricularquepermitatalextravagncianaatualcorrida competitiva pelas publicaes em peridicos de alto nvel. A outra forma de ajudarmos 10 asrevistasnacionais(internacionaisouno)publicandoembonsperidicos internacionais e incluindo citaes de artigos publicados nessas revistas brasileiras. Referncias CoelhoPMZ,AntunesCMF,CostaHMA,KroonEG,SousaLimaMC,LinardiPM. 2003.Theuseandmisuseoftheimpactfactorasaparameterforevaluationof scientificpublicationquality:aproposaltorationalizeitsapplication.Brazilian Journal of Medical and Biological Research 36: 1605-12. KelleyJL,GravesJA,MagurranAE.1999.Familiaritybreedscontemptinguppies. Nature 401: 661-2. KuhnTS.1975.AEstruturadasRevoluesCientficas.SoPaulo:Editora Perspectiva. Volpato GL. 2003. Publicao Cientfica. 2 ed. Botucatu: Tipomic. Volpato GL. 2004a. Dicas para Redao Cientfica. Botucatu: Tipomic. Volpato GL. 2004b. Cincia: da filosofia publicao. 4 ed. Botucatu: Tipomic. Volpato GL, Gonalves-de-Freitas E. 2003. Desafios na publicao cientfica. Pesquisa Odontolgica Brasileira 17(sup. 1): 49-56.