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Resenha da exposição de William Kentridge na Pinacoteca de São Paulo em 2013.
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Ocupando um dos espaços mais especiais da Pinacoteca, The Refusal of Time, a obra mais marcante da exposição, a abre com uma video-instalação no octógono do museu utilizando nada menos que cinco projetores. No centro do espaço, entre as cadeiras e projeções, uma máquina funciona ininterruptamente. Comprime, exprime, gira, contínua. Não traz uma progressão ou evolução, apenas se mantém, se sustenta e e se prolonga, enquanto nas projeções Kentridge caminha, passa por sobre uma cadeira e continua, caminha, até a próxima cadeira, até caminhar, até cadeira, até…Continuidade ou progressão? Não se pode responder antes
que desenhos à mão se projetem e se prolonguem sobre as paredes, expandindo-se enquanto barras sobem e descem, crescem e diminuem. Seus desenhos pulsam, sua máquina pulsa, sua obra respira.SeSe em The Refusal of Time podemos nos relacionar com
uma reflexão visual sobre o tempo - e sua ausência -, no seu Prólogo, Anti-Mercator, observamos o estudo para a obra maior meticulosamente apresentada em belas animações sobre seu próprio sketchbook, onde nos são apresentados stop-motions como picotes de papel que formam imagens e as desfazem, recriando-as na página ao lado, dessa forma, transpondotranspondo os objetos enquanto dialoga com o tempo e o espaço - estamos, nós, em outro lugar além daqui?A recriação e reformulação se mostram recorrentes durante
a exposição, com Drawing Lesson 46 dando-nos uma aula de resignificação: enquanto objetos criados de forma variada são girados em torno de seu próprio eixo, seus cilindros fonográficos transmitem sons da natureza, principalmente de animais, transformando estes objetos em criaturas vivas e eloquentes. Seus objetos são animados, literalmente, do stop-motionstop-motion que os movimenta aos movimentos que lhes dão ânimo, vida e vigor. Ao assistirmos homens e mulheres trabalhando em
máquinas e mais máquinas determinadamente para em seguida serem destruídas em The Refusal of Time, somos levados à beleza da imagem dessas mesmas pessoas dançando e se animando entre as máquinas desistidas. É uma celebração à perda do universo, este ao qual nos acostumamos e seguimos inquestionavelmente. Celebraremos, tambémtambém, ao nos reencontrarmos quando os códigos e fórmulas desistirem e virmos, então, um novo sentido à nossa existência. Estaremos, enfim, dançando, como eles, entre máquinas quebradas e o nosso sentido reencontrado - não contínuo, não prolongado, mas progressivo e, enfim, restaurado.
WILLIAMKENTRIDGEpinacoteca do estado de são paulo31.08 ATÉ 10.11
renan cesar antunes
IED PM2AM