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    9ª Arte São Paulo, vol. 4, n. 1, 1º semest re/2015

    Henrique Magalhães:um militante dos

    quadrinhos brasileirosProf. Dra. Regina Maria Rodrigues Behar

    Universidade Federal da Paraíba

    Resumo:O artigo discute a trajetória do quadrinista, editor e pesquisador brasileiro HenriqueMagalhães. O viés biográfico articula-se à história cultural e à metodologia da história oral, a

    partir de um olhar sobre sua militância em prol dos quadrinhos nacionais, particularmentecomo editor. Buscamos também apresentar personagens criados pelo autor, a partir do discursode suas tiras de humor, pelas quais veicula sua crítica política e social e suas posições em defesadas minorias e suas demandas.

    Palavras chave:Quadrinhos, História, humor crítico

    Abstract: The article is about the journey of the Brazilian comic writer, editor and researcherHenrique Magalhães. The biographic approach is articulated to the cultural history and to themethodology of oral history, from a view about his militancy in favor of the national comics,particularly as editor. We also seek to introduce characters created by the author, inserted in

    his humor comics, in which he announce his political and social criticism and his position indefence of the minorities and its demands.

    Key words:Comics, History, criticism humor.

    Este artigo tem como objetivo trazer àdiscussão o trabalho do quadrinista e pesquisadorbrasileiro Henrique de Paiva Magalhães,paraibano que desde a década de 1970 atuano campo dos quadrinhos alternativos. Neleforam utilizadas a pesquisa documental e aentrevista, a partir da metodologia da históriaoral, buscando alguns elementos biográficos queajudam a compreender seu percurso criativo.

    A tendência da perspectiva biográfica,não tão recente, tem legitimidade no campoda história contemporânea, embora por vezescriticada como modismo vinculado à “crise dahistória estrutural, associada ao abandono doparadigma marxista” (MUSIEDELAK, 2006,p.106). Verena Alberti apresenta outra leitura,

    na qual reitera o valor das dimensões biográficas,especialmente dos documentos orais, para ahistória do contemporâneo, principalmente apartir dos anos 1970-80. A História Culturale a Nova História Política deram novo rumoao tema nas pesquisas voltadas para os atoressociais, pois, “a ênfase na biografia, na trajetóriado indivíduo, na experiência concreta, fazsentido porque a biografia mostra o que épotencialmente possível em dada sociedade ougrupo” (ALBERTI, 2000, p. 3).

    Articulada à posição de Alberti, levamosem consideração a questão da inserção doindividual no coletivo e a noção de campointelectual, como locus de constituição decapital simbólico e político, pelos quais

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    buscamos compreender como essa trajetóriaparticular acontece num tempo e lugar sociais.(BOURDEIU, 2000). Ao explorar aspectosindividuais do produtor cultural, buscandoa compreensão de sua obra, surgem tantonecessidade da entrevista, como de observar

    aspectos sociais e políticos conjunturais, como recomendam Vergueiro e Santos em relaçãoàs pesquisas em quadrinhos, que podem“demonstrar a vinculação desse produto culturala um determinado cenário” (VERGUEIRO;SANTOS, 2010, p. 199-200).

    Henrique de Paiva Magalhães, paraibano,57 anos, atua profissionalmente em três frentesde trabalho na área da HQ: produz, editae atua no ensino/pesquisa. Em trabalhomonográfico, realizado como uma reportagemem quadrinhos, J. Audaci Jr o apresenta comhumor irreverente:

    Ele pode ter uma voz calmae compassada, mas na minhacabeça o que aparece é uma únicaafirmação: Henrique Magalhãesé um louco! Abandonou ocurso de Arquitetura para fazer Jorna li smo. Fez Mest rado naEscola de Comunicações e Artesda Universidade de São Pauloe Doutorado na UniversidadeParis VII, ambos dirigidos aque? Fanzines de Histórias emQuadrinhos! (AUDACI JR,2006, p.46)

    Em entrevista, questionado sobre ofôlego necessário para atuar em tantas vertentes,Magalhães explica:

    Olha, está tudo interligado

    porque quando eu comecei afazer quadrinhos, eu comeceia pesquisar quadrinhos, e nomomento que eu passei a fazerfanzines, passei a dar visibilidadea outros autores. Não era só omeu trabalho, eu abria espaço praoutros. Então as coisas são muitointegradas. Fluem naturalmente.Eu não posso só fazer quadrinhos,diletantes ou militantes, sem

    enxergar o mundo à minha volta.Enxergando o mundo, não só dosquadrinhos, eu passo a pesquisar,estudá-los. E aí não acho que euteria que ser egoísta e me voltarsó para minha obra, mas há

    tantas coisas fascinantes, que meinspiram também, me dão basepra minha própria criação. A essascoisas eu teria que dar difusão,por isso o meu lado editorial écomplementar a esses outros dois.Eu produzo, pesquiso e não só asminhas coisas, porque essas coisasque eu edito, eu sou encantadopor elas, sou apaixonado pelotrabalho desses autores. Então nãoé nunca um trabalho apenas, umsentido comercial. Entra tambémuma militância de mostrar quetem muita coisa boa que não temvisibilidade. (MAGALHÃES,2014)

    A paixão pela 9ª arte se desenvolveu ao

    longo da vida e, partir de meados da décadade 1970, ele se iniciou na aventura da criação.A partir desse momento, participou de quasetodas as iniciativas que ocorreram na Paraíbacomo autor ou como editor da produção locale nacional. No trecho da entrevista fala de “umamilitância” pelos quadrinhos e tomamos isso deempréstimo para nomear sua tríplice inserção.

    A formação do pesquisador na trilha da paixão pela arte

    Como pesquisador o interesse deMagalhães pelos Fanzines de Histórias em

    Quadrinhos foi foco do Mestrado, orientadopor Antonio Luiz Cagnin, na Escola deComunicações e Artes, da Universidadede São Paulo, onde defendeu a dissertação“Os fanzines brasileiros de histórias emquadrinhos: o espaço crítico dos quadrinhosbrasileiros” (1990), bem como do doutorado,pela Université Paris 7, com a tese Fanzines debande dessiné: renovation culturelle et pressealternative (1997). Sobre o tema publicou Oque é Fanzine, pela Brasiliense (Col. Primeiros

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    Passos), A nova onda dos fanzines, A mutação radical dos fanzines e O rebuliço apaixonantedos fanzines, pela Marca de Fantasia, e diversosartigos acadêmicos. (MAGALHÃES, 1993,2004, 2013). Outros temas de interesse são osquadrinhos paraibanos (MAGALHÃES, 1983;

    MAGALHAES,(Org.), 2013; MAGALHÃES,2012, p.23-36); o humor nos quadrinhos(MAGALHÃES, 2006) e a presença da temáticahomossexual na HQ. (MAGALHÃES, 2006)

    O encanto pelas narrativas em quadrinhossurgiu na infância e passou pelas leituras comunsà época: De Walt Disney a Maurício deSousa; entre os super-heróis, preferência peloHomem-Aranha por suas dimensões humanas,ênfase no cotidiano e nas relações afetivas quehumanizavam o super-herói. Na adolescênciaentrou em contato com leituras mais críticas,como Mafalda, de Quino, cujo humor reflexivoo impressionou. Outra referência foi a obrade Henfil, como base sua formação de leitor.O contato com possibilidades da reflexão eda crítica por meio da expressão artística dosquadrinhos incentivou sua produção autoral,como revela:

    Por exemplo, Mafalda era genialporque era uma reflexão muitoaguda da realidade. Até hojeela é muito importante, muitoatual. E Henfil foi fundamentalpara minha formação, porqueeu acompanhei muito umafase do jornal O Pasquim. Eprincipalmente a revista doFradim, de Henfil; a revista OBicho, produzida pelo pessoal d’OPasquim, que era de histórias emquadrinhos. Comecei a descobrir

    esses quadrinhos críticos, a revistaPatota, a revista Eureca, a revistaGrilo, que traziam a vanguardados quadrinhos na Europa enos Estados Unidos, comoRobert Crumb, como Valentina,de Guido Crepax, que erama novidade no país; e isso mefez despertar para esse fatormais crítico dos quadrinhos.Fez parte da minha formação a

    leitura desses quadrinhos maispolitizados. (MAGALHÃES,2014)

    O contato com autores do universounderground nacional e internacional ajudam

    a entender o processo de criação, as influênciasem sua percepção crítica e o humor peculiarde seus personagens. O underground rompiacom as regras estabelecidas e buscava marcasautorais e inovações formais. Do pontode vista temático tratou da crítica social,política e cultural e de dimensões existenciais,autobiográficas que expunha as fraturas sociaisna contemporaneidade e sua violência. Tambémpautou as minorias e a afirmação do espaço damulher e das lutas feministas nos quadrinhos.(MNAZUR & DANNER, 2014)

    A referência de base acadêmica maisimportante, revela Magalhães, foi a obra deMoacy Cirne, pela visão crítica do mercado eda indústria cultural, e sua vinculação a “umacerta militância nacionalista pelos quadrinhos”(MAGALHAES, 2014). Outras influênciasvieram de Álvaro de Moya, Sonia Luyten eAntonio Luiz Cagnin, este último viria a serseu orientador de Mestrado. Do mestre Cagnin,lembra Os quadrinhos (1975), a primeira obraacadêmica lida sobre o tema, na adolescência,ajudou a entender teoricamente o quadrinho,e foi importante em sua produção autoral.(MAGALHÃES, 2014).

    A Editora Marca de Fantasia – iniciativa naedição de quadrinhos.

    A Marca de Fantasia foi criada porMagalhães em 1995, assumindo o títulodo fanzine publicado entre 1985-1988. A

    experiência com edição de quadrinhos vinha deoutras publicações da Paraíba: o suplemento da revista Presença Literária, Leve Metal (1983-84),e a Gran Circus (1983).

    A posição como editor faz parte dapostura “militante” pelos quadrinhos, adquiridadesde seu envolvimento com a Associação dosQuadrinistas e Caricaturistas do Estado de SãoPaulo ( AQC-SP):

    Na época em que eu morei aquieu participava da AQC, e havia

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    uma luta política para aberturade mercado, para criar uma leique reservasse mercado para osquadrinistas. Isso sempre meincomodou muito, porque eu achoque ao invés de estar brigando

    com as editoras, a gente deviacriar as editoras, coisa que opessoal da Circo fez, Angeli,Toninho Mendes, Paulo Carusoe tal. Eles criaram uma editora! Efoi um grande sucesso porque elessouberam fazer. (MAGALHÃES,2014)

    A Marca de Fantasia, se inspirouna experiência da Circo Editorial e nocaminho do mercado alternativo. Editoraindependente, artesanal, vinculada àUniversidade Federal da Paraíba na área deextensão universitária, sem fins lucrativos.Ela tem rendido frutos reconhecidos, comoespaço aberto para publicação de obras eme sobre quadrinhos. Sobre ela, ponderaMagalhães:

    Uma forma que eu encontrei foicriar a editora Marca de Fantasia.Porque além de mostrar o meutrabalho, eu posso mostrar tantosque me chegam, que confiam emmim, que são generosos, autoresgenerosos demais e que me dãosua obra para publicar. Então,isso até me emociona, como aspessoas acreditam nesse projetocoletivo que é a Marca de Fantasia.Por mais restrito que ele seja,porque é tão artesanal que não

    tem nada a ver com o mercado,nem pretende concorrer commercado nenhum, mas tem umaimportância histórica de marcar, de registrar as publicações, de ref letirsobre as obras, e de divulgar sempreque é possível. (MAGALHÃES,2014)

    Nos seus vinte anos, A Marca deFantasia encaminhou projetos que extrapolam

    os limites da Paraíba, em diversos eixos,como a publicação de fanzines e de HQ’ s, aexemplo do fanzine Nhô-Quim, do próprioMagalhães, com oito números, entre 1990 e1991; as revistas em quadrinhos: Tyli-Tyli,depois chamada Mandala, baseada na obra

    de Edgar Franco, Gazy Andraus e FlavioCalazans, vertente denominada “quadrinhospoéticos”; publica a Maria Magazine, comsua própria produção e de convidados; editaa série Corisco, que publica HQs comoCalvo, de Edgard Guimarães e Luigi Rocco(2003); O cãozinho e o crocodilo, de LucianoIrrthum (2006); Kário: dívida de Sangue, de Jean Okada (2004); Elegia, de Edgar Franco(2005); Metrópoles, de Leonardo Santana &Maurício Fig (2008), Katita: o preconceitoé um dragão, de Anita Prado & RonaldoMendes (2010); Adeus (2014), coletânea sobreateísmo com historias de diversos autores. Aeditora mantém, em periodicidade regular, aRevista do Grupo de Pesquisa em Históriasem Quadrinhos (GPHQ), do Mestrado emComunicação da UFPB, a Imaginário!, desde2011, com 7 números até 2014, voltadapara a divulgação de artigos e pesquisas emHistórias em Quadrinhos. Além dessas,a Artlectos e Pós-humanos – quadrinhospoéticos e filosóficos de Edgar Franco, sérieiniciada em 2006, com 9 números até 2015,e o fanzine Top! Top! publicado entre 2000e 2010.

    Além das revistas e fanzines indicados,a editora mantém linhas específicas paratiras, trabalhos acadêmicos de graduação epós-graduação em comunicação, ensaios eobras sobre histórias em quadrinhos. O rolde publicações por essas linhas é extenso e

    aqui deixamos de inventariar por questõesde economia de espaço, mas podem serconsultadas no site da Marca de Fantasia,são as séries, Biografix, Repertório, Das tirascoração, Fora de Série e Quiosque – Ensaiossobre Quadrinhos e afins, esta última comlivros de interesse acadêmico específico, comoHistórias em quadrinhos: essa desconhecidaarte popular, de Thierry Groensteen (2004);Fanzine, de Edgard Guimarães (2004);Entrequadros, de Wellington Srbek (2004);

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    História em Quadrinhos infantil, de RobertoElísio dos Santos (2006); Humor empílulas: a força criativa das tiras brasileiras,Henrique Magalhães (2006); Falas & Balões:a transformação dos textos nas Históriasem Quadrinhos, de Marcos Nicolau (2008);

    Watchmen e a teoria do caos, de Gian Danton(2014); Tiras Livres. Um novo gênero dosquadrinhos, de Paulo Ramos (2014), entreoutros.

    A editora se define como iniciativaindependente “dedicada às Históriasem Quadrinhos, Artes, Comunicação,Linguística e à Cultura Pop (expressões daIndústria Cultural, como séries televisivas,ficção científica, rádio, música popularetc.)”. Entidade jurídica sem fins lucrativos,a diretoria é formada por pesquisadores doGrupo de Pesquisa em Humor, Quadrinhose Games, vinculado ao Mestrado emComunicação da UFPB e a presidência é deHenrique Magalhães. Desse modo, integra-se numa proposta coletiva, vinculada aobjetivos de longo prazo, com compromissona produção do conhecimento acadêmico edivulgação das HQs na vertente independente,na qual combinam-se duas estratégias, apublicação impressa, totalmente artesanal, ea publicação eletrônica em e-books.

    Outra iniciativa de Magalhães foi acriação do Memorial da HQ-PB (2013).Apesar da necessidade de atualizações,nele encontram-se algumas referênciashistóricas da produção de quadrinhos,personagens e quadrinistas paraibanos,movimentos coletivos e eventos realizadosna Paraíba, buscando a divulgação da 9ª arteno espaço virtual, o site interessa a artistas e

    pesquisadores da área.O caminho editorial de Magalhães

    segue na contramão do eixo industriale vincula-se à persistência em prol dodesenvolvimento dos quadrinhos e doconhecimento sobre a arte, a divulgação dosalternativos e a revelação de novos talentos.

    Os quadrinhos de Henrique Magalhães – Um percurso da criação

    Henrique Magalhães criou Maria em1975. Pouco antes, em 1973, Emir Ribeirocriou Welta, famosa personagem brasileira douniverso dos super-heróis, posteriormente, rebatizada Velta. As duas são as mais antigas

    da produção paraibana em publicação até osdias atuais.

    Além de Maria, ele criou outrospersonagens, como Binidito, por exemplo,para o suplemento O Pirralho, do jornalparaibano A União.

    Binidito é caracterizado como garotopobre da periferia, mulato magrinho depés descalços. Na história Binidito nº 2,

    publicada na revista Maria nº 10, julhode1982, Binidito vende pirulitos, compramateriais e fabrica uma pipa. No meio dabrincadeira de empinar a pipa, se confrontacom o garoto branco, de classe abastada queestabelece disputa com ele. Ao longo dahistória, os termos de comparação entre osdois meninos, em luta por espaço no céu, revela o abismo social entre eles:

    Figura 1 – Binidito, ao lado d e Maria. Deta lhe da ca pa

    Maria nº 10, Binidito nº 2, de julho de 1982.

    Figura 2 –Binidito n º 2, julho de 1982, p. 12

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    Os personagens da série Rendez-vouzsurgiram em tiras de 1988/89, momentopolítico diverso daquele em que Mariafoi criada. Pós-ditadura militar, o campointelectual dos quadrinistas se abre a outrastemáticas sociais e culturais; emerge a

    questão das sociabilidades, das “tribos”,

    urbanas e dos novos movimentos sociais,pelos quais as questões específicas de minoriase novas identidades culturais entram em cena.Magalhães criou personagens que seguem atradição do engajamento, agora em relação àsdiversas minorias, ampliando o escopo iniciado

    com Maria.Na série Rendez-vous as personagens representam as minorias, como indicado porEdgard Guimarães (GUIMARÃES, 2005,p. 6). Malva, revela a dureza do cotidianoda jovem repórter; Magal, personagem auto referente, representa o próprio Magalhães(que assina série como Magal) e discuteimpasses e alegrias da criação, em exercíciosmetalinguísticos; Kalula, personagem negro,afirma-se no visual marcadamente afro e expõeas situações de preconceito; Nós Mulheres,denuncia a condição feminina em personagens reduzidas ao papel de donas-de-casa, suaexploração como mão-de-obra doméstica e omachismo dos maridos; Bicho Grilo, mostraa decadência do hippie dos anos 1970, ironizao fim da vanguarda “paz e amor” e seu caráteranticapitalista; e Mãe Dinga critica o esoterismoe os falsos videntes com muito bom humor.Figura 3 – Capa d e Rendez-Vous

    Figura 4 – Tira d e Kalula . Rend ez-vous, 2005, p. 30

    Figura 5 – Tira d e Bicho Grilo. Rend ez-vous, 2005, p. 38

    Figura 6 – Tira de Nós Mulheres. Rende z-vous, p. 34.

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    Os novos personagens surgem numcontexto de renovação e dialogam com aprodução nacional, em especial com o pessoal daCirco Editorial, principalmente, se observamoso humor veiculado pelos tipos criados porAngeli, como Bob Cuspe, Wood e Stock,

    Nanico e Meiaoito, Bibelô entre outros.O outro núcleo de sua criação éconstituído por Macambira, Rico, Anegadu,Lelê e Maçola, publicados em tiras de jornais(O Norte e A União) de 1995/1996, e depois,na Coletânea Macambira e sua gente, em 2008.

    .....

    homossexuais e Anegadu, além de homossexualé negro, representando uma dupla minoria.Nessas tiras, as situações do cotidiano sãoproblematizadas pela referência a aspectosda identidade homossexual. A religiosidadeafro-brasileira é discutida num momento de

    forte preconceito local. Tiras que abordam apoética da linguagem são protagonizadas pelopersonagem autorreferente, Rico (Henrique)do mesmo modo que Magal, na série Rendez-vous. A busca de leveza, usando elementosdo preconceito na afirmação positiva dasidentidades homossexuais, dá o tom do humor,e confronta paradigmas fortemente marcadospela identificação com o masculino, tradiçãoinventariada pelo historiador Durval Muniz deAlbuquerque, em obras sobre aspectos culturaisda história do Nordeste (ALBUQUERQUE JR, 2001, 2003). As tirinhas abaixo caracterizamo humor social, pelo qual, brincar com acondição homossexual é buscar no riso aquebra das expectativas e afirmar as identidadesalternativas.

    Figuras 7 e 8 – Capa Macamb ira e sua ge nte e apersonagem, em deta lhe, p.5

    Os personagens constituem um grupode amigos. Macambira, professora, funcionáriapública, estereotipo da mulher nordestinabrava; os amigos, Lelê, Maçola e Rico, são

    Figura 9– Maca mbira e sua g ente, p. 15

    Figura 10– Macamb ira e sua g ente , p. 36

    Figura 11 – Macamb ira e sua g ente , p. 19

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    Na última tira, a perspectivaautobiográfica se explicita na imagem deRico, usando a camiseta com a imagemde Maria, numa referência metalinguística reveladora da identificação do quadrinistaautor com o personagem quadrinista.

    Maria, personagem em mutação: da criaçãoà maturidade.Maria é a mais longeva personagem de

    Magalhães, criada em 1975, “como apenasuma experimentação, uma necessidade minhade produção de quadrinhos, já que eu eraum leitor assíduo, adorava aquele universo esentia a necessidade de fazer minha própriapersonagem.” (MAGALHÃES, 2013). Elecredita à abertura de espaço nos jornais daParaíba, O Norte e A União, e aos editores,

    Deodato Borges e Antonio Barreto Neto,a visibilidade de seu trabalho e de outrosparaibanos de sua geração. Além das tiras nos jornais diários, Maria também foi publicadaem revista própria com título homônimo.

    O ingresso na Universidade Federalda Paraíba onde concluiu o curso deComunicação Social e se formou jornalista,abriu seu contato com as questões do mundopolítico, os embates com a ditadura militar eo movimento estudantil. A personagem, deum momento inicial em que a ênfase era suasolidão e a busca de marido se transformoua partir da vivência do autor como militanteestudantil de esquerda:

    Quando ela surgiu, naquelemomento de exceção política queera a ditadura, ela fazia parte deuma cultura de resistência, queera o universo do humor quecirculava n’O Pasquim. Maria

    se inspira muito nos Fradins,nos personagens de Henfil, mastambém em Mafalda, de Quino,uma menina questionadora e revoltada com o mundo, masque tinha muito bom humor.(MAGALHÃES, 2013).

    O trabalho de Henfil influencioutoda uma geração de quadrinistas e sedestacava por sua aguerrida oposição ao regime militar em crítica veiculada pordiversos personagens, como a Graúna, o BodeOrellana e Zeferino, trio nordestino, eles“eram reconhecidos pelos leitores como osmais representativos da insatisfação do povobrasileiro com a realidade política e culturaldo país.” Os Fradins, citados por Magalhães,

    são caracterizados por Waldomiro Vergueirocomo “um par de monges amalucados” que, apartir de “situações maliciosas e sádicas”, suaexpressão imediata, “sempre apresentavam,no fundo, uma mensagem de solidariedadepara com as minorias e desprivilegiados.”(VERGUEIRO, 2011, p. 50).

    A marca que Henrique deu à Mariadesse segundo momento foi o humorpolítico, vertente presente nas artes gráficas,com tradição na caricatura e na charge,desde o período império brasileiro no séculoXIX, e daí por todo o período republicano.(SALIBA, 2002; FLORES, 2002; SANTOS,2004; SILVA, 2013; LOREDANO (ORG),2014)

    Ferreira Gullar, em prefácio à obrade Fortuna, afirma que o humor gráficoera arma eficiente contra a ditadura militarporque os humoristas “em suas charges,diziam, de maneira engraçada, o que os

    Figura 12 – Macamb ira e sua g ente, p. 37

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    articulistas teriam de dizer a sério” e acensura caía sobre estes, mais visados queos humoristas, “talvez porque os militarestemessem, levando-os demasiado a sério,cair no ridículo.” (GULLAR, 2014, 11-12)

    O humor de Maria segue nessa esteira,

    em bases irônicas (às vezes sarcásticas).A figura de linguagem mais presente é ametáfora, estrategicamente usada pelosartistas gráficos (mas não apenas por eles)durante a ditadura brasileira pós 64. Doisanos após sua criação, ela já atuava no frontda crítica nos jornais diários.

    Na tira, as personagens Maria, àesquerda, e Pombinha (a amiga), à direita,tentam se comunicar como mostram osbalões de diálogo; no segundo quadro tomamconsciência de que estes estão vazios. Noterceiro, Maria se volta para o quadrinista (epara o leitor) e, raivosa, confronta o criador. Ametalinguagem criticava a sombra da censura,que para além da institucionalizada, tambémassumia forma internalizada. A autocensuraera uma dimensão “exacerbada na cultura domedo dos sistemas ditatoriais ou nas herançasautoritárias”. (MEDINA, 2002, p. 421). Na tiraa metáfora assume a forma gráfica: o balão vazio

    explicita o silencio imposto às personagens.O núcleo de Maria inclui duaspersonagens: Pombinha, a amiga mais jovem,ingênua, a quem ela esclarece e influencia, eZefinha, antagonista dos pontos de vista sociale político, com quem trava embates; esta última,uma personagem-chave, provocativa, representaposições conservadoras, defende o status quoou encarna o medo e a acomodação da classemédia brasileira. As duas dão dinâmica às tirase o humor crítico de Maria é iluminado pelo

    contraste. Mas as posições sofrem variaçõese, por vezes, vêm de Pombinha inesperadasconclusões reflexivas e argutas, e de Zefinha,críticas que explicitam contradições à esquerdaou conversões inesperadas aos ideais de Maria,invertendo expectativas do leitor. Abaixo, uma

    imagem colorida das personagens com suascaracterísticas gráficas definitivas, na capa dolivro comemorativo aos 30 anos da personagem,Maria, ao centro e em primeiro plano; Zefinha,do lado esquerdo e Pombinha, à direita.

    Figura 13 – Maria. Font e: Jorna l O Nort e, 12/10/1977, Seg und o Cad erno .

    Figura 14 – Capa de Maria. Espirituosa há 30 anos

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    Maria tem personalidade bem definida:inteligente, irônica, e por vezes sarcástica,observadora crítica do mundo em redor; nessesentido, seu humor é um pouco “cíclico”, àsvezes esperançosa, às vezes cética, o riso emseu rosto é raro, embora ela o provoque no

    leitor pela ironia, pela sacadas inteligentesde suas denúncias da repressão; ironia quetambém usa para abordar o árduo cotidianodos oprimidos, revelando uma posiçãocomprometida com “os de baixo”.

    Em 1984, fim do regime militar, apersonagem inicia nova fase e seus temasincluem questões da sexualidade e a defesada liberdade de escolha afetiva. No álbumintitulado A maior das subversões, apersonagem realiza essa “virada” e para o seucriador é um momento chave da trajetória:

    E foi interessante, porque quandoeu fiz a revista, eu trabalhavao amor, não era nem a questãoda sexualidade, mas era daafetividade pelo mesmo gênero.O sexo poderia vir como umaconsequência, mas o enfoquenão era a homossexualidade emtermos de relação sexual, mas a

    homossexualidade em termosde relacionamento afetivo.(MAGALHÃES, 2013)

    Maria antecipou a temática que recentemente se tornou central no debate.

    Naquele momento, havia maior ênfase naliberação sexual. Em João Pessoa, no iníciodos anos 1980, surgiram grupos como o Beirade Esquina e o Nós Também; este último“teve atuação articulada com a produçãocultural do período e militava na perspectivada arte-educação, uma perspectiva políticade militância definida e que procurava sediferenciar de outros e formas de militância.”(SILVA, 2012, p. 66). Isso ocorre quasesimultâneo à organização de gruposfeministas. Em 1979, foi criado o Centro daMulher de João Pessoa, depois denominadoMaria Mulher, com forte atuação militante(SILVA, 20112, p. 64).

    Em Maria, o tratamento sutil dasexualidade, pouco explicitada, joga luz maisforte nas contradições e no conservadorismoda sociedade em torno da questão,problematizando também os grupos deesquerda, como na tira abaixo:

    Figu ra 15 – Tira d e Maria . Font e: A ma ior da s subve rsões, 1984, p. 19.

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    A personagem reflete sobre a perda deespaço público e de respeitabilidade: “E minhastirinhas! Quem vai me ouvir daqui por diante?”A metalinguagem mistura vozes de criador ecriatura e questiona seu lugar num mundo quediscrimina a opção homossexual. Maria, diante

    da possibilidade da desqualificação, conclui quenão será mais “nada”. No quarto quadro, Mariaé ladeada por dois personagens, um representaa tradição de esquerda, obra de Marx sob obraço, camiseta, barbicha, boné com estrela deGuevara. Os ícones identificadores articulam-seao clichê stalinista na fala: “decadência pequeno-burguesa!”. À direita, o personagem estereotipao conservador, terno, cabelos bem cortados ear de fúria, identificado no traçado de olhos eboca, grita máximas acusatórias: “anarquista,ateia, comunista!” No último quadro, Maria,sozinha; um traçado usado na linguagem dosquadrinhos, associado à lâmpada, indica umaideia original, uma luz, e conclui: “Até quenão é pouca coisa pruma pessoa só!”. Essa tiraexemplifica o uso da usa a ironia e o humorpara revelar a rigidez dos esquemas tradicionaisde interpretação. Tanto à direita como àesquerda, os enquadramentos e condenaçãoaos comportamentos desviantes excluem asdiferenças e o direito à individualidade. Mariaassume sua centralidade, posição que ocupa noespaço da tira e provoca reação dos dois polos.Na nova fase, a personagem afirma sua atitudeprovocativa e vocação libertária.

    Henrique Magalhães continuou aproduzir as tiras de Maria, e ampliar seus temasde interesse. Ao longo do tempo, a criaçãopassou por interrupções. Em 2000, lançou a revista Maria Magazine, agora no sexto número(2015) que segue uma proposta de trabalho

    coletivo e veicula a produção de quadrinistascomo Edgard Guimarães, Tônio, Samuel Gois,Thais Gualberto, Antonio Amâncio, MarcoOliveira, entre outros.

    A obra de Magalhães se associa,conforme buscamos revelar, a uma posição ativa,que chamamos de militante (mas poderíamos,num tom mais poético, chamar de apaixonada)pela qual abraça a causa dos quadrinhos. Emsua tripla inserção, busca afirmar a viabilidadeda produção de quadrinhos no Brasil,

    principalmente na vertente independente, e nomercado alternativo. O trabalho desenvolvidopor ele e outros quadrinistas paraibanos, comoEmir Ribeiro, Shiko, Mike Deodato, Igor Tadeue Thais Gualberto, entre outros, são expressãodas possibilidades da 9ª Arte nas diversas

    regiões do país.

    ReferenciasALBERTI, Verena. Indivíduo e biografia nahistória oral. Rio de Janeiro, CPDOC, 2000[5]f. Disponível em: http://cpdoc.fgv.br/producao_intelectual/arq/1525.pdf. Acessoem 19 maio 2015.ALBUQUERQUE JR, Durval Muniz. AInvenção do Nordeste e outras artes. Recife:Massangana; São Paulo: Cortez, 2001. ________ Nordestino: uma invenção do falo.Uma história do gênero masculino. Nordeste1920-1940. Maceió: Edições Catavento, 2003.AUDACI, JR. Riscos no tempo: 40 anos dehistória em quadrinhos na Paraíba. João Pessoa:Marca de Fantasia, 2006.BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Riode Janeiro: Bertrand Brasil, 2000.FLORES, Elio Chaves. República às avessas:narradores do cômico, cultura política e coisapública no Brasil contemporâneo (1993-1930).Niterói: Universidade Federal Fluminense,2002. [Tese de Doutorado]GUIMARÃES, Edgard. Humor em defesadas minorias. In: MAGALHÃES, Henrique.Rendez-vouz. João Pessoa: Marca de Fantasia,2005.GULLAR, Ferreira. Prefácio. In: LOREDANO,Cassio (Org.). Fortuna: o cartunista doscartunistas. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 2014.HALL, Stuart. Identidade cultural na pós-

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    João Pessoa, outubro de 2013, 60 minutos.

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