1998 Milani y Ramos RBG

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Tectonoestratigrafía

Citation preview

  • Revista Brasileira de Geocincias 28(4):473-484, dezembro de 1998

    OROGENIAS PALEOZICAS NO DOMNIO SUL-OCIDENTAL DO GONDWANA EOS CICLOS DE SUBSIDNCIA DA BACIA DO PARAN

    EDISON J. MILANI* & VICTOR A. RAMOS**

    ABSTRACT , PALEOZOIC OROGENIES IN THE SOUTHWESTERN DOMAIN OF GONDWANA AND THE SUBSIDENCE CYCLESOF THE PARANA BASIN The geological development of the Parana Basin was influenced by the geodynamics of southwestern Gondwana,a domain continuously affected during almost all the Phanerozoic eon by compressional stresses derived from a persistently active convergentmotion between the continental block and the oceanic lithosphere of Panthalassa. The Parana Basin was supported by a cratonic basement sinceits inception, but had in its neighbourhood evolving collisional belts fringed by foreland basins.Some areas were selected representing the history of subsidence along the foreland domain of southwestern Gondwana during Paleozoic times.The subsidence analysis showed that such foreland basins experienced cycles of accelerated subsidence that coincide in time with the majororogenic phases, that were related to the docking of terranes along the margin of the continent. The computation of average subsidence ratesrevealed the main subsidence cycles for the region as a whole.Subsidence and sediment accumulation in the Parana Basin started during Middle to Late Ordovician times when the Precordillera terrane collidedagainst Gondwana and produced the different contractional phases of the Ocloyic Orogeny. The intraplate response to the compressional stressesrelated to this orogenic cycle was transtensional reactivation of weakness zones, providing the initial subsidence for the Parana Basin. Repeatedlyduring the geologic history of the Parana Basin orogenic cycles left their signature as periods of accelerated subsidence. Subsidence plots revealedthat Early Devonian times, when the stresses generated by the Precordilleran Orogeny affected Gondwana, and Late Permian times, under theyoke of the Sanrafaelic Orogeny, were periods when intracratonic subsidence rates increased remarkably.An integrated analysis of the sedimentary record of the Parana Basin, considering eustatic variations of the sea level and subsidence cycles ofsouthwestern Gondwana led to the conclusion that the stratigraphic cyclicity observed in the Parand Basin was ultimately influenced by itssubsidence history. The presumed global correlation peaks shown in Vail's curve, of Late Silurian, Early Carboniferous and Early Permian ages,are not present in the Parana Basin. Instead, local maximum flooding levels developed in each one of the second order transgressive cycles,during Early Silurian, Early Devonian and Late Permian times, defining the particular subsidence history of this interior basin as an intraplateresponse to geodynamic processes affecting southwestern Gondwana margin.Keywords: Parana Basin, Southwestern Gondwana, tectonics and sedimentatonRESUMO A evoluo geolgica da Bacia do Paran foi marcantemente influenciada pela geodinmica do domnio sul-ocidental doGondwana. Esta foi uma regio continuamente submetida, durante praticamente todo o Fanerozico, a esforos de natureza compressiva derivadosda relao de convergncia mantida entre o bloco silico gondwnico e a litosfera ocenica do Panthalassa. A Bacia do Paran, embora suportadapor um embasamento cratnico desde sua implantao, teve em sua vizinhana ativos cintures colisionais e bacias de antepas a eles relacionadas.Algumas reas foram selecionadas como representativas do comportamento da subsidncia durante o Paleozico ao longo do domnio de antepasdo Gondwana sul-ocidental. A anlise de subsidncia mostrou que tais bacias de antepas experimentaram ciclos de subsidncia acelerada quecoincidem temporalmente com as principais fases orognicas, estas relacionadas aglutinao de terrenos alctones ao paleocontinente. O clculode taxas mdias de subsidncia revelou os principais ciclos de subsidncia para a regio como um todo.A subsidncia e a acumulao sedimentar na Bacia do Paran iniciaram durante o Meso a Neo-Ordoviciano, tempo em que o terreno daPrecordilheira colidiu contra o Gondwana e produziu a Orogenia Oclyica. A resposta no domnio intraplaca aos esforos compressivos derivadosdesse ciclo orognico foi na forma de reativao transtensiva de zonas de fraqueza, o que patrocinou a subsidncia inicial da Bacia do Paran.Repetidamente durante sua histria geolgica, a Bacia do Paran experimentou ciclos de subsidncia acelerada induzidos por episdiosorognicos. A anlise de subsidncia revelou que o Eodevoniano, quando os esforos gerados pela Orogenia Precordilheirana afetaram oGondwana, e o Neopermiano, sob o jugo da Orogenia Sanrafalica, foram perodos em que as taxas de subsidncia intracratnica crescerammarcadamente.Uma anlise integrada do registro estratigrfico da Bacia do Paran, considerando variaes eustticas do nvel do mar e os ciclos de subsidnciado Gondwana sul-ocidental, conduziu concluso de que a ciclicidade observada na Bacia do Paran foi, em ltima instncia, controlada porsua histria de subsidncia. Os picos de uma presumida correlao global mostrados na curva de Vail, supostamente representativos de altoseustticos no Neossiluriano, Eocarbonfero e Eopermiano, no esto documentados na Bacia do Paran. Por seu turno, nveis de mxima inundaode carter local, inerentes ao domnio considerado, desenvolveram-se em cada um dos ciclos transgressivo-regressivos encontrados na bacia, ecorrespondem a pacotes pelticos com idades eossiluriana, eodevoniana e neopermiana. Assim, os ciclos de subsidncia da Bacia do Paranparecem configurar a resposta intraplaca geodinmica particular da margem sul-ocidental do Gondwana.Palavras-chave: Bacia do Paran, Gondwana, tectnica e sedimentao

    INTRODUO A Bacia do Paran (Fig. 1), uma vasta regiode sedimentao situada na poro centro-oriental da Amrica do Sul,evoluiu durante o Paleozico e o Mesozico e abriga um registroestratigrfico temporalmente posicionado entre o Neo-Ordoviciano eo Neocretceo, documentando assim quase 400 milhes de anos dahistria geolgica fanerozica dessa regio do planeta. Seis unidadesaloestratigrficas de segunda ordem ou superseqncias (Milani 1997)so reconhecidas (Fig. 1): Rio Iva (Caradociano-Landoveriano),Paran (Lockoviano-Frasniano), Gondwana I (Westfaliano-Scythiano), Gondwana II (Anisiano-Noriano), Gondwana III (Neo-jurssico-Berriasiano) e Bauru (Aptiano-Maestrichtiano). Trs delascorrespondem a ciclos transgressivo-regressivos paleozicos, e asdemais so pacotes sedimentares continentais mesozicos com rochasgneas associadas. Estas superseqncias constituem o registro re-manescente de sucessivas fases de acumulao sedimentar que sealternaram a pocas de eroso generalizada.

    A Bacia do Paran, em funo de aspectos inerentes a seu posi-cionamento geotectnico atual e a suas caractersticas tectono-sedi-mentares, considerada uma tpica bacia intracratnica. O conceito de"bacia cratnica", temtica cujos diversos aspectos foram sintetizadospor Leighton & Kolata (1990), implica uma regio de sedimentaosuportada por um embasamento consolidado, um domnio crustalcaracterizado por elevada resistncia a esforos originados em mar-gens de placas. Os mecanismos de subsidncia de sinclises intrac-

    ratnicas so ainda controversos e muito pouco compreendidos. Umavez que tais regies situam-se distantes de margens de continentes,desta forma estando desacopladas de mecanismos tectnicos origi-nados pela interao de placas, a origem e o desenvolvimento de baciasintracratnicas so frequentemente explicadas por combinaes defenmenos tais como "distenso continental, subsidncia trmica sobreuma ampla rea e reajustes isostticos tardios" (Klein 1995), processosestes de precrio controle geolgico-geofsico.

    Para uma bacia em particular, entretanto, o fato de situar-se nointerior de um continente no significa necessariamente uma condiopermanente e imutvel desde sua implantao. Isto especialmenteverdadeiro para o caso da Bacia do Paran. crescimento da litosferacontinental ao longo da margem sul do Gondwana foi um importanteprocesso durante o Fanerozico, favorecendo um contexto defechamento progressivo do interior do continente a incurses mari-nhas. A Bacia do Paran, originada como um golfo (Zaln et al. 1990,Milani 1992) aberto para o Panthalassa, tornou-se com o tempo umadepresso intracratnica aprisionada no interior do Gondwana.

    Neste trabalho, procurou-se correlacionar a amplitude temporal dosciclos de subsidncia da Bacia do Paran queles observados nodomnio de antepas adjacente, no sentido de calibrar os mais impor-tantes perodos de subsidncia numa escala continental. A anlise desubsidncia revelou episdios notavelmente sncronos de subsidnciaacelerada envolvendo tanto o antepas quanto o domnio intra-

    * Petrleo Brasileiro S.A. PETROBRAS/E&P/GEREX/GEIEST, Av. Chile, 65, 13 andar, 20035.900 Rio de Janeiro/RJ/Brasil, E-mail:ejmilani @ep.petrobras.com.br

    ** Dep. de Cincias Geolgicas, Universidad de Buenos Aires, Ciudad Universitria, Pabellon II, 1428 Nunez/Buenos Aires/Argentina, E-mail:andes @tango.gl.fcen.uba.ar

  • Revista Brasileira de Geocincias, Volume 28,1998

    Figura l - Mapa geolgico simplificado da Bacia do Paran, edistribuio no tempo das diversas unidades de seu registro estrati-grfico.

    cratnico, sugerindo que estas reas possam ter compartilhado durantesua evoluo geolgica alguns mecanismos de subsidncia, atuantesem ampla escala.

    TECTNICA E SEDIMENTAO NO CONTEXTO RE-GIONAL A margem meridional do Gondwana, em particular otrecho que hoje em dia corresponde borda andina da Amrica do Sul,comportou-se durante praticamente todo o Fanerozico como umdomnio de convergncia entre o bloco silico e a litosfera ocenicado Panthalassa (Bahlburg and Breitkreuz 1991, Gohrbandt 1993). Umasrie de terrenos alctones alcanaram essa regio, e sua aglutinao margem gondwnica produziu importantes episdios orognicos(Ramos 1988, 1990). O regime compressivo a persistentementeatuante influenciou a evoluo de faixas dobradas e bacias de antepasadjacentes s mesmas, mas afetou tambm o interior cratnico docontinente (Zaln et al. 1990, Assine 1996, Milani 1997), como serexposto adiante.

    Dois domnios distintos devem ser considerados ao se analisar atectnica e sedimentao no Gondwana sul-ocidental; sua porocratnica, correspondente ao ncleo do paleocontinente e constitudapor um complexo mosaico de blocos crustais aglutinados e ligadosentre si at o Cambriano (Powell 1993); de outro lado os Gondwanides(Keidel 1916), uma extensa faixa de orgenos do Fanerozico e baciasassociadas distribudas ao longo da margem meridional do Gondwana(Fig. 2), unidade geotectnica essa tambm denominada como "geos-sinclinal Samfrau" por Du Toit (1927) e modernamente cartografadapor De Wit et al. (1988). A Bacia do Paran desenvolveu-se sobre oGondwana cratnico, mas ao lado da zona mvel dos Gondwanides,experimentando assim uma influncia dos esforos compressivosoriginados pela convergncia de placas ao longo da faixa de coliso.

    A sucesso de orogenias que marcaram a histria fanerozica doGondwana sul-ocidental, resumida por Ramos (1988), compreendeudois ciclos tectono-sedimentares principais: Famatiniano (Ordovi-ciano a Devoniano) e Gondwnico (Carbonfero a Trissico). O Ciclo

    Famatiniano compreende dois pulsos de deformao compressiva efenmenos sedimentares e magmticos associados, as orogeniasOclyica e Precordilheirana, e o Ciclo Gondwnico inclui as orogeniasChanica e Sanrafalica.

    Uma das caractersticas marcantes da geologia sedimentarfanerozica do domnio meridional do Gondwana sua naturezasiliciclstica (Frana et al. 1995). Uma das excees a essa regra encontrada na Precordilheira argentina. A presena de uma espessasequncia de carbonatos portando tpicos exemplares da fauna cambri-ana de Olenellus (Borrello 1965) apoiada sobre um embasamento comafinidades provncia de Greenville do Proterozico da Amrica doNorte, e estando o bloco assim caracterizado separado das regiesvizinhas por importantes suturas geotectnicas (Ramos et al. 1996),constituem fatos que levaram interpretao de ser a Precordilheiraum terreno alctone que consolidou-se inicialmente no domnio daLaursia, dela separou-se e afastou-se, para finalmente colidir contrao Gondwana (Ramos et al. 1986, Astini et al. 1995, Astini 1996). Acoliso desse terreno, estimada como tendo ocorrido em torno do Mesoa Neo-Ordoviciano, produziu o conjunto de fenmenos conhecidos naArgentina e Bolvia como Orogenia Oclyica. Um segundo e tambmimportante ciclo de deformao compressiva reconhecido na regioda Precordilheira como Orogenia Precordilheirana (Furque 1965,Astini 1996), responsvel por um significativo incremento paleoba-timtrico na bacia de antepas e pela acumulao de uma possantesucesso de turbiditos com at 2.200 metros de espessura, correspon-dentes Formao Punta Negra, do Emsiano-Givetiano. O contextogeodinmico da Orogenia Precordilheirana no est bem estabelecido.Astini (1996) atribui este episdio coliso de um bloco silicoconhecido como Chilenia (Ramos et al. 1984).

    Muitas questes pertinentes histria colisional paleozica damargem gondwnica ainda esto em aberto, e uma delas diz respeito cronologia da coliso do terreno Chilenia. Admitido como um eventoeodevoniano por alguns autores, como acima discutido, o fenmeno interpretado por outros pesquisadores (Ramos et al. 1984, Ramos1988) como tendo ocorrido j no Eocarbonfero. O ciclo de deformaocorrespondente, neste caso, conhecido como Orogenia Chanica.Antigas zonas de sutura no antepas (Fernndez-Seveso & Tankard1995) experimentariam reativao transtensiva sob os esforos daOrogenia Chanica, servindo este como o mecanismo iniciador dasubsidncia para o Ciclo Gondwnico, que se desenvolveria a seguir.As unidades mais superiores do ciclo tectono-sedimentar-magmticoGondwnico representam o clmax do vulcanismo de arco e sedimen-tao vulcanoclstica continental associada, ocorrida entre 275 e 250Ma (Kay et al. 1989, Lpez-Gamund et al 1994). Tais depsitosapoiam-se discordantemente sobre as sequncias precedentes e suaacumulao acompanhou os movimentos da Orogenia Sanrafalica.

    Subsidncia no domnio de antepas A regio meridionaldo Gondwana constituiu um limite ativo de placas durante oFanerozico. Esta extensa e segmentada faixa assistiu interao daplaca continental com a litosfera ocenica do Panthalassa e com umasrie de terrenos alctones. A atual margem andina da Amrica do Sulexibe condies similares em termos de regime tectnico compressivoe processos orognicos, de tal sorte que as condies gerais em termosfisiogrficos, o magmatismo e os processos geradores de bacias sedi-mentares que podem hoje ser l observados reproduzem os fenmenosdominantes na histria geolgica pretrita da regio. Assim, da mesmamaneira em que o desenvolvimento do cinturo Andino causa a sub-sidncia flexural observada no oeste da Amrica do Sul -a bacia doChaco da Bolvia e Argentina - os orgenos paleozicos influenciaramo desenvolvimento das bacias de antepas adjacentes. A anlise desubsidncia destas bacias de antepas pode revelar importantesparmetros interpretao tectnica regional.

    Quatro reas (Fig. 2) foram selecionadas como representativas dosvrios aspectos da evoluo de bacias sedimentares e seu relaciona-mento com a histria tectnica dos Gondwanides: o Chaco boliviano,a regio da Precordilheira-Bacia de Paganzo e a Bacia de Sauce Grandefaixa dobrada das Sierras Australes na Argentina e as bacias doCabo-Karoo-faixa dobrada do Cabo na frica do Sul.

    Sucesses paleozicas so espessas e de ocorrncia ampla naBolvia, compreendendo cinco superseqncias relacionadas a mo-mentos especficos na evoluo da bacia de sedimentao. Tacsara,Chuquisaca, Villamontes, Cuevo e Serere so as unidades aloestrati-grficas reconhecidas por Sempere (1995), incluindo pacotes sedimen-tares dominantemente terrgenos que se distribuem do Cambrianoterminal ao Eotrissico (Fig. 3). Os calcrios e dolomitos pensilvani-anos-eopermianos do Grupo Copacabana (Daz-Martnez 1995), per-

    474

  • Revista Brasileira de Geocincias, Volume 28,1998

    tencentes & Superseqiiencia Cuevo, incluem-se entre as escassas ocor-rencias de rochas carbonaticas do Gondwana sul-ocidental.

    Outra ocorrencia de carbonates, estes cambro-ordovicianos, e a daregiao da Precordilheira argentina, na forma de uma espessa sec. ao desedimentos de plataforma. Os carbonates da Precordilheira fazemparte de um fragmento da Laurasia que foi aglutinado ao Gondwanado Meso ao Neo-Ordoviciano. Na sucessao estratigrfica, sobrepe-seaos carbonates um pacote de rochas siliciclasticas siluro-devonianasportadoras das faunas endemicas do Gondwana, no conjunto repre-sentando o Ciclo Famatiniano de evoluo dos Gondwanides (Ramos1990). O Ciclo Gondwnico acumulou-se a seguir, estando registradocom suas maiores espessuras nas bacias de Calingasta-Uspallata ePaganzo no oeste da Argentina (Lpez-Gamund et al. 1994).

    A Bacia de Sauce Grande-faixa dobrada das Sierras Australes naArgentina, e Cabo-Karoo e a faixa dobrada do Cabo na Africa do Sul(Fig. 3), faixas orognicas com bacias de antepas associadas, compar-tilham uma srie de atributos geolgicos, fruto de sua evoluo comum(Lpez-Gamundi & Rossello, no prelo). A evoluo pre-carbonferaem ambas as regies e documentada por um espesso pacote de sedi-mentitos siliciclasticos com idade entre o Ordoviciano e o Devoniano,que tiveram por fonte as reas cratonicas situadas a norte (Andreis etal. 1989, Johnson 1991). Uma discordncia angular aparta essesestratos dos sedimentitos gondwnicos, que incluem depositos re-lacionados glaciao neocarbonfera-eopermiana (Visser 1990)seguidos por uma sucesso de rochas sedimentares e vulcanoclsticassinorognicas de idade permiana a eotrissica (Cole 1992, Lpez-Ga-mund et al. 1995).

    Curvas de subsidncia so ferramentas muito teis na anlise debacias sedimentares. O formato de uma curva, representando variaesnas taxas de subsidncia com o tempo, reflete um regime tectnicoparticular (Williams 1995), e pode ser utilizado como um elemento decorrelao interregional. No dominio de antepas, a subsidncia eprimordialmente induzida pela sobrecarga flexural imposta a litosferacontinental pelo cinturo montanhoso em desenvolvimento, de talsorte que variaes nas taxas de subsidncia (acelerao-desacel-erao) podem ser diretamente relacionadas a pulsos de deformaocompressiva ao longo da margem ativa de placas. Um ciclo orognicoideal seria registrado na histria de subsidncia do antepas por umciclo complete crescente-decrescente de taxas de subsidncia (Fig. 4).Este conceito foi aqui empregado como chave na correlao interre-gional de eventos tectnicos, e na interpretao do desenvolvimentode sequncias estratigrficas no domnio intracratnico.

    A historia de subsidncia no antepas paleozico do Gondwanasul-ocidental foi integrada pela utilizao de informaes das quatroreas de referncia acima citadas (Milani 1997). Algumas curvasforam computadas por meio da tcnica de backstripping (Steckler &Watts 1978) e, em conjunto a grficos disponveis na bibliografia,foram combinados numa curva de subsidncia composta (Fig. 5),ilustrativa da variafao com o tempo da taxa mdia de subsidncia. Astaxas mdias de subsidncia foram obtidas aritmeticamente a partir de

    Figura 2- Contexto geotectnico fanerozico da margem sul doGondwana, um stio de persistente convergncia entre o paleoconti-nente e o assoalho ocenico do Panthalassa. Compilado de Powell(1993) e De Wit et al. (1988), segundo a concepo de Du Toit (1927).Nmeros de l a 4 correspondem s reas de referncia utilizadas naanlise de subsidncia da faixa Gondwanides.

    dados de cada uma das quatro reas, considerados segundo intervalosvariveis de tempo geolgico, o que resultou em uma sucesso deciclos interpretados como representativos do comportamento os-cilatrio da litosfera para o domnio de antepas, produto de umcontexto geodinmico particular em que vrios episdios de colisosucederam-se no tempo.

    Sob esta abordagem, as variaes nas taxas de subsidncia obser-vadas no domnio de antepas, ilustradas na curva de subsidnciacomposta, so interpretadas como tendo sido induzidas pela variaona intensidade da atividade tectnica ao longo da faixa orognica,constatando-se uma notvel coincidncia temporal entre tais ciclosaqui estabelecidos e os conhecidos perodos orognicos identificadosna geologia do Gondwana sul-ocidental, como anteriormente discuti-dos. Adiante, o conceito de ciclos de subsidncia ser utilizado comosuporte interpretao do desenvolvimento de sequncias estratigrf-cas em escala regional.A BACIA DO PARAN Estrutura do embasamento Di-versos poos j amostraram o embasamento da Bacia do Paran. Emconjunto com informaes geofsicas e dados de afloramentos, permi-tiram interpretaes acerca da natureza, estrutura e idade desta regioda crosta continental do planeta. Estudos precedentes (Cordani et al.

    Figura 3 - Correlao estratigrfica entre as quatro reas de refern-cia utilizadas neste trabalho. Fontes dos dados para a Bolvia: Sem-pere (1995); Precordilheira-Paganzo: Ramos (1990), Fernndez-Seveso & Tankard (1995), e Kokogian et al. (1993); Sauce Grande-Sierras Australes: Lpez-Gamund et al. (1994, 1995) e Iniguez et al.(1989); Cabo/Karoo-faixa dobrada do Cabo: Veevers et al. (1994) eCole (1992). Setas indicam momentos de importantes inundaes ma-rinhas. Denominaes estratigrfcas referem-se a unidades clssicasreconhecidas em cada rea. Localizao das sees mostrada naFigura 2. Escala de tempo geolgico segundo Cowie & Bassett(1989).

    475

  • Revista Brasileira de Geocincias, Volume 28,1998

    1984, Zaln et al 1990, Soares 1991) descreveram o assoalho da Baciado Paran como constitudo por um "ncleo cratnico" central circun-dado por faixas mveis brasilianas. Tal interpretao implica a existn-cia de um domnio estvel justamente na regio central da sinclise,um fato que no se ajusta histria de subsidncia da bacia. Na reali-dade, a poro central da Bacia do Paran abriga as maiores espessurasde quase todas as suas superseqncias, como ser mostrado adiante.

    Interpretaes de dados geofsicos em escala de bacia, recente-mente efetuadas (Marques et al. 1993), revelaram uma persistenteorientao SW-NE de anomalias gravimtricas e magnetomtricasmarcando toda a rea da bacia, provavelmente relacionado estru-turao do embasamento. Dados de ssmica de reflexo igualmentedetectaram um padro SW-NE de estruturas, configuradas como ca-lhas na regio central da bacia e alojando seu pacote paleozico maisinferior, pr-devoniano. Tal feio foi denominada por Marques et al.(1993) como "rifte central" (Fig. 6), ajustando-se adequadamente sanomalias gravimtricas e magnetomtricas dessa mesma regio.

    Milani (1997) mostrou uma interpretao para o arranjo geomtricodominantemente SW-NE do embasamento da Bacia do Paran (Fig.7). Um poo profundo perfurado no contexto do "rifte central" da

    Figura 4 - (A) Esquema ilustrativo do relacionamento entre a sub-sidncia flexural num domnio de antepas e a variao da cargatectnica aplicada margem de uma placa. Os nmeros 1-5 repre-sentam a espessura do cinturo montanhoso em cinco intervalostemporais de sua histria evolutiva; letras a-e mostram a subsidnciacumulativa produzida por tal carga tectnica. (B) Variao nas taxasde subsidncia num domnio de antepas como resultado de um cicloorognico completo.

    Bacia do Paran amostrou um corpo de basalto com rochas vulcano-clsticas associadas, que ocorrem intercaladas aos sedimentos maisinferiores (ordovcio-silurianos) da bacia. O "basalto Trs Lagoas"constitui uma ocorrncia at agora singular de material gneo pa-leozico na Bacia do Paran (Mizusaki 1989), mas que guarda umparticular significado para o entendimento dos mecanismos iniciais desubsidncia da bacia.Arcabouo estratigrfico Seis unidades aloestratigrficas desegunda ordem, ou superseqncias na concepo de Vail et al (1977),cada uma delas compreendendo um registro geolgico da ordem dealgumas dezenas de milhes de anos, constituem o arcabouo estrati-grfico da Bacia do Paran (Milani 1997). O registro completo englobao intervalo 450 a 65 Ma, e uma grande parte do tempo encontra-secondensado nos hiatos que separam as diversas superseqncias (Fig.1). Rio Iva (Caradociano-Landoveriano), Paran (Lockoviano-Fras-niano) e Gondwana I (Westfaliano-Scythiano) materializam grandesciclos transgressivo-regressivos paleozicos, enquanto Gondwana II(Anisiano-Noriano), Gondwana III (Neojurssico-Berriasiano) eBauru (Aptiano-Maestrichtiano) so representados por pacotes sedi-mentares continentais e rochas gneas associadas.

    A Superseqncia Rio Iva, compreendendo as rochas sedimentaresmais antigas da Bacia do Paran, particularmente importante noentendimento da implantao da bacia, uma vez que representa oprimeiro ciclo de sedimentao fanerozica nesta rea que apoiou-senum embasamento cratnico, consolidado aps os fenmenos da Oro-genia Brasiliana (Almeida & Hasui, 1983). Assim, as caractersticasinerentes ao pacote ordovcio-siluriano da bacia em termos de rea deocorrncia e geometria de depocentros, associados a seus atributossedimentolgicos e sua associao com rochas gneas, permite algumasconsideraes sobre a natureza e o desenvolvimento da subsidnciainicial da Bacia do Paran. Indiretamente, algumas inferncias podemigualmente ser traadas a respeito da estrutura do embasamento dasinclise a partir da anlise desses estratos basais.

    Os sedimentitos Rio Iva ocorrem sobre amplas pores da Baciado Paran (Fig. 8). Sua espessura, porm, no uniformemente dis-tribuda, aparecendo alguns depocentros alongados segundo a orien-tao SW-NE. Da mesma forma, existe uma tendncia de espessamen-to desta seo para oeste, alcanando cerca de 1.000 metros na poroparaguaia da bacia. Um padro regional de paleocorrentes para sudoes-te, medido em seus estratos mais inferiores, foi reconhecido para o pa-cote Rio Iva (Milani et al. 1995, Assine 1996). Dados de ssmica dereflexo (Marques et al 1993) mostram que a ocorrncia mais espessado pacote encontra-se confinada a um sistema de grabens SW-NE comcerca de 600 quilmetros de comprimento, estendendo-se do Paraguai poro nordeste da bacia, j no Estado de So Paulo (Fig. 8).

    O registro completo da Superseqncia Rio Iva inclui conglomera-dos e arenitos na base (Formao Alto Garas), diamictitos (Formao

    Figura 5 - Curvas de subsidncia para as quatro reas de referncia no contexto dos Gondwanides, mostradas nas figuras 2 e 3. Para a Bolvia,calculou-se a curva segundo os dados estratigrficos de Gohrbandt (1993); Precordilheira-Paganzo: curva para o Ciclo Famatiniano segundoRamos (1993), e para o Ciclo Gondwnico segundo Fernndez-Seveso (1993); Sauce Grande: curva calculada segundo as informaesestratigrficas de Lpez-Gamund et al. (1995); Cabo-Karoo: calculada a partir de dados de Veevers et al (1994) e Cole (1992). A curvacalculada de taxas mdias de subsidncia (observar mudana de escala em relao dos grficos individuais), conceitualmente, mostra osprincipais ciclos de subsidncia para a regio como um todo. Escala de tempo geolgico segundo Cowie & Bassett (1989).

    476

  • Figura 6 - Os conceitos de "ncleo cratnico" (Cordani et al. 1984) e de "rifte central"(Marques et al. 1993) da Bacia do Paran.

    Figura 7 - Estrutura do embasamento da Bacia do Paran. No quadro, arcabouogeotectnico regional para o domnio sul-ocidental do Gondwana, em parte baseado emRamos & Vujovich (1993). Setas indicam o movimento convergente entre o continente e alitosfera do Panthalassa.

  • Revista Brasileira de Geocincas, Volume 28,1998

    lap) e folhelhos fossilferos e siltitos (Formao Vila Maria), com-preendendo o intervalo temporal Caradociano-Landoveriano. Os fo-lhelhos documentam condies paleoambientais relacionadas mxima inundao do ciclo ordovcio-siluriano. A associao dossedimentitos Rio Iva com rochas gneas (basalto Trs Lagoas) sugereuma tectnica sinsedimentar, provavelmente algum mecanismo derifteamento que estaria ento ligado implantao da Bacia do Paran.

    O topo da Superseqncia Rio Iva definido por uma superfciede discordncia que erodiu profundamente o pacote ordovcio-siluri-ano e estabeleceu um vasto e regular peneplano (Fig. 9). A Su-perseqncia Paran assenta sobre essa discordncia, apoiada emunidades sedimentares precedentes ou diretamente no embasamento.A Superseqncia Paran, com sua geometria tabular de ocorrncia,materializa um ciclo transgressivo-regressivo completo de oscilaodo nvel do Panthalassa, iniciando com sedimentitos arenosos conti-nentais a transicionais eodevonianos (Formao Furnas) recobertos emtransio por sedimentitos marinhos sltico-argilosos (Formao PontaGrossa), datados do Emsiano ao Frasniano.

    Os folhelhos do Emsiano guardam atributos sedimentolgicos ecaractersticas estratigrficas compatveis com a mxima inundaodo ciclo devoniano da Bacia do Paran, correspondendo aoafogamento rpido da plataforma rasa Furnas. Informaes geoqumi-cas (Frana et al 1994), igualmente, suportam a interpretao de umaseo condensada emsiana distribuda atravs da bacia. A Figura 10apresenta a ocorrncia da Superseqncia Paran na bacia.

    Outra superfcie de discordncia em ampla escala marca o limitesuperior do pacote devoniano. De fato, o limite Devoniano-Car-bonfero constitui um marco fundamental na geologia do Gondwana(Lpez-Gamund & Rossello 1993), representado na Bacia do Paranpor uma lacuna que abarca cerca de 55 Ma conhecida como "dis-cordncia pr-Itarar" ou "discordncia infra-Pensilvaniano" (Milani1997). A mesma superfcie de discordncia apresenta grande angulari-dade naquelas pores da margem do Gondwana diretamente afetadaspela Orogenia Chnica, tais como as bacias do oeste argentino e a baciade Sauce Grande. Fatores climticos, entretanto, contriburam cer-tamente ao aparecimento da ampla lacuna de 55 Ma. A presena e

    movimentaes de geleiras relacionadas grande glaciao gond-wnica, cujo clmax deu-se durante o Mississipiano, forneceram im-portantes mecanismos de eroso e constituram-se em obstculosefetivos ao transporte e acumulao sedimentar.

    A Superseqncia Gondwana I (Fig. 11) sucedeu ao pice dascondies glaciais. A sedimentao foi retomada com o degelo (Eyleset al 1993), e um intenso afluxo sedimentar ento teve lugar, prove-niente das reas agora expostas. O degelo patrocinou mecanismos detransporte e deposio em que fluxos de massa e ressedimentaoforam muito importantes, retrabalhando fortemente o substrato e de-finindo um estilo muito particular para a seo westfaliana-sakmarianada Bacia do Paran. O pacote diretamente ligado fase de degelo dacalota gondwnica, com 1.500 metros de espessura mxima e co-nhecido como Grupo Itarar (Formao Aquidauana na poro norteda bacia) constitudo dominantemente por diamictitos intercalados aarenitos, com elementos tanto glacioterrestres quanto glaciomarinhos.O pacote glaciognico apoia-se em onlap de norte para sul (Fig. 12)sobre a discordncia infra-Pensilvaniano, estendendo-se sobre reasprogressivamente mais amplas. No Eopermiano, a sedimentao al-cana a poro meridional da bacia, at ento exposta eroso.

    Uma importante fase de rearranjo da geometria da bacia viria aseguir. O sentido regional de onlap das unidades sedimentares, umindicativo seguro de paleogradientes da bacia de sedimentao, foisubitamente invertido; o padro de norte para sul, dominante durantetoda a sedimentao Itarar, sucedido por uma distribuio em onlapde sul para norte quando da acumulao do Grupo Guat e equivalentes(Fig. 12). Condies de mximo paleobatimtrico para a Superseqn-cia Gondwana I esto documentados na Formao Palermo, ao inciodo Neopermiano. Acima, uma possante seo regressiva com at l .400metros de espessura (Grupo Passa Dois) foi acomodada por um ciclode subsidncia renovada do embasamento, culminando nos depsitoselicos eotrissicos (formaes Sanga do Cabral e Pirambia).

    Acompanhando a deformao da margem gondwnica, do Meso aNeopermiano (Cobbold et al 1992), teve lugar uma progressiva eirreversvel continentalizao dos sistemas deposicionais na Bacia doParan, registrada na poro terminal da Superseqncia Gondwana I(Formao Rio do Rasto). Desertos arenosos cobriram completamentea bacia e regies vizinhas durante o Neojurssico (Formao Botu-catu), seguidos pelas lavas eocretceas da Formao Serra Geral.

    Figura 9 - Correlao de dados de poos ilustrando a ocorrncia dassuperseqncias Rio Iva (ordovcio-silurana) e Paran (devoniana)da Bacia do Paran. Observar o contraste na geometria de ocorrnciade cada uma delas, com uma distribuio irregular no pacote inferior,provavelmente controlada por descontinuidades antigas do em-basamento; a unidade superior, embora tendo seu topo sido recortadodurante o Mississipiano, exibe geometria tabular, e ambas acunhamno sentido sul Na seo C-D, observe o espessamento das duasunidades no sentido oeste, principalmente a mais antiga, refletindo aconfigurao de depresso aberta para o Panthalassa assumida pelaBacia do Paran em seus estgios iniciais de desenvolvimento. NMI-RI e NMI-P indicam os eventos de mxima inundao durante aacumulao de cada uma das superseqncias.

    478

    Figura 8 - Mapa de ispacas da Superseqncia Rio Iva.

  • Revista Brasileira de Geocincias, Volume 28,1998

    Subsidncia e acumulao sedimentar na Bacia do Paran tiveram umltimo evento no Neocretceo com a acomodao da SuperseqnciaBauru, um delgado pacote de sedimentitos continentais areno-con-glomerticos.Anlise de subsidncia Padres especficos de subsidnciapodem ser observados em bacias relacionadas a distintos contextosgeotectnicos (Williams 1995). A despeito de particularidades ineren-tes a cada caso, que podem conduzir a combinaes diversas deprocessos formadores de bacias, os mecanismos bsicos de subsidnciaso ou ligados ao resfriamento da litosfera ou flexura por sobrecargatectnica. Exemplos de regies que subsidem caracteristicamente porresfriamento da litosfera so as margens continentais do tipo Atlntico,enquanto a flexura litosfrica por sobrecarga tectnica manifesta-sedominantemente nas faixas de antepas adjacentes a cintures orogni-cos. Bacias intracratnicas so feies intrigantes sob o ponto de vistade seus mecanismos de subsidncia, e um modelo abrangente e con-solidado para explic-las satisfatoriamente ainda no existe. Este tra-balho uma tentativa de alcanar tal entendimento para o caso da Baciado Paran.

    Grandes dimenses, associadas a um perfil em rampa de mergulhosuave e uma histria de sedimentao marcada por mltiplos episdiosde acumulao e subsequente eroso regional de pacotes rochososconstituem os ingredientes bsicos do cenrio sedimentar intra-cratnico. Este o caso da Bacia do Paran, cuja histria de subsidnciapode ser dividida em fases, correspondentes ao intervalo temporaldocumentado em suas diversas superseqncias (Fig. 13).

    A fase de subsidncia ordovcio-siluriana no pode ser adequada-mente avaliada em funo do pobre controle bioestratigrfico de suaseo dominantemente arenosa. A geometria da Superseqncia RioIva, definindo depocentros estreitos, alongados segundo a direoSW-NE de zonas de fraqueza do substrato da bacia, e a associaodessa sedimentao com rochas gneas bsicas, permite a especulaode algum tipo de rifteamento como o mecanismo inicial de subsidnciada sinclise.

    A fase devoniana de subsidncia na Bacia do Paran iniciou comtaxas pouco pronunciadas e um substrato plano, o que tambm parecesignificar o conjunto de caractersticas sedimentolgico-estratigrficasda Formao Furnas. Esse pacote arenoso exibe uma geometria tabulare uma impressionante constncia em suas caractersticas de espessurae atributos sedimentares atravs da bacia. No Emsiano, implantou-seum padro de subsidncia acelerada, conduzindo rapidamente s con-dies de mxima inundao marinha, o que est documentado nosfolhelhos laminados, radioativos, que comparecem na poro basal daFormao Ponta Grossa. Sedimentao argilosa pontuada por pro-gradaes arenosas desenvolveu-se at o Frasniano.

    Aps a grande lacuna mississipiana, a sedimentao foi retomadana Bacia do Paran no Westfaliano, prolongando-se at o Eotrissico.Esta longa fase de subsidncia e acomodao sedimentar inclui algunsciclos menores. O rearranjo na geometria da bacia que sucedeu sedimentao Itarar expresso nas curvas de subsidncia por umintervalo com taxas decrescentes, durante o Eopermiano. Em torno dolimite Eo/Neopermiano, uma brusca quebra no estilo de subsidncia percebida nos grficos (Fig. 13), com a entrada de um ciclo desubsidncia acelerada que se prolongaria at o final da acumulao daSuperseqncia Gondwana I, j no Eotrissico.DISCUSSO A margem meridional do Gondwana constituiu umvasto domnio de sedimentao adjacente ao Panthalassa durante oPaleozico. A persistncia de uma movimentao convergente entre opaleocontinente e a placa ocenica, com a ocasional coliso de terrenosalctones, desenhou um complexo quadro de orgenos e depocentrosrelacionados margem ativa e diretamente ligados dinmica de talcontexto geotectnico. Variaes eustticas do nvel do mar (Vail etai 1977, Hallam 1984) certamente tambm deixaram impressa suaassinatura no registro estratigrfco dessa regio. A sedimentao denatureza marinha, dominante junto margem do paleocontinente,avanou sobre o interior cratnico do Gondwana; o mecanismo peloqual estratos marinhos acumulam-se e so preservados nas baciasintracratnicas um ponto fundamental na discusso que segue.

    Se uma bacia sedimentar implantar-se na poro central de umcontinente (como por exemplo a Bacia do Pantanal, no centro daAmrica do Sul), aquele ser um stio de sedimentao de natureza nomarinha. Entretanto, a marcante presena de pacotes marinhos nasbacias paleozicas interiores requer efetivas comunicaes do con-texto intraplaca ao oceano durante alguns intervalos de tempo de suahistria evolutiva. Duas linhas de pesquisa preocupam-se com estasquestes; Sloss (1963) estudou a distribuio de pacotes sedimentares

    sobre o continente norte-americano e reconheceu, em seu arcabouode "sequncias cratnicas" separadas por "discordncias interregio-nais", uma estreita relao entre os domnios do interior continental(crton) e das margens orognicas (geossinclinais). As concluses deSloss foram que a acumulao de sedimentos no interior cratnico esua remoo erosiva foram controlados por flutuaes epirogenticasdos continentes. Segundo tal raciocnio, a rea alcanada a cadamomento pela sedimentao marinha teria sido uma funo de trans-gresses e regresses tectonicamente induzidas. O diagrama de Sloss(Fig. 14), ilustrando a distribuio das seis grandes sequncias dointerior cratnico da Amrica do Norte, tornou-se um clssico nabibliografia estratigrfca, e foi seguido por pesquisadores em outroscontinentes (Soares et al. 1978). Sloss (1972) tambm reconheceu umarcabouo similar de sequncias separadas por discordncias na plata-forma da Rssia, e a correlao global da epirognese tornou-se entoum paradigma. Por seu turno, Johnson (1971) sugeriu a existncia deum relacionamento entre os ciclos transgressivo-regressivos documen-tados nas "sequncias de Sloss" e o desenvolvimento dos principaisperodos orognicos no continente norte-americano.

    Entretanto, se a proposta de Sloss (1963) for comparada a umdiagrama anlogo desenhado para a Amrica do Sul (Fig. 14), apareceuma notvel dissonncia entre as duas regies em termos do registroestratigrfico documentado em seus domnios cratnicos. Pontos decoincidncia acontecem apenas eventualmente, sugerindo que a am-plitude temporal das unidades preservadas em cada bloco continentalfoi controlada por algum tipo de fator local. Este parece ser um forteargumento contra a extrapolao das "sequncias de Sloss" alm doslimites da Amrica do Norte.

    Um outro grupo de cientistas assumiu a eustasia de Suess (1906)como ferramenta para estudos estratigrficos. Vail et al (1977)atriburam as invases de sequncias marinhas sobre os continentes aoscilaes de grande amplitude do nvel do mar, sendo a tectnica,como mecanismo de controle do registro estratigrfico, por eles rele-gada a um plano secundrio. A "curva de Vail", compilada a partir deinformaes de uma srie de bacias atravs do mundo, foi publicadacom o intuito de tornar-se uma referncia para os ciclos transgressivo-regressivos documentados sobre os cinco continentes. A Amrica doSul e, por conseguinte, a Bacia do Paran, deveriam incluir-se nesseesquema "global" de correlao estratigrfca. Mas este no parece sero caso.

    Comparando-se o registro estratigrfico da Bacia do Paran curvade Vail (Fig. 15), percebe-se que os melhores picos de "correlaoglobal", definidos por aqueles momentos de mxima inundao ma-rinha, situam-se temporalmente no Neossiluriano, Eocarbonfero eEopermiano. O registro de tais "altos eustticos" no se fazem presen-tes na Bacia do Paran. Nveis de mxima inundao de carter "local"foram documentados na Bacia do Paran no Eossiluriano, Eodevoni-ano e Neopermiano, refletindo variaes do nvel relativo do marinerentes a essa poro do continente que provavelmente responderama uma combinao entre a histria de subsidncia particular da Baciado Paran e as oscilaes eustticas (absolutas) do nvel do mar.

    Notar que, neste trabalho, os principais fatores de controle doregistro estratigrfico, por um lado a subsidncia do embasamento deuma regio especfica do planeta, neste caso o domnio sul-ocidentaldo Gondwana, e por outro as variaes eustticas do nvel do mar,foram consideradas variveis completamente independentes. Emoutras palavras, se fosse possvel admitir que a subsidncia de umabacia ocorresse segundo uma taxa constante, a ciclicidade observadaem seu arcabouo estratigrfico seria resultado exclusivo das os-cilaes eustticas. Desta forma, para o caso de uma bacia em particu-lar, a variao do nvel "global" do mar foi considerada um fatoralctone, produto de uma combinao de fenmenos em escalaplanetria. Originada fora dos limites daquela bacia especfica, avariao eusttica do nvel do mar influi em seu registro estratigrficode modo independente a sua histria tectnica particular.

    No desenvolvimento da Bacia do Paran, a geodinmica doGondwana sul-ocidental parece ter sido de grande influncia. A dissi-pao intraplaca de esforos ao longo de antigas zonas de fraqueza e apropagao no sentido do antepas para o interior cratnico da flexuralitosfrica por sobrecarga tectnica esto entre os mecanismos admiti-dos como controladores primordiais da subsidncia e da assinaturaestratigrfca nessa bacia interior (Milani 1997).A Orogenia Oclyica e a implantao da Bacia do ParanO pacote mais antigo da Bacia do Paran, o da Formao Alto Garas, datado como Neo-Ordoviciano e sua ocorrncia controlada porzonas de fraqueza do embasamento de orientao SW-NE (Fig. 8).Numa escala regional (Fig. 7), este conjunto de descontinuidades

    479

  • Revista Brasileira de Geocincias, Volume 28,1998

    SW-NE prossegue atravs do Paraguai e vai encontrar a Faixa Pam-peana Oriental (Ramos & Vujovich 1993) na Argentina. Este ar-cabouo de descontinuidades em ampla escala foi muito importante no

    Figure 10 - Mapa de ispacas da Superseqncia Paran.

    sentido de promover uma conexo mecnica entre a margem da placae seu interior. Ao longo destas feies lineares pr-existentes, esforoscompressivos originados na margem convergente do Gondwana en-contraram um modo de dissiparem-se, at mesmo no remoto interiordo continente. A Bacia de Las Breas (Fig. 7) ocorre igualmente ao

    Figura 11 - Mapa de ispacas da Superseqncia Gondwana I.

    Figura 12 - Correlao de dados de poos ilustrando a distribuio da Superseqncia Gondwana I (Carbonfero-Eotrissico) da Bacia doParan. Notar, na seo A -B, a inverso no sentido do onlap do pacote sedimentar, de norte para sul na seo mais inferior, e no sentido opostopara a sedimentao Guat. Enquanto o Grupo Guat e seus correspondentes estratigrficos acumulavam-se em onlap de sul para norte, aporo setentrional da bacia era submetida a exposio subarea e intensa remoo erosiva. As informaes na seo C-D sugerem apermanncia, at o Carbonfero, da geometria de depresso aberta para oeste. Tal configurao foi modificada durante o Permiano e Trissico,com o avano de sistemas continentais (formaes Cabacu, Pirambia, Sanga do Cabral e Buena Vista) no sentido do lago remanescente(Formao Rio do Rasto) que ocupava a poro central da bacia.

    480

  • Revista Brasileira de Geocincias, Volume 28,1998

    Figure 13 - Grficos de subsidncia calculados a partir de informaes de seis poos da Bacia do Paran. Escala de tempo segundo Cowie &Bassett (1989).

    Figura 14 - Diagrama espao-tempo comparando a distribuio deunidades estratigrficas fanerozicas na poro oeste da Amrica doSul e leste da Amrica do Norte, esta ltima segundo Sloss (1963).Informaes da poro boliviana segundo Sempere (1995). A com-parao intercontinental mostra uma conspcua dissonncia entre oregistro estratigrfico de cada um dessas regies, sendo a correlaoexata dos pacotes rochosos uma exceo.

    longo deste trend estrutural e consiste em um graben preenchido porum pacote cambro-ordoviciano (Pezzi & Mozetic 1989) que foi defor-mado por um evento compressivo pr-Siluriano, muito provavelmentedurante o Meso a Neo-Ordoviciano.

    No Meso a Neo-Ordoviciano o terreno Precordilheira colidiu contrao Gondwana (Ramos 1990, Astini et al. 1996). A acomodao dosesforos da Orogenia Oclyica na regio cratnica induziu a subsidn-cia inicial da Bacia do Paran, na forma de depocentros transtensivosalongados na direo SW-NE. A associao da sedimentao inicialda bacia, a Superseqncia Rio Iva, com magmatismo intraplacasugere fortemente ter ocorrido uma reativao ordoviciana de suturasantigas do embasamento (Fig. 16), abrindo o caminho para a ascensodo basalto Trs Lagoas. Da mesma forma, como j fora sugerido porAssine (1996), uma estreita correlao observada entre a amplitudetemporal do ciclo de subsidncia causado pela Orogenia Oclyica e aamplitude temporal da Superseqncia Rio Iva (Fig. 17), estando omomento da mxima inundao desse ciclo sedimentar, no Landoveri-ano, muito prximo em tempo ao clmax orognico.

    Figura 15 - O registro paleozico marinho da Bacia do Parancomparado curva de Vau (Vau et al 1977). Observar que os mximoseustticos, supostamente picos de correlao global, no esto regis-trados na Bacia do Paran. Por seu turno, nveis de mxima inundaode carter local nela se desenvolveram, como resultado de sua histriade subsidncia particular. Denominao das unidades litoestratigrfi-cas: AG-Formao Alto Garas, IAP-Formao lap, VM-FormaoVila Maria, FUR-Formao Furnas, PG-Formao Ponta Grossa,AQ-Formao Aquidauana, ITA-Grupo Itarar, RB-Formao RioBonito, PAL-Formao Palerma, DRD-Formao Dourados, RR-Formao Rio do Rasto, PIR-Formao Pirambia, SC-FormaoSanga do Cabral. Simbologia litolgica a usual. Escala de temposegundo Cowie & Bassett (1989).

    A atenuao do campo de tenses da Orogenia Oclyica foi perce-bida na Bacia do Paran pelo decrscimo das taxas de subsidncia aindano Siluriano, em tempos ps-landoverianos. Embora fosse o Silurianono seu todo um tempo de nvel eusttico crescente (Fig. 17), elecaracterizou-se como poca de eroso na Bacia do Paran, uma circun-stncia que mostra o significado da histria de subsidncia da baciacomo mecanismo de controle de seu registro estratigrfico.

    O ciclo devoniano de subsidncia: flexura litosfrica emampla escala O registro devoniano na Bacia do Paran inicia coma Formao Furnas, um pacote arenoso de geometria tabular acumu-lado sobre um amplo e estvel peneplano ps-oclyico. As condiesde estabilidade foram quebradas por um ciclo de subsidncia aceleradadurante o Praguiano-Emsiano, neste caso patrocinado por outra fasede deformao na margem gondwnica, a Orogenia Precordilheirana

    481

    SUPERSEQUtNCIASB- BauruGlll- Qondwana IIIGll- Gondwana IIGl- Gondwana lP- ParanRI- Rio Ival

  • Revista Brasileira de Geocincias, Volume 28,1998

    CRISTALINO BRASILIANAS

    Figura 16 - Diagrama esquemtico ilustrando o controle tectnico sobre a sedimentao durante a acumulao do pacote ordovcio-silurianoda Bacia do Paran. Observar o desenvolvimento de grabens transtensivos ao longo de suturas do embasamento. Localizao na Fig. 7.

    (Fig. 17). A acelerao da subsidncia conduziu a um rpidoafogamento dos sistemas transicionais da Formao Furnas e de suacorrelata no oeste argentino, a Formao Santa Rosa. semelhanado observado para a Superseqncia Rio Iva, o nvel de mximainundao da Superseqncia Paran, de idade Emsiana, correlaciona-se muito bem ao tempo das maiores taxas de subsidncia no antepas,relacionadas agora ao clmax da Orogenia Precordilheirana.

    Uma questo emerge da observao de que os domnios de antepase intracratnico experimentaram episdios sincronizados de subsidn-cia e acumulao sedimentar; ela diz respeito presena e ao papel dobulge perifrico (Beaumont 1981), um elemento ligado intrnsecarigidez litosfrica durante a flexura e frequentemente invocado comobarreira paleofisiogrfica e limite entre tais domnios de subsidncia.Se uma feio estrutural positiva emergisse entre as duas regiessubsidentes, este seria um importante elemento controlador de fciessedimentares. Na rea aqui estudada, entretanto, a assinatura transgres-siva-regressiva da seo devoniana foi registrada de modo sncronoem toda essa ampla regio, tanto no antepas quanto no contextointracratnico, mostrando a inexistncia de uma efetiva barreira entreos dois distintos domnios de subsidncia.

    Quinlan & Beaumont (1984) estudaram um contexto similar, namargem Apalachiana da Amrica do Norte. Em suas figuras, elesilustram o bulge flexural como uma feio de amplitude verticalacentuada, separando marcadamente os stios de antepas e intra-cratnico. Tal configurao traria implcito que um pulso orognicoseria percebido no domnio intracratnico como um momento deregresso, uma vez que a orogenia motivaria a subida do bulge flexural,isolando o interior do continente e elevando as bordas da bacia interior.Esta relao geomtrica, entretanto, parece no se aplicar adequada-mente regio aqui abordada. No Devoniano do Gondwana sul-oci-dental, observa-se um vnculo entre o pulso orognico e a invasofranca das fcies marinhas no sentido do crton, indicando trans-gresses tectonicamente induzidas.

    Este comportamento diferenciado da litosfera gondwnica pode tersido condicionado pela natureza dos episdios colisionais l aconteci-dos; a chegada de terrenos lateralmente limitados (Fig. 18) deve terinduzido uma concentrao de esforos em reas especficas damargem ativa. Do mesmo modo, uma litosfera de elevada rigidezigualmente teria favorecido uma efetiva propagao da deformaoflexural no sentido do interior continental.

    A distribuio do pacote devoniano na poro sul-ocidental daAmrica do Sul mostrada na Figura 18. Nesta correlao regional dedados de poos entre a Bacia do Paran e o oeste argentino, parece seradmissvel o fato de que a subsidncia tenha sido compartilhada entreos domnios de antepas e intracratnico. Os grficos de subsidnciailustram com clareza a acelerao de subsidncia experimentadasimultaneamente em toda a regio a partir do Emsiano, permitindo ainterpretao de que as condies de mxima inundao do ciclodevoniano deram-se no como resposta a uma subida eusttica, massim como resultado de um aprofundamento rpido do substrato.

    Tectnica e sedimentao no Carbonfero e PermianoA Orogenia Chanica, do Eocarbonfero, produziu um ciclo renovadode subsidncia muito bem documentado no antepas. No oeste ar-gentino, o ciclo Guandacol da Bacia de Paganzo, do Mississipiano,

    Figura 17 - Assinatura estratigrfica das superseqncias Rio Iva eParan da Bacia do Paran e seu relacionamento com os cicloseustticos de Vail e com os ciclos de subsidncia do Gondwanasul-ocidental. Observe que a amplitude temporal de cada su-perseqncia encontra-se confinada aos limites do ciclo de subsidn-cia patrocinado por cada orogenia, e que os episdios de mximainundao praticamente coincidem com o momento do piceorognico. A curva de taxas mdias de subsidncia (pontilhada),computada aritmeticamente para a Superseqncia Paran a partirdas informaes da Fig. 13, mostra um bom ajuste com o ciclo desubsidncia no antepas relacionado Orogenia Precordilheirana.Por outro lado, no parece existir uma correspondncia entre aassinatura destas superseqncias e os altos e baixos da eustasia.Escala de tempo segundo Cowie & Bassett (1989).

    corresponde a esta fase de subsidncia (Fernndez-Seveso & Tankard1995). Na Bacia do Paran, este foi um tempo de no-deposiobasicamente em funo da presena e influncia dos glaciares na reada bacia de sedimentao. A acumulao sedimentar s seria retomadano Westfaliano, ento sendo contnua at o Eotrissico. A influnciamarinha na sedimentao reduzir-se-ia progressivamente com o passardo tempo, indicando um progressivo e efetivo fechamento da bacia sincurses do Panthalassa.

    Ao final do Eopermiano, a morfologia da Bacia do Paran foiprofundamente modificada (Fig. 12), fato que coincide em tempo aoclmax da Orogenia Sanrafalica (Fig. 19). O material vulcanognicoque ocorre na seo do Permiano Inferior da Bacia do Paran (Couti-nho et al 1991) correlaciona-se ao evento Choiyoi do oeste da Argenti-na, onde corresponde a um vasto arco magmtico calcio-alcalino distri-budo no tempo entre 275 e 250 Ma (Kay et al 1989) e que deve ter-seconstitudo em um efetivo, e provavelmente definitivo, obstculo aoacesso marinho sobre o Gondwana meridional (Urien et al. 1995).

    Consideraes finais As informaes aqui manuseadas con-duziram interpretao de que existiu uma estrita correlao entre aevoluo da Bacia do Paran no interior continental do Gondwana e oregime tectnico atuante ao longo dos Gondwanides durante o Pa-leozico. O substrato do Gondwana sul-ocidental reagiu por flexura

    482

  • Revista Brasileira de Geocincias, Volume 28,1998

    Figura 18 - Correlao regional de dados de poos mostrando a distribuio de estratos devonianos atravs da poro meridional da Amricado Sul. Idades para as unidades boliviano-argentinas so de Barrett & Isaacson (1988), e para a Bacia do Paran so de Melo (1988). (A)Entre o Lockoviano e o Praguiano, um substrato estabilizado favoreceu o desenvolvimento de um pacote tabular de arenitos continentais amarinho rasos (formaes Santa Rosa/Furnas). O Emsiano marcou o incio de um ciclo de subsidncia acelerada, que conduziu (B) aodesenvolvimento das condies de mxima inundao de todo o ciclo devoniano. Os grficos de subsidncia (D) mostram a quebra tanto noantepas quanto no domnio intracratnico, com taxas crescentes a partir do Emsiano, e este evento de acelerao da subsidncia invocadocomo o responsvel pelo rpido afogamento de toda esta rea. (C) Taxas de subsidncia relativamente elevadas continuaram at o Frasniano,propelidas pelos movimentos terminais da Orogenia Precordilheirana. Reconstituies paleogeogrficas/paleotectnicas em parte baseadasem Ramos et al (1986).sob os campos de esforos originados ao longo da margem ativa, e estefato representou um efetivo mecanismo de criao de espao acumu-lao sedimentar no domnio intracratnico. Este mecanismo de sub-sidncia parece refletir a propagao para o interior continental daflexura litosfrica a partir da calha de antepas, de tal sorte que a Baciado Paran experimentou fases de subsidncia acelerada que corre-lacionam-se estreitamente s do domnio de antepas adjacente. Comoresultado, a amplitude temporal das superseqncias da Bacia doParan est claramente confinada aos limites temporais dos diferentesciclos de subsidncia patrocinados pelas orogenias paleozicas damargem do Gondwana. As assinaturas estratigrficas das vrias su-perseqncias, em termos de ciclos trasgressivo-regressivos, damesma forma apresentam uma estreita correlao aos ciclos de sub-sidncia do Gondwana sul-ocidental.

    A correlao global de eventos estratigrfcos proposta na curva deVail ou as sequncias cratnicas de Sloss no fornecem os meios paraelucidar de maneira satisfatria a construo do arcabouo estrati-grfico da Bacia do Paran. Outrossim, ele parece muito mais umproduto direto da histria de subsidncia da bacia, histria essa que sedeu em marcante sintonia com o desenvolvimento tectnico doGondwana sul-ocidental.Agradecimentos Este trabalho constitui sntese da Tese deDoutorado de E. J. Milani (UFRGS, 1997), que contou com a orien-tao do Prof. Victor A. Ramos no tocante anlise tectnica regional.Os autores agradecem Petrleo Brasileiro S. A. pela liberao dosdados de sua propriedade. Peter Szatmari, Pedro V. Zaln e CsarCainelli revisaram verses preliminares deste artigo, o que em muitocontribuiu ao seu aprimoramento. Os autores agradecem igualmenteao revisor annimo da RBG por seus pertinentes comentrios.

    Almeida, F.F.M. & Hasui, Y. 1983. O Pr-Cambriano do Brasil. Edgard Blcher, 378 p.

    Andreis, R.R.; Ifliguez, A.M.; Lluch, J.L.; Rodrfguez, S. 1989. Cuenca paleozica de Ventania,Sierras Australcs, Provncia de Buenos Aires. In: G. A. Chebli & L. A. Spallctii (cds.)Cuencas sedimentarias argentinas. Tucuman: Universidad Nacional, Serie CorrelacionGeolgica, n. 6, p. 265-298.

    Assine, M.L. 1996. Aspectos da estratigrafia das sequncias pr- carbonferas da Bacia doParan no Brasil. Instituto de Geocincias, Universidade de So Paulo, Tese deDoutoramento, 207 p.

    Astini, R.A. 1996. Las fases diastrficas dei Paleozico Mdio en Ia Precordillera del oesteargentino -evidencias estratigrficas. In: Congreso Geolgico Argentino y Congreso deExploracin de Hidrocarburos, 13/3, 1996. Actas... Buenos Aires, Asociacin GeolgicaArgentina y Instituto Argentino del Petrleo y del Gs, v. 5, p. 509-526.

    483

    Figura 19 - Assinatura estratigrfica da Superseqncia Gondwana Ida Bacia do Paran e seu relacionamento com a curva de Vail e comos ciclos de subsidncia do Gondwana sul-ocidental (Milani 1997).Curva pontilhada representa as taxas mdias de subsidncia em escalade bacia, obtida aritmeticamente a partir dos dados da Fig. 13.Observar a coincidncia existente entre as taxas mais elevadas desubsidncia no domnio do antepas do Gondwana sul-ocidental,registradas durante o Eopermiano e relacionadas Orogenia Sanra-falica, e o rearranjo estrutural experimentado pelo substrato daBacia do Paran, o que indicado pelas taxas decrescentes na curvapontilhada. Seguiu-se a inverso no sentido do onlap sedimentar e umrenovado ciclo de subsidncia acelerada, j no Permiano terminal.Escala de tempo segundo Cowie & Bassett (1989).

    Referncias

  • Revista Brasileira de Geocincias, Volume 28,1998

    Astini, R.A.; Benedetto, J.L.; Vaccari, N.E. 1995. The early Paleozoic evolution of the ArgentinePrecordillera as a Laurentian rifted, drifted, and collided terrane - a geodynamic model.Geolgical Society of America Bulletin, 107(3):253-273.

    Astini, R.A.; Ramos, V.A.; Benedetto, J.L.; Vaccari, N.E.; Canas, F.L. 1996. La Precordillera:un terreno extico a Gondwana. In: Congreso Geolgico Argentino y Congreso deExploracin de Hidrocarburos, 13/3, 1996. Actas... Buenos Aires, AGA/IAPG, v. 5, p.293-324.

    Bahlburg, H. & Breitkreuz, C. 1991. Paleozoic evolution of active margin basins in the SouthernCentral Andes (Northwestern Argentina and Northern Chile). Journal of South AmericanEarth Sciences, 4(3): 171 -188.

    Barrett, S.F. & Isaacson, P.E. 1988. Devonian paleogeography of South America. In: N. J.Mcmillan; A. F. Embry; D. J. Glass (eds.) Devonian of the world. Calgary: CanadianSociety of Petroleum Geologists Memoir 14, v. I, p. 655-667.Beaumont, C. 1981. Foreland basins. Geophysical Journal of the Royal Astronomical Society,

    55:291-329.Borrello, A.V. 1965. Sobre Ia presencia del Cmbrico inferior olenellidiano en Ia Sierra de Zonda,

    Precordillera de San Juan. Ameghiniana III, 10:313-318.Cobbold, P.R.; Gapais, D.; Rossello, E.A.; Milani, E.J.; Szatmari, P. 1992. Permo-Triassic

    intracontinental deformation in SW Gondwana. In: M. J. De Wit & I. D. Ransomc (eds.)Inversion tectonics of the Cape Fold Belt, Karoo and Cretaceous basins of Southernfrica. Balkema, p. 23-26.

    Cole, D.1.1992. Evolution and development of the Karoo Basin. In: M-. J. De Wit & I. D. Ransomc(eds.) Inversion tectonics ofthe Cape Fold Belt, Karoo and Cretaceous basins of SouthernAfrica. Balkema, p. 87-100.

    Cordani, U.G.; Neves, B.B.B.; Fuck, R.A.; Porto, R.; Thomaz Filho, A.; Cunha, F.M.B. 1984.Estudo preliminar de integrao do Pr-Cambriano com os eventos tectnicos das baciassedimentares brasileiras. Rio de Janeiro: PETROBRS, Srie Cincia-Tcnica-Petrleon. 15, 70 p.

    Coutinho, J.M.V.; Hachiro, J.; Coimbra, A.M.; Santos, P.R. 1991. Ash-fall derived vitroclastictuffaceous sediments in the Permian of the Paran Basin and their provenancc. In:Gondwana Seven, So Paulo, 1988. Proceedings..., So Paulo: Universidade de SoPaulo, p. 147-160.

    Cowie, J.W. & Bassett, M.G. 1989. IUGS Global stratigraphic chart. Episodes, 12 (2).De Wit, M.J.; Jeffery, M.; Bergh, H.; Nicolaysen, L. 1988. Geolgical map of sectors of

    Gondwana, reconstructed to their disposition ~ 150 Ma. Tulsa: American Association ofPetroleum Geologists/University of Witwatersrand, escala 1:10 000 000.

    Daz-Martnez, E. 1995. Devonico Superior y Carbonfero del Altiplano de Bolvia - estratigrafia,sedimentologia y evolucin paleogeogrfica. La Paz: Informes de ORSTOM Bolvia, n.46, 164 p.

    Du Toit, A.L. 1927. A geological comparison of South America with South frica. Washington:The Carnegie Institution, publ. 381, 157 p.

    Eyles, C.H.; Eyles, N.; Frana, A.B. 1993. Glaciation and tectonics in an active intracratonicbasin: the Late Palaeozoic Itarar Group, Paran Basin, Brazil. Sedimentology, 40:1-25.

    Fernndez-Seveso, F.; Perez, M.A.; Brisson, I.E.; Alvarez, L. 1993. Sequence stratigraphy andtectonic analysis of the Paganzo Basin, West Argentina. Comptes Rendas XIIICC-P,2:223-260.

    Fernndez-Seveso, F. & Tankard, A.J. 1995. Tectonics and stratigraphy of the Late PaleozoicPaganzo Basin of Western Argentina and its regional implications. In: A. J. Tankard; R.Surez Soruco; H. J. Welsink (eds.) Petroleum hasins of South America. Tulsa: AmericanAssociation of Petroleum Geologists Memoir 62, p. 285-301.

    Frana, A.B.; Milani, E.J.; Schneider, R.L.; Lpcz-Paulsen, O.; Lpez-Pugliessi, J.M.; Surez S.,R.; Santa Ana, H.; Wiens, F.; Ferreiro, O.; Rossello, E.A.; Bianucci, H.A.; Flores, R.F.A.;Vistalli, M.C.; Fernndez-Seveso, F.; Fuenzalida, R.P.; Mufioz, N. 1995. Phancrozoiccorrelation in Southern South America. In: A. J. Tankard; R. Surez Soruco; H. J. Welsink(eds.) Petroleum basins of South America. Tulsa: American Association of PetroleumGeologists Memoir 62, p. 129-161.

    Frana, A.B.; Trigis, J.A.; Anjos, S.M.C.; Milani, E.J.; Wolff, S. 1994. Projeto Ponta Grossa.Curitiba: PETROBRS, 2 v. (relatrio interno).

    Furque, G. 1965. Geologia de Ia regin del Cerro Ia Bolsa (Provncia de La Rioja). In: SegundasJornadas Geolgicas Argentinas, 1965. Actas... Buenos Aires: AGA, p. 181-215.

    Gohrbandt, K.H.A. 1993. Paleozoic paleogeographic and dcpositional devclopments on thecentral proto-Pacific margin of Gondwana: their importancc to hydrocarbonaccumulation. Journal of South American Earth Sciences, 6(4):267-287.

    Hallam, A. 1984. Pre-Quaternary sea-level changes. Annual Review ofthe Earth and PlanetaryScience Letters, 12:205-243.

    Iiguez, A.M.; Valle, A.; Poir, D.G.; Spaletti, L.A.; Zalba, P.E. 1989. Cuencaprecambrica/paleozoica inferior de Tandilia, Provncia de Buenos Aires. In: G. A. Chebli& L. A. Spalletti (eds.) Cuencas sedimentarias argentinas. Tucuman: UniversidadNacional, Serie Correlacion Geolgica, n. 6, p. 245-264.

    Johnson, J.G. 1971. Timing and coordination of orogenic, epeirogenic and eustatic events.Geological Society of America Bulletin, 82:3263-3298.

    Johnson, M.R. 1991. Sandstone petrography, provenance and plate tectonic sctting in Gondwanacontext of the southeastern Cape-Karoo Basin. South African Journal of Geology,94:137-154.

    Kay, S.M.; Ramos, V.A.; Mpodozis, C.; Sruoga, P. 1989. Late Paleozoic to Jurassic silicicmagmatism at the Gondwanaland margin: analogy to the Middle Proterozoic in NorthAmerica? Geology, 17(4):324-328.

    Keidel, J. 1916. La geologia de Ias sierras de Ia Provncia de Buenos Aires y sus relaciones conIas montarias de Sud frica y los Andes. Buenos Aires: Anales del Ministrio deAgricultura de Ia Nacin, Seccin Geologia, Mineralogia y Mincra, IX, 3:1-78.

    Klein, G.D. 1995. Intracratonic basins. In: C. J. Busby & R. V. Ingersoll (eds.) Tectonics ofsedimentary basins. Blackwell Science, p. 459-478.

    Kokogian, D.A.; Fernndez-Seveso, F.; Mosquera, A. 1993. Las secuencias sedimentariastriasicas. In: V. A. Ramos (ed.) Geologia y recursos naturales de Mendoza. Buenos Aires:Asociacin Geolgica Argentina/Instituto Argentino del Petrleo y del Gs, p. 65-78.

    Leighton, M.W. & Kolata, D.R. 1990. Selected interior cratonic basins and their placc in thescheme of global tectonics - a synthesis. In: M. W. Leighton; D. R. Kolata; D. F. Oltz; J.J. Eidel (eds.) Interior cratonic basins. Tulsa: American Associalion of PetroleumGeologists Memoir 51, p. 729-797.

    Lpez-Gamund, O.R.; Conaghan, P.J.; Rossello, E.A.; Cobbold, P.R. 1995. The TunasFormation (Permian) in the Sierras Australcs Foldbelt, east central Argentina -evidencefor syntectonic sedimentation in a foreland basin. Journal of South American EarthSciences, 8(2): 129-142.

    Lpez-Gamund, O.R.; Espejo, I.S.; Conaghan, P.J.; Powell, C.M.A. 1994. Southern SouthAmerica. In: J. J. Veevers & C. M. A. Powell (eds.) Permian-Triassic Pangean basins

    and foldbelts along the Panthalassan margin of Gondwanaland. Boulder: GeologicalSociety of America Memoir 184, p. 281-329.

    Lpez-Gamund, O. & Rossello, E.A. 1993. Devonian-Carboniferous unconformity in Argentinaand its relation to Eo-Hercynian orogeny in southern South America. GeologischeRundschau, 82:136-147.

    Lpez-Gamund, O. & Rossello, E.A. Common evolutionary patterns along the Samfrau geosynclinc: the Sauce Grande Basin-Ventana foldbelt (Argentina) and Karoo Basin-Cape foldbelt (South frica) revisited. Geologische Rundschau (no prelo).Marques, A.; Zanotto, O.A.; Frana, A.B.; Astolfi, M.A.M.; Paula, O.B. 1993. Compartimentao tectnica da Bacia do Paran. Curitiba: PETROBRS/ NEXPAR, 87 p. (relatrio interno).Melo, J.H.G. 1988. The Malvinokaffric realm in the Devonian of Brazil. In: N. J. Mcmillan; A.

    F. Embry; D. J. Glass (eds.) Devonian of the world. Calgary: Canadian Society ofPetroleum Geologists Memoir 14, v. I, p. 669-704.

    Milani, E.J. 1992. Intraplate tectonics and the evolution of the Paran Basin, S Brazil. In: M. J.De Wit & I. D. Ransome (eds.) Inversion tectonics of the Cape Fold Belt, Karoo andCretaceous basins of Southern frica. Balkema, p. 101-108.

    Milani, E.J. 1997. Evoluo tectono-estratigrfica da Bacia do Paran e seu relacionamento coma geodinmica fanerozica do Gondwana sul-ocidental. Instituto de Geocincias,Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Tese de Doutoramento, 255 p.Milani, E.J.; Assine, M.L.; Soares, P.C.; Daemon, R.F. 1995. A Sequncia Ordovcio-Siluriana

    da Bacia do Paran. Boletim de Geocincias da PETROBRS, 9(2/4):301-320.Mizusaki, A.M.P. 1989. Anlise petrogrfica e dotao radiomtrica do poo 2-TL-l-MS

    (testemunhos 39 e 40). Rio de Janeiro: PETROBRS/CENPES, 8 p. (relatrio interno).Pezzi, E.E. & Mozetic, M.E. 1989. Cuencas sedimentarias de Ia regin Chacoparanense. In: G.A.

    Chebli & L. A. Spalletti (eds.) Cuencas sedimentarias argentinas. Tucuman: UniversidadNacional, Serie Correlacion Geolgica, n. 6, p. 65-78.

    Powell, C.M.A. 1993. Assembly of Gondwanaland -open frum. In: Gondwana Eight,Proceedings... Balkema, p. 219-237.

    Quinlan, G.M. & Beaumont, C. 1984. Appalachian thrusting, lithospheric flexure, and thePaleozoic stratigraphy of the Eastern interior of North America. Canadian Journal ofEarth Sciences, 21:973-996.

    Ramos, V.A. 1988. Late Proterozoic - Early Paleozoic of South America - a collisional history.Episodes, 11(3):168-174.

    Ramos, V.A. 1990. Field guide to geology ofthe Central Andes (31-33 SL). Buenos Aires:Universidad de Buenos Aires, Central Andes Field Seminar, 68 p.

    Ramos, V.A. 1993. Interpretacin tectnica. In: V. A. Ramos (ed.) Geologia y recursos naturalesde Mendoza. Buenos Aires: Asociacin Geolgica Argentina/Instituto Argentino delPetrleo y del Gs, p. 257-268.

    Ramos, V.A.; Jordan, T.E.; Allmendinger, R.W.; Kay, S.M.; Cortes, J.M.; Palma, M.A. 1984.Chilenia: un terreno aloctono cn Ia evolucin paleozica de los Andes centrales. In:Congreso Geolgico Argentino, 9. Buenos Aires, Actas... Buenos Aires, AsociacinGeolgica Argentina, v. 2:84-106.

    Ramos, V.A.; Jordan, T.E.; Allmendinger, R.W.; Mpodozis, C.; Kay, J.M.; Cortes, J.M.; Palma,M. 1986. Paleozoic terranes of the central Argentine-Chilean Andes. Tectonics,5(6):855-880.

    Ramos, V.A. & Vujovoch, G. I. 1993. Alternativas de Ia evolucin del borde occidental deAmerica del Sur durante el Proterozico. Revista Brasileira de Geocincias,23(3): 194-200.

    Ramos, V.A.; Vujovich, G.L; Dallmeyer, R.D. 1996. Los klippes y ventanas tectnicas de Iaestructura prcndica de Ia Sierra de Pie de Paio (San Juan): edad y implicacionestectnicas. In: Congreso Geolgico Argentino y Congreso de Exploracin deHidrocarburos, 13/3, 1996. Actas... Buenos Aires: Asociacin Geolgica Argentina yInstituto Argentino del Petrleo y del Gs, v. 5, 377-392.

    Sempere, T. 1995. Phanerozoic evolution of Bolvia and adjacent regions. In: A. J. Tankard; R.Surez Soruco; H. J. Welsink (eds.) Petroleum basins of South America. Tulsa: AmericanAssociation of Petroleum Geologists Memoir 62, p. 207-230.

    Sloss, L.L. 1963. Sequences in the cratonic interior of North America. Geological Society ofAmerica Bulletin, 74:93-114.

    Sloss, L.L. 1972. Synchrony of Phanerozoic sedimentary-tectonic events of the North Americancraton and the Russian platform. In: International Geological Congress, 24.Proceeedings... Montreal: International Union of Geological Sciences, p. 24-32.

    Soares, P.C. 1991. Tectnica sinsedimentar cclica na Bacia do Paran - controles. Departamentode Geologia, Universidade Federal do Paran, Monografia para concurso de ProfessorTitular, 131 p.

    Soares, P.C.; Landim, P.M.B.; Fulfaro, V.J. 1978. Tectonic cycles and sedimentary sequences inthe Brazilian intracratonic basins. Geological Society of America Bulletin, 89:181-191.

    Steckler, M. & Watts, A.B. 1978. Subsidence of the Atlantic-type continental margin off NewYork. Earth and Planetary Science Letters, 41:1-13.

    Suess, E. 1906. The face of the Earth. Clarendon Press, 759 p.Urien, C.M.; Zambrano, J.J.; Yrigoyen, M.R. 1995. Petroleum basins of South America - an

    ovcrvicw. In: A. J. Tankard; R. Surez Soruco; H. J. Welsink (eds.) Petroleum basins ofSouth America. Tulsa: American Association of Petroleum Geologists Memoir 62, p.63-78.

    Vail, P.R.; Mitchum, R.M.; Thompson, S. 1977. Scismic straligraphy and global changes of scalevel, part 3: rclativc changes of sea level from coastal onlap. In: C. E. Payton (cd.) Seismicstratigraphy - applications to hydrocarbon exploration. Tulsa: American Association ofPetroleum Geologists Memoir 26, p. 63-81.

    Veevers, J.J.; Cole, D.I.; Cowan, E.J. 1994. Southern frica: Karoo Basin and Cape Fold Belt.In: J. J. Veevers & C. M. A. Powell (eds.) Permian-Triassic Pangean basins and foldbeltsalong the Panthalassan margin of Gondwanaland. Boulder: Geological Society ofAmerica Memoir 184, p. 223-280.

    Visser, J.N.J. 1990. The age of the glacigene deposits in Southern frica. South African Journalof Geology, 93:366-375.

    Williams, K.E. 1995. Tectonic subsidence analysis and Paleozoic paleogeography of Gondwana.In: A. J. Tankard; R. Surez Soruco; H. J. Welsink (eds.) Petroleum basins of SouthAmerica. Tulsa: American Association of Petroleum Geologists Memoir 62, p. 79-100.

    Zaln, P.V.; Wolff, S.; Astolfi, M.A.M.; Vieira, I.S.; Conceio, J.C.J.; Appi, V.T.; Neto, E.V.S.;Cerqucira, J.R.; Marques, A. 1990. The Paran Basin, Brazil. In: M. W. Leighton; D. R.Kolata; D. F. Oltz; J. J. Eidel (eds.) Interior cratonic hasins. Tulsa: American Associationof Petroleum Geologists Memoir 51, p. 681-708.

    Manuscrito A-973Recebido em 13 de abril de 1998

    Reviso dos autores em 25 de julho de 1998Reviso aceita em 30 de julho de 1998

    484