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    Distrb Comun, So Paulo, 25(1): 119-127, abril, 2013

    Propostas fonoaudiolgicas aopaciente roncador

    Speech therapy proposals to the snoringpatient

    Propuestas teraputicas al roncador paciente

    Kairone F. Kronbauer*

    Priscila M. Trezza**

    Cristiane F. Gomes***

    Resumo

    Introduo: O sono parte essencial da vida. atravs dele que nos reestruturamos do desgastefsico sofrido durante o dia. A Sndrome da Apnia Obstrutiva do Sono (SAOS) caracterizada pelafragmentao do sono por paradas respiratrias (apneia) e pode causar muitos danos sade. Objetivo:Identicar os resultados da terapia miofuncional orofacial em sujeitos diagnosticados com SAOS ecomparar os resultados antes e aps a terapia. Mtodos:A pesquisa foi realizada em Clnica Escola deFonoaudiologia com oito voluntrios, quatro de cada sexo e com idade de 40 a 65 anos. Foi realizada aavaliao das estruturas orofarngeas, do peso, da altura e sonolncia diurna. Os sujeitos realizaram a terapiafonoaudiolgica com exerccios de tonicao para a regio orofarngea por 10 semanas e realizaramnovamente a avaliao inicial. Resultados:Para a maioria dos sujeitos, as medidas de nasofaringe eorofaringe aumentaram, a Escala de Malampati passou da classe III para a classe II, a sonolncia excessivadiurna passou da nota trs para a nota zero em todas as situaes, o peso e o ndice de massa corporaldiminuram. A circunferncia cervical e a medida de tero inferior da face diminuram em todos os sujeitos,j que a contrao muscular promove sua reduo.Concluses:A terapia fonoaudiolgica se torna vlidano tratamento da SAOS, pois os exerccios de tonicao aumentaram o calibre das VAS (vias areassuperiores) tornando mais raro os colabamentos que causam a apneia. Isso mostra que o fonoaudilogo capacitado para atuar na equipe multidisciplinar de reabilitao dessa sndrome.

    Palavras-chave: apneia do sono tipo obstrutiva; terapia miofuncional; vu palatino

    *Fonoaudiloga graduada no Centro Universitrio de Maring (CESUMAR), Maring. Fonoaudiloga clnica e terapeuta do Centro

    de Reabilitao Piracicaba (CRP), Piracicaba, SP. **Fonoaudiloga, Mestranda em Promoo da Sade, Centro Universitrio

    de Maring (CESUMAR), Maring. Docente do curso de Fonoaudiologia do Centro Universitrio de Maring (CESUMAR),

    Maring. ***Fonoaudiloga, Ps-Doutorada em Sade Coletiva, Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina. Docente

    do curso de Fonoaudiologia e Mestrado em Promoo da Sade do Centro Universitrio de Maring (CESUMAR), Maring.

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    ARTIGOS

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    Kairone F. Kronbauer, Priscila M. Trezza, Cristiane F. Gomes

    Abstract

    Introduction: Sleep is an essential part of life. It is through it that we have restructured the physical

    exhaustion suffered during the day. The Obstructive Sleep Apnea (OSA) syndrome is characterized by

    fragmentation of sleep by pauses in breathing (apnea) and can cause many health hazards.Objective:To

    identify the results of miofunctional therapy in subjects diagnosed with OSA and compare the results before

    and after therapy.Methods: The study was conducted in the Speech Therapy School Clinic with eightvolunteers, four of each sex and aged 40 to 65 years. First, it was reported the evaluation of oropharyngeal

    structures, measured weight, height and daytime sleepiness. Afterwards, the subjects underwent speech

    therapy with toning exercises for the oropharyngeal region, for 10 weeks and nally, the evaluation was

    performed again.Results:In most subjects, nasopharyngeal and oropharyngeal measurements increased,

    the Malampati range went from Class III to Class II, excessive daytime sleepiness went from grade three

    to grade zero in all situations, the body weight and body mass decreased. The neck circumference and

    the face lower third measure decreased in all subjects, as muscle contraction promotes its reduction.

    Conclusions: Myofunctional therapy showed valid in the treatment of OSA, because the toning exercises

    increased upper airway diameter, reducing collapses that cause apnea episodes. The results show that

    the speech therapist is able to work on multidisciplinary rehabilitation of this syndrome.

    Keywords: obstructive sleep apnea; myofunctional therapy; soft palate

    Resumen

    Introduccin:El sueo es una parte esencial de la vida. Es a travs de el que nos reestructuramos del

    desgaste fsico sufrido durante el da. La Sndrome de Apnea Obstructiva del Sueo (SAOS) se caracteriza

    por la fragmentacin del sueo por paradas en la respiracin (apnea) y puede causar muchos daos a

    la salud. Objetivo:Identicar los resultados de la terapia miofuncionales en pacientes con diagnstico

    de SAOS y comparar los resultados antes y despus de la terapia.Mtodos:La encuesta se llev a cabo

    en una Clinica Escuela de Fonoaudiologia con ocho voluntarios, cuatro de cada sexo y edades entre 40

    y 65 aos. Se evalu las estructuras orofarngeas, el peso, la altura y la somnolencia diurna. Los sujetos

    realizaron la terapia fonoaudiolgica con ejercicios de tonicacin de la regin orofarngea durante

    10 semanas y realizaron de nuevo la evaluacin inicial.Resultados:Para la mayora de los sujetos las

    medidas de nasofaringe y orofaringe aumentaron, la Escala Malampati paso de clase III a la clase II,

    la somnolencia excesiva durante el da pasado de la nota tres a la nota cero en todas las situaciones, el

    peso y el ndice de masa corporal disminuy. La circunferencia cervical y la medida de la terza parte

    inferior de la cara disminuieron en todos los sujetos. Conclusiones:La terapia fonoaudiolgica se hace

    efectiva en el tratamiento de la SAOS, porque los ejercicios de tonicacin aumentaron el calibre de las

    VAS disminuiendo los colabamientos que causan apnea. Esto muestra que el audilogo est capacitado

    para trabajar en un equipo multidisciplinario de rehabilitacin de esta sndrome.

    Palabras clave: apnea obstructiva del sueo; terapia miofuncional; paladar blando

    Introduo

    O sono parte essencial da vida. No umsistema, mas uma funo biolgica essencial paraa manuteno da vida. O sono um perodo dereestruturao fsica que nos protege do desgastenatural das horas acordadas.1 Este, por sua vez, compreendido em etapas/fases para melhor ser

    compreendido e estudado. Quando dormirmosocorrem muitos ciclos entre a fase REM (rapideyes moviment) e a fase no REM (non rapid eyesmoviment) do sono. O sono REM conhecidocomo sono profundo e o sono no REM, comosono leve.

    Aproximadamente 70 milhes de pessoasapresentam algum tipo de distrbio do sono. Entre

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    Propostas fonoaudiolgicas ao paciente roncador

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    Para a avaliao do estado fsico das viasareas superiores (VAS), a classificao deMalampati a mais utilizada. Nesta, observado ocomportamento da regio da VAS durante a viglia,a capacidade de abertura da boca, o tamanho dalngua, do palato mole, entre outros aspectos.14

    Para avaliao das estruturas externas daface, utiliza-se a antropometria com as anlises decircunferncia cervical e com medidas dos teros daface. A circunferncia cervical medida por meioda ta mtrica e calcula o dimetro do pescoo.J as medidas dos teros da face so mensuradospor meio do paqumetro e analisa as proporesfaciais.1;10;15

    Geralmente, na SAOS, o tero inferior da face,assim como a circunferncia cervical encontram-seaumentados de tamanho devido hipotonicidade.

    No h uma medida padro para os teros daface, porm a mdia para o tero inferior da facenos homens adultos de 72 mm e nas mulheres,66 mm. Realizado o diagnstico e identicado otipo e o grau da SAOS, realiza-se o planejamentoteraputico de acordo com a necessidade de cadapaciente.16 Entre os mtodos teraputicos maiscomuns esto a cirurgia de vias areas superiores,a perda de peso, a placa de avano mandibular e ouso do CPAP, alm da terapia fonoaudiolgica.17;19

    A interveno fonoaudiolgica deve servoltada para a correo de tnus da regio

    orofacial. uma especialidade da MotricidadeOrofacial que, atravs de exerccios isomtricose isotnicos, busca equalizar as tonicidades dosmsculos da lngua, palato mole e da face, jque na SAOS, as condies musculares das viasareas superiores se mostram alteradas. Entreessas alteraes, esto o espessamento da base dalngua, das paredes laterais da faringe, do palatomole e elevao do osso hioide. Durante o sonoessas estruturas se tornam mais espessas, diminuemo calibre das VAS pelo relaxamento natural dosmsculos responsveis pela contrao do esfnctervelofarngeo.18;19

    Sabe-se que tanto a terapia miofuncionalquanto o uso da placa de avano mandibulartm seus pontos positivos. A placa de avanomandibular corrige a alterao no momento, e

    esses distrbios, o mais comum a Sndromeda Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) que temdiferentes prevalncias, mas mais comum emhomens acima dos 40 anos.2-5O gnero masculino mais afetado devido a diferenas anatmicasdas vias areas superiores, perfil hormonal e

    distribuio adiposa do tipo central nos homens(tronco e pescoo).6

    A SAOS caracterizada por pausas respiratriasdurante o sono, devido a mltiplos colapsos e/ouestreitamentos da via area superior que ocasionamqueda na saturao do oxignio sanguneo e, comisso, a fragmentao do sono.7A apneia obstrutivacaracteriza-se pela parada total do uxo areopor um perodo maior ou igual a 10 segundos.Existe tambm a hipopneia, em que o uxo areoencontra-se somente reduzido.8

    Durante o sono REM, os msculos da faringee da lngua tendem a se relaxar, assim como todamusculatura do corpo. Na SAOS, esse relaxamentogera uma obstruo da via area superior, quediculta o uxo areo e causa rudos (ronco) epausas respiratrias. Ocorre baixa oxigenaopulmonar e cerebral, o que leva o Sistema NervosoCentral a agir em busca da abertura das vias areassuperiores. nesse momento que o indivduo temum forte ronco e um microdespertar, que apesar deinconsciente, suciente para fragmentar o sonoe para no completar sua funo principal, que ade descansar o crebro. 9;10

    Devido a este no descansar do crebro, essasndrome pode causar outros sintomas relacionadoscomo hipertenso arterial, fragmentao dosono, reuxo gastroesofgico, insnia, arritmiascardacas, enurese noturna, cefaleia matinal,queda no rendimento intelectual, sintomasdepressivos, impotncia sexual e at alteraes dapersonalidade.9-12

    Para o tratamento da SAOS, o primeiro passo o diagnstico. Para isso, utilizado principalmenteo exame da polissonograa, que verica o nmerode episdios de apneia e hipopneia que o indivduoapresenta em uma noite de sono. Para vericar ascondies das vias areas superiores, o diagnsticopor imagem o mais aconselhado, com destaquepara a cefalometria, a uoroscopia, a tomograacomputadorizada e a ressonncia magntica. 2;13

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    Kairone F. Kronbauer, Priscila M. Trezza, Cristiane F. Gomes

    patrocinado pela instituio de ensino superior, apartir da autorizao da Diretoria de Sade.

    Todas as etapas do processo teraputico foramrealizadas na Clnica Escola de Fonoaudiologia doCentro Universitrio de Maring (Cesumar), comexceo da extrao da telerradiograa, que foi

    realizada na Clnica de Radiologia do Cesumar.Foi obtido parecer favorvel do Comit de

    tica em Pesquisa com Seres Humanos do CentroUniversitrio de Maring e da Clnica Escola parao desenvolvimento do estudo, parecer n 294/2010e CAAE 0308.0.299.000-10.

    Os indivduos diagnost icados foramconvidados a comparecer Clnica Escola.Neste primeiro encontro, receberam os devidosesclarecimentos sobre o objetivo e metodologiado estudo e assinaram o Termo de ConsentimentoLivre e Esclarecido (TCLE).

    No segundo encontro foi realizada a avaliaoinicial e as telerradiografias na Clnica deRadiologia, para que o traado cefalomtricopudesse ser realizado a partir da telerradiograaem norma lateral. Esse procedimento foi realizadosem custo algum aos participantes. Para obtenodesse dado, foi elaborado o desenho das estruturasdas vias areas superiores na prpria radiograa e,em seguida, realizada a mensurao por meio dargua da estrutura nasal e oral, para comparao snormas. Em seguida foram escolhidos os exercciosmais apropriados para suas caractersticas.

    Os participantes foram, ento, distribudospelos dias da semana em que melhor se adaptarampara o encontro semanal. No terceiro encontro,foi explicado a eles como seriam realizados osexerccios da parte da manh. Nas duas semanasseguintes, passaram a realizar os exerccios pelamanh, tarde e noite.

    Esses encontros foram realizados durante asprximas seis semanas, no total de dez semanas deterapia. Em todos os encontros, foram questionadasas dvidas e solicitado o checklist para vericar arealizao dos exerccios durante a semana.

    Na ltima semana, os participantes realizaramnovamente a avaliao a m de obter os resultadospara comparao. Nesse encontro, realizaramtambm a telerradiograa na Clinica de Radiologia.Ao final, foram instrudos a no cessarem arealizao dos exerccios, j que a SAOS poderecidivar, e foram orientados a realizar uma sriemenos intensa, apenas uma vez no dia, comalternncia entre a srie da manh, tarde e noite.

    quando no utilizada, os sintomas voltam a semanifestar.20

    A terapia miofuncional orofacial, por sua vez,demanda tempo e seus efeitos podem demorara aparecerem. Contudo, esse tempo pode estaraumentado devido ao ciclo vicioso instalado

    pelo ronco, j que a vibrao dos tecidos molespode retardar o processo de equilbrio do tnusdessa regio.10 Isso se deve pelo fato da vibraoservir como massageador e reduzir a tenso deum msculo. Com o uso associado da placa deavano mandibular, a tendncia que o indivduono apresente os roncos durante o sono e noanule o efeito da terapia miofuncional orofacial,j que o ronco nada mais que o som produzidopela vibrao das estruturas orofarngeas duranteo sono.21

    O objetivo deste estudo foi identificar a

    contribuio que a terapia miofuncional orofacialoferece a indivduos diagnosticados com SAOSsem indicao cirrgica e comparar os resultadosde avaliao antes e aps a terapia.

    Material e Mtodo

    O estudo foi realizado com a participaovoluntria de oito indivduos, quatro do sexofeminino e quatro do sexo masculino, comidade de 40 a 65 anos. Todos realizaram oexame da polissonografia por um mdico

    Otorrinolaringologista, com diagnstico de apneiamoderada e no obtiveram recomendao cirrgicacomo tratamento apropriado.

    Foi utilizado um questionrio de identicao/acompanhamento, um questionrio com aClassicao de Malampati e um com a Escalade Sonolncia de Epworth. Alm disso, foramutilizados, para a avaliao ta mtrica, balanadigital, paqumetro e luvas de ltex. Para osprocedimentos teraput icos, foram uti lizadoscolheres, copos com gua gelada, hstias,borrifadores e uma lista com a explicao de cada

    exerccio miofuncional realizado. Para controlede frequncia de realizao dos exerccios, foiutilizado um checklist, analisado posteriormente.

    As telerradiografias em norma lateral,realizadas para obteno dos dados de nasofaringee orofaringe, foram realizadas com utilizao demateriais e equipamentos prprios em consultriosparticulares e os participantes arcaram coma despesa do exame inicial, j que o final foi

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    Propostas fonoaudiolgicas ao paciente roncador

    Distrb Comun, So Paulo, 25(1): 119-127, abril, 2013

    Os participantes do estudo apresentaram osseguintes resultados na Escala de Malampati,conforme descrito na Tabela 2:

    A circunferncia cervical foi medida por meioda ta mtrica e calculado o dimetro do pescoo.

    Os resultados podem ser visualizados atravs daFigura 1.

    Resultados

    Foram analisadas as medidas cefalomtricasde nasofaringe e orofaringe antes e aps a terapiamiofuncional, que foram obtidas por meio da

    telerradiograa em norma lateral e descritas naTabela 1.

    Tabela 1: Medidas de nasofaringe e orofaringe antes e aps a terapia miofuncional dosparticipantes do estudo. Maring (2011).

    Suj. Nasofaringe (mm) Orofaringe (mm)

    Antes Depois Diferena Antes Depois Diferena

    1 11 13 2 3 5 2

    2 9 14 5 4 6 2

    3 13 17 4 7 9 2

    4 11 11 0 11 12 15 14 17 3 5 7 2

    6 11 13 2 13 16 3

    7 10 11 1 11 13 2

    8 12 15 3 11 13 2

    Mdia 11,375 13,875 2,5 8,125 10,125 2

    Tabela 2: Classicao de acordo com a Escala de Malampati antes e aps a terapia dosparticipantes do estudo. Maring (2011).

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    Kairone F. Kronbauer, Priscila M. Trezza, Cristiane F. Gomes

    Foi realizada a mensurao das medidas

    antropomtricas dos teros superior, mdio

    e inferior dos sujeitos antes e aps a terapia

    miofuncional por meio do paqumetro. As medidas

    Figura 3: Porcentagem de realizao dosexerccios no domiclio dos participantes do

    estudo. Maring (2011).

    Figura 2: Medidas de IMC antes e aps aterapia miofuncional dos participantes do

    estudo. Maring (2011).

    que constam na Tabela 3 so resultantes damdia de trs medies, para que houvesse maiorconabilidade nos resultados.

    Foi tambm comparada a referncia desonolncia diurna nos participantes antes e apsa terapia miofuncional e encontraram-se osresultados descritos na Tabela 4.

    Na Figura 2 so apresentadas as medidasde peso e altura dos participantes, antes e aps aterapia miofuncional.

    Durante os acompanhamentos semanais,foi verificada a frequncia da realizao dosexerccios por meio do checklist. Ao nal dosatendimentos, foi verificada a participao noprocessos teraputico atravs da realizao dosexerccios no domiclio, de acordo com a Figura 3.

    Tabela 3: Medidas antropomtricas orofaciais dos teros superior, mdio e inferior da face

    antes e aps a terapia dos participantes do estudo. Maring (2011).

    1/3Superior (mm)

    1/3Mdio (mm)

    1/3Inferior (mm)

    Sujeito Antes Depois Diferena Antes Depois Diferena Antes Depois Diferena

    1 53,5 53,4 0,1 65 64,7 0,3 56,8 53,8 3,0

    2 50 49,5 0,5 51,6 50 1,6 60 53,7 6,3

    3 69 70 -1,0 64,6 61,9 2,7 67,1 65 2,1

    4 60,9 58,7 2,2 59,8 65,8 -6 65 60 5,0

    5 63 62,7 0,03 59,7 59 0,7 57,8 52,7 5,1

    6 84 83,8 0,2 54,9 55,8 -1,1 59,8 56,3 3.5

    7 52,7 50,7 2,0 65 62,8 3,2 62 58,3 3,7

    8 82,5 81,9 0,6 68,7 69 -1,2 84,45 80,7 3,75

    Mdia 64,45 63,84 0,61 61,16 61,12 0,025 64,12 60,06 4,13

    Legenda

    Homem

    Mulher

    Figura 1: Medidas de circunferncia cervicalantes e aps a terapia miofuncional dosparticipantes do estudo. Maring (2011).

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    Tabela 4: Nveis de sonolncia diurna antes e aps a terapia miofuncional de cadaparticipante do estudo. Maring (2011).

    Nota 0 1 2 3

    Suj. Situao Antes Depois Antes Depois Antes Depois Antes Depois

    1.Sentado e

    lendo0 4 4 2 2 1 2 0

    2. Assistindo TV 1 4 1 3 4 1 2 0

    3.

    Sentado emlugar pblico

    (cinema,igreja, sala

    de espera...)

    3 7 3 1 1 0 1 0

    4.

    Comopassageiro decarro, nibus,andando uma

    hora semparar

    0 4 3 3 2 1 2 0

    5.

    Deitado para

    descansar tarde

    0 2 2 3 0 3 6 0

    6.Sentado e

    onversandocom algum

    4 7 3 1 1 0 0 0

    7.Sentado aps

    o almoo(sem lcool)

    0 2 3 3 2 3 3 0

    8.

    Enquantopra de

    dirigir poralguns

    minutos

    6 8 1 0 1 0 0 0

    Discusso

    No que se refere s medidas cefalomtricas, ovalor normal da nasofaringe para adultos de 17,4mm. J a orofaringe possui valor normal para adultode 12 a 13 mm.12

    Como se pode perceber, as medidas denasofaringe estavam todas abaixo do valor normal

    antes da terapia. Ao trmino da terapia miofuncional,estas medidas chegaram normalidade em doisparticipantes, houve aumento em sete e, apenasum, no apresentou nenhum aumento de medida. Amdia de aumento nesse grupo foi de 2,5 mm, comvalor mximo de aumento 5 mm e mnimo, 1 mm.

    O mesmo fato ocorreu com as medidas deorofaringe. Antes da terapia, a mdia foi de 8,125mm, ou seja, necessitava-se um aumento de pelo

    menos 4 mm para chegar normalidade, pormfoi alcanado a metade disso, ou seja, 2,0 mm.O maior ganho dessa avaliao foi de 3 mm e omenor, de 1 mm.

    O aumento dessas medidas revela os resultadosda terapia miofuncional, uma vez que foi realizadaa contrao da musculatura velofarngea que estavahipotnica. Isso fez com que aumentasse o calibre

    das vias areas superiores e inferiores, fato quemelhora a passagem de ar da respirao duranteo sono.

    Quanto Escala de Malampati, foi possvelobservar que os sujeitos 4 e 5 no mudaramde classe, permanecendo nas classes III e IIrespectivamente. O sujeito 6 avanou duas classes,passou da classe III para a classe I. Os demaisparticiapntes avanaram apenas uma classe,

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    Kairone F. Kronbauer, Priscila M. Trezza, Cristiane F. Gomes

    No presente estudo, antes do processo teraputicodois participantes estavam suscetveis a acidentesautomobilsticos e, aps a terapia fonoaudiolgica,nenhum deles referiu sentir sonolncia no trnsito.

    No que se refere s medidas de peso e altura,um dado interessante foi encontrado. Sete dos

    oito participantes apresentaram reduo de pesocorporal, mesmo orientados a no realizarem dietadiferenciada durante o tratamento fonoaudiolgico.A mdia de reduo foi de 3,1 Kg para o grupo.No foram encontrados, na literatura, dados sobrea reduo do peso em decorrncia da terapiamiofuncional. Outros estudos sero necessriospara conrmar estes dados. Apesar disso, pesquisas13;20;24indicam que, quando o indivduo apresentasono de boa qualidade, a sade de um modogeral tende a melhorar. Outros estudos 1;2;8;10;13indicam que o aumento de peso contribui para

    o desenvolvimento da SAOS. Esse um dadoimportante, uma vez que indivduos com IMC(ndice de Massa Corporal) acima de 30 noobtero resultados satisfatrios apenas com aterapia miofuncional.

    Concluso

    Pode-se concluir que a terapia miofuncionalorofacial se mostrou ecaz para o tratamento daSAOS, pois foi observada melhora de muitos fatoresalterados pela sndrome, entre eles, houve reduodo ndice de massa corporal, da circunfernciacervical, das medidas antropomtricas de teroinferior da face e de circunferncia cervical, almda referncia da reduo da sonolncia diurna.Isso indica que o calibre das vias areas superioresaumentou aps a terapia miofuncional e, comisso, tornou menos frequente o colabamento damusculatura durante o sono REM, que causa aapneia.

    Com a reduo do ndice de apneias,consequentemente os microdespertares tambmdiminuram e o sono, deste modo, passou a sermais reconstrutor e tranquilo. O estudo com osparticipantes revelou que a terapia miofuncionalpode corrigir o agente causador da sndrome:a hipotonia da musculatura e mostrou-se umtratamento de efeitos duradouros e no apenaspaliativo. Os resultados mostram a necessidade deincluso do prossional Fonoaudilogo na equipemultidisciplinar que atua com a sndrome.

    passaram da classe III para a classe II, de acordocom o esperado da literatura que refere que, como treinamento miofuncional, ocorre contrao damusculatura orofarngea e a tendncia que a baseda lngua, paredes laterais e posteriores da faringe eo palato mole diminuam de tamanho por aumentar

    o tnus e isso faz com que aumente a passagem dear nas vias areas.11;13

    Com relao antropometria, especicamentea circunferncia cervical, no existe uma medidapadro, mas geralmente essa medida se encontraaumentada na SAOS. Guimares11 refere, emseus estudos, que a mdia dessa medida em 20pacientes passou de 39,5 para 38,3 cm aps aterapia miofuncional para SAOS. De acordo comos resultados, todos os participantes apresentaramreduo da circunferncia cervical, pois a terapiapromoveu a contrao da musculatura dessa regio

    que estava hipotnica em todos os pacientes.A mdia de reduo foi de 1,5 cm, com valormnimo de 0,5 cm e mximo de reduo de 2,5cm ps-terapia.

    Q u an t o men s u r ao d as med i a santropomtricas dos teros superior, mdio einferior foi possvel observar que no houvemudana signicativa entre as medidas prviase posteriores terapia miofuncional nos terossuperior e mdio no grupo, uma vez que osexerccios no foram direcionados para essasregies. J o tero inferior passou da mdia 64,12

    mm para 60,06 mm, com diferena 4,13 mm nogrupo. Com isso, pode-se dizer que houve reduodas medidas do tero inferior da face devido contrao da musculatura de lbios e bochechasque geralmente encontram-se hipotnicas.5;16-18

    As mdias para o tero inferior da face para oshomens de 72 mm e para as mulheres, 66 mm. Deacordo com os dados obtidos, todos os participantesapresentaram medidas menores que as mdias daliteratura15.

    De acordo com as referncias de sonolnciadiurna, foi possvel observar que a sonolncia

    excessiva diurna diminuiu aps a terapiamiofuncional e os resultados da pesquisa equivalemaos resultados dos estudos de Guimares11, querelata a reduo da sonolncia diurna aps a terapiamiofuncional, j que os sujeitos puderam melhorara qualidade do sono durante a noite. Um ndiceimportante, e que vrias pesquisas 7,22,23apontamcomo causa de morte, a sonolncia no trnsito.

  • 8/12/2019 14930-35961-1-PB

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    Propostas fonoaudiolgicas ao paciente roncador

    Distrb Comun, So Paulo, 25(1): 119-127, abril, 2013

    Recebido em outubro/12; aprovado em maro/13.

    Endereo para correspondncia

    Cristiane F. GomesRua Neo Alves Martins, 2951 apto 132

    Centro Maring, PR

    CEP 87013-060

    E-mail:[email protected]

    H a necessidade de que mais estudos sejamrealizados, para que as estratgias e metodologiaspara essa modalidade de tratamento para a SAOSse aperfeioem cada vez mais. Para tanto, estudoscom maior nmero de sujeitos e com maior duraode terapia sero fundamentais.

    Referncias Bibliogrcas

    1.Guimares KC, Drager LF, Genta PR, Marcondes BF, Lorenzi-Filho G. Effects of oropharyngeal exercises on pacients withmoderate Obstructive Sleep Apnea Syndrome. Am J Respir CritCare Med. 2009; 179:962-6.2.Pinto J A. Ronco e apneia do sono/ estudo abrangente. 2. ed.Rio de Janeiro: Revinter; 2010.3.Hoffmann GL, Miranda ME. Avaliao do efeito da utilizaode placas protrusivas e aumento da dimenso vertical deocluso baseado em parmetrs polissonogrcos em pacientes

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