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Extraído do Trabalho Original: ³3URSRVWD�SDUD�D�5HDOL]DomR�GR�3URMHWR�3LORWRSDUD� R� 'HVHQYROYLPHQWR� /RFDO� QD� 5HJLmR� 2HVWH� GR� (VWDGR� GH� 6DQWD&DWDULQD´�(ODERUDomR�

120,60$&RPLWr�&LHQWtILFR

Patrizio Bianchi (Presidente)Gian Maria Gros Pietro (Vice - Presidente), Sabino Cassese, Domenico De Masi,

Luis Angel Lerena, Gianni Lorenzoni, Alberto Quadrio Curzio, Andrea Ripa di MeanaGiuseppina Gualtieri (Secretário)

/DERUDWyULR�GH�3ROtWLFD�,QGXVWULDOGiuseppina Gualtieri (Diretor de Pesquisa)

&RRUGHQDGRU�GR�3URMHWR ��6LOYDQR�%HUWLQL*UXSR�GH�7UDEDOKR ��*LDQ�/XFD�%DOGRQL��5LFFDUGR�'HVHUWL��3DROD

��*LDQQHOOL(GLWLQJ ��3DWUL]LD�*R]]L7UDGXomR�H�$GDSWDomR ��/XL]�+HQULTXH�3LUHV

2�SUHVHQWH�HVWXGR�IRL�FRPLVVLRQDGR�SHOR�)yUXP�GH�'HVHQYROYLPHQWR�5HJLRQDO,QWHJUDGR�GD�5HJLmR�GD�$026&2�HVWXGR�IRL�UHDOL]DGR�FRP�D�FRODERUDomR�GH�3LUHV��$VVRFLDGRV$GDSWDomR�SDUD�HVWD�SXEOLFDomR��1HOVRQ�&DVDURWWR�)LOKR���*HUrQFLD�GH�3ODQHMDPHQWR���$JrQFLD

GH�)ORULDQySROLV���%5'(

)LFKD�&DWDORJUiILFD�(Catalogação na fonte pela GEPLA/Biblioteca do BRDE)

BERTINI, Silvano et al. $QiOLVH�GD�FRPSHWLWLYLGDGH�GR�VHWRU�DJURDOLPHQWDU�HP�6DQWD�����&DWDULQD : uma inferência a partir da Região Oeste do Estado. Florianópolis : BRDE/ FDRI , 1998. 78 P.

1. Santa Catarina - Alimentos - Indústria. 2. Agroindústria. I . Título

CDU 631:67 (816.4)

Ë1',&(

$QiOLVH�GD�&RPSHWLWLYLGDGH�GR�6HWRU�$JURDOLPHQWDU�GH�6DQWD�&DWDULQD��8PD�,QIHUrQFLD�D�SDUWLUGD�5HJLmR�2HVWH�GR�(VWDGR

3

&DStWXOR�3ULPHLUR,QWURGXomR .............................................................................................Pag. 5

&DStWXOR�6HJXQGR2�VLVWHPD�DJUR�DOLPHQWDU�GD�UHJLmR�GD�$PRVF ......................................... » 72.1. Premissa............................................................................................ » 72.2. Aspectos sócio-econômicos ligados ao setor primário ..................... » 92.3. Aptidão cultural das terras ............................................................... » 102.4. Extensão média das propriedades e a estrutura fundiária ................. » 332.5. As atividades agrícolas e zootécnicas do Estado de Santa Catarina

e da região da AMOSC..................................................................... » 132.6. Fenômenos associativos na região da AMOSC................................ » 212.7. O crédito agrícola.............................................................................. » 222.8. A Agro-indústria ............................................................................... » 242.9. Quadro síntese .................................................................................. » 36

&DStWXOR�7HUFHLUR2V�SULQFLSDLV�VHWRUHV�UHODFLRQDGRV�j�DJURLQG~VWULD................................Pag. 383.1. O setor eletro-metalmecânico .......................................................... » 383.2. As potencialidades turísticas da região............................................. » 42

&DStWXOR�4XDUWR$V�FDUDFWHUtVWLFDV�GDV�SHTXHQDV�H�PHGLDV�HPSUHVDV�ORFDLs....................... » 444.1. Premissa............................................................................................ » 444.2. Os processos de crescimento das empresas ...................................... » 454.3. As relações com o mercado .............................................................. » 464.4. As relações entre as empresas........................................................... » 484.5. As relações com as instituições locais .............................................. » 494.6. Os obstáculos ao desenvolvimento empresarial: o crédito ............... » 504.7. Os obstáculos ao desenvolvimento empresarial: a formação ........... » 514.8. Os obstáculos ao desenvolvimento empresarial: a infraestrutura ..... » 524.9. Síntese dos pontos críticos................................................................ » 59

$QiOLVH�GD�&RPSHWLWLYLGDGH�GR�6HWRU�$JURDOLPHQWDU�GH�6DQWD�&DWDULQD��8PD�,QIHUrQFLD�D�SDUWLUGD�5HJLmR�2HVWH�GR�(VWDGR

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&DStWXOR�4XLQWR$V�3URSRVWDV��D�HVWUDWpJLD�JHUDO�.............................................................Pag. 61

5.1. Premissa............................................................................................ » 61

5.2. Síntese das áreas críticas................................................................... » 61

5.3. Da análise à intervenção ................................................................... » 66

5.4. A filosofia da intervenção................................................................. » 67

5.4.1. A missão da intervenção ....................................................... » 67

5.4.2. O aproche .............................................................................. » 67

5.4.3. Os princípios guia ................................................................. » 69

5.4.4. Os objetivos .......................................................................... » 70

5.4.5. O campo das possíveis ações ................................................ » 71

5.4.6. A infra-estrutura institucional da intervenção....................... » 73

5.4.7. Algumas indicações gerais de política para

o Governo de Santa Catarina ................................................ » 76

$QiOLVH�GD�&RPSHWLWLYLGDGH�GR�6HWRU�$JURDOLPHQWDU�GH�6DQWD�&DWDULQD��8PD�,QIHUrQFLD�D�SDUWLUGD�5HJLmR�2HVWH�GR�(VWDGR

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Capítulo Primeiro

INTRODUÇÃO

Este trabalho dá seqüência a uma série de estudos sobre a competitividade daindústria catarinense, dois deles elaborados pela FEESC nos setores de móveis ede turismo, outros coordenados pela FIESC, nos setores eletrometalmecânico,têxtil/vestuário e cerâmica branca, um pelo Copesul e BRDE no segmento deplásticos.

O presente estudo, na realidade, é parte de uma trabalho maior, elaborado pelarenomada instituição Nomisma, de Bologna, Itália, para o FDRI- Fórum deDesenvolvimento Regional Integrado da Região Oeste de Santa Catarina. Otrabalho chama-se “3URSRVWD� SDUD� D� 5HDOL]DomR� GR� 3URMHWR� 3LORWR� SDUD� R'HVHQYROYLPHQWR�/RFDO�QD�5HJLmR�2HVWH�GH�6DQWD�&DWDULQD´��Como a regiãotem uma grande concentração no segmento agroindustrial, decidiu-se aproveitarparte do trabalho para representar este segmento na série de publicações apoiadapelo BRDE. Embora a análise do segmento tenha sido feita para uma das regiõesdo estado, a região oeste, seguramnete a análise pode ser uma inferência paraoutras duas regiões: extremo oeste e meio oeste. Essas três regiões são sinônimode Agorindústria em Santa Catarina.

Vale ressaltar que o projeto de desenvolvimento local para a Região Oeste foielaborado com uma dupla finalidade:

- promover iniciativas concretas para favorecer o desenvolvimento da região;

- difundir, através de um projeto piloto, uma nova ótica e uma nova metodologiapara a promoção do desenvolvimento econômico que poderá ser aplicada,adaptando-a, em outras regiões do Estado de Santa Catarina.

A validade deste projeto não se resume somente a região da AMOSC, mas a todoo Estado, onde através de iniciativas similares pode nascer uma nova estratégia dedesenvolvimento para Santa Catarina.

$QiOLVH�GD�&RPSHWLWLYLGDGH�GR�6HWRU�$JURDOLPHQWDU�GH�6DQWD�&DWDULQD��8PD�,QIHUrQFLD�D�SDUWLUGD�5HJLmR�2HVWH�GR�(VWDGR

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Do trabalho original, foram extraídos o capítulo segundo, que trata do segmentoagroindustrial da região, parte do capítulo 3, onde se destaca o setor eletrometalmecânico, por sua associação com a agroindústria, o capítulo 4, que trata daspequenas empresas, parte do capítulo 5, com a problemática da infraestrutura detransportes e o capítulo 1 da parte II, com as linhas gerais de propostas para aregião, que podem orientar novos estudos e propostas para o Estado de SantaCatarina.

Esses textos foram reagrupados nos quatro próximos capítulos.

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Capítulo Segundo

O SISTEMA AGROALIMENTAR DA REGIÃO

���� 3UHPLVVDO setor primário e a indústria de transformação dos produtos zootécnicosrepresentam as atividades econômicas mais importantes da Região Oeste de SantaCatarina. A sua relevância, além de representar um elemento essencial para odesenvolvimento da região, determina-a como potencial fonte de instabilidade nocaso da falta de adequação ao desenvolvimento dos mercados de referência e dosmodelos de consumo, e induz novas oportunidades de desenvolvimento a nívelnacional e internacional.

Uma das particularidades da região da AMOSC é a de hospedar as principaisempresas agroalimentares do Brasil, diretamente, ou suas atividades (Sadia,Perdigão, Aurora e Chapecó) que, além de gerarem uma fonte fundamental derenda para os produtores a estas integrados, representam o principal motoreconômico da região.

A forte dependência da economia regional dos grandes grupos agroalimentarestorna necessária a avaliação dos percursos paralelos de crescimento que, semdeixar de considerar a contribuição fundamental que as grandes empresasforneceram ao tecido econômico (além do patrimônio de “know-how” acumulado)consentem em fazer imergir alternativas configuráveis como outras formas dedesenvolvimento regional, comparáveis ao papel desenvolvido pelas atividades detransformação agroalimentares até hoje.

Mesmo sendo o setor primário e a indústria agroalimentar setores diretamenteligados na ótica de fileira, eles necessitam de instrumentos de pesquisa diferentesem relação ao mais avançado estágio de desenvolvimento, em geral, nasatividades de transformação em relação ao setor primário.

Efetivamente, ao lado das atividades agrícolas desenvolvidas principalmente deforma tradicional e com os limites que tal aproche determina (a nível de dimensão,economicidade de gestão, acesso ao crédito e renda média dos agricultores, comoexemplo), as grandes empresas agroalimentares apresentam modelos

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organizativos e gestionais que tornam possível a sua assimilação por parte dosmuitos operadores que se embatem nos mercados internacionais, projetando-oautomaticamente em um panorama competitivo muito dinâmico. Podem tambémcontar com maiores recursos econômicos provenientes do desenvolvimento dasatividades de maior valor agregado da cadeia agroalimentar, além da escala dasoperações.

A isto se agrega a criação do Mercosul forçando os managers e empresáriosbrasileiros a olhar com crescente atenção fora dos limites nacionais para assimilaros standards qualitativos necessários à valorização em escala global dos produtos,além das atividades de bench-marking em relação aos processos produtivos,logística , distribuição e conteúdo de serviços incorporados a gama de produtosoferecidos, adequação aos modelos internacionais de consumo, com a finalidadede participar como atores de primeiro plano à globalização dos mercados.

A divisão do valor agregado fiscal em setores econômicos, segundo dados doPBDR, indica que no Estado de Santa Catarina 11,8% se atribui ao setor agrícola ezootécnico, 2,8% ao setor terciário e 85,4% à indústria. O forte desequilíbrio entreo valor agregado imputado aos últimos dois setores considerados, fazendo surgirdúvidas quanto a fidelidade dos dados.

Uma classificação similar em relação a AMOSC demonstra que 32,3% do valoragregado provém do setor agrícola e zootécnico, 2,5% dos serviços e 65,2% dosetor industrial, que é principalmente representado das grandes agroindústrias daregião, o que confirma a vocação da região.

Os municípios que participam com maior relevo para a formação do valoragregado agropecuário são Chapecó (33,3%), Coronel Freitas (7,6%), SãoLourenço do Oeste (5,9%), Quilombo (5,7%), Maravilha (5,7%); totalizando 68%do total da região.

A divisão do valor agregado fiscal evidencia que as atividades mais remunerativassão as que envolvem as atividades mais “a vale” da cadeia agroalimentar, com osetor primário que mesmo fornecendo matéria prima e mão-de-obra, participa deforma mais reduzida se comparada com as atividades mais vizinhas ao momentodo consumo.

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���� $VSHFWRV�VyFLR�HFRQ{PLFRV�OLJDGRV�DR�VHWRU�SULPiULREm 1981 a região da AMOSC tinha uma área aproximada de 6.117 km2 com umapopulação total de 300.745 habitantes, dos quais 64,4% representavam apopulação residente no meio rural.

Em 1991, com uma redução da área de 40 km2 o número de habitantes atingiu341.321 unidades, com 49,2% da população nas zonas rurais. Durante esta décadase registrou uma redução considerável da população rural determinada pelofenômeno do êxodo rural em direção aos maiores municípios.

Variações semelhantes são encontradas em outras microrregiões do Oeste doEstado de Santa Catarina, o que indica que mesmo com uma taxa de natalidadesuperior a média estadual (2,4% contra 2,2%), a população total cresce a um ritmoinferior aos valores estaduais (1,2% contra 2,1%).

Os fenômenos do êxodo rural são normalmente alimentados pelas faixas maisjovens da população com movimento migratórios interestaduais e em direção aosmaiores centros nacionais, fenômeno que torna o impacto social da diminuição dapopulação rural ainda mais forte. Os maiores centros urbanos são importantespólos de atração para a região porque contam com melhores infra-estruturas epossuem um tecido econômica mais ativo.

Freqüentemente o deslocamento dos agricultores marginalizados desprovidos defontes de renda e de preparação valorizadas no mercado de trabalho, contribuemquase que exclusivamente ao aumento da população favelada. O deslocamentoprogressivo e dificilmente controlável a um número reduzido de municípiosrepresenta um forte vínculo para o crescimento equilibrado da região.

O fenômeno da diminuição relativa da população rural em relação a urbana é umfenômeno estrutural ligado a evolução da economia regional.

Na região da AMOSC a população economicamente ativa na agricultura aumentousomente 0,6% anualmente durante a década de 80, contra 5% do setor secundárioe 5,1% no terciário, durante o mesmo período. Tal fenômeno também édeterminado diretamente pela diminuição da rentabilidade de muitas atividadesagrícolas, de responsabilidade, além das políticas públicas ligadas a agricultura, douso não idôneo das terras em relação as culturas utilizadas e as técnicas culturais

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tradicionais. Isto acarreta que o nível de renda dos agricultores, além de sofrergrandes variações, é muitas vezes insuficiente para os investimentos necessáriosao prosseguimento das atividades. Como ilustra um recente estudo da EPAGRI,considerando como renda de subsistência uma renda operativa de US$ 1.007família/ano, resultando assim a distribuição das empresas rurais do Oeste de SantaCatarina (graf. 2.1).

Fonte:Epagri

*UDI�����&RQGLo}HV�GH�UHQGD�GDV�HPSUHVDV�DJUtFRODV�2(67(�6&�������

Est. Agrícolas subsistência

5%

Est. agrícolas em exclusão

23%

Est. agrícolas em descap.

36%

Est. agrícolas viáveis36%

)RQWH��(SDJUL�

Os agricultores que se encontram nos níveis de renda mais baixos dispõe de áreasde pequenas dimensões, cultivadas com métodos tradicionais, de qualidadeinferior e rendimentos inferiores à média, determinados pelos dimensão das árease baixa preparação técnica dos produtores.

���� $SWLGmR�FXOWXUDO�GDV�WHUUDVPela classificação das terras com base na sua aptidão cultural emerge a seguintesituação, na região AMOSC:

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7DE�����$SWLGmR�FROWXUDO�GDV�WHUUDV���5HJLmR�$026&

CLASSE % DE TERRAS DESTINÁVEISA CULTURAS ANUAIS

1 32 313 184 485 0

)RQWH��3%'5���$026&�

Pode-se deduzir que 34% do território (somando as terras nas classes 1 e 2) sãoaptas para a utilização de culturas anuais, percentual que chega a 54% se sãoincluídas as terras da classe 3. As terras incluídas nesta última categoria, emboraapresentem aptidão para pastagens, reflorestamento e em alguns casos fruticultura,podendo-se utilizar, com restrições para algumas culturas e técnicas anuais.

Observando o destino efetivo das terras, que são ocupadas primordialmente porculturas cíclicas anuais sendo que 49% das áreas cultiváveis, com distribuiçãohomogênea em toda a região. Seguem como destinos principais as áreas debosques naturais primários e secundários (19%), pastagens (17%), criações (13%),enquanto a área de reflorestamento ocupa um percentual marginal (2%).

Cruzando os dados de aptidão cultural das terras e os dados relativos ao destinoefetivo, resultam indicações precisas quanto ao conflito de uso das terras dacategoria 4 (restrições a fruticultura e aptidão média para pastagens ereflorestamento), utilizadas para cultivos anuais. Com base nesta classificação vê-se o uso inadequado do território por cerca 34% da região, com uma distribuiçãohomogênea em toda a área da AMOSC, com maior incidência nos municípios quedetém uma maior área classificada na classe 4.

A conseqüência imediata deste uso inadequado das terras cultiváveis é aprogressiva erosão, redução da produtividade (com conseqüente necessidade douso de fertilizantes e fenômenos relacionados a poluição ambiental), além deproblemas de qualidade e quantidade de água superficial e subterrânea, problemasencontrados em outras regiões do País.

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O Brasil participa de muitos tratados ambientais internacionais (como: mudançaclimática, espécies em extinção, modificações ambientais, “hazardous wastes”,“ozone layer protection”, “tropical timber 83”, mesmo assim se assiste a um lentodesenvolvimento da consciência ambiental em algumas áreas do país.

A necessidade de maior sensibilização pública em relação a proteção e melhoriada qualidade dos recursos hídricos da região é retificada por circunstancias quefreqüentemente identificam-se povoamentos humanos ou atividades relacionadaspróximas a cursos de água, mesmo violando normativas federais, principalmenteem áreas sem alguma urbanização.

���� ([WHQVmR�PpGLD�GDV�SURSULHGDGHV�UXUDLV�H�HVWUXWXUD�IXQGLiULDDe acordo com os dados disponíveis no censo agropecuário de 1985, em um totalde 234.973 empresas agrícolas do Estado de Santa Catarina, a região da AMOSCcontava com 15,6% (36.688 unidades).

A estrutura fundiária indica uma forte incidência de micro-fundos de 12 a 15 ha deárea e de propriedade do produtor rural, sugerindo uma economia rural organizadade forma tradicional onde as pequenas empresas agrícolas representam umcomponente importante do tecido social e econômico da região.

Em relação a distribuição dimensional por classes das propriedades rurais, 47,1%estão incluídas na categoria da até 10 ha, 33,2% entre 10 e 20 ha, enquanto aclasse de até 50 ha representa 97,6% do total das empresas agrícolas da região.

A tabela a seguir compara os dados relativos a extensão das propriedades ruraisnas classes mais representativas da AMOSC com o Oeste e o Estado de SantaCatarina.

7DE�����

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,QFLGrQFLD�GDV�WHUUDV�FRP�DWp����KD��UHJLmR�$026&��2HVWH�&DWDULQHQVH��6DQWD�&DWDULQD

EXTENSÃO EM HA AMOSC% ÁREA TOTAL

OESTE CAT.% ÁREA TOTAL

SANTA CATARINA% ÁREA TOTAL

0 -10 47,1 39,7 39,110 - 20 33,2 32,5 27,2até 50 97,6 93,6 90,0

)RQWH��,%*(��&HQVR�$JURSHFXiULR�GH������

Os dados demonstram uma maior pulverização da estrutura fundiária do territórioda AMOSC em relação ao Oeste e ao Estado

A maior incidência de propriedades nas classe de dimensão maior de 50 ha seencontra nos municípios de Chapecó (227 unid.), Campo Êre (131 unid.),Quilombo (98 unid.), São Lorenço do Oeste (79 unid.), Coronel Freitas (75 unid.).Já as propriedades agrícolas com mais de 100 ha se concentram em Chapecó (92unid.) e Campo Êre (77 unid.)

���� $V� DWLYLGDGHV� DJUtFRODV� H� ]RRWpFQLFDV� GR� (VWDGR� GH� 6DQWD&DWDULQD�H�GD�UHJLmR�GD�$026&������ $�HFRQRPLD�DJURSHFXiULD�GR�(VWDGRA estabilização da economia nacional derivada do Plano Real determinou em1994 uma aumento representativo dos preços dos produtos agrícolas emcomparação com o ano precedente, no território estadual. Este fato teve umimpacto positivo, além do crédito dos agricultores, sobre os demais setores ligadosà agricultura (indústria de fertilizantes, máquinas e equipamentos agrícolas), quese beneficiaram com o aumento das vendas.

As escolhas relativas ao ciclo sucessivo (1995/95) foram realizadas em um climade otimismo, levando a um sensível incremento nas quantidades produzidas e comuma conseqüente queda nos preços. Outras baixas foram determinadas por umamaior disponibilidade de produtos importados, possíveis após a abertura do

$QiOLVH�GD�&RPSHWLWLYLGDGH�GR�6HWRU�$JURDOLPHQWDU�GH�6DQWD�&DWDULQD��8PD�,QIHUrQFLD�D�SDUWLUGD�5HJLmR�2HVWH�GR�(VWDGR

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mercado, aumentaram ainda mais a oferta de produtos agrícolas reduzindo o nívelmédio dos preços do setor.

A produção bruta de venda agropecuária do Estado foi de 3.031 milhões de reaisem 1995.

No período em questão a produção agrícola e zootécnica do Estado tiveram umincremento médio de 2,1% em quantidade, sintetizando andamentos nãouniformes. A variação negativa do feijão (-7,9%) e do trigo (-26,3%) e positivados suínos e arroz (12% e 6,2% respectivamente).

As variações de preço foram todas negativas com a redução menor dos bovinos (-8,9%) e máxima do feijão (-56,7%). A diminuição média encontrada foi de -27,2%. A diminuição generalizada dos preços dos produtos agrícolasdeterminaram uma perda estimada de 1.134 milhões de reais.

O impacto negativo da variação dos preços influenciaram os setores relacionados.A venda de tratores de rodas e colheitadeiras, por exemplo, caíram 33 e 39,6%.

A política federal de manutenção dos preços dos produtos agrícolas através dacompra de quotas da produção , durante a safra, foi utilizada de forma incerta einsuficiente, com efeito sobre a renda dos agricultores. As perdas ficaram quaseque exclusivamente ao seu encargo, tornando difícil a recuperação do capitalnecessário aos custos e investimentos para o próximo ciclo, dificuldadeacumulada ao aumento dos custos de financiamento do crédito rural.

Os ônus financeiros do crédito apresentaram um aumento de 52% entre os mesesde agosto/94 e o mesmo mês do ano sucessivo, superando em larga escala a taxacorrente de inflação. referência bancária de recuperação do crédito.

Na tabela a seguir estão representadas as quantidades produzidas e a superfíciecultivada no Estado de Santa Catarina da 1990 a 1994 com as respectivasvariações anuais, demonstrando a variabilidade tanto em termos de área cultivadacomo em volumes produzidos (tab. 2.3).

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7DE�����4XDQWLGDGHV�SURGX]LGDV�H�VXSHUItFLH�FXOWLYDGD�FRP�WDEDFR��IHLMmR��PLOKR��VRMD��WULJR��QR(VWDGR�GH�6DQWD�&DWDULQD

1990 1991 VAR% 91

1992 VAR% 92

1993 VAR% 93

1994 VAR% 94

) �����- superfíciecultivada (ha)

84.244 84.940 1% 107.599 27% 125.611 17% 95.458 -24%

- produção (t) 152.396 145.048 -5% 198.201 37% 226.421 14% 173.372 -23%

)��� � �- superfíciecultivada (ha)

404.287 374.783 -7% 385.776 3% 353.186 -8% 352.471 -0,2%

- produção (t) 280.826 197.483 -30% 370.377 88% 293.540 -21% 343.310 17%

0� � � �- superfíciecultivada (ha)

1.011.565 962.715 -5% 1.078.151 12% 1.030.511 -4% 1.035.884 1%

- produção (t) 2.674.350 1.523.638 -43% 3.261.000 114% 3.235.251 -1% 3.331.261 3%

6 � ��- superfíciecultivada (ha)

366.143 261.684 -29% 203.727 -22% 220.211 8% 217.266 -1%

- produção (t) 537.365 249.484 -54% 367.364 47% 435.208 18% 434.345 -0,2%

7����� �- superfíciecultivada (ha)

105.521 80.164 -24% 72.025 -10% 79.131 10% 61.004 -23%

- produção (t) 108.288 103.521 -4% 106.321 3% 100.651 -5% 74.147 -26%)RQWH��,QVWLWXWR�&HSD�

������ 2�VHWRU�DJURSHFXiULR�QD�5HJLmR�GD�$026&Em 1992 a produção bruta vendável relativa aos principais produtos agropecuáriosda região da AMOSC foi de 328 milhões de dólares. O setor agrícola gerou 46%deste total.

As principais culturas da Região da AMOSC, em termos de valor da produção,foram milho (22,4%), feijão (12,7%), tabaco (5,6%), soja (3,1%) e trigo (1%).Tratam-se de “ comodities” (exceto o feijão) os quais os andamentos de mercadosofrem variações de preço e volume a nível mundial. O gráfico 2.2 indica adistribuição do valor agregado agropecuário da região.

$QiOLVH�GD�&RPSHWLWLYLGDGH�GR�6HWRU�$JURDOLPHQWDU�GH�6DQWD�&DWDULQD��8PD�,QIHUrQFLD�D�SDUWLUGD�5HJLmR�2HVWH�GR�(VWDGR

16

*UiILFR����9DORU�GD�SURGXomR�DJURSHFXiULD�$026&�������

Frangos32%

Suínos14%

Leite5%

Outros*2%

Feijao13% Fumo

6%

Milho22%

Soja3%

Bovinos3%

7ULJR��8YD��0DQGLRFD��&HEROD��&DQD��%DWDWD��$UUR]�)RQWH��$026&�3%'5��

Na região encontra-se uma tendência clara na individuação de culturas com ummaior valor agregado que resultem aptas as características das terras e nãocontribuam ao processo de empobrecimento (frutas e hortaliças, por exemplo) quepossam sofrer atividades de transformação elementares para superar as barreirasdeterminadas pela distância e dificuldade de ligação entre a região e os maiorescentros urbanos e de consumo do país.

A produção de trigo é inacessível aos pequenos produtores que não estão emcondições de afrontar os ônus que a mecanização que este tipo de culturanecessita. O milho é orientado principalmente às atividades de criação avícola esuinícola que caracterizam a região, marginalmente é utilizada na criação bovina.

Na região da AMOSC, em 1992, a produção de soja foi de 74.508 toneladas, o detrigo de 18.783 toneladas e milho 929.570 toneladas. As principais áreas deprodução de trigo foram Pinhalzinho, Quilombo e Campo Êre, com 37,4% do totalda região. No caso da soja destacam-se Campo Êre, Caxambú do Sul e Chapecócom 48,7%. Por sua vez, Quilombo, Campo Êre e Chapecó são responsáveis por25% da produção total de milho da região.

$QiOLVH�GD�&RPSHWLWLYLGDGH�GR�6HWRU�$JURDOLPHQWDU�GH�6DQWD�&DWDULQD��8PD�,QIHUrQFLD�D�SDUWLUGD�5HJLmR�2HVWH�GR�(VWDGR

17

Segundo o estudo da EPAGRI, já citado, a partir do momento que a ofertaregional destas “ comodities” representa uma fração não relevante da produçãonacional, podendo ser aumentada sem influenciar o nível nacional de preços .

O cultivo de feijão tem uma grande importância para a região já que é compatívelcom a reduzida dimensão das unidades produtivas, não requerendo altos níveistecnológicos. Esta cultura é praticada por mais de 64% dos estabelecimentosagrícolas da Região Oeste, a maior parte do produto é originária de empresasrurais menores que 50 ha e são responsáveis por 90% da produção total. Aprodução de feijão somou 118.983 toneladas em 1992, concentrada em Chapecó,Palmitos e Quilombo com 33,8% do total.

Quanto ao tabaco, a região Sul é responsável por 90% da produção nacional.Trata-se de um mercado particular, fortemente influenciado pela conjunturainternacional. Assim, em 1993, quando atingiu recordes de produção e “ stock”internacionais, houve uma forte pressão negativa sobre os preços. As associaçõese organismos representativos dos países produtores determinaram uma redução de10 a 25% da produção mundial. Trata-se, então, de um mercado onde as margensde ação individuais são praticamente inexistentes.

A produção de tabaco na região da AMOSC em 1992 foi de 11.939 toneladas,concentrando-se em Palmitos, Cunha Porã e Caibi com 29,6% da produção total.

O atual nível tecnológico da produção agrícola regional é um fator muito limitanteda produtividade conseguida. A tabela 2.4 relaciona as produtividades atuais epotenciais das principais culturas e o percentual da produção do Estadoproveniente da região Oeste.

7DE�����3URGXWLYLGDGHV�DWXDLV�H�SRWHQFLDLV�GD�UHJLmR�2HVWH�&DWDULQHQVH�H�SDUWLFLSDomR�j�SURGXomRQDFLRQDO

CULTURA PRODUTIVIDADE/HA POT. DE PRODUÇÃO % DA PROD.NACIONAL

Milho 2730 kg 5000 kg/ha 6%Feijão 790 kg 1200 kg/ha 4%Soja 1500 kg 2200 kg/ha 2%Trigo 1200 kg 2400 kg/ha n.d.

)RQWH��(SDJUL�

$QiOLVH�GD�&RPSHWLWLYLGDGH�GR�6HWRU�$JURDOLPHQWDU�GH�6DQWD�&DWDULQD��8PD�,QIHUrQFLD�D�SDUWLUGD�5HJLmR�2HVWH�GR�(VWDGR

18

A tabela 2.5 relaciona a superfície cultivada, a produção e produtividade dotabaco, milho, soja e trigo no Estado de Santa Catarina e na região da AMOSC

As culturas nas quais a região fornece a maior contribuição são o milho e a soja,com 29% e 20% da produção estadual respectivamente, seguidas pelo trigo e pelotabaco. No que diz respeito a produtividade, a AMOSC apresenta resultadosinferiores à média do Estado, com exceção do milho.

Em relação ao Oeste Catarinense, a AMOSC apresenta produtividades superioresa média em todos os produtos, exceto para o trigo.

������ 2�VHWRU�]RRWpFQLFRO setor zootécnico é o setor fundamental da economia regional e é responsávelpor 48,9% da produção bruta vendida entre os principais produtos agrícolas daregião.

Em 1992 a região da AMOSC produziu 15.530 toneladas de carne bovina,203.918 toneladas de carne de frango e 77.542 toneladas de carne suína, porvalores, respectivamente, de 9.318, 106.305 e 44.975 milhões de dólares. Aprodução de leite levantada foi de 81.739 milhões de litros com um valor de16.126 milhões de dólares.

$QiOLVH�GD�&RPSHWLWLYLGDGH�GR�6HWRU�$JURDOLPHQWDU�GH�6DQWD�&DWDULQD��8PD�,QIHUrQFLD�D�SDUWLUGD�5HJLmR�2HVWH�GR�(VWDGR

19

7DE�����6XSHUItFLH�FXOWLYDGD�SURGXomR�H�SURGXWLYLGDGH��UHJLmR�$026&�H�6��&DWDULQD�������

CULTURA SANTACATARINA

AMOSC % AMOSC TOTAL DOESTADO

) �����- superfície cultivada (ha) 107.599 9.780 9%- produção (t 198.201 16.464 8%- produtividade (t/ha) 1,84 1,68

0� � � �- superfície cultivada (ha) 1.078.151 278.600 26%- produção (t) 3.261.000 929.570 29%- produtividade (t/ha) 3,02 3,34

6 � ��- superfície cultivada (ha) 203.727 42.435 21%- produção (t) 367.364 74.508 20%- produtividade (t/ha) 1,80 1,76

7����� �- superfície cultivada (ha) 72.025 17.470 24%- produção (t) 106.321 18.753 18%- produtividade (t/ha) 1,48 1,07

)RQWH��$026&�3%'5��,QVWLWXWR�&HSD�

$YLFXOWXUD

A produção brasileira de carne de frango teve uma forte expansão em 1995atingindo 4,06 milhões de toneladas, com um aumento de 19% sobre a quantidadeproduzida no ano anterior. A performance de Santa Catarina foi inferior aosvalores nacionais devido ao incremento em criações localizadas em outrosEstados.

Santa Catarina acresceu sua produção de 10,1% mas com uma redução de 18% emsua participação nacional não comprometendo, de qualquer forma, a sua liderançanacional.

Em 1989, cerca 80% da produção avícola do Estado estava concentrada na RegiãoOeste, não satisfazendo as necessidades de abate.

$QiOLVH�GD�&RPSHWLWLYLGDGH�GR�6HWRU�$JURDOLPHQWDU�GH�6DQWD�&DWDULQD��8PD�,QIHUrQFLD�D�SDUWLUGD�5HJLmR�2HVWH�GR�(VWDGR

20

Um confronto entre os dados relativos a consistência média anual das criaçõesavícolas entre 1990 e 1994 (mais de 75 milhões de unidades) e a média anual deabate do Estado (401 milhões de unidades) indica que a necessidade de produçãoavícola é satisfeita por outras áreas.

Passando aos dados relativos a produção nacional, calculando uma média deprodução entre 1990 e 1993 de mais de 610 milhões de unidades, resulta que 66%da produção nacional é abatida em Santa Catarina.

A produção da Região AMOSC é quase completamente absorvida pelo cicloprodutivo das grandes agro-industriais da região.

Os índices técnicos das produções mantém um bom grau de competitividade euma boa conversão alimentar, entre 1,8 e 2 Kg de ração por quilo de peso vivo.

6XLQRFXOWXUD

A produção brasileira de carne suína em 1995 mostrou um incremento de 11,5%em relação ao ano precedente, concentrando-se na região Sul, área tradicional deprodução suína, com uma quantidade de 1,45 milhões de toneladas.

A produção do Estado de Santa Catarina obteve um incremento de 14,2% emrelação a 1994, atingindo 450 milhões de toneladas, participando com 31% daprodução total nacional.

A constituição média do rebanho foi de 3.437.709 cabeças entre 1990 e 1993, comuma tendência crescente entre 1991 e 1993, e um incremento de 9,1% no últimoano.

A relação entre cabeças abatidas e matrizes é de 14:1, no caso dos criadoresintegrados às agro-indústrias é 15:1. A relação kg ração/Kg peso vivo é de 4:11.

%RYLQRFXOWXUD

A produção brasileira de carne bovina teve um incremento de 3,8% em 1994, comum volume estimado de 4,75 milhões de toneladas. Em Santa Catarina a produçãode carne bovina mostrou um comportamento melhor que em relação ao nívelnacional, atingindo 110.000 toneladas e um aumento de 5,8% em relação ao anoprecedente.

$QiOLVH�GD�&RPSHWLWLYLGDGH�GR�6HWRU�$JURDOLPHQWDU�GH�6DQWD�&DWDULQD��8PD�,QIHUrQFLD�D�SDUWLUGD�5HJLmR�2HVWH�GR�(VWDGR

21

No caso da bovinocultura de leite, vem sendo considerada por muitos umaatividade com potencialidades interessantes, mesmo que ainda não muitointensamente desenvolvidas seja na região da AMOSC que em outras regiões doEstado. Este fato é provavelmente ligado a presença de áreas especializadas quedesenvolveram e acumularam “ know-how” e em condições de produzir comcustos vantajosos, criando barreiras ao desenvolvimento da atividade em outrasregiões.

Entre 1990 e 1993 o rebanho médio de leite no Estado de Santa Catarinarepresentava 3% do total nacional. O volume de leite produzido representou umafração pouco representativa da produção nacional no mesmo período (1,7%)

���� )HQ{PHQRV�DVVRFLDWLYRV�QD�UHJLmR�$026&O Estado de Santa Catarina, em 1995, contava com um total de 178 cooperativas,das quais em maioria eram do setor agro-zootécnico (26,4%), seguido dascooperativas de trabalho (21,3%), crédito (19,1%) e de eletrificação rural (14,6%).

Como demonstra a tabela 2.6, as cooperativas que reúnem o maior número deassociados são as de eletrificação rural, mesmo sendo em número reduzido emrelação as cooperativas agro-zootécnicas, as mais numerosas (graf. 2.3).

*UiILFR����'LYLVmR�SHUFHQWXDO�GDV�FRRSHUDWLYDV�GD�$026&�

SHU�VHWWRUH�������

Abitativo2%

Consumo7%

Escolar10%

Trabalho21%

Eletrificação rural15%

Crédito19%

Agro-zootécnico26%

$QiOLVH�GD�&RPSHWLWLYLGDGH�GR�6HWRU�$JURDOLPHQWDU�GH�6DQWD�&DWDULQD��8PD�,QIHUrQFLD�D�SDUWLUGD�5HJLmR�2HVWH�GR�(VWDGR

22

7DE�����1XPHUR�GH�DVVRFLDGRV�SRU�WLSRORJLD�GH�FRRSHUDWLYD

NUMERO DE ASSOCIADOS

SETOR 1990 1991 1992 1993 1994

Agri-zootecnico 66.177 64.666 64.785 61.582 64.949Credito 29.659 36.479 42.034 49.391 46.129Eletrificação rural 104.721 108.711 114.888 102.963 125.894Consumo 43.266 42.047 39.284 38.455 42.879Trabalho 4.528 4.964 5.574 6.990 8.014Escolar 8.510 9.453 10.562 12.279 12.551Habitativo 825 792 244 576 665Total 257.686 267.112 277.371 272.236 301.081

)RQWH��3%'5�

O número de associados no setor agro-zootécnico não sofreu modificaçõesrelevantes, mantendo-se na média de 64.432 associados no período 1990-94 (graf.2.4).

���� 2�FUpGLWR�DJUtFRODAs atividades agrícolas de região da AMOSC sofrem, geralmente, de uma baixacapitalização. A situação é particularmente grave no caso dos agricultores inseridonas classes de baixa renda (aproximadamente 30% do total da região Oeste), quese encontram na impossibilidade de acumular parte da renda derivada da suaatividade de venda, devido ao seu reduzido valor e a sua variabilidade nosdiversos ciclos de produção.

A redução das quotas das “ comanditeis” , que baseiam a economia agrícola damicrorregião na safra 1994/95, agravaram ainda mais a situação já crítica deescassez de capitalização dos agricultores, impossibilitando-os de fazer frente aocusteio de safra sucessiva.

Os agricultores reunidos em cooperativas tem, geralmente, acesso ao crédito emcondições facilitadas em relação aos não associados O sistema bancário e decrédito deve ser considerado um núcleo fundamental para o desenvolvimentoeconômico da região.

$QiOLVH�GD�&RPSHWLWLYLGDGH�GR�6HWRU�$JURDOLPHQWDU�GH�6DQWD�&DWDULQD��8PD�,QIHUrQFLD�D�SDUWLUGD�5HJLmR�2HVWH�GR�(VWDGR

23

*UiILFR ����&RRSH UDWLYDV�DJUR�] RRWp FQLFDV���YDULDomR�GR �

Q~PH UR�GH �DVVRFLDGRV������������

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

1990 1991 1992 1993 1994

)RQWH��$026&�3%'5�

No setor agrícola é particularmente crítica a disponibilidade de crédito de custeio,além da disponibilidade de recursos financeiros para realizar investimentos delongo prazo que permitam melhorar a eficiência produtiva, a produtividade dasculturas e a homogeneidade qualitativa dos produtos. A isto se somam asnecessidades de garantias reais pedidos pelos bancos e as taxas de jurosencontradas atualmente no mercado, que contribuem ao agravamento da situaçãopara o acesso ao crédito por parte dos agricultores de pequena dimensão. Osbancos, também, julgam antieconômica a concessão de empréstimos de valoresmuito baixos, determinando uma nova dificuldade de acesso ao crédito por partedos pequenos agricultores.

Por motivos desta natureza é que para o setor agrícola são previstas, normalmente,formas especiais de crédito que se adaptam às exigências de capitalização para ocusteio agrícola. No caso de atividades agrícolas fortemente fragmentadas tais

$QiOLVH�GD�&RPSHWLWLYLGDGH�GR�6HWRU�$JURDOLPHQWDU�GH�6DQWD�&DWDULQD��8PD�,QIHUrQFLD�D�SDUWLUGD�5HJLmR�2HVWH�GR�(VWDGR

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formas de facilitação são orientadas prioritariamente às faixas desfavorecidas dapopulação, dentro de medidas mais gerais que tendem a criar amortecedoressociais.

Em alguns países o desenvolvimento da agricultura passou, entre outras medidas,por políticas que favoreceram, inicialmente, a compra de propriedades por partedos agricultores e levaram, recentemente, à constituição de fundos especiais degarantia para facilitar o acesso ao crédito. Desta forma, em caso de inadimplência,os institutos de crédito podem utilizar o fundo especial de garantia deempréstimos, ao invés de executar a dívida de um agricultor em temporáriadificuldade.

���� $�$JURLQG~VWULD������ $V�JUDQGHV�HPSUHVDV�GD�UHJLmRAs empresas agroalimentares da região da AMOSC precisam, como jámencionado na Introdução desta análise, de uma atenção separada principalmenteporque são de estruturas organizativas que não competem em um mercado localou nacional, mas global.

Estas dispõem de estruturas e mecanismos organizativos que lhes permitemresponder de forma flexível e pontual às mudanças nos cenários econômicosinternacionais, em relação as preferências dos consumidores, aos sistemas deprodução, logística e distribuição e a todos os componentes que se devemestruturar-se de forma orgânica, representam a fonte das vantagens competitivasdas empresas nos mercados nacional e externos.

Além dos fatores competitivos que caracterizam individualmente as empresas, éinegável que o desenvolvimento econômico da região seja indissoluvelmenteligado ao seu crescimento, transformação e a renda que garantiram aosagricultores associados.

A criação de suínos foi a primeira a se desenvolver na região da AMOSC. Nosanos mais recentes desenvolveu-se a avicultura que beneficiou-se de um níveltecnológico mais avançado, acrescido pelas experiências acumuladas nasatividades de criação e transformação da carne suína.

$QiOLVH�GD�&RPSHWLWLYLGDGH�GR�6HWRU�$JURDOLPHQWDU�GH�6DQWD�&DWDULQD��8PD�,QIHUrQFLD�D�SDUWLUGD�5HJLmR�2HVWH�GR�(VWDGR

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O sistema de integração dos agricultores com as agroindústrias foi desde o início,muito adaptado à organização rural da região, baseada nos microfundos, comatividades diferenciadas. A criação de suínos, e posteriormente a avicultura, seintegravam perfeitamente aos objetivos. A integração com as indústrias detransformação representou, sem dúvida, uma garantia de renda aos agricultores.

A partir dos anos 80 as grandes agroindústrias começaram a modificar as suasestratégias em relação aos produtores integrados. Em um primeiro momentopassou-se a internalizar algumas atividades de criação, com uma certa inversão doprocesso de integração, sucessivamente, reinterando interessante criar relaçõesprivilegiadas com um número relativamente constante de produtores de maioresdimensões.

É provável que esta seja uma das razões pelas quais o número de criadores desuínos vem se reduzindo na área da AMOSC, com a saída do mercado dosprodutores menores ou menos eficientes.

De acordo com a avaliação da EPAGRI, atualmente o número total de produtoresé de 20.000 unidades e 67.000 em 1980. Os dados indicam que, se em termosrelativos o número de criadores integrados na região Oeste está crescendo, onúmero absoluto está progressivamente reduzindo-se, diminuindoconsequentemente a disponibilidade de produzir renda do setor zootécnico paraum número crescente agricultores. A mesma fonte, EPAGRI, estima que no 2.000este número será de 10 a 20 mil unidades com um decréscimo de 70% em relaçãoa 1980.

Este fenômeno pode ser provavelmente explicado como um processo deracionalização das atividades das grandes empresas que tendem a aumentar aeficiência do ciclo produtivo, com o incremento da produtividade das criações e osmelhoramentos técnicos da matéria prima, que melhor se adaptam àscaracterísticas dos produtos nos mercados de consumo.

Sinteticamente, trata-se de um processo de racionalização dos custos necessáriopara a obtenção da maior estandardização possível da matéria prima através daredução dos criadores integrados e o aumento da dimensão média das criações.

$QiOLVH�GD�&RPSHWLWLYLGDGH�GR�6HWRU�$JURDOLPHQWDU�GH�6DQWD�&DWDULQD��8PD�,QIHUrQFLD�D�SDUWLUGD�5HJLmR�2HVWH�GR�(VWDGR

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������ 2�PHUFDGR�LQWHUQRAs principais agroindústrias que operam na região são a cooperativa Aurora e asempresas Chapecó, Sadia e Ceval.

Em seguida são apresentados alguns indicadores sintéticos sobre a Aurora,Chapecó e Sadia, onde pode-se individualizar com clareza a importância destasempresas para a economia da região.

As empresas que operam prioritariamente nos mercados de transformação dascarnes suína, avícola e, em menor intensidade, bovina e a produção de rações.Exemplos de diversificação encontram-se no caso da Sadia (produção de óleorefinado) e da Aurora (produção de sucos de frutas).

7DE�����,QGLFDGRUHV�HFRQ{PLFRV�GDV�HPSUHVDV�$XURUD�&KDSHFz�H�6DGLD

FATURAMENTO OCUPADOSCRIADORESAVÍCOLAS

CRIADORESSUINÍCOLAS

MILHÕES US$ INTEGRADOS INTEGRADOS

Aurora 186 4.363 921* 7.636Chapecò 282 4.730 784 1.350Sadia 2.784 32.767 5.680 8.470

'DWR�������WD[D�GH�FDPELR��5� �86��)RQWH��%DODQoRV�GDV�HPSUHVDV�

O mercado dos bens de largo grande consumo no Brasil sentiu positivamente osefeitos da estabilização derivados da introdução do Plano Real que reacendeu aconfiança dos consumidores, estabilizando o poder de compra com efeitospositivos sobre o mercado dos produtos alimentares.

Emergem, contemporaneamente, fenômenos comuns a outros países onde assiste-se ao nascimento, principalmente nos grandes centros urbanos, de um consumidoratento à relação qualidade/preço dos bens, então, menos fiéis em relação aos bensde marca.

O consumo per-capita de carnes avícolas no Brasil era de 26 kg em 1995, com umincremento médio de 14,2% entre 1990 e 1995, com um máximo de 23,9% em

$QiOLVH�GD�&RPSHWLWLYLGDGH�GR�6HWRU�$JURDOLPHQWDU�GH�6DQWD�&DWDULQD��8PD�,QIHUrQFLD�D�SDUWLUGD�5HJLmR�2HVWH�GR�(VWDGR

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1994. Em contrapartida, o consumo estadual de carnes avícolas, mesmo sendosuperior à média nacional, se manteve estável em 30 kg per capita/ano, durante omesmo período.

O crescimento do consumo nacional destas carnes pode ser explicado pelaimagem de saúde incorporada, em relação as carnes suína e bovina, mas tambémdevido ao seu mais fácil acesso por parte dos consumidores de menor renda quetendem a satisfazer suas necessidades de proteínas animais substituindo-a àscarnes suína e bovina, mais custosas.

No que diz respeito as carnes suínas, o consumo brasileiro per capita é maisreduzido (9 kg/ano em 1995) com um incremento anual de 5,8% entre 1990 e1995.

O consumo estadual em 1995 foi de 18,6 Kg e um incremento médio anualinferior a média nacional (3,5%), explicável devido ao maior nível de consumo,além da forte concentração da produção suína nos três Estados do Sul (63%).

Na América do Sul o Brasil se encontra em décimo lugar no consumo de carnesuína, sob forma de produtos transformados ou semi-transformados,diferentemente do que acontece com as carnes avícola e bovina.

Um fator limitante do desenvolvimento do consumo está que a carne suína não éconsiderada pelo consumidor brasileiro como uma fonte de proteína animalinserida regularmente na dieta semanal, mas muito apta aos aperitivos ou pratostípicos, como a feijoada.

O gráfico 2.5 indica a divisão do mercado interno entre os principais produtoresbrasileiros.

$QiOLVH�GD�&RPSHWLWLYLGDGH�GR�6HWRU�$JURDOLPHQWDU�GH�6DQWD�&DWDULQD��8PD�,QIHUrQFLD�D�SDUWLUGD�5HJLmR�2HVWH�GR�(VWDGR

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*UiILFR����,QG~VWULD�EUDVLOHLUD�GH�WUDQVIRUPDomR�GDV�FDUQHV�PDUNHW�VKDUH�������

Sadia27%

Perdigão16%Seara

10%Chapecó

8%

Aurora2%

Outros37%

)RQWH��1LHOVHQ�

Os dados relativos à divisão da produção entre o mercado interno e o externomostram com clareza como o verdadeiro ponto forte das empresa agroalimentaresseja atualmente representado pelo mercado interno com uma base potencial de 160milhões de habitantes, seja para as carnes avícolas quanto suínas (graf. 2.6).

Os dados mostram como as empresas do setor avícola viram crescer o seumercado interno em maior grau que o mercado externo (graf. 2.7), a continuidadedeste “ trend” poderia determinar a médio prazo o desenvolvimento de um maior“ know-how” a ser valorizado nos mercados externos.

O mercado das carnes avícolas parece ter sentido, por alguns aspectos, de maneiranegativa os efeitos do Plano Real, com um decréscimo das exportações em 1995,em relação ao ano precedente. Isto pode ser explicado com o destino das carnesavícolas às faixas de consumidores de menor renda e que demonstraram umamaior elasticidade das quantidades compradas em relação ao preço.

Também no caso das carnes suínas o mercado mais interessante é com certeza omercado nacional (graf. 2.8).

$QiOLVH�GD�&RPSHWLWLYLGDGH�GR�6HWRU�$JURDOLPHQWDU�GH�6DQWD�&DWDULQD��8PD�,QIHUrQFLD�D�SDUWLUGD�5HJLmR�2HVWH�GR�(VWDGR

29

*UiILFR����'HVWLQR�GD�SURGXomR�DYtFROD��PHUFDWR�H[WHUQR

YV��PHUFDWR�LQWHUQR

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1991 1992 1993 1994 1995*

Mercado Externo

Mercado Interno

�3UHYLVmR�)RQWH��$VVRFLDomR�3DXOLVWD�GH�$YLFXOWXUD�

*UiILFR����9DULDomR�DQXDO�GD�SURGXomR�DYtFROD�H�VHX�GHVWLQR�

PHUFDGR�LQWHUQR�YV��H[WHUQR

-20%

-15%

-10%

-5%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

92/91 93/92 94/93 95/94

Mercado Interno

Mercado Externo

TOTAL

)RQWH��HODERUDomR�1RPLVPD�VREUH�GDGRV�$3$�

$QiOLVH�GD�&RPSHWLWLYLGDGH�GR�6HWRU�$JURDOLPHQWDU�GH�6DQWD�&DWDULQD��8PD�,QIHUrQFLD�D�SDUWLUGD�5HJLmR�2HVWH�GR�(VWDGR

30

Graf. 2.8Destino da produção suína:mercado interno vs. externo

0200000400000600000800000

1000000120000014000001600000

1993 1994 1995

merc. externo

merc. interno

)RQWH��3HUILO�HPSUHVDULDO�GD�&KDSHFy�

Em relação às carnes avícolas, o mercado de exportação das carnes suínas sentiude forma mais consistente os efeitos do Real com uma diminuição das exportaçõesnão registrado para as carnes avícolas no mesmo período, sentido porém no anoseguinte (graf. 2.9). Isto é seguramente devido à circunstância que se tratam, emgrande porção, de carnes transformadas, destinadas a consumidores com ummenor grau de elasticidade das quantidades compradas em relação ao preço.

Esta constatação levou as empresas a modificarem suas estratégias em relação atipologia de bens oferecidos nos mercados externos, orientando-se a consumidoresmais exigentes e submetendo os produtos a mais intensas atividades detransformação.

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31

*UDI�����9DULDomR�DQXDO�GD�SURGXomR�VXtQD���PHUFDGR�LQWHUQR

YV��PHUFDGR�H[WHUQR

-8%

-6%

-4%

-2%

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

94/93 95/94

merc. internomerc. externoTOTAL

)RQWH��3HUILO�HPSUHVDULDO�GD�&KDSHFy�

������ 2�PHUFDGR�H[WHUQRAs carnes suínas apresentam, a nível mundial, os maiores índices de produção econsumo. A América do Sul tem, mesmo assim, uma quota de produção muitopequena da produção mundial (1,9%) (graf. 2.10).

O Brasil, além disto, apresenta uma forte concentração das exportações na zona deHong Kong (51,6%) e Argentina (29,3%), o que pode explicar o impacto negativodo Real.

As maiores exportações mundiais de carne suína são a Dinamarca e a Holandacom 25,3% e 22,3% do mercado mundial, respectivamente (graf. 2.11).

A principal empresa exportadora brasileira é a Sadia que com 26,5% do totalconfirma a sua liderança entre as empresas transformadoras de carnes, seguidapela Perdigão, Chapecó e Ceval (graf. 2.12).

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32

*UiILFR������3ULQFLSDLV�SDtVHV�H[SRUWDGRUHV�GH�FDUQH�VXtQD�������

Dinamarca25%

Canadá7%

Outros28%

Holanda22%Belgica

10%

França8%

)RQWH��3HUILO�HPSUHVDULDO�GD�&KDSHFy�

*UiILFR�����3ULQFLSDLV�iUHDV�GH�SURGXomR�VXtQD�������

Outros Países11%América do Sul

2%América do Norte15%

Ásia 50%

União Européia22%

)RQWH��3HUILO�(PSUHVDULDO�GD�&KDSHFy�

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33

*UiILFR������3ULQFLSDLV�HPSUHVDV�H[SRUWDGRUDV�GH�FDUQH�VXtQD�

�TXDQWLGDGH�������

Ceval13%

Sadia26%

Frangosul5%

Agroeliane11%

Perdigão20%Chapecó

16%

Outros9%

)RQWH��$%(&6�

Muito diversa é a situação do mercado das carnes avícolas nas quais o Brasil temuma posição de liderança, colocando-se em segundo lugar a nível mundial, logoapós os Estados Unidos, como principal área de produção e exportação, mesmo ajá citada queda das exportações no período 1994/95 (graf. 2.13, 2.14).

Entre as principais empresas exportadoras, a liderança é, como no caso das carnessuínas, da Sadia, seguida pela Perdigão e Ceval (graf. 2.15).

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34

*UiILFR�����3ULQFLSDLV�iUHDV�GH�SURGXomR�GH�FDUQH�GH�IUDQJR��������

China9%

Japão4%

México3% França

4%Brasil11%

EUA35%

Outros34%

)RQWH�86'$�

*UiILFR�����3ULQFLSDLV�SDtVHV�H[SRUWDGRUHV�GH�FDUQH�GH�IUDQJR�������

EUA34%

Holanda11% França

12%

Brasil13%

Outros14%

Hong Kong6%

Thailândia4%

China6%

)RQWH��86'$�

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35

*UDI�������3ULQFLSDLV�HPSUHVDV�H[SRUWDGRUDV�GH�FDUQH�GH�IUDQJR�������

Outras17%

Sadia28%

Perdigão24%

Ceval13%

Frangosul9%

Chapecó9%

)RQWH��3HUILO�HPSUHVDULDO�GD�&KDSHFy�

Mesmo que o Brasil mantenha uma posição importante no comércio internacionalda carne avícola, encontrando-se em segundo lugar após um colosso mundialcomo os Estados Unidos, os efeitos negativos do Plano Real sobre este mercado,poderiam comprometer, sem uma fase de acomodação, esta posição. Estaproblemática determina a necessidade de uma reflexão.

Se consideramos que o Brasil, mesmo sendo o segundo exportador do mundo,diferente do que acontece com os Estados Unidos, tem uma quota de mercado(13%) muito próxima aos seus dois diretos concorrentes: França (12%) e Holanda(11%); países que dispõe de mercado internos sofisticados, com capacidadeslogística e de distribuição muito avançadas e possibilidade de colocar no mercadoprodutos submetidos a processos de indústrialização mais complexos. Tratam-sede fatores que poderiam causar a erosão da quota de mercado brasileira, se osefeitos do Real induzissem a mudança da fonte de vantagem competitiva brasileiranos mercados externos, do preço a outras características do produto.

Já o mercado das carnes suínas parece ter resistido melhor aos efeitos davalorização da moeda nacional, depois do decrescimo do volume de exportaçãoem 1994. É possível, então, que a oferta de carnes transformadas no mercado

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internacional seja potencialmente competitiva mesmo se devesse superar adistorção da forte concentração das exportações para somente 2 países (HongKong e Argentina) com quase 81% do total, e intensificar as atividades deexportação de produtos orientados ao consumidor internacional.

Ainda, entre os principais exportadores de carne suína, absolutamente a maisconsumida no mundo, nenhum está localizado na América Latina, garantindo umespaço para que se ocupe uma posição líder por parte de um membro moMercosul para as exportações na área.

���� 4XDGUR�VtQWHVHA economia agro-industrial da região é fortemente caracterizada pelacontraposição entre as atividades das grandes agroindústrias e um setor agrícolaorganizado de forma tradicional que se encontra em dificuldades crescentes para aindividualização de possíveis linhas de desenvolvimento.

Se atores do calibre de Sadia, Chapecó, Perdigão e Ceval se confrontam emmercados complexos, fortemente competitivos, seja a nível nacional comointernacional, o setor primário apresenta ineficiência que se refletem nafragmentação das propriedades, na baixa mecanização cultural, insuficientepreparação técnica dos agricultores, falta de capacitação das atividades e conflitode uso das terras. Disto deriva a necessidade imediata de intervenções estruturaisna região.

As dificuldades indicadas estão tendo, inevitavelmente, repercussões a nívelsocial, empurrando fora do mercado as faixas de agricultores marginais, comconseqüente incremento dos fenômenos migratórios seja intra-estaduais que emdireção de outras áreas do País. isto determinou também um incremento dapopulação favelada em áreas sem infra-estruturas. O envolvimento das faixas maisjovens da população agravou o impacto social dos fenômenos migratórios.

As produções típicas da região se concentram em algumas “ commodities” (milho,trigo, soja, feijão, etc.) com dificuldades de organização da oferta e amplasoscilações da produção e da renda dos agricultores entre sucessivos ciclos decolheita. Tentativas de diversificações das produções foram efetuadas no setor

$QiOLVH�GD�&RPSHWLWLYLGDGH�GR�6HWRU�$JURDOLPHQWDU�GH�6DQWD�&DWDULQD��8PD�,QIHUrQFLD�D�SDUWLUGD�5HJLmR�2HVWH�GR�(VWDGR

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cítrico, produtos hortofrutícolas, além de algumas atividades elementares detransformação para a realização de produtos com maior valor agregado semtodavia atingir efeitos relevantes sobre a economia regional.

As atividades agrícolas trouxeram, em alguns casos, degradação dos recursosnaturais seguidos de fenômenos poluentes com agrotóxicos e fertilizantes,contaminação das águas com dejetos suínos, entre outros.

Além das atividades agrícolas, um ponto importante da economia regional érepresentada pela criação suína e avícola, onde se encontra a fortíssima influênciadas grandes agroindústrias sobre a economia da região. Na maioria dos casostrata-se de criadores integrados aos ciclos de produção das grandes empresas quefornecem o material genético e rações, indicando os standards de produção eutilizando em seguida os seus produtos.

A problemática das empresas de maiores dimensões é sem dúvida diferentedaquelas do setor primário e em muitos aspectos similar àquelas de outrasempresas tradicionais do setor. A dependência da economia regional de atoresdeste calibre poderia ter relevantes custos sociais no caso de mudanças naorientação produtiva das empresas. A eventual escolha de transferência de fábricasou criações em outras áreas do País ou concentrar a criação em um númerolimitado de criadores (escolha já encontrada por ao menos uma empresa), rendemprioritária a individualização de atividades que, sem menosprezar a contribuiçãodas grandes agro-indústriais ao desenvolvimento da região, possam representaroutras molas de desenvolvimento, comparáveis ao papel desenvolvido pelasgrandes agroindústrias até hoje.

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Capítulo Terceiro

OS SETORES INDUSTRIAIS RELACIONADOS COM AAGRINDÚSTRIA

Além da indústria agroalimentar, a região Oeste possui um tecido industrial depequenas e médias empresas que, mesmo se numericamente restrito, temdemonstrado nos últimos anos uma notável vitalidade e capacidade decrescimento.

Os setores de maior relevância na região são:

O setor dos minerais não metálicosOs setores da metalmecânica e eletrotécnicoO setor da madeira e mobiliárioO setor do vestuário

Neste capítulo serão evidenciadas as principais características do setoreletrometalmecânico, por sua relação com a agroindústria, e tecidas algumasconsiderações sobre as potencialidade turísticas, especialmente o turimo degastronomia.

���� 2V�VHWRUHV�PHWDOPHFkQLFR�H�HOHWURWpFQLFRO conjunto destes três setores compõem a mais ampla indústria metalmecânica ese caracteriza freqüentemente, nos países mais industrializados, por uma elevadaintegração com os setores da produção de bens de consumo e, geralmente, comoutras empresas manufatureiras, como fornecedores de sistemas industriaiscompletos, sejam estes de componentes, reposição ou serviços de manutenção.

O setor metalúrgico representa, entre os três considerados, o mais consistente emtermos de número de empresas. Internamente se subdivide nos setores daprodução de estruturas e peças em alumínio e de estruturas metálicas, com 27,2%e 32,5% das unidades produtivas respectivamente. Relevantes são também as

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produções das serralherias, funilarias e oficinas metalúrgicas que oferecemprodutos de chapas metálicas (tab. 3.1).

Cerca 70% das empresas do setor mecânico são especializadas na produção demáquinas para o uso agrícola e de máquinas e sistemas industriais em geral (quetotalizam 40,9% e 27,3% das unidades produtivas). (tab. 3.2).

7DE�����,QGXVWULD�PHWDO~UJLFD�9DORUHV�SHUFHQWXDLV���(PSUHVDV�

COMPOSIÇÃO PER MICRO SETOR

Artigos de alumínio 0,9Artigos de chumbo 0,9Artigos de cutelaria 5,3Artigos de zinco 0,9Artigos de calhas 0,9Estruturas de alumínio 27,2Estruturas em metal. 32,5Produtos de ferramenta 5,3Fabricação de fornos e cozinhas 2,6Fabricação de WHODV e alambrados 6,1Produção de tubos de metal. 1,8Produção de serramenta 14,9Fabricação de moldes 0,9

Total 100,0

)RQWH��HODERUDomR�1RPLVPD�VREUH�GDGRV�GR�&DGDVWUR�7ULEXWiULR�

7DE�����,QGXVWULD�PHFkQLFD�9DORUHV�SHUFHQWXDLV���(PSUHVDV�

COMPOSIÇÃO PER MICRO SETOR

Maquinas para uso agrícola 40,9Aparelhos para uso domestico 45,0Maquinas e sistemas industriais 27,3Partes e acessórios para uso agrícola 13,6Partes e acessórios para sistemas industriais 13,6

Total 100,0

$QiOLVH�GD�&RPSHWLWLYLGDGH�GR�6HWRU�$JURDOLPHQWDU�GH�6DQWD�&DWDULQD��8PD�,QIHUrQFLD�D�SDUWLUGD�5HJLmR�2HVWH�GR�(VWDGR

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)RQWH��HODERUDomR�1RPLVPD�VREUH�GDGRV�GR�&DGDVWUR�7ULEXWiULR�

Este setor tem uma particular importância em relação às potencialidades deintegração que se citava precedentemente. A indústria de construção de sistemaspara com outras indústrias, representa um papel estratégico para odesenvolvimento e capacidade inovativa dos setores industriais locais.Recentemente, a capacidade de desenvolvimento do próprio setor mecânicodepende, por sua vez, do nível de integração e cooperação interempresarialexistente entre os setores considerados. Entretanto, deve-se considerar que asempresas deste setor, atualmente, produzem partes com um nível tecnológico einovativo reduzido, enquanto sistemas industriais mais avançados são importados.

O setor eletrotécnico, com menor número de empresas, apresenta-se especializadoem produções de máquinas, aparelhos industriais e para a refrigeração (18,8%cada um) e, em poucos casos, na produção de sistemas de refrigeração e naconstrução de materiais elétricos em geral (tab. 3.3).

Enquanto as empresas do setor mecânico tem dimensões médias relativamenteelevadas, só 47,5% tem menos de 10 dependentes, nos setores da metalurgia eeletrotécnica, as empresas menores representam a parte principal do tecidoprodutivos, com um peso superior a 60%.

7DE�����,QGXVWULD�GH�PDWHULDO�HOpWULFR�H�HOHWU{QLFR�9DORUHV�SHUFHQWXDLV���(PSUHVDV�

COMPOSIÇÃO PER MICRO SETOR

Sistemas de refrigeração 18,8Maquinas e sistemas elétricos para industria 18,8Aparelhos elétricos para uso domestico 12,5Fabricação de material elétrico 12,5Fabricação de material eletrônico 12,5Fabricação de motores elétricos e baterias 12,6Acessórios para maquinas e aparelhos 12,5

Total 100,0

$QiOLVH�GD�&RPSHWLWLYLGDGH�GR�6HWRU�$JURDOLPHQWDU�GH�6DQWD�&DWDULQD��8PD�,QIHUrQFLD�D�SDUWLUGD�5HJLmR�2HVWH�GR�(VWDGR

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)RQWH��HODERUDomR�1RPLVPD�VREUH�GDGRV�GR�&DGDVWUR�7ULEXWiULR�

Do ponto de vista territorial as empresas do setor metalmecânico-eletrotécnico sãorelativamente concentradas nos principais pólos produtivos da região: Chapecó,Palmitos e Pinhalzinho. Este dado põe em evidência, parcialmente, a ligação entreo desenvolvimento industrial e a presença das empresas deste setor.

Entretanto, as entrevistas evidenciaram uma realidade ainda mais articulada doque emerge das estatísticas oficiais. Na região são relativamente poucas asempresas que realizam sistemas e componentes para as industrias do setoralimentar, mesmo que este seja o mais importante e desenvolvido: quase atotalidade dos sistemas industriais utilizados na região é importada de outrospaíses ou dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. A produção local é restrita,com poucas exceções, à produção de componentes e sistemas industriaisrelativamente simples.

As empresas do setor não parecem ter desenvolvido, até agora, formas deintegração seja em termos de subfornecimento (poucos são os casos em que asempresas trabalham para outras empresas locais) seja em termos de colaboraçãoao desenvolvimento de sistemas e componentes mais complexos.

Esta características evidenciam um dos principais limites do setor na região. Afalta de integração entre as empresas do setor ou complementares a este nãopermite o desenvolvimento de uma maior especialização entre as empresas e queadquiram um alto grau de flexibilidade produtiva. Tratam-se de fatores que nospaíses europeus demonstraram-se essenciais para que as pequenas empresaspossam realizar produtos tecnologicamente evoluídos e competitivos.

Do ponto de vista da tecnologia de produção, encontra-se a tendência de utilizartecnologias relativamente simples e organizar a produção sob critérios artesanais,com produtos de pequenas séries e sob medida para poucos clientes.

Muitas empresas parecem não ter procurado a estrada da especialização natipologia de produto, privilegiando a possibilidade de oferecer uma gamarelativamente ampla de produtos pouco sofisticados.

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As diversas características das empresas se traduzem em diversos formas deapresentar-se ao mercado.

As empresas menos especializadas e dotadas de uma organização tipicamenteartesanal se orientam à uma clientela local, freqüentemente constituída porconsumidores "finais", enquanto é reduzido o fornecimento a outras indústrias.

Foram encontradas também empresas que desenvolveram relações desubfornecimento relativamente estáveis com empresas locais da indústriaalimentar. Tratam-se das empresas que realizam sistemas ou partes para aindústria e que tem um mercado local especializado e potencialmente amplo.

���� $V�SRWHQFLDOLGDGHV�WXUtVWLFDV�GD�UHJLmRO turismo é um setor de atividade que apresenta na AMOSC interessantespotencialidades de desenvolvimento; que deveriam ser colocadas sob uma análiseprofunda para a identificação das prioridades de linhas de intervenção. O territórionão tem um intenso desenvolvimento turístico além dos fluxos oriundos dasregião limítrofes e que determinam um turismo espontâneo e não investido deatividades de valorização ou estímulo da demanda através de ofertes bemorientadas.

A região encontra-se, também, fora dos fluxos turísticos internacionais e suascaracterísticas naturais e ambientais são diferentes, mas não por isso mesmosinteressantes, da imagem turística que sobre o Brasil, vem difundidas no exterior,e que é em geral limitada a algumas áreas bem determinadas do País. Na regiãopode-se incentivar formas de turismo que nos últimos anos encontraramsegmentos de consumidores à procura de ofertas que estão fora dos standards doturismo tradicional. Uma demanda crescente está se orientando às experiênciastúristico-recreativas não destinadas ao público de massa, e que em geral sedesenvolvem sobre itinerários temáticos.

Para tais considerações, muitos países e regiões oferecem pacotes turísticos que searticulam em longos percursos gastronômicos, culturais, naturalísticos, artesanais,termais, esportivos e recreativos. É possível desta forma diversificar a oferta eincrementar os fluxos com efeitos benéficos sobre a economia da área.

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Tratam-se de ofertas muito diferentes entre elas e necessitam de aprofundamentospara estabelecer quais entre as formas de turismo específicas poderão trazermaiores benefícios para a região, com o planejamento da diversificação da ofertano tempo.

Não deve-se esquecer, porém, que a região detém recursos termais de ótimaqualidade que oportunamente valorizadas com infra-estruturas e serviços quepoderiam atrair um público consumidor particularmente interessado à cura docorpo e a procura de oportunidades que permitam o aumento do bem estar psico-físico individual.

Os itinerários gastronômicos ou artesanais necessitariam, para a sua definição,estudos específicos para individualizar as especificidades culturais da região,representando oportunidades relevantes para a valorização das raízes culturais daárea.

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Capítulo Quarto

AS CARACTERÍSTICAS DAS

PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS LOCAIS

���� 3UHPLVVDNesta sessão serão aprofundados os temas relativos às características das pequenase médias empresas que operam na região da AMOSC com base nas informaçõesobtidas durante as entrevistas realizadas com os empresários. O objetivo destasessão é evidenciar, através da análise das observações diretas, as potencialidadese pontos críticos desta tipologia de empresa.

A primeira missão de Nomisma permitiu aprofundar os aspectos qualitativos dotecido industrial de pequenas empresas principalmente sobre os elementos queseguem:

- os processos de crescimento da empresa;- as modalidades de gestão;- as características do processo produtivo;- a posição de mercado;- o nível e o tipo de relação entre empresas;- a integração com as instituições locais;- os limites e necessidades das empresas em relação a sua estratégia

empresarial.

A escolha da amostra, mesmo que não representativa do ponto de vista estatístico,permitiu individualizar diversos "tipos base" de empresas em relação aos setores(foram cobertos os principais setores industriais da região), à localização (todos os

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municípios do território) e a dimensão (consideradas sejam as microempresas queas empresas de média dimensão).

As empresas de grande dimensão do setor agroalimentar, mesmo que tenham sidoentrevistadas durante a missão, não foram incluídas nesta sessão, mas analisadasdentro de sua realidade no capítulo segundo. Esta escolha é justificada seja pelanecessidade de enquadrar as características destas empresas em um contextoespecífico do seu setor, ou, principalmente, de não analisar as características enecessidades de empresas de grandes dimensões e estruturadas, que tem sãobastante diferenciadas do presente objeto de análise.

���� 2V�SURFHVVRV�GH�FUHVFLPHQWR�GDV�HPSUHVDVA maior parte das empresas entrevistadas é de recente constituição, em muitoscasos estas empresas nasceram nos primeiros anos da década de 90 e as empresasmais consolidadas nasceram entre o final dos anos 60 e os primeiros anos 80.

As empresas entrevistadas são todas de pequenas dimensões. Em dois casossomente superam os 100 empregados, enquanto a maioria das empresas tem entre50 e 80 dependentes e, algumas das empresas entrevistadas tinham menos de 10dependentes.

Estes primeiros dados atestam uma forte dinamicidade e vitalidade do tecidoempresarial local, demonstrando ser capaz de realizar iniciativas produtivastambém nas áreas periféricas da região e municípios de vocação agrícola.

Entre as empresas entrevistadas encontram-se 4 casos de "empresas departicipação comunitária". Trata-se de uma forma de empresa que em algunsmunicípios da região tem funcionado como catalisador na criação de empresas,permitindo a passagem de muitos trabalhadores do primário ao industrialcombinados e, principalmente, difundindo a cultura empresarial.

Entretanto, em duas iniciativas utilizando este instrumento encontra-se uma fortetendência, através da criação de empresas, de procurar soluções rápidas para oproblema do desemprego, sem a preocupação prioritária com os fatores ligados àspotencialidades de sobrevivência e de crescimento da empresa. Neste caso, porexemplo, escolheu-se uma atividade com maior intensidade de trabalho sem ter

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avaliado a disponibilidade de oportunos conhecimento de mercado e produtivosou as exigências de eficiência produtiva.

A falta de visão estratégica nos percursos de crescimento que a empresa deveseguir é bastante confuso nas pequenas empresas observadas. Tal carência sereflete não só na escolha do setor de atividade mas, principalmente, nas estratégiascomerciais e gestionais que caracterizam a vida das empresas.

Esta carência também está presente nas pequenas empresas de paísesindustrializados, e não por acaso é considerado na Europa um dos principaisproblemas a serem enfrentados com as iniciativas de política industrial. Entretantoas debilidades estratégicas podem constituir um obstáculo ainda mais grave emalgumas realidades, como a brasileira. Enquanto na Europa as empresas tendem amodificar as próprias estratégias através de processos imitativos de modelos desucesso, no Brasil a tradição industrial não é ainda sólida para poder fornecer taismodelos informais de gestão e crescimento.

Todas as empresas de recente formação iniciaram as suas atividades emsegmentos caracterizados por barreiras a entrada de pequenas dimensões, seja emtermos de tecnologia como de capital inicial. Quanto a tecnologia, nota-se que asempresas escolheram processos produtivos de baixa intensidade de capital eutilizam tecnologias relativamente simples e tradicionais. Este critério de escolhapermite reduzir o capital inicial necessário para dar vida a empresa, evitando umdos principais obstáculos encontrados pelos empresários para o desenvolvimentode suas empresas.

���� $V�UHODo}HV�FRP�R�PHUFDGRA quase totalidade das empresas entrevistadas tem um mercado regional, isto é, aregião Sul do Brasil. Além disto, muitas empresas, principalmente aquelas dosegmento alimentar alternativos à transformação de carne, tem a quase totalidadede seu faturamento proveniente do mercado local, enquanto é muito poucorelevante os fluxos de venda orientados aos mercados vizinhos.

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Nas empresas mais estruturadas emerge com evidência a tendência de orientar-seaos mercados nacionais, constituído principalmente pelos Estados de São Paulo eRio de Janeiro, os dois mercados mais ricos e evoluídos do Brasil.

As exportações, por sua vez, são realizadas por poucas empresas e dirigidasprincipalmente para o Mercosul. Trata-se de um fato significativo determinadopela posição geográfica privilegiada da região Oeste, ponto natural de ligação comos países do Mercosul e principalmente com a Argentina, que é um dos mercadosmais promissores desta área de livre comércio.

As empresas entrevistadas demonstraram, em relação ao Mercosul, umadesconfiança generalizada que pode ser justificada pela baixa capacidade de geriras exportações (algumas empresas se apoiam a empresas de comercialização paraexportar), e também pela percepção das poucas oportunidades de desenvolvimentodos mercados latinoamericanos.

Mesmo que o mercado regional seja um dos mais desenvolvidos do País emtermos de demanda e ligações infra-estruturais, a forte dependência das empresaslocais deste mercado parece ser devido também a algumas falhas gestionais nasestratégias comerciais das empresas.

Inicialmente, encontram-se muitos casos de falta de conhecimento dos mercadosde destino e o “ target” de consumidores mais apto à tipologia de produtoproduzido pela empresa. Em geral, a produção é determinada por imitação e aconstituição de relações comerciais com os vários mercados segue, em muitosexemplos, percursos casuais ou imitativos.

Em segundo lugar, a relação com o mercado quase sempre passa pela mediação dorepresentante ou vendedor, mas que parecer não agir de forma integrada com aempresa porque esta não adota estratégias de venda definidas. O conhecimento doconsumidor final, dos canais de vendas alternativos e as tendências de mercadosão limitadas.

Também as vantagens competitivas sobre as quais os empresários baseiam a suaposição de mercado evidenciam as dificuldades de elaboração de estratégiascomerciais. Como citado anteriormente, os produtos são freqüentementerealizados por imitação e, então, as empresas não podem que basear a suacompetitividade sobre fatores de custo e de preço.

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Raramente, fatores como a qualidade, a capacidade inovativa e os serviços aosclientes tem uma relevância prioritária para os empresários entrevistados.

���� $V�UHODo}HV�HQWUH�DV�HPSUHVDVUm elemento característico das empresas locais é o alto nível de integraçãovertical adotados nos seus processos produtivos. Todas as empresas entrevistadasrealizam internamente todas as fases da produção e, nas empresas mais sólidas eestruturadas, iniciaram a realização de componentes complementares à produçãoprincipal e de serviços (como por exemplo os transportes).

Como resultado desta elevada propensão à integração vertical, na região são muitoraros os casos de empresas manufatureiras que realizam principalmente trabalhospara terceiros, mesmo que algumas empresas estejam empenhadas nestes tipos derelações com quotas muito pequenas de seu faturamento.

Esta situação não parece ser substancialmente diferente nas áreas de maiorconcentração de empresas, como Pinhalzinho ou Coronel Freitas, onde serianatural encontrar uma maior utilização da descentralização produtiva.

Entre as motivações mais freqüentes, determinadas pelos próprios empresáriospara explicar esta situação citamos:

- a falta de subfornecedores disponíveis;- a falta de empresas qualificadas para o subfornecimento.

A segunda explicação é freqüentemente citada pelas empresas quem tem iniciadorelações de fornecimento com empresas dos Estados vizinhos para componentesou fases de trabalho qualificadas. Este fato nos indica uma potencial demandalocal de subfornecimento que não é satisfeita pelas empresas da região. Não poracaso que encontra-se a intenção das empresas mais estruturadas de favorecer onascimento de novas empresas com a saída de seus dependentes especializados.

Trata-se de uma solução que pode encontrar consenso entre muitos empresáriosmas que se embate com os problemas de fonte de capital iniciais que, comoveremos a seguir, interessam todo o sistema local das pequenas empresas.

Entretanto, mesmo que existam muitos casos de empresários que sustentem nãoconhecer empresas dispostas a trabalhar para terceiros, foram encontradas

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empresas que declararam não encontrar empresas que demandem elaborações nãoconcentradas. Parece haver um problema de comunicação entre as empresas,mesmo dentro de áreas já industrializadas. Particularmente, falta às empresaslocais a capacidade de trocar informações que qualifiquem as suas capacidadesprodutivas e de identificar a tipologia de empresa mais apta a tais relações.

Ao lado dos problemas informativos, típicos de um sistema industrial recentecomo o caso em estudo, encontrou-se a presença difusa da desconfiança nadescentralização. O medo das imitações e favorecimento de potenciaisconcorrentes foi citado com freqüência nas entrevistas. Isto leva novamente aoproblema da cultura de empresa, que neste caso ainda não desenvolveu aconsciência das vantagens da especialização derivadas da descentralizaçãoprodutiva.

Um outro elemento interessante para as finalidades desta análise é representadopela demanda de serviços especializados, como o projeto e design ou marketing,gerada pelas empresa operantes no mercado nacional ou Mercosul e atualmentesatisfeita pelas empresas de São Paulo e Rio de Janeiro. Também este elementoevidencia uma lacuna no mercado local, ainda não compensada pelo nascentesetor de serviços às empresas, situado principalmente em Chapecó.

���� $V�UHODo}HV�FRP�LQVWLWXLo}HV�ORFDLVA relação entre empresas e o ambiente institucional local (que compreendem sejaa administração pública que instituições de amparo às empresas, como Câmarasde Comercio, Associações de Categoria) é um dos elementos fundamentais para odesenvolvimento de uma estratégia integrada de crescimento econômico. Atravésda capacidade de relação passa a possibilidade de reunir e integrar as iniciativasinstitucionais com as exigências das empresas.

Na evolução econômica dos sistemas de pequenas empresas na Itália, os atoresprincipais desta integração foram as administrações públicas locais,principalmente as prefeituras e administrações regionais, e as AssociaçõesEmpresariais, que fizeram a ligação entre as exigências do mundo produtivo e omundo político.

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Estas também são as exigências mais importantes na realidade região Oeste, sejaporque no sistema administrativo brasileiro não existem as regiões e as açõespúblicas passam diretamente do Estado aos Municípios, seja porque a tradição dedesenvolvimento desta região criou uma forte identificação social dos municípiose o território em geral.

O senso de identificação positivo com o próprio município agrega também algunslimites:

· os municípios são freqüentemente muito pequenos e dotados de escassosrecursos para poder ativar eficazes iniciativas de política industrial;

· os instrumentos administrativos de que pode dispor o município são aindapouco definidos no campo da política industrial, gerando freqüentementeincertezas e diferentes oportunidades de intervenção entre os diferentesmunicípios;

· a fragmentação que caracteriza o sistema administrativo local, divididoentre numerosos municípios, se reflete também no sistema associativo, quepor sua vez é dividido entre muitas unidades independentes.

Mesmo na presença destes limites as empresas parecem orientadas a formas decolaboração com as instituições locais e, na maior parte dos casos, aderem asassociações empresariais.

Além disto são conhecidas as instituições que oferecem serviços a nível local àsempresas, como SEBRAE e SENAI. Tratam-se de elementos positivos porquedemonstram uma boa visão de tais instituições e então oferecem a possibilidade deatingir facilmente as empresas.

���� 2V�REVWiFXORV�DR�GHVHQYROYLPHQWR�HPSUHVDULDO��R�FUpGLWRAs informações recolhidas através de perguntas relativas aos obstáculospercebidos pelas empresas permitiram identificar uma série de problemas queconstituem também uma lista de prioridade de ações a serem realizadas parafavorecer as pequenas empresas.

Em geral as empresas indicaram como obstáculo de maior relevância o problemada escassez de recursos financeiros e as formas de obtenção. A dificuldade de

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acesso crédito bancário, devido às altas taxas de juros e as garantias patrimoniaispedidas, foi citado por quase todas as empresas entrevistadas. Entretanto, taisdificuldades apresentam algumas diferenças de acordo com o tipo de empresa.

As empresas menores e, principalmente aquelas recentes, sentem de forma muitorelevante o problema do capital circulante. As dificuldades de entrada dos créditoscomerciais e o elevado custo as operações bancárias de desconto e financiamentoconstituem um estrangulamento que limita as capacidades gerenciais de exercícioe, no tempo, as possibilidades de poupança das empresas.

As empresas mais consolidadas, mesmo encontrando o problema da gestão docapital circulante, mostram mais freqüentemente dificuldades em darprosseguimento aos seus programas de investimento tecnológico. As fontes derecursos utilizadas mais freqüentemente são o autofinanciamento.

O problema da escassez ou dificuldade de acesso ao crédito tem dois diferentesaspectos: custo elevado dos créditos de curto prazo; e, dificuldade de encontrarcréditos de médio-longo prazo.

Além disto, parece relativamente pouco difuso o conhecimento dos programas deincentivo financeiro oferecidos pelos instituto de crédito para o desenvolvimento.

O conjunto destes elementos evidencia o problema da relação entre as empresas eagentes financeiros. As empresas demonstram uma desconfiança generalizada emrelação as oportunidades oferecidas pelas instituições e parecendo preferir oautofinanciamento à uma gestão de médio-longo prazo do próprio débito.

Esta desconfiança, como a dificuldade de satisfazer as necessidades dos institutosbancários em termos de garantias necessárias e de custo do dinheiro, derivatambém de uma cultura empresarial ainda falha na gestão administrativa e naprogramação dos investimentos. Ao mesmo tempo o sistema de crédito nãooferece sempre as soluções adequadas às necessidades das empresas. Um exemplomuito freqüente entre as pequenas empresas entrevistadas é a necessidade decréditos de curto prazo e baixo custo e créditos de médio-longo prazo de pequenassomas, ambas formas de crédito pouco praticadas pelos bancos, principalmenteem relação as pequenas empresas.

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���� 2V�REVWiFXORV�GH�GHVHQYROYLPHQWR�HPSUHVDULDO��D�IRUPDomRAlém dos problemas ligados ao fornecimento de recursos financeiros, as empresastem assinalado freqüentemente a falta de pessoal qualificado.

As qualificações das quais sente-se mais freqüentemente a falta são ligadas àfunção produtiva, a falta de operários especializados e técnicos de produção.

Este obstáculo são citados mais freqüentemente pelas empresas operantes nossetores madeireiro e mobiliário e mecânico. Como sabido, os custos da formaçãointerna de pessoal são relativamente mais elevados para as pequenas empresas,que caracterizam estes dois setores. Ao lado da constatação das dificuldadesespecíficas destes dois setores, emerge uma difusa necessidade de formaçãoorientada as exigências produtivas individuais das empresas. Neste contexto,como o da região da AMOSC onde não existe uma clara especialização produtivaalém do setor agroalimentar, uma demanda de formação fracionada é natural.Entretanto as empresas demonstram uma certa dificuldade de encontrarinterlocutores através dos quais poder satisfazer suas exigências. A instituiçãoprincipal que se ocupa da formação profissional no campo industrial é orientadoprincipalmente à demande genérica do setor agroalimentar. Além disto parecedifícil a esta instituição poder responder a uma demanda assim fracionada edescontínua devido aos elevados custos de gestão que comportariam.

Na região encontra-se também a falta de uma referência com a capacidade derecolher e orientar as exigências das empresas individuais criando umrelacionamento orientado para tornar mais econômica a intervenção de formação.Um papel deste tipo é desenvolvido, com referencia a experiência italiana, pelasassociações empresariais, mas implica também, neste caso, na criação de umaforte colaboração entre estas e os agentes de formação.

��� 2V� REVWiFXORV� GH� GHVHQYROYLPHQWR� HPSUHVDULDO�� $V� LQIUD�HVWUXWXUDV�GD�UHJLmRA infra-estrutura é um fator crítico para o desenvolvimento e consolidação dacompetitividade de uma nação ou região.

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Os fatores ligados à insuficiência da disponibilidade infra-estrutural podemfacilmente anular vantagens competitivas eventualmente conquistadas naprodução de determinados bens, até transformar-se em desvantagens comparadas,na avaliação de programas internacionais de investimento.

A isto se soma a liberação comercial que incrementou a facilidade e velocidade dedeslocamento de capitais destinados a investimentos com finalidades produtivas,facilmente investidos ou desinvestidos em relação ao melhoramento ou não dascondições do sistema-país nos quais determinadas atividades econômicas sãodesenvolvidas ou poderiam ser deslocadas.

Destas considerações emerge com clareza como seja crucial, no planejamento dodesenvolvimento de uma área, a existência de um nível infra-estrutural suficientepara afrontar a pressão competitiva do mercado internacional. A base destasafirmações está nas condições que se os capitais privados se deslocam com maiorfacilidade que no passado, através da monitoragem sistemática de todas asoportunidades que permita a redução dos custos de produção, atenção à qualidadee quantidade de infra-estruturas deve ser uma preocupação constante. É, então,necessário atingir o equilíbrio entre o estoque de capital público e privado adisposição dos operadores econômicos de forma a gerar externalidades positivaspara as atividades localizadas na área.

Empresários e managers brasileiros estão conscientes dos inconvenientes e doefeito vinculante do crescimento dos fatores que compõe o custo-Brasil (todas ascondições de ineficiência e insuficiência infra-estrutural e de serviços quedeterminam um aumento dos custos produtivos). Desta forma se propõe aosoperadores econômicos não somente a possibilidade de ganhar posições nomercado internacional, mas levando em consideração as dimensões do Brasil, aoportunidade de servir um mercado potencial, ou parte significativa deste, decerca 160 milhões de habitantes.

Se a necessidade para um país de possuir uma base infra-estrutural coerente comas perspectivas e a vontade de crescimento econômico é de imediata compreensão,não podendo ignorar a complexidade em que a evolução tecnológica e as áreasgeográficas a serem servidas tornam necessária uma base de investimentosconsistente.

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Esta é a razão que está induzindo a maior parte dos governos da América Latina aavaliar atentamente a possibilidade de privatizar uma parte das empresas públicasde serviços, pela dificuldade de enfrentar os investimentos infra-estruturaisexclusivamente com a utilização dos fundos públicos.

Trata-se de um processo similar ao que já aconteceu e ainda está acontecendo nospaíses do Sudeste Asiático, que se apoiaram a operadores externos, por exigênciassimilares.

Apresenta-se, porém, uma vantagem substancial em relação aos Países Asiáticos(que também tiveram um desenvolvimento formidável nos últimos anos). Mesmoque geridas de forma ineficiente, as infra-estruturas na América Latina não devemser construídas do nada, portanto, teoricamente, as exigências do setor poderiamser satisfeitas de forma mais rápida.

A situação atual reflete ainda os efeitos da crise de débitos que determinou umaredução dos investimentos infra-estruturais na América Latina e Caribe de 4,1% a3% do Produto Interno Bruto entre os anos 80 e 90. Neste mesmo período osPaíses do Sudeste Asiático estavam investindo, para as mesmas exigências, emmédia 4,7% do PIB.

De acordo com as avaliações do Banco Mundial, para recuperar acompetitividade, o território necessita de investimentos anuais correspondentes aUS$ 60 bilhões (cerca 4,5% do PIB), dos quais 25 bilhões somente o Brasil, quese encontra em um patamar de US$ 5 bilhões/ano destinados às infra-estruturas.

Mesmo com os operadores internacionais já operando na América Latina,permanecem fortes restrições para um maior investimento financeiro devido àlongo duração dos investimentos e conseqüentes longos períodos de recuperaçãodo capital, e da rentabilidade fortemente dependente da estabilidade da economiainterna do país onde é realizado o investimento.

Os serviços de utilidade pública são pagos pelo utilizador em moeda local, com osinconvenientes que isto pode gerar em termos de variação do índice de inflação,ou em relação à avaliação do maior risco global do investimento que faz aumentara remuneração garantida aos investidores no momento de recolhimento dos fundosde investimento. O mercado permanece, mesmo assim atraente se considera o

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sistema de infra-estruturas elétricas do Brasil, avaliado em US$ 120 bilhões, valorsuperior à capitalização da maior bolsa do País, São Paulo.

O ponto de equilíbrio entre as exigências dos investidores privados oposta à dosGovernos Locais baseia-se na avaliação do Banco Interamericano deDesenvolvimento, na qual os Governos deverão responsabilizar-se por 75% dosinvestimentos infra-estruturais fundamentais às necessidades futuras das regiões.

A seguir compara-se alguns indicadores infra-estruturais para a América Latina,Sudeste Asiático e Estados Unidos (tab. 5.1.).

7DE�����,QGLFDGRUHV�LQIUD�HVWUXWXUDLV���$PpULFD�/DWLQD��6XGHVWH�$VLiWLFR��86$

AMÉRICALATINA

SUDESTEASIÁTICO*

ESTADOSUNIDOS

Linhas telefônicas �FDGD������KDELWDQWHV� 69 50 545Defeitos telefônicos �FDGD�����OLQKDV�� 15 5 ndPop. com acesso à água ��� 83 45 ndPerdas de água ���VREUH�R�WRWDO�HURJDGR� 34 39 Ndkm de estradas (SRU PLOKmR�GH�KDE�� 670 231 14.172Perdas de eletricidade ���VREUH�R�WRWDO� 16 11 9

��$UJHQWLQD��%UDVLO��&KLOH��&RO{PELD��0p[LFR�H�9HQH]XHOD� �,QGRQpVLD��&RUpLD�GR�6XO��0DOiVLD��)LOLSLQDV�H�7DLOkQGLD�)RQWH��7KH�)LQDQFLHU�

2�WUDQVSRUWH�URGRYLiULR

O deslocamento dos produtos, semi-elaborados e matérias primas na Região daAMOSC utiliza essencialmente transporte sobre pneus. O território, mesmo tendoa disposição estradas federais e estaduais, além da malha municipal, possuiligações não ideais.

No caso da malha principal, a sinalização é insuficiente e encontra problemas demanutenção do piso viário, similares à malha intramunicipal. Consequentemente,amplos tratos de estradas necessitam de manutenção, principalmente em razão dasua importância (as vezes únicas) como artérias de ligação para a região. Oenvelhecimento do maquinário destinado a tais operações é conhecido e a compra

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de novos maquinários é muito honeroso, principalmente para as disponibilidadesfinanceiras dos municípios independentemente.

As exigências de pavimentação são motivos de reivindicação dos municípios derecente constituição, já que a falta de ligações rodoviárias adequadas é um fatorvinculante ao desenvolvimento destes municípios.

O tráfico rodoviário possui uma extrema variabilidade nos fluxos, com pontasmáximas de 8.000 veículos/dia na SC-480 (trevo BR 282 de a para Chapecó),3.406 veículos/dia na BR 282 (trevo com BR 158 de e para Maravilha), 3.116veículos/dia na SC 283 entre Águas de Chapecó e São Carlos e, 2.573 na SC 480que liga Chapecó ao Rio Grande do Sul.

Da análise destes fluxos deduz-se a importância das ligações rodoviárias dadiretriz leste-oeste entre Caibi e Chapecó, passando pelos municípios de Palmitos,São Carlos, Águas de Chapecó, Planalto Alegre e, mais ao sul, Caxambú do Sul.Atribui-se a intensidade do tráfico nas proximidades de Chapecó a importância docentro urbano para a economia regional, com a presença de importantes industriasde transformação agroalimentar, e a ligação com o Rio Grande do Sul.

A viabilidade menor, no território dos municípios, mesmo sendo essencial para amobilidade das pessoas e produtos nas áreas rurais, apresenta uma completaausência de planejamento (exceto nas zonas atingidas pelo programa demicrobacias). A falta de estradas asfaltadas traz dificuldades para prover de bensnecessários os ciclos produtivos anuais, como por exemplo a distribuição derações e a transferência dos produtos até os maiores centros de concentração daoferta, com conseqüentes elevados custos de transporte.

A dificuldade na ligação entre os maiores centros de consumo e as áreas rurais criafortes limitações ao transporte de produtos perecíveis, que tem rigorosasexigências logísticas. Este fato compromete a possibilidade para o território, deintraprender ou expandir a produção de bens perecíveis de maior valor agregadopara destinar aos principais mercados nacionais.

Os fluxos rodoviários sofrem também a sazonalidade determinada pelo transportede produtos agrícolas nos períodos de safra e fluxos turísticos nas estradas deligação com os Estados vizinhos.

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O desenvolvimento de uma rede rodoviária eficiente e homogênea para a Região éum fator crítico, além da intensificação do tráfego, pela possibilidade dedesenvolver fenômenos de "pendularismo", necessariamente suportados peloreforço dos transportes públicos com tarifas adequadas, em direção as centroseconômicos, excluindo Chapecó, como alternativa aos fenômenos migratórios.

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Chapecó dispõe de um aeroporto com uma pista de 2.500 m. de comprimento e 45m. de largura, área de estacionamento de 500m2 e conta com vôos comerciaisdiários. Em 1993 o número de passageiros transportados foi de 2.365 em 834 vôoscomerciais, e ainda realizaram-se 832 vôos militares e 699 vôos com aeroplanosprivados. Esta escala realiza ligações com Maringá e Toledo no Paraná, SãoPaulo, Porto Alegre via Santa Maria e Passo Fundo, Florianópolis via Lages, eCuritiba.

Para garantir uma maior freqüência de vôos e para que esta escala assuma maiordestaque são necessárias melhores condições de segurança e serviços.

2�WUDQVSRUWH�IHUURYLiULR

A região não possui tratos ferroviários. Encontram-se porém linhas ferroviárias aLeste, passando atualmente por Concórdia e a oeste na Argentina. Faz-senecessário estudos específicos sobre estas possíveis e potenciais ligaçõesferroviárias, contudo, avaliando atentamente os benefícios diretos envolvidos,além da viabilidade de conversão e integração com os atuais sistemas logísticosutilizados.

)RUQHFLPHQWR�KtGULFRO problema da disponibilidade e qualidade das águas é complexo e reúne diversosaspectos não somente ligados à disponibilidade e distribuição/fornecimento daságuas para uso doméstico e industrial, seja nas áreas urbanas como rurais, mas

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também ligado ao recolhimento e tratamento das águas residuais contendo dejetosindustriais, agrotóxicos utilizados nas atividades agrícolas e as elevadasconcentrações de coliformes fecais, o problema emergente ligado a atividade deprodução suína, além da necessária análise da idoneidade das redes de drenagempluvial e esgotos.

A rede hídrica da região é insuficiente para a cobertura das necessidades dapopulação, com efeitos particularmente graves no caso das exigências dosagricultores durante os períodos mais quentes, com a natural redução do volumenos cursos de água naturais. Também as redes urbanas nas áreas de maiordensidade populacional apresentam ligações insuficientes.

O problema da disponibilidade e controle da qualidade das águas são deresponsabilidade de todas as atividades e fases que permitem satisfazer asnecessidades hídricas da região. Parte-se dos problemas de poluição das fontes,passando por insuficientes sistemas de captação e distribuição até a necessidade dedepurar as águas de descarga, como indicado.

A concentração das atividades econômicas no setor primário e na agroindústriatornam quantitativamente relevantes os problemas ligados à descarga de dejetosanimais e efluentes industriais, além dos agrotóxicos, nos cursos de água e emproximidade de fontes.

As grandes industrias responderam de forma adequada aos requisitos normativosde proteção ambiental, minimizando o impacto das suas atividades sobre osrecursos naturais através de sistemas de tratamentos de rejeitos e uma corretadestruição dos resíduos poluentes.

Mais complexo é o controle das atividades poluentes por parte da agricultura. Alegislação parece ser insuficiente para evitar uma contínua degradação daqualidade dos recursos hídricos.

Juntamente com a carência no fornecimento e na proteção e controle da qualidadeda água, o sistema de recolhimento pluvial e esgotos é inadequado. Exceto umaparcial rede de 14 km no município de Chapecó, os municípios da região sãogeralmente destituídos de redes de esgotos, correspondendo à um aumento doproblemas de poluição das águas superficiais e subterrâneas. A isto se soma osistema de drenagem pluvial, além de ser insuficiente para as exigências dos

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municípios individualmente, apresenta uma série de ligações clandestinas deesgotos. Calcula-se que 90% dos municípios da região tenha emissões de esgotosna rede pluvial.

Uma outra fonte de agravamento da poluição hídrica são as descargas de resíduossólidos a céu aberto, freqüentemente próximos a cursos de água. Trata-se de umproblema complexo que compreende não somente o impacto ambiental doacúmulo de resíduos, mas também social das famílias que garantem sua rendaatravés da separação dos dejetos recicláveis no interior das descargas.Intuitivamente, os municípios com maior produção de dejetos sólidos são os demaior densidade populacional (Chapecó, São Lorenço do Oeste, Maravilha,Palmitos, Pinhalzinho e Campo Êre) que detém 79,3% do total.

O programa de saneamento básico de Santa Catarina representa um notávelesforço para melhorar o fornecimento de água a população e sistema derecolhimento e tratamento de esgotos em áreas com população entre 500 e 3000habitantes, Trata-se de um acordo entre o Banco Alemão Kreditanstalt FyrWiederafbau, o Governo do Estado e a CASAN.

O maior consumo de água encontra-se nos Municípios de Chapecó (341.409 m3),Saudades (136.000 m3), Maravilha (31.516 m3) e São Lourenço do Oeste (31.498m3).

O percentual de serviço nas áreas urbanas é muito variável, com situações ótimasem Guatambú, Nova Itaberaba e São Miguel da Boa Vista. Os percentuais maisbaixos encontram-se em Serra Alta (11,5%), Campo Êre (55,4%) e Maravilha(56,3%).

���� 6tQWHVH�GRV�SRQWRV�FUtWLFRVConjuntamente, as entrevistas às empresas permitiram fazer emergir os seguintespontos críticos:

· sistema econômico pouco integrado, com escassez de colaboração entre asempresas;

· debilidade comercial das empresas, ligadas aos mercados locais e com faltade controle do mercado de referência e dos canais distributivos;

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· reduzida capacidade projetual das empresas;· dificuldade de captação de recursos financeiros seja a curto que a médio-

longo prazo;· dificuldade na relação banco-empresa causado pela reduzida utilização e

desenvolvimento das técnicas gestionais e administrativas;· falta de um sistema de formação flexível e capaz de adequar-se a uma

demanda fracionada.

Mesmo que os pontos citados sejam comuns para a maioria das empresas, comintensidades diversas, as entrevistas e análise do tecido industrial local mostram aexistência de fortes diferenças entre as empresas. Sinteticamente, não pode-seconsiderar um tecido de pequenas empresas como um conjunto homogêneo, mastende-se em levar em consideração a existência de diversos tipos de empresas,cada um delas com exigências diferentes, gerando uma demanda diferente deserviços.

Na região podem-se distinguir três tipos básicos de empresas:

· micro e pequenas empresas, pouco estruturadas, com mercados locais ecom pessoal com experiências precedentes no setor;

· pequenas empresas com pessoal com uma maior experiência no setor,mercados locais e regionais;

· empresas estruturadas, com mercados regionais e nacionais, visãoestratégica e capacidade de projetar o desenvolvimento.

A individualização destas diversas tipologias e monitoragem das exigências emcada uma se torna então essencial para poder definir respostas adequadas aodesenvolvimento industrial.

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Capítulo Quinto

AS PROPOSTAS (A Estratégia Geral)

���� 3UHPLVVDEste capítulo tem por finalidade ilustrar um plano de ação de política industrialpara a região, que deverá ter as características de uma intervenção piloto.

O plano parte do reexame das áreas críticas emersas da análise a campo de formaa definir objetivos e ações. Neste capítulo será descrita a estratégia geral deintervenção, de promoção e auto-organização das forças locais em um pactoterritorial e de como desenvolver projetos de desenvolvimento. No trabalhooriginal ainda foram descritos os primeiros projetos sugeridos para a região, nãocolocados nesta presente publicação, mas disponíveis para consulta junto aoBRDE e FDRI.

���� 6tQWHVH�GDV�iUHDV�FUtWLFDVA análise sobre a situação econômica e institucional da região Oeste nesta fase deabertura econômica ressaltou numerosas áreas críticas em diversos níveis.

Podemos distinguir as áreas críticas em grupos que dizem respeito a:

- o sistema econômico geral da região;- o sistema agro-industrial;- os setores e as empresas industriais;

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- o sistema dos serviços e instituições;- o estado das infra-estruturas;- a intervenção pública.

Do ponto de vista do sistema econômico em seu conjunto, a região apresenta umdesequilíbrio ainda excessivo, orientando as atividades primárias, em particular aagricultura e a criação. Estas atividades são muito expostas aos efeitos da aberturaeconômica e da modernização e são destinadas a piorar seus preços relativos e aperder muitos postos de trabalho. Existe o risco de uma crise social e de um forteabandono do meio rural e dos pequenos municípios se, não se introduzirproduções a um maior valor agregado e se, não forem ativados processos dediversificação em atividades em condições de melhorar as potencialidades derenda e estabilizar o fenômeno migratório. Naturalmente, para tal objetivo étambém necessário disponibilizar, ou tornar facilmente acessíveis, os serviçosfundamentais para a produção e pessoas, também nas áreas rurais. Contrariamente,o êxodo rural poderá determinar uma concentração urbana muito forte emChapecó, que absorve já uma porção bastante elevada da população da região,com a degradação das áreas rurais e dos pequenos municípios, com umconseqüente desenvolvimento regional não equilibrado.

Nesta perspectiva de abertura, a posição da região não é muito favorável do pontode vista logístico, fora dos grandes eixos de comunicação. Chapecó não representaum nó de uma rede, mas sim, um braço em relação a rede costeira, que representaum pólo de atração principal. Falta uma rede que abra a região para outrasdireções, particularmente o vale do Paraná (Argentina) que ofererceria notáveisoportunidades para a região. Para manter a capacidade de desenvolvimento nestascondições, e considerando que os projetos para desenvolver estas ligações serealizariam a longo prazo, o Oeste encontra-se obrigado a desenvolver uma fortecompetitividade produtiva, capaz de gerar efeitos em todo o sistema social.

Entretanto, em relação ao sistema produtivo existem, e permanecem, diversosproblemas. Inicialmente, serão assinalados alguns importantes aspectos críticosem relação ao sistema agroalimentar.

A dimensão média das propriedades agrícolas é muito reduzida para poder serremunerativa na produção de commodities. Aproximadamente 30% das empresas

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agrícolas é atualmente considerada marginalizada e em risco de abandono. Aalternativa à concentração proprietária, pode ser para passagem a produções maisespecializadas, ou ainda através de eficientes mecanismos cooperativos. Alémdisto, os pequenos criadores que fornecem às empresas de transformação decarnes da região, encontram-se em uma situação totalmente subalterna, dominadospor um único cliente que estabelece, direta ou indiretamente, preços equantidades. A relação entre as grandes empresas de transformação e o território, élimitada às relações com os pequenos criadores e não oferece espaços decolaboração. Não existem também pequenas empresas de transformação nomercado ocupado pelos grandes grupos. O setor de carnes apresenta característicasoligopolísticas e pouco dinâmicas e não consegue transmitir mecanismos dedesenvolvimento autoproposivo a todo o território. A progressivainternacionalização deste setor pode levar a uma redução da ligação com osagricultores da região devido à possível abertura de novos canais de fornecimento.

A presença de outros setores (madeireiro, mecânico e vestuário) é quase marginale não em condições de determinar, ainda, a estruturação de sistemas em cadeiatipo distrito industrial. Tais setores são caracterizados por empresas frágeis edesestruturadas, muitas vezes presas na informalidade, não em grau de perseguirobjetivo, que não a própria sobrevivência.

As pequenas empresas apresentam as típicas debilidades determinadas peladimensão: baixa capacidade managerial, reduzidos recursos financeiros, baixacapacidade de penetração comercial, pouca capacidade de recolhimento deinformações inovativas e de utilizá-las para a melhoria de seus produtos,processos e organização. Esta debilidade, natural nas pequenas empresas, éacompanhada por um ambiente institucional, que apresenta algumas importanteslacunas na tentativa de fornecer suporte às várias necessidades das empresas. Doponto de vista do amparo financeiro, notam-se diversos pontos fracos na relaçãoentre a demanda e a oferta. O sistema financeiro, sendo constituído por poucosbancos de desenvolvimento, apresenta ainda certas dificuldades de responder àsexigências das pequenas e, especialmente, das micro-empresas. A maior parte dosprogramas de financiamento a médio-longo prazo concentra-se nas necessidadesde ampliação produtiva e modernização das empresas já existentes. Existe umesforço também para a criação de novas empresas (as vezes ultrapassando osistema financeiro, como as empresas de participação), entretanto faltam osinstrumentos mais simples, mas muito necessários para as pequenas empresas em

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suas primeiras fases de vida, como o crédito de curto prazo para o financiamentode capital circulante. A sensibilidade ao desenvolvimento local, neste ponto devista, é anulada pela avaliação do risco na concessão de crédito que empurram astaxas de juros e as garantias a níveis muito altos. A falta deste tipo de suportefinanceiro determina uma altíssima "mortalidade precoce" das empresas, ou ainda,a sua marginalização e prisão na informalidade, sem perspectivas de crescimento.Faltam programas de suporte às necessidades não expressas das empresas, quepodem melhorar sua competitividade. Em particular, encontra-se somente umprograma de apoio à inovação e nenhum para a cooperação entre empresas ouprocessos de internacionalização.

Do ponto de vista dos serviços não financeiros, observa-se novamente a falta deligação entre a demanda e a oferta. No oferecimento de serviços, existe uma forteconcorrência institucional, que acontece em ausência de coordenação, comfreqüentes sobreposições e, em alguns casos, baixa eficácia. É falho o mecanismode difusão das oportunidades de suporte às empresas, especialmente as pequenas,que normalmente deveriam ser desenvolvidos pelas associações empresariais. Pelomesmo motivo, existe freqüentemente a ausência de monitoragem e avaliação deprogramas e serviços realizados. Estes fatos encontram respostas maisfreqüentemente dentro das próprias instituições que não em relação àcorrespondência das respostas às exigências das empresas. Estas manifestam o nãoconhecimento ou pouco interesse em utilizar os serviços, considerados poucoaptos às suas capacidades. Deve-se também lembrar que o fornecimento de muitosserviços concentra-se em Florianópolis ou outros pólos do Estado, faltando acapacidade de organizar uma rede dos serviços centrais, e aqueles desenvolvidosnos diversos pólos de produção, baixando os custos da sua utilização.

Existe também um problema determinado pela excessiva fragmentação dasassociações de base local, que não dispõe de recursos suficientes para oferecer aosassociados serviços básicos de bom nível. Não conseguem também desenvolvercompetências específicas por tipologia de empresa, capacitando-se assim aoferecer ou canalizar os serviços apropriados.

Também do ponto de vista do desenvolvimento dos recursos humanos observa-seuma fraca ligação entre as iniciativas institucionais e as necessidades do sistemaprodutivo. A formação dos recursos humanos é um fator determinante para acompetitividade do sistema produtivo. Tanto mais o nível dos recursos humanos é

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inadequado, mais será frágil o sistema produtivo e exposto à concorrência. Osistema educativo e de formação apresenta diversas carências. Primeiramente, osistema de educação, mesmo tendo uma boa cobertura no primeiro grau, apresentauma forte queda da freqüência nas escolas de segundo grau, sendo que deveriamconstituir uma concreta preparação ao trabalho. Uma das possíveis causas destabaixa participação, é exatamente a falta de relações entre os institutos de ensino eo mundo do trabalho; sendo estes quase todos de cultura geral ou comerciais.Faltam escolas técnicas de tipo industrial. Uma solidificação das relações escola-empresa-trabalho, assim como Universidade-empresa-trabalho é decisivamentenecessária para elevar o nível médio dos recursos humanos.

Também, o sistema sofre com a falta de um mecanismo de formação profissionalflexível e capaz de responder à demanda fracionada típica da região. Seriainteressante uma maior comunicação entre empresas e instituições de formaçãoprofissional, em relação às exigências de novos atores, na requalificação, eorganização em rede das especializações técnicas difusas no Estado.

Do ponto de vista das infra-estruturas, além da exigência de abrir novas redesrodoviárias e desenvolver o transporte de mercadorias e também aéreo, énecessário o desenvolvimento das redes locais para reequilibrar o território ediversificar os pólos de desenvolvimento. Uma política para formação de núcleoseconômicos descentralizada é necessária, mas permace a necessidade de ummecanismo de coordenação entre municípios, principalmente entre vizinhos paraconcentrar esforços e recursos.

Por este motivo existe a necessidade de tornar a intervenção pública mais eficaz.A intervenção pública tem um duplo limite, de ser muito centralizador eburocrático no que concerne a oferta de serviços às empresas e muito fragmentadopara as iniciativas locais.

As instituições estatais no campo financeiro, dos serviços às empresas e daformação profissional não conseguem incorporar a flexibilidade necessária pararesponder positivamente às diversas e mutáveis exigências das empresas quemanifestam-se em um contexto econômico aberto.

A ausência de um nível administrativo intermediário entre o município e o Estadotorna-se problemático, quando trata-se de pequenos municípios e quando a nívelestatal não são definidos adequadamente os âmbitos de ação locais. A

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espontaneidade dos municípios individualmente leva à iniciativas fragmentadas enão coordenadas, além de custosas e ineficazes. É necessário desenvolver umaestratégia comum a nível regional, onde possa-se definir espaços de ação para osmunicípios individualmente.

Esta lista de pontos críticos indica a necessidade de uma ampla rede deintervenções, não todas realizáveis em breve prazo. Naturalmente, existemexigências de algumas soluções urgentes, principalmente aquelas que tratam dasconseqüências sociais de algumas transformações produtivas. Mas o que é maisimportante, neste contexto, é criar uma rede de instituições que possa alimentarautomaticamente a realização de projetos de desenvolvimento local ao longo dotempo, criando canais de comunicação contínua entre diversos atores locais,utilizadores e produtores de serviços.

���� 'D�DQiOLVH�j�LQWHUYHQomRA proposta que será aqui apresentada parte dos pontos críticos individualizadosoferece idéias e metodologias para supera-los no médio e longo prazo com açõesque podem iniciar imediatamente.

Deve-se ter a convicção que não existem intervenções milagrosas que possamresolver em pouco tempo todos os problemas. Não deve-se também esquecer queas condições de partida da região, mesmo que sejam melhores que a médiabrasileira, são bastante críticas. Uma consistente parte da economia e da sociedadeestão muito expostas ao processo de abertura e alguns custos de ajuste serãoinevitáveis. Além disto, a construção de baixo de um sistema produtivocompetitivo e socialmente sustentável, de um ambiente econômico favorável aodesenvolvimento e à iniciativa privada, requer uma ação constante sobre oterritório, constituída de ajustes e melhorias contínuas em base às respostas e àsexigências emergentes por parte das empresas.

A variedade de exigências que normalmente emergem em um sistema produtivoque se desenvolve em um contexto aberto e democrático indica que é necessárioconfrontar-se com uma realidade complexa. A complexidade não deve, porém, servista como um problema mas como uma riqueza. Quanto mais é dinâmica asociedade maiores são as formas de mercado que podem surgir no sistema

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produtivo. Não se pode ter um desenvolvimento que seja econômico e social seapenas uma restrita parcela da sociedade pode participar ativamente dacompetição e da produção da riqueza local.

É necessário então, predispor condições para a formação de um sistema produtivodiferenciado, isto é, composto por empresas com diferentes estruturas, dimensão,setor e natureza, cada uma com igual dignidade e com as suas possibilidadespeculiares de contribuir à economia local.

A própria diversidade pode favorecer uma maior cooperação entre as empresas. Édifícil a cooperação entre empresas, iguais enquanto empresas, com estrutura ecaracterísticas diferentes, é mais fácil encontrar a complementaridade. É, então,desta forma que será mais fácil a integração do sistema produtivo a nível local.

A diversidade dos modelos empresariais deve corresponder naturalmente a umaestrutura institucional e de representação também muito complexa. Organizar estacomplexidade em modo eficaz, para orientar as forças locais de forma a criarcontinuidade e competências de desenvolvimento do território através de ativaçãode alguns projetos piloto, é uma tarefa essencial à qual este projeto visa contribuir.

���� $�ILORVRILD�GD�LQWHUYHQomR������ $�PLVVmR�GD�LQWHUYHQomRA missão do projeto é IDYRUHFHU�R�GHVHQYROYLPHQWR�LQWHJUDGR�GD�UHJLmR�2HVWH�QRTXDGUR� GR� SURFHVVR� GH� DEHUWXUD� GR� 0HUFRVXO�� OLPLWDQGR� RV� FXVWRV� VRFLDLV� GRDMXVWDPHQWR� HVWUXWXUDO� H� DXPHQWDQGR� R� Q~PHUR� GRV� DWRUHV� HP� FRQGLo}HV� GHRIHUHFHU�XPD�UHVSRVWD�FRPSHWLWLYD�j�HYROXomR�GR�PHUFDGR�

Isto significa, tentar ativar um leque de forças de trabalho e de mercado locais, deforma que a resposta ao novo contexto competitivo possa envolver ao máximonível a população regional. Em particular, no contexto específico desta região, istosignifica encontrar, rapidamente, respostas aos efeitos da modernização daagricultura e do empobrecimento da população rural, sem conturbar o tecidosocial.

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������ 2�DSURFKHO aproche de política para o desenvolvimento, que é adotada neste projeto inspira-se na experiência européia, e mais particularmente italiana, através de um dosexemplos regionais de maior eficácia, o da Região Emilia-Romagna.

A referência à experiência européia é relevante porque o "subcontinente" europeuviveu uma longa e progressiva experiência de integração econômica, iniciada poruma união alfandegária em 1957, para atingir a União Européia que se estáconcretizando neste período. Contemporaneamente, a Europa representa o maisvisível exemplo de desenvolvimento difuso e integrado, que tenta conjugarcrescimento econômico, competitividade e coesão social e atingiu um bomequilíbrio entre centros urbanos e periferia. A Itália, entre os países europeus, foi opaís onde houve a maior relevância das iniciativas "de baixo", isto é, da sociedadecivil em promover o desenvolvimento econômico, e a região Emilia-Romagna foia que demonstrou a maior capacidade de auto-organização espontânea.

Naturalmente não tenta-se reproduzir integralmente as mesmas estruturasorganizativas e legislativas, ou as mesmas condições ambientais italianas. Aexperiência italiana pode ser um modelo no qual inspirar-se, mas que deve seradaptado às condições locais, através da identificação dos problemas e oenvolvimento das forças locais.

O ponto fundamental deste aproche é o desenvolvimento "de baixo", isto é, odesenvolvimento baseado em iniciativas idealizadas e gerenciadas a nível local erealizadas através da mobilização dos principais atores sociais e econômicosoperantes no território e a sua colaboração. Substancialmente, são necessáriosmecanismos que ativem uma mobilização social coletiva para o desenvolvimento,que deveriam manisfestar-se através de canais administrativos, institucionais eprincipalmente as associações econômicas e sociais livres.

A experiência européia indica que o desenvolvimento "de baixo" pode acontecerse for criado um contexto de confiança e condições facilitadas ao mercado denovos atores e para o seu crescimento.

Tal aproche implica as seguintes considerações:

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- o desenvolvimento das pequenas empresas, especialmente se originárias doterritório, tem um papel crucial na estratégia do desenvolvimento localporque este modelo pode envolver mais eficazmente toda a comunidadeem um crescimento competitivo de longo prazo e pode amenizar o impactodas crises industriais;

- promover este modelo de desenvolvimento necessita de ações nãodiretamente sobre as empresas, mas sim sobre o ambiente no qual operam.Isto significa que são promovidas condições que facilitem e tornemmenores os custos e riscos da emprenditorialidade individual e dacooperação entre as empresas;

- analogamente, são individualizados e eliminados os obstáculos eincentivos negativos ao nascimento e crescimento das empresas,particularmente para a realização de infra-estruturas produtivas e civisbásicas e das relações das empresas com o sistema financeiro, o sistemaburocrático-administrativo, o sistema social, o mercado do trabalho, osistema educativo e de pesquisa. Para contribuir a tal, é necessária a açãodas "instituições intermédias", isto é, instituições de natureza pública ouprivada com forte contato com as empresas e que possam contribuir a abrire consolidar estas relações, transmitindo desta forma às pequenasempresas a idéia de dignidade e importante papel social e não de atoresmarginais, reforçando seu sentido de identidade e de participação.

- deve-se favorecer e promover a cooperação entre empresas, seja para criarrelações complementares, seja para desenvolver "bens coletivos" (club),especialmente funções difíceis de realizar em uma pequena empresa:comercialização, pesquisa e experimentação e formação de recursoshumanos;

- é necessário criar uma abertura efetiva que permita à região sair do seuatual isolamento, utilizando recursos de outras regiões e oferecendo suasespecializações, trocando experiências e práticas de sucesso.

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A intervenção, no seu conjunto, e os projetos aqui propostos baseiam-se emalguns princípios guia em termos de metodologia de política industrial.Particularmente, evidenciam-se os seguintes aspectos:

1. É necessário melhorar a base informativa. As ações de política industrial anível local devem basear-se em um profundo conhecimento da situação,dos problemas e das necessidades das empresas e do território. Na região, abase estatística-informativa é ainda insuficiente para fornecer aosresponsáveis da política industrial elementos suficientes e indicadores paraponderar as intervenções a serem realizadas.

2. É necessário monitorar as intervenções realizadas e avaliar o sucesso, oimpacto e o grau de deslocamento dos objetivos pré-fixados e reorientar asações e as estruturas de forma mais adequada para atingir os resultadosesperados.

3. É necessário um alto nível de acordo entre as empresas e instituições paraevitar que intervenções sejam excessivamente impostos "do alto" ou, noextremo oposto, excessivamente subordinados aos interesses imediatos dasempresas e perdendo assim a finalidade pública.

4. É necessário coordenar as iniciativas de política do território. Pode existirum espaço de ação autônomo por parte dos municípios ou outros atores,mas dentro de um quadro de atuação comum. Deve-se então evitar queexistam excessivas iniciativas divergentes, não econômicas e nãoparticipativas a uma política de desenvolvimento da região no seuconjunto. Coordenar as ações significa torná-las eficazes, economizandorecursos públicos e reforçando os mecanismos para atingir os objetivos.

������ 2V�REMHWLYRVEm base a análise efetuada na região e a identificação das áreas críticas foramindividualizadas as exigências mais urgentes para a área, que se traduzem emalguns objetivos principais:

1. Aumentar a população de empresas. Esta é a única forma de criardesenvolvimento e ocupação em um contexto competitivo onde torna-se

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indispensável uma intervenção estatal de grande impacto ocupacional.Precisa-se estimular a emprenditorialidade, a criação de empresas locais eatrair empresas externas. Neste objetivo inclui-se a exigência da emersãodo setor informal da economia, que representa a principal fonte deemprenditorialidade. Além disto, existe a necessidade de favorecer umamaior diversificação da economia local, que até este momento permanecemuito dependente da agro-industrial e oferecer alternativas de ocupaçãopara trabalhadores da agricultura.

2. Aumentar a extensão do mercado. É necessário convencer as empresasexistentes de que o mercado local não é mais suficiente e que é sempremuito arriscado, já que está sempre exposto à penetração de concorrentesexternos, seja para produtos agrícolas ou industriais. Consequentemente, énecessário desenvolver a venda dos produtos em outros mercados, noBrasil e exterior. Seja para reduzir o risco da concorrência, seja paraaumentar as possibilidades de crescimento.

3. Melhorar a competitividade das empresas. Não pode-se operar em ummercado aberto e pensar no aumento da extensão do mercado sem quemelhore a competitividade das empresas. Isto significa que deve aumentara eficiência das empresas, seu grau de especialização, o nível tecnológico,a qualidade dos produtos, as competências técnicas e organizativas dosempresários e dos demais recursos humanos, relevantes ao processo deprodução.

4. Manter um equilíbrio territorial entre o centro e periferia. Isto é muitoimportante para preservar um papel relevante para os pequenos centros,para não abandonar a ocupação e o controle sobre o território e para evitaruma excessiva concentração urbana e riscos de migração para asmetrópoles brasileiras. Este fato favorece uma maior coesão socialdescentrada e pode contribuir para criar mais facilmente "microambientes"favoráveis ao desenvolvimento "de baixo" e à coexistência de atividadesagrícolas e pequenas empresas industriais.

Perseguir estes objetivos, concretiza-se em uma vasta possibilidade de açõespráticas e contínuas no tempo, através da mobilização das instituições e das forçaslocais.

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������ 2�FDPSR�GDV�SRVVtYHLV�Do}HVAs ações concretas que podem ser individualizadas para perseguir estes objetivossão muitas. Nos casos onde se desenvolveram sistemas de pequenas empresas comcondições de garantir o dinamismo econômico e a estabilidade ocupacional sãofrutos de processos históricos que vem se acumulando, por muitos anos, deintervenções a nível macro e local.

No que concerne o objetivo de promover o nascimento de novas empresas, asações necessárias são numerosas. Deve-se remover os vínculos que representamobstáculos a uma maior espontaneidade empresarial: o vínculo de acesso aosrecursos financeiros e de crédito; o vínculo de conhecimentos técnicos através dosquais as empresas são criadas; os vínculos burocráticos e de processo; os vínculosinfra-estruturais para os sediamentos, o transporte e a comunicação; o vínculo domercado e da concorrência, que geram temor e incertezas em potenciais novosempresários.

Todos estes vínculos podem ser superados com ações que criam um contexto deconfiança coletiva, que dêem a sensação aos antigos e novos empresários queencontram-se em um sistema pronto para ajudá-los a cooperar. O inicio das açõese a criação de atores que facilitem o acesso à microcréditos bancários,intermediem sua relação com a burocracia e com as autoridades para simplificar asobrigações e procedimentos e criar infra-estruturas apropriadas, que melhorem atroca de informações e recursos humanos entre o sistema escolar e a industria e adifusão dos conhecimentos técnicos e gerenciais podem ser de grande impacto amédio-longo prazo, mas necessitam de uma forte dedicação para proporcionar osfreqüentes ajustes e correções.

Da mesma forma, com relação ao objetivo de aumentar a extensão do mercado,pode-se promover ações simplesmente informativas às empresas, açõespromocionais e feiras, até a criação de iniciativas consorciais ou empresasconjuntas, para enfrentar custos comerciais. Para melhorar a competitividade dasempresas pode-se promover ações de formação de recursos humanos seja paraaspectos técnicos ou gerenciais, realizar centros de serviços para o controle e acertificação de qualidade e para a promoção de inovações tecnológicas, constituirmarcas para a proteção de produtos, etc.

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Finalmente, para o objetivo do equilíbrio territorial existem algumas ações poucocustosas, baseadas na "vontade", como por exemplo a ativação de um mecanismode troca de informações e uma maior coordenação entre as ações dos municípios.Existem também ações muito custosas e empenhativas, como a realização deinfra-estruturas descentradas de forma equilibrada e garantindo assim um fácilacesso aos serviços sociais também nos centros menores.

De fronte a esta ampla variedade de ações é parcialmente onde se quer chegar comeste projeto. Este não pode chegar à esta última fase de realizar específicas infra-estruturas e serviços. Este é um papel que deverá ser desenvolvido pelosmunicípios, devidamente suportados pelo Governo do Estado e Federal e com acontribuição de urbanistas, engenheiros e expertos em questões sociais. Nestaesfera, este projeto limita-se a recomendar um reforço da coordenação regional esolicitar uma forte atuação das administrações.

Sobre os demais tipos de ações, o projeto pretende indicar como organizar osatores locais e as primeiras iniciativas a serem trabalhadas.

Obviamente, não se pode realizar tudo e resolver todos os problemas em curtoprazo. É necessário agir imediatamente, mas dentro de uma ótica de longoperíodo, na qual ativar, continuamente novas intervenções de acordo com asnecessidades que emergem e juntando continuamente as intervenções em ato deforma a que respondam adequadamente aos objetivos pré-fixados.

������ $�LQIUD�HVWUXWXUD�LQVWLWXFLRQDO�GD�LQWHUYHQomREsta intervenção pretende propor projetos concretos factíveis referidos àsexigências mais urgentes neste momento, mas também julga essencial constituirmecanismos institucionais que dêem continuidade as ações de política,particularmente através do diálogo institucional e do desenvolvimento dacapacidade auto-organizativa das associações de empresas. Sem recolocar estesprojetos em uma rede institucional adequada, arrisca-se muito facilmente oinsucesso.

Nas regiões italianas de maior sucesso, a rede institucional-social existia e nãonecessitava ser construída através de projetos específicos. No caso da região oeste,

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este processo de "costura" entre instituições públicas e formas de organizaçãoespontâneas das forças econômicas e sociais, é necessário, e deve ser organizadocom apropriadas iniciativas, que podem acelerar os tempos de consolidaçãoinstitucional com o conseqüente aumento da eficácia das políticas dedesenvolvimento.

O conceito ao qual deve-se fazer referência, também experimentado na Itália, é o"pacto territorial". Entende-se por pacto territorial o encontro, em um contextoorgânico comum, dos atores de natureza diferente (administrações, instituições deserviço, associações, etc.) atuantes no território, com o objetivo de tornar maiseficazes as políticas de desenvolvimento. Um pacto territorial, para poder sereficaz e não resumir-se exclusivamente em um evento político, deve ter osseguintes requisitos:

1. deve mobilizar os diversos atores em torno de uma "idéia guia";

2. deve poder contar com a empenho destes atores também na fase projetual;

3. deve definir um projeto que seja orientado ao desenvolvimento dasatividades produtivas de um território;

4. deve prever a realização do projeto em tempos definidos;

5. deve prever a "criação" de um ente gerenciador que expresse o acordo e aunião dos atores envolvidos.

Para que uma iniciativa deste tipo possa ser eficaz são necessárias algumascondições consideradas ideais:

1. A dimensão do território. Não deve ser muito extensa, como poderiarepresentar aquela constituída por todo o Estado de Santa Catarina, ondetorna-se difícil individualizar os interesses comuns e desenvolver a coesão;nem mesmo pode ser excessivamente reduzida ao nível municipal porquepoderia levar a uma fragmentação das intervenções. A dimensão territorialideal é intermediária, como o caso da região Oeste, que consente deidentificar um projeto comum entre seus diversos componentes e depromover sua coesão.

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2. A composição dos interesses. Os atores envolvidos devem representarinteresses particulares diferentes que podem tornar-se complementares,orientados a um objetivo comum.

3. Envolvimento da sabedoria local, que podem fornecer um enriquecimentode competências e de cultura, internas às componentes do pacto.

4. A hierarquia dos interesses deve ser clara e orientada ao desenvolvimentointegrado do território. Os interesses particulares e todas as intervençõesespecíficas, incluindo as infra-estruturais, devem ser concebidas em funçãodo objetivo central.

5. Empenho dos envolvidos, como forma de assumir específicasresponsabilidades.

6. Mobilização dos recursos financeiros disponíveis a nível local, sejam estesde fontes públicas ou privadas e, a definição das quotas de co-financiamento.

7. A duração e os tempos de realização dos projetos individuais, que devemser o mais definidos possível.

Este tipo de organização a nível territorial oferece notáveis vantagens epotencialidades de desenvolvimento Inicialmente, é favorecido o apoio aocrescimento dos atores do mercado e os atores sociais a nível local, queposteriormente podem exprimir uma demanda de crescente eficiência e eficáciadas intervenções, e ser um estímulo às administrações locais. Em segundo lugar,reforça-se a vontade de projetar o desenvolvimento local, pressionando os níveissuperiores de governo para que acompanhem com medidas em sintonia, asdeterminações "de baixo". Ainda, com a constituição deste novo ator originário daação conjunta e acordada dos diversos protagonistas locais, pode-se promover umprocesso de aprendizagem coletiva sobre como organizar as ações para odesenvolvimento. E, finalmente, é facilitada a realização de projetos públicos oupor parte de organismos internacionais no território devido à presença de umaúnica interface local em condições de catalisar todas as forças e interessesespecíficos.

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Naturalmente, existem alguns fatores críticos que podem limitar a eficácia desteinstrumento, que são:

1. a debilidade dos atores econômicos e sociais presentes a nível do território,mais particularmente, associações de representação das empresas e outrasformas de organização civil;

2. a falta de preparo das instituições locais às responsabilidades de fornecerserviços para a qualificação do ambiente local e para a promoção de novasatividades;

3. a debilidade do quadro nacional e estadual do ponto de vista institucional,programático e financeiro;

4. os mecanismos de divisão dos recursos públicos para favorecer asintervenções propostas.

O empenho dos promotores e projetistas de um pacto territorial deve concentrar-sena tentativa de remover ou limitar o impacto destes fatores que constituem umobstáculo ao seu sucesso.

������ $OJXPDV�LQGLFDo}HV�JHUDLV�GH�SROtWLFD�SDUD�R�*RYHUQR�GH�6DQWD�&DWDULQDO objetivo de remover alguns destes fatores que podem prejudicar ou limitar aspossibilidades de sucesso deste projeto piloto, e para criar um contexto geral maisfavorável, seria muito oportuno que as ações no território do Oeste fossemacompanhadas por algumas ações a nível do Governo Estadual.

Não deve-se esquecer que este é um projeto orientado a região Oeste de SantaCatarina, mas tem uma relativa validade para todo o Estado (e talvez para outrasregiões do País). Como definido inicialmente, trata-se de um projeto piloto quedeveria: a). representar a linha guia das intervenções locais na região para ospróximos anos; b). constituir um exemplo ao qual possam inspirar-se outrasregiões do Estado, nesta fase de rápidas transformações.

O governo de Santa Catarina (e obviamente, também o Governo Federal) deveriaincentivar estas ações "de baixo" e estas tentativas de auto-organização (como tem

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efetivamente agido através de: SDM e Secr. Qualidade), e deveria tambémfacilitar a surgimento de um contexto que não permaneça fragmentado ou casosisolados e não comunicantes. A existência destas iniciativas não exime o governoestadual, muda seu papel que torna-se um facilitador e promotor, não mais umexecutor direto.

Neste quadro, uma ação do governo para favorecer o desenvolvimento "de baixo"deveria concentrar-se nos seguintes pontos:

1. Homogeneizar os incentivos para o desenvolvimento empresarial e para osinvestimentos. É necessário que o espaço de autonomia das administraçõesmunicipais seja definido com suficiente precisão seja em termos daentidade dos apoios, seja em relação às áreas específicas de competência(como micro e pequenas empresas). Desta forma podem-se evitar políticasde incentivo descoordenadas e em competição entre elas, enquantopoderia-se estimular uma competição baseada na capacidade de oferecer osmelhores serviços.

2. Favorecer a consolidação das agregações municipais. Vimos que asmelhores condições para ações territoriais específicas são intermediáriasentre o nível municipal e Estadual. É importante a criação de mecanismosde incentivo a estas agregações.

3. Formação de uma task force de expertos. A eficácia das ações "de baixo"depende da capacidade das associações e dos recursos humanos locais paraidealizar e implementar intervenções para o desenvolvimento. Esta, comojá foi afirmado, é uma variável crítica. A criação deste grupo, familiarizadocom este "aproche" poderia dar suporte e formar recursos humanos a nívellocal nas várias regiões do Estado, e ocasionalmente, suprir competênciasque faltam a nível local.

4. Favorecer uma mais forte comunicação entre as regiões para estimular acirculação das idéias e competências especializadas, aumentando acomplementaridade.

5. Desenvolver redes infra-estruturais seja para abrir a economia do Estadoao externo (principalmente em direção Oeste, ao vale do Paraná, nãoconcentrando o comércio na costa), seja para aumentar a integração interna

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entre as regiões, particularmente em relação aos transportes etelecomunicações.

6. Investir nas economias externas e em bens coletivos e essenciais aodesenvolvimento de qualidade de longo prazo: educação, saúde, suporteambiental, proteção do território e qualidade de vida.