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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE EDUCAÇÃO DE BIGUAÇU
UNIVALI CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
FERNANDO SCHNEIDER
ROSINETE GRAMS BROERING
O USO DE PLANTAS MEDICINAIS ENTRE OS PROFISSIONAIS DE
ENFERMAGEM E USUÁRIOS NO MUNICÍPIO DE BIGUAÇU-SC.
BIGUAÇU
2009
FERNANDO SCHNEIDER
ROSINETE GRAMS BROERING
O USO DE PLANTAS MEDICINAIS ENTRE OS PROFISSIONAIS DE
ENFERMAGEM E USUÁRIOS NO MUNICÍPIO DE BIGUAÇU-SC.
Monografia apresentada junto ao Curso de
Graduação em Enfermagem da Universidade do
Vale do Itajaí – UNIVALI, como requisito parcial
à obtenção de título de enfermeiro.
Professora Orientadora: Mscanda Liliane Werner
BIGUAÇU
2009
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FERNANDO SCHNEIDER
ROSINETE GRAMS BROERING
O USO DE PLANTAS MEDICINAIS ENTRE OS PROFISSIONAIS DE
ENFERMAGEM E USUÁRIOS NO MUNICÍPIO DE BIGUAÇU-SC.
Monografia apresentada junto ao Curso de
Graduação em Enfermagem da Universidade do
Vale do Itajaí – UNIVALI, como requisito parcial
à obtenção de título de enfermeiro.
Professora Orientadora: Mscanda. Liliane Werner
COMISSÃO EXAMINADORA
______________________________________ Professora Mscanda Liliane Werner
Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI Orientadora
_______________________________________ Professora Msc. Teresa Cristina Gaio
Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI Membro
________________________________________ Professora Msc. Maria Catarina da Rosa
Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI Membro
BIGUAÇU, julho de 2009
3
DEDICATÓRIA DE FERNANDO
Dedico esta monografia a minha querida e guerreira
mãe Lia, pelo seu grande incentivo, dedicação e amor,
pela arte de me fazer perceber que a vida vale a pena, e
não devemos desistir nunca. Te amo.
4
DEDICATÓRIA DE ROSINETE
Aos meus queridos pais Roberto e Dalva que me
incentivaram e apoiaram para a realização deste
trabalho.
5
EPÍGRAFE
“É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e
o que se faz, de tal forma que, num dado momento, a tua
fala seja a tua prática”.
Paulo Freire
6
AGRADECIMENTOS DE FERNANDO
Agradeço a Deus por me dar força, coragem e por colocar em meu caminho pessoas
que tiveram grande envolvimento em meu trabalho.
À minha família em especial minha Vovó Analina e meu Vovô Vicente (in
memóriam), que sempre estiveram presentes em todos os momentos de minha vida, aos meus
queridos pais Lia e Valdemaro, pelo amor, apoio e incentivo orientando o melhor caminho a
seguir, ao meu irmão Gleycon e minha cunhada Cristiane por estarem disponível quando
precisei, a minha tia Mirta que considero minha segunda mãe, por ser amiga e me fazer
entender que apesar das dificuldades vale a pena viver e seguir o caminho mesmo que seja
árduo. Obrigado a todos pelo amor e compreensão que me ofereceram.
À Professora Liliane Werner, agradeço pelo carinho, pela coragem, pelo apoio e
paciência, assumindo comigo o compromisso de realizar em curto espaço de tempo este
desafio.
A Rosinete, por ser amiga e companheira, meu muito obrigado, cumprimos mais uma
etapa.
Agradeço a todo o corpo docente por me passarem todos os conhecimentos, em
especial as professoras Teresa Cristina Gaio, Maria Catarina da Rosa, Adriana Dutra Tholl,
Maristela Assumpção de Azevedo, Maria de Lurdes Campos Hames, Dionice Furlani, pessoas
que sem dúvida foram essenciais e especiais durante minha vida acadêmica, pois nunca
duvidaram do meu potencial e me deram força e coragem para que eu nunca desistisse.
Aos meus amigos Henrique Queiroz, José Araújo, Bianca da Silva Ferreira, Janete
Schlichting, Joyce dos Santos e Jéferson Adriano que estiveram presentes em todos os
momentos, sendo firmes ao me dar apoio, e os ombros para chorar quando pensava em
desistir.
Enfim, a todos os pacientes, ou melhor, companheiros, que confiaram no meu
trabalho, e que sem dúvida foram de grande importância para o aprimoramento dos meus
estudos.
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AGRADECIMENTOS DE ROSINETE
Agradeço a Deus, pela saúde, coragem, força e por colocar em meu caminho pessoas
que me incentivaram apoiaram e acreditaram em meu trabalho.
A minha família em especial meu marido Luiz pela paciência, carinho, compreensão.
Sempre me apoiando e ajudando. Aos meus filhos Yuri e Igor pela compreensão de minhas
ausências. Aos meus pais Roberto e Dalva Por acreditar, ajudar e sempre me incentivar nesta
árdua caminhada. A minha querida tia Vera, agradeço pelas palavras de apoio, carinho e
incentivo.
A nossa orientadora Liliane Werner pela paciência e incentivo que tornaram possível a
conclusão desta monografia.
Ao Fernando, agradeço pelo companheirismo, paciência e determinação, pois mesmo
nos momentos difíceis, foi de fundamental importância para que pudéssemos concluir o
trabalho.
A professora e coordenadora do curso Maria Lígia dos Reis Bellaguarda pelo
convívio, pelo apoio, pela amizade e admiração. Agradeço também, a todo corpo docente
pelos conhecimentos transmitidos em especial as Professoras Tereza Cristina Gaio, Janelice
Neves de Azevedo Batistiani, Helga Regina Bressiani Maria Catarina da Rosa, Ném Nalú
Alves das Mercês, Cladis Loren Kieffer, Maria de Lurdes Campos Hames, são pessoas que
admiro e que ajudaram a trilhar este caminho acadêmico.
Aos amigos e colegas da turma em especial, Pamêlla, Rita, Ana Cristina agradeço pelo
apoio e incentivo constante.
Enfim, a cada um dos entrevistados, por sua valiosa colaboração.
8
RESUMO
Este estudo vem de encontro com as necessidades e tendências brasileiras e regionais do exercício de práticas complementares e integrativas como alternativa para as ações de promoção e proteção da saúde, reabilitação e prevenção de doenças e de seus agravos. Compreendendo a importância dessas práticas de saúde entre diferentes meios profissionais da área, esta investigação teve como composição da amostra, profissionais de enfermagem e usuários da Rede Básica de Saúde do município de Biguaçu – SC. Os objetivos foram de avaliar como se da o uso de plantas medicinais no cotidiano desses profissionais e usuários de três equipes de saúde da família – ESF. Os dados foram obtidos através de aplicação de instrumentos de pesquisa “A” para profissionais de enfermagem e “B” para usuários. Estes instrumentos foram elaborados com perguntas semi-abertas proporcionando uma discussão sobre a utilização das plantas na promoção e recuperação da saúde, sendo investigado também a forma de transmissão do conhecimento, as principais plantas usadas, formas de manipulação e preparo como também sua indicação popular. Os resultados deste estudo nos apontam para a necessidade de reavaliação e readequação das ações da rede de atenção básica de saúde, no que tange a implementação de práticas de educação e formação dos profissionais de saúde em fitoterapia, assim como, nas demais atividades que se fizerem necessárias nos diferentes processos de trabalho. A pesquisa reforça o efetivo uso das plantas entre os profissionais e usuários e a importância segundo eles da informação bem fundamentada para este uso sobre este tema. Palavras Chave: Plantas Medicinais, Enfermagem, Equipe de Saúde da Família.
9
ABSTRACT
This study comes to meet the Brazilian and regional needs and tendencies of the exercise of complementary and integrating practices as an alternative for actions of health promotion and protection, rehabilitation and prevention of diseases and their aggravators. Comprehending the importance of these health practices among different field professionals, this investigation had as sample composition, nursing professionals and users of the Basic Health Network from the city of Biguaçu – SC. The objectives were to evaluate how the use of medicinal plants happens in the everyday practice of these professionals and users of three Family Health Teams – FHT. The data were obtained by applying the research instruments “A” for nursing professionals and “B” for users. These instruments were elaborated with semi-open questions, providing a discussion about the use of plants, to foster and recover health, also investigating the way of knowledge transmission, the main used plants, ways of manipulating and preparing as well as its popular recommendation. The results of this study show us the need to reassess and adequate the actions of the basic health network, in terms of implementing education practices and formation of the health professionals in phytotherapy, as well as, in the other activities in which they are needed on the different work processes. The research reinforces the effective use of plants among professionals and users and the importance, according to them, of the well-based information for the use about this theme. Keywords: medicinal plants, Nursing, Family Health Teams
10
LISTAS DE ILUSTRAÇÕES
TABELA I - Profissionais de enfermagem participantes e local de estudo........................... 36
TABELA II – Usuários participantes e local de estudo......................................................... 36
GRÁFICO I – Profissionais de enfermagem entrevistados.................................................. 42
GRÁFICO II – Conhecimento da fitoterapia pelos profissionais de enfermagem
entrevistados.........................................................................................................................
43
GRÁFICO III – Espécies de plantas comuns no uso entre os profissionais de enfermagem 44
GRÁFICO IV – Tipos de aprendizagem pelos profissionais de enfermagem....................... 45
GRÁFICO V – Indicação de fitoterapia pelos profissionais de enfermagem........................ 46
GRÁFICO VI – Riscos das plantas medicinais..................................................................... 48
GRÁFICO VII – Uso e benefícios das plantas pelos usuários.............................................. 50
GRÁFICO VIII - Espécies de plantas comuns no uso entre usuários.................................. 51
GRÁFICO IX – Acesso dos usuários aos fitoterapicos......................................................... 51
11
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 11
2. OBJETIVOS.................................................................................................. 14
2.1. Objetivo Geral................................................................................................. 14
2.2. Objetivos Específicos..................................................................................... 14
3. REVISÃO LITERÁRIA.............................................................................. 15
3.1
3.2.
O Sistema Único de Saúde – SUS e a Estratégia de Saúde da Família - ESF.
Benefícios para a Saúde..................................................................................
15
18
3.3. Portaria Nº 971............................................................................................... 19
3.4.
3.5.
3.6.
3.7.
3.8.
3.9.
4.
4.1.
4.2.
4.3.
4.4.
Lei Nº 12.386.................................................................................................
O Cuidado Científico e o Popular.................................................................
Descoberta do Cuidado Terapêutico e a Enfermagem no Brasil...................
A Fitoterapia na História do Brasil................................................................
A Enfermagem e a Fitoterapia.......................................................................
A Fitoterapia como Prática Utilizada no Cuidado Cultural...........................
MARCO TEÓRICO.....................................................................................
A Teoria no Cuidado Cultural de Leininger...................................................
Modelo do Sol Nascente................................................................................
Históricos e Conceitos....................................................................................
Sistema de Cuidado de Saúde........................................................................
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27
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30
30
31
32
35
5. METODOLOGIA......................................................................................... 35
5.1. Tipo de Estudo............................................................................................... 36
5.2. Local de Estudo.............................................................................................. 36
5.3. População e Amostra...................................................................................... 37
5.4. Coleta e análise de Dados............................................................................... 38
5.5.
5.6.
6.
7.
Considerações Éticas......................................................................................
Caminhos Metodológicos................................................................................
DISCUSSÃO E ANÁLISE DE DADOS.....................................................
CONCLUSÃO...............................................................................................
39
40
41
54
REFERÊNCIAS............................................................................................. 56
APÊNDICES..................................................................................................
Apêndice I – Instrumento de pesquisa “A”.....................................................
60
61
12
Apêndice II – Instrumento de pesquisa “B”....................................................
Apêndice III – Planilha de discussão “A”.......................................................
Apêndice IV – Planilha de discussão “B”.......................................................
Apêndice V – Termo de compromisso de orientação.....................................
Apêndice VI – Termo de consentimento livre e esclarecido..........................
Apêndice VII – Consentimento de participação da pessoa como sujeito.......
Apêndice VIII – Declaração de consentimento Institucional..........................
63
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70
13
1. INTRODUÇÃO
A enfermagem, profissão historicamente marcada pelo compromisso com a saúde
pública, está presente na maioria das ações desenvolvidas na atenção básica do sistema único
de saúde, e não poderia ser diferente, quanto aos avanços e que as terapias alternativas vem
sofrendo nas ultimas décadas em nosso país.
Como a fitoterapia tem grande aceitação junto às comunidades, onde sua prática se dá
diariamente, devido aos costumes e crenças populares, resolvemos elaborar um trabalho, para
verificarmos se os profissionais de enfermagem, aprovam e indicam o uso de terapias
alternativas, para a população por eles assistidas.
As terapêuticas como práticas culturais, ao longo dos tempos, tem estado presente nos
diversos tipos de contextos. Muitas vezes por fazerem parte do cotidiano das
famílias/comunidades, estas praticas passam desapercebidas, ate mesmo por aqueles que
utilizam esse tipo de terapêutica no cuidado cultural.
Tendo como proposta estimular e promover o desenvolvimento dos aspectos de
atenção à saúde, tomada de decisões e comunicações, no corpo de profissionais de
enfermagem, segundo as Leis de Diretrizes Curriculares.
Esta pesquisa foi desenvolvida em três unidades de saúde do município de Biguaçu,
com oito profissionais da área de enfermagem (cinco técnicos e três enfermeiros), que atuam
juntamente com as equipes da Estratégia de Saúde da Família - ESF, e com seis usuários
dessas equipes, visando conhecer a realidade sobre o uso de plantas medicinais dessa
população.
Segundo Sanguinetti (1989), “o uso de plantas para tratamento das doenças do homem
vem crescendo notavelmente em todos os países do mundo, esse fenômeno que muitos diziam
ser decorrente do modismo, não é, na verdade, reside no desencanto generalizado”.
Dados da organização mundial de saúde revelam que o uso de plantas medicinais pela
população tem sido significativos nos últimos tempos, eles mostram que cerca de 80% da
população mundial fez ou faz uso de algum tipo de planta medicinal na busca de alivio de
alguma sintomatologia dolorosa ou desagradável. A utilização e o impacto das terapias
alternativas vem sendo de tão grande relevância, que o Ministério da Saúde, criou uma
portaria que aprova a política de práticas integrativas e complementares (PNPIC) no sistema
único de saúde conforme Portaria Nº 971 de 3 de maio de 2006 (BRASIL 2006).
14
Considerando as práticas integrativas e complementares, e dentro delas a fitoterapia
que é um recurso terapêutico caracterizado pelo uso de plantas medicinais em suas diferentes
formas farmacêuticas e que tal abordagem incentiva o desenvolvimento comunitário, a
solidariedade e a participação social, faz com que essa portaria venha regulamentar em caráter
nacional, a implantação e implementação das ações e serviços relativos às praticas
integrativas e complementares, onde se deva promover a elaboração ou a readequação de seus
planos, programas, projetos e atividades, na conformidade das diretrizes e responsabilidades
nela estabelecidas.
Segundo Carvalho (2003), “os egípcios, registraram em papiros, o uso das plantas
medicinais, há mais de 3.300 anos, antes de Cristo”.
Por um período longo, estas práticas, em especial a fitoterapia, foram utilizadas
anonimamente, mas, a divulgação feita, nos últimos anos, pela imprensa em geral e inúmeros
estudos realizados em diversas áreas da ciência, como farmacologia, bioquímica, fotoquímica
e outras, estimulou o interesse dos profissionais, para este tipo de cuidado utilizado pela
população, que cada vez mais esta ganhando força e por isso não deve ser desprezado.
A família tem um papel importante no repasse de conhecimento sobre vários tipos de
praticas terapêuticas originarias dos costumes e hábitos culturais. Através dela, muitos
padrões culturais são construídos, modificados ou preservados, de acordo com a influencia do
meio em que vivem e do interesse do grupo em que esta inserida. Assim, os valores, crenças e
modo de vista determinados pela cultura acumulada são transmitidos por várias gerações.
Quando ingressamos na Universidade, notamos que havia um grande distanciamento
entre a ciência e o senso comum. A ciência era a supremacia máxima e os conhecimentos
adquiridos no cotidiano eram tidos como sem importância, por isso eram negados pela
maioria dos cientistas.
Na universidade, particularmente na área da saúde, o homem ainda é visto de forma
fragmentada. Esta visão reflete-se na formação profissional do enfermeiro, acabando por
influenciar sua atuação. Mas, apesar dessa influencia, muitos enfermeiros conseguiram
superar esta visão estreita e ir além, prestando um cuidado mais humanizado do que o ditado
pela escola mecanista.
Assim sendo, podemos verificar que o saber popular, também tem sua importância e
isto vem cada vez mais confirmando, inclusive no ambiente acadêmico, tanto que algumas
terapias alternativas como fitoterapia e acupuntura já foram incorporadas nas Unidades de
Saúde de Biguaçu, como a CIABS – Clinica Integrada de Atenção Básica à Saúde e o Projeto
Bio Verde, criado como extensão da disciplina de fitoterapia da UNIVALI – Universidade do
15
Vale do Itajaí, para atender a comunidade e servir como uma espécie de laboratório ao ar livre
para os acadêmicos.
Como a Fitoterapia é a terapêutica mais utilizada pelos diversos povos de todo o
mundo, desde a mais antiga idade. A cada dia vem ganhando mais credibilidade, e
despertando mais interesse, em todas as camadas sociais, desenvolvemos esta pesquisa para
saber qual a aceitação da fitoterapia pelos profissionais da área da enfermagem no município
de Biguaçu, já que a utilização das plantas na prevenção e cura de doenças esta registrada em
toda a História da humanidade.
A idéia deste trabalho se deu a partir da crença de que a fitoterapia é uma prática de
cuidado tradicional, cuja essência esta ligada aos valores e crenças de uma determinada
população, repassados de gerações para gerações. Sendo a enfermagem uma profissão
próxima da população, e contribuindo ativamente na preservação destes conhecimentos
culturais, proporcionamos esta pesquisa para saber, como acontece a utilização dela pelos
profissionais de enfermagem, e de que forma acontece o repasse das informações para a
comunidade.
Objetivando responder a questão compartilhamos com os profissionais de enfermagem
do município de Biguaçu, que utilizam a fitoterapia, como recurso terapêutico, no cuidado
popular de saúde, tendo como suporte a teoria transcultural de Leininger apud Mendonça
(1998) podendo assim obter maiores informações para prestar o cuidado consigo mesmo e
para com a comunidade.
Tudo isso nos instigou a seguinte indagação: Como acontece o uso de plantas
medicinais entre os profissionais de enfermagem e usuários no município de Biguaçu?
Para tanto elencamos nossos objetivos a seguir para responder nossos questionamentos, a
operacionalização e desfecho deste estudo.
16
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo Geral
- Conhecer o uso de plantas medicinais por profissionais de enfermagem e usuários nas
Unidades de Atenção Básica no município de Biguaçu.
2.2. Objetivos Específicos
- Conhecer as espécies de plantas medicinais, as formas de preparo, uso e freqüência
pelos profissionais de enfermagem e usuários, no município de Biguaçu;
- Conhecer o repasse de informações dos profissionais de enfermagem aos usuários,
sobre as plantas e seus benefícios.
17
3. REVISÃO LITERÁRIA
Segundo Nogueira (1983), o homem teve necessidade de cuidar do outro, adquiriu
habilidades de pescar, caçar, fazer fogo, abrigar-se das variações climáticas e tratar de seus
males utilizando plantas. Já Buisson (1973) relata que talvez a habilidade de usar plantas
tenha surgido quando o homem, observando os animais, viu que após serem atingidos por
algum animal peçonhento, comiam alguns tipos de plantas.
Observamos através da história, o homem também teve que viver em grupos para
garantir sua existência, iniciando assim um grande desenvolvimento da espécie humana,
levando ao aparecimento das primeiras formas escritas, que foram repassadas pelas
civilizações, evoluindo ao longo do tempo, até ser dominada, principalmente, pelos
sacerdotes, ficando esses responsáveis pela designação do que era certo e errado. Na evolução
histórica das ações de saúde Ferrara (1976) delineia justamente quatro fases: o período
instintivo, o sacerdotal, o hipocratico e o contemporâneo, que parecem, respectivamente, ser
correspondente às Comunidades Primitivas.
Em 2.000 a.C. médicos assírios e babilônicos já usavam plantas medicinais, e no séc.
XXIII a.C. o rei da Babilônia, Hamurabi elabora a primeira codificação de plantas. Encontra-
se também o uso de plantas para tratar as moléstias, nos primeiros séculos do Cristianismo.
Discóries 54 – 58 d.C. classificou as ervas e escreveu um livro que foi vendido por dezesseis
séculos (GORDON apud MENDONÇA, 1998).
3.1. O Sistema Único de Saúde – SUS e a Estratégia de Saúde da Família - ESF
O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores sistemas públicos de saúde do
mundo. Ele abrange desde o atendimento ambulatorial até o transplante de órgãos, garantindo
acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país. O SUS resultou de um
processo de lutas, mobilização, participação e esforços desenvolvidos por grande número de
pessoas. Surgiu como resposta à insatisfação e descontentamento que existiam em relação aos
direitos de cidadania, acesso, serviços e forma de organização do sistema de saúde. Nos anos
70 e 80, vários médicos, enfermeiros, donas de casa, trabalhadores de sindicatos, religiosos e
funcionários dos postos e secretarias de saúde levaram adiante um movimento - o
"movimento sanitário" para criar um novo sistema público que viesse a dar solução aos
inúmeros problemas encontrados no atendimento à saúde da população. Após toda essa
mobilização e com a criação da Constituição de 1988, ficou determinado que seria dever do
18
Estado garantir saúde à toda a população e, para tanto, criou-se o SUS - Sistema Único de
Saúde (STARFIELD, 2002).
Ainda segundo o autor, o SUS é um sistema público, organizado e orientado no
sentido do interesse coletivo, e todas as pessoas - independente de raça, crenças, cor, situação
de emprego, classe social, local de moradia – a ele têm direito. As diferentes situações de vida
dos vários grupos populacionais geram problemas de saúde específicos, bem como riscos e/ou
exposição maior ou menor a determinadas doenças, acidentes e violências. No SUS, situações
desiguais devem ser tratadas desigualmente garantindo assim o princípio da eqüidade. Alem
disso tem o dever de cuidar de todas as necessidades da área da saúde cumprindo assim com o
principio da integralidade, ou seja, realizar todas as ações necessárias para a promoção,
proteção e recuperação da saúde de todos (STARFIELD, 2002).
O SUS da garantias de que todo usuário tenha o direito de:
1. Tem direito ao acesso ordenado e organizado aos sistemas de saúde
2. Tem direito a tratamento adequado e efetivo para seu problema
3. Tem direito ao atendimento humanizado, acolhedor e livre de qualquer discriminação
4. Tem direito a atendimento que respeite a sua pessoa, seus valores e seus direitos
5. Tem responsabilidades para que seu tratamento aconteça da forma adequada
6. Tem direito ao comprometimento dos gestores da saúde para que os princípios anteriores
sejam cumpridos
O desenho geral do SUS no território deve orientar as relações entre as unidades de
saúde, a compra de serviços (quando necessária) e fortalecer a função de regulação do
sistema. Isso oferece ao gestor maior controle sobre a utilização dos recursos disponíveis. O
reconhecimento dos espaços de pactuação entre gestores como estratégicos tem fortalecido o
papel das comissões intergestores em todos os níveis do sistema, e aponta agora para uma
nova etapa: a ampliação e a consolidação dos espaços regionais de gestão. Eles são
absolutamente necessários porque, para garantir integralidade e eqüidade na atenção à saúde
de sua população, todo município precisará pactuar trocas e reciprocidades com outros
municípios vizinhos ou próximos. Seja por não dispor de estrutura suficiente, ou por dispor e
acabar, por isso mesmo, sobrecarregado por demandas vindas de fora de seus territórios. É
fundamental a estruturação e a manutenção de uma sistemática permanente de avaliação de
desempenho que contribua para um redesenho das estratégias, quando necessário, e que
possibilite ao gestor verificar se está alcançando os resultados pretendidos, no que se refere à
melhoria das condições de saúde dos seus munícipes (BRASIL 2009).
19
A Saúde da Família é entendida como uma estratégia de reorientação do modelo
assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes multiprofissionais em
unidades básicas de saúde. Estas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um
número definido de famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada. As equipes
atuam com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e
agravos mais freqüentes, e na manutenção da saúde desta comunidade (BRASIL 2009).
Configura-se também, uma nova concepção de trabalho, uma nova forma de vinculo
entre os membros de uma equipe, diferentemente do modelo biomédico tradicional,
permitindo maior diversidade das ações em busca permanente do consenso. Tal relação,
baseada na interdiciplinaridade e não no positivismo biológico, requer uma abordagem que
questione as certezas profissionais e estimule a permanente comunicação horizontal entre
componentes de uma equipe. Assim fazem-se necessárias mudanças profissionais
significativas nas abordagens individual, da família e da comunidade, para que ocorra de fato
a efetiva implantação de um novo modelo de atenção básica (BRASIL 2000).
O tema família foi de acirrada polêmica no setor saúde durante anos, mas em 1993 um
grupo de coordenadores com experiências de atenção primaria começaram a discutir um
projeto nacional de reorientação dos serviços básicos de saúde, sendo então lançado o
Programa de Saúde da Família. O programa tem como base a criação de uma equipe de
saúde composta de um médico generalista, um enfermeiro, um técnico de enfermagem e seis
agentes comunitários de saúde que se responsabilizaria por uma área geográfica de seiscentas
a mil famílias. Os profissionais devem residir no município e nele trabalhar em tempo
integral. O agente comunitário de saúde deve residir na área sob sua responsabilidade. A
instituição do Programa é de responsabilidade dos municípios, mas recebe apoio das
secretarias estaduais e do ministério da saúde (VASCONCELOS 1999).
O programa saúde da família tem se expandido a cada ano que passa sobretudo em
áreas onde ainda não existem centros de saúde bem estruturados. Um desafio central do
programa é mostrar sua capacidade de integração com serviços locais de saúde, redefinindo
qualitativamente seu modelo de atuação, é um alargamento da atenção primaria à saúde em
direção a incorporação de praticas preventivas, educativas e curativas mais próximas da vida
cotidiana da população e especialmente dos seus grupos mais vulneráveis (VASCONCELOS
1999).
Para remodelar e ampliar a cobertura do programa a secretária de atenção à saúde, no
uso de suas atribuições, e considerando a competência da Secretaria para o estabelecimento de
normas de cadastramento das equipes da Estratégia de Saúde da Família, nos tipos: Equipe de
20
Saúde da Família – ESF, Equipe de Saúde da Família com Saúde Bucal – ESFSB e Equipe de
Agentes Comunitários de Saúde – ACS, no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde –
CNES; Assim, as ações de Promoção da Saúde no âmbito da Atenção Básica devem estar
voltadas para os indivíduos e suas famílias, para os grupos vulneráveis que vivem no território
de abrangência das ESF e para o ambiente físico e social do território. (BRASIL 2009).
3.2. Benefícios para a Saúde
A necessidade exige e a ciência busca a unificação do progresso com aquilo que a
natureza oferece, respeitando a cultura do povo em torno do uso de produtos ou ervas
medicinais para curar os males. As plantas medicinais sempre foram utilizadas, sendo no
passado o principal meio terapêutico conhecido para tratamento da população. A partir do
conhecimento e uso popular, foram descobertos alguns medicamentos utilizados na medicina
tradicional.
Na América Latina, em especial nas regiões tropicais, existem diversas espécies de
plantas medicinais de uso local, com possibilidade de geração de uma relação custo-benefício
bem menor para a população, promovendo saúde a partir de plantas produzidas localmente.
No Brasil existem diversidades e peculiaridades, com concepções, opiniões, valores,
conhecimentos, práticas e técnicas diferentes, que precisam ser incorporadas e respeitadas no
cotidiano, influenciadas por hábitos, tradições e costumes (MENDONÇA 1998).
O conhecimento e uso das plantas medicinais têm sido estimados, baseando em
algumas variáveis sociais. Algumas características desejáveis das plantas medicinais são sua
eficácia, baixo risco de uso, assim como reprodutibilidade e constância de sua qualidade.
Entretanto, devem ser levados em conta alguns pontos para formulação dos fitoterápicos,
necessitando do trabalho multidisciplinar, para que a espécie vegetal seja selecionada
corretamente, o cultivo seja adequado, a avaliação dos teores dos princípios ativos seja feita e
para que a manipulação e a aplicação na clínica médica ocorram. O aproveitamento adequado
dos princípios ativos de uma planta exige o preparo correto, ou seja, para cada parte a ser
usada, grupo de princípio ativo a ser extraído ou doença a ser tratada, existe forma de preparo
e uso mais adequados (MENDONÇA 1998).
Os efeitos colaterais são poucos na utilização dos fitoterápicos, desde que utilizados na
dosagem correta. A maioria dos efeitos colaterais conhecidos, registrados para plantas
medicinais, são extrínsecos à preparação e estão relacionados a diversos problemas de
processamento, tais como identificação incorreta das plantas, necessidade de padronização,
21
prática deficiente de processamento, contaminação, substituição e adulteração de plantas,
preparação ou dosagem incorretas. Tradicionalmente utiliza-se a associação de ervas
medicinais em formulações, que devem ser administradas com critério e sob orientação,
porque as ervas apresentam muitas vezes efeitos farmacológicos similares, podendo
potencializar suas ações. Os medicamentos alopáticos podem ser associados aos fitoterápicos,
mediante acompanhamento de um profissional da área de saúde, lembrando que podem
potencializar os efeitos de alguns medicamentos alopáticos. As informações técnicas ainda
são insuficientes para a maioria das plantas medicinais, de modo a garantir qualidade, eficácia
e segurança de uso das mesmas.
A domesticação, a produção, os estudos biotecnológicos e o melhoramento genético
de plantas medicinais podem oferecer vantagens, uma vez que torna possível obter
uniformidade e material de qualidade que são fundamentais para a eficácia e segurança.
3.3. Portaria Nº 971 de 3 de maio de 2006
Considerando que a Fitoterapia é um recurso terapêutico caracterizado pelo uso de
plantas medicinais em suas diferentes formas farmacêuticas e que tal abordagem incentiva o
desenvolvimento comunitário, a solidariedade e a participação social, o Ministro da Saúde no
uso das suas atribuições, resolve:
Art. 1º Aprovar, na forma do Anexo a esta Portaria, a Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde.
Parágrafo único. Esta Política, de caráter nacional, recomenda a adoção pelas
Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da implantação e
implementação das ações e serviços relativos às Práticas Integrativas e Complementares.
Art. 2º Definir que os órgãos e entidades do Ministério da Saúde, cujas ações se
relacionem com o tema da Política ora aprovadas devam promover a elaboração ou a
readequação de seus planos, programas, projetos e atividades, na conformidade das diretrizes
e responsabilidades nela estabelecidas.
Esta portaria entrou em vigor na data de 3 de maio de 2006.
No Brasil, a legitimação e a institucionalização dessas abordagens de atenção à saúde
iniciou-se a partir da década de 80, principalmente após a criação do SUS. Com a
descentralização e a participação popular, os estados e os municípios ganharam maior
autonomia na definição de suas políticas e ações em saúde, vindo a implantar as experiências
pioneiras (BRASIL, 2008).
22
A fitoterapia é uma “terapêutica caracterizada pelo uso de plantas medicinais em suas
diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de
origem vegetal”. O uso de plantas medicinais na arte de curar é uma forma de tratamento de
origens muito antigas, relacionada aos primórdios da medicina e fundamentada no acúmulo
de informações por sucessivas gerações. Ao longo dos séculos, produtos de origem vegetal
constituíram as bases para tratamento de diferentes doenças (BRASIL, 2008).
No âmbito Federal, cabe assinalar, ainda, que o Ministério da Saúde realizou, em
2001, o Fórum para formulação de uma proposta de Política Nacional de Plantas Medicinais e
Medicamentos Fitoterápicos, do qual participaram diferentes segmentos tendo em conta, em
especial, a intersetorialidade envolvida na cadeia produtiva de plantas medicinais e
fitoterápicos. Em 2003, o Ministério promoveu o Seminário Nacional de Plantas Medicinais,
Fitoterápicos e Assistência Farmacêutica. Ambas as iniciativas aportaram contribuições
importantes para a formulação desta Política Nacional, como concretização de uma etapa para
elaboração da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (BRASIL, 2008).
3.4. Lei Promulgada Nº 12.386, de 16 de agosto de 2002.
Esta lei foi promulgada no Estado de Santa Catarina, regulamentando o uso de plantas
medicinais e autorizando o Poder Executivo a criar o Programa Estadual de Fitoterapia e
Plantas Medicinais no Estado e adotou outras providências.
Art. 1º Fica o Poder Executivo autorizado a criar o Programa Estadual de Fitoterapia e
Plantas Medicinais.
Art. 2º O Programa Estadual de Fitoterapia e Plantas Medicinais tem por objetivo
estimular o desenvolvimento de atividades intersetoriais voltadas à fitoterapia e contribuir para
a promoção da saúde, à produção de plantas medicinais como insumos para a indústria
farmacêutica e produtos de valor agregado, à adequação tecnológica dos setores farmacêutico e
agronômico catarinenses e à geração de emprego e renda, fundamentadas no desenvolvimento
sustentável e no manejo racional da biodiversidade do Estado, considerando-se os aspectos
sociais, econômicos e ecológicos inerentes.
Art. 3º Caberá ao Programa promover, incentivar e prestar assessoria técnica para
implantação e desenvolvimento de programas congêneres no âmbito dos municípios do Estado.
3.5. O Cuidado Científico e o Popular
23
As práticas de saúde consistiam, num primeiro estágio da civilização, de medidas
higiênicas. Os conhecimentos sobre saúde, meios de minorar os males físicos, de eliminar as
dores, surgiram da própria necessidade de existência da espécie (REZENDE, 1989). Com o
surgimento das profissões, o homem começou a dicotomizar os conhecimentos existentes.
Esta dicotomia é percebida já nos séculos XVI e XVII pela noção do mundo como
uma máquina (CAPRA, 1992). Sendo que até 1500, a visão de mundo dominante na Europa,
assim como na maioria das outra civilizações, era orgânica, mas a medida que a ciência
evoluiu, sugiram as primeiras maquinarias e o homem começou um processo de negação ao
senso comum, trazendo como pensamento dominante o da ciência mecanista (CAPRA, 1992).
As pessoas passaram a se sentir intimidadas, com receio de demonstrar sua crenças e
seus conhecimentos, pelo a ameaça de serem ridicularizadas. Mas, apesar disso, as crenças
foram preservadas no ambiente familiar e conseqüentemente em algumas comunidades (sai da
evidência pública e esconde-se no ambiente do lar).
Capra (1992) cita ainda que os cientistas ficaram encorajados a tratar os organismos
vivos como máquinas. Esta postura trouxe várias conseqüências adversas, evidentes na
medicina, sendo que a adesão ao modelo cartesiano do corpo humano, impediu os médicos de
compreenderem muitas das mais importantes enfermidades da atualidade. E uma das
características desta postura se retrata na utilização exarcebada de medicamentos, criando
com isso uma necessidade social sobre este tipo de prática. Ou seja, foi tão internalizada pela
sociedade que as pessoas só ficam satisfeitas, quando o profissional de saúde prescreve algum
medicamento, mesmo que estas pessoas utilizem paralelamente os remédios caseiros.
Apesar do avanço acelerado da tecnologia e da ciência terem proporcionado uma
melhor qualidade de vida a população mundial, promovendo verdadeiras revoluções no
comportamento da humanidade, essas mudanças tornarão os homens mais distantes uns dos
outros e menos sensíveis, em prol de uma prática tecnológica mais concreta, como as
respostas lógicas e explicações respaldadas por testes laboratoriais e estatísticas, etc. No
entanto, os vários problemas sociais, como as doenças milenares, a fome, a miséria,
continuaram a persistir, não dando as respostas esperadas pela sociedade, na busca da verdade
absoluta (MENDONÇA, 1998).
Talvez, por causa dessa busca incessante, o homem distanciou-se de seu mais
autovalor que e a sociedade, esquecendo que precisamos uns do outros. Um grande exemplo
são as questões políticas públicas no Brasil como Nunes apud Mendonça (1991) cita que a
primeira dicotomia, no interior da saúde, da utilidade, ocorreu com a instituição da seguridade
24
social, que financiava em parte, mas não participava diretamente do gerenciamento da saúde.
Com predominou o enfoque eminentemente curativo, frente ao enfoque preventivo.
Os estudos de utilização de medicina, realizados mundialmente, permitiram traçar um
panorama no qual aparecem distrações a maioria dos paises: abundancia de produtos
desnecessários ou com potencial tóxico inaceitável, prescrição irracional, automedicação
(quimização) e outras. Tais desvios decorrem, em ultima instancia, do caráter lucrativa da
atividade industrial na produção de medicamentos e afetam as condutas nas áreas de ensino,
prescrição e consumo. Assim sendo,tanto o distanciamento entre a ciência e o senso comum,
quanto as irregularidades das políticas de saúde, expuseram o homem ao estresse muito
grande. É o que Leininger apud Mendonça (1998) chama de choque de cultura, já que suas
crenças e valores eram negados pelos profissionais, que não tinham as respostas para seus
problemas, já que não estavam preocupados com seus problemas que estariam acarretados ao
estresse.
Assim, percebeu-se que a ciência tem suas limitações e o homem começou com uma
tendência mundial de retomada ao conhecimento, que estava contido no censo comum, no
cotidiano de pessoas simples mais sábias.
O tratamento alopático, também, há muito tempo, não vem dando conta de resolver os
problemas de saúde da população, seja pelos efeitos colaterais dos medicamentos sintéticos ou
pelo custo destes, impossibilitando, muitas vezes as pessoas de baixa renda fazerem o
tratamento adequadamente. Soma-se a tudo isto a falta de atenção, que alguns profissionais
tem para com a clientela, não prestando assim o cuidado humanização que Leininger
preconiza como fundamental, para a manutenção do bem estar da população (MENDONÇA,
1998).
Estes argumentos, contatando que, na medicina acidental, contemporânea, há uma
convivência contraditória de uma tripla cisão: a cisão entre ciência das doenças e arte de
curar, desenvolvida no pensamento médico ao longo dos últimos três séculos; a cisão na
prática médica hás doenças entre diagnose e terapêutica, desenvolvida sobretudo a partir do
fim do século XIX e, finalmente, a cisão no agir clínico da unidade relacional terapêutica
médico-paciente, através do progressivo desaparecimento do contato com o corpo do doente ,
pela interposição de tecnologias frias, verificadas a partir do século XX.
Esta pode ser também uma explicação do profundo mal-estar que atinge atualmente a
medicina clássica (oficial), sob a designação de crise da medicina, ou mais recentemente, de
crise de paradigma, que é evidenciada pelo descontentamento da população acerca do tipo de
atendimento recebido, fazendo com que a medicina clássica seja questionada.
25
Por isso vivemos hoje uma verdadeira duplicidade, de um lado a alopatia e seus
resultados rápidos, porém com vários efeitos colaterais, como a agregação plaquetária e
agrunulocitose causada pelo tratamento crônico com inibidores da ciclo oxigenase e a
dependência e tolerância observada no uso contínuo de morfina e distúrbios gastro intestinais.
Do outro lado, a fitoterapia com um resultado por vezes mais demorado, mas com menor
possibilidade de causar danos ao cliente, desde que usada adequadamente. Todavia, uma
contradição que, à primeira vista pode parecer incontestável, poderá evoluir para nova visão
integradora.
3.6. Descoberta do Cuidado Terapêutico Cultural e a Enfermagem no Brasil
Apesar de rejeitadas pela ciência e inclusive combatidas pela medicina oficial, as
terapias não convencionais sobreviveram. Segundo Oliveira (1984), isto acontece porque os
recurso de cura, utilizados pela medicina popular, respondem aos interesses e atendem às
necessidades da população. Em caso de doença, a maioria da população dos países em
desenvolvimentos recorrem aos curandeiros. Oliveira (1984) cita que a medicina popular é
uma prática que resiste, política e culturalmente á medicina clássica. E ainda que a medicina
popular seja realizada em diferentes circunstância e espaços (em casa, em agências religiosas
de cura) e por várias pessoas (pais, filhos, avós), ou agentes populares de cura (benzedeiras,
médiuns, raizeiros, erveteiros, parteiras, curandeiros, feiticeiros), sendo uma prática de cura
concreta, ao realizar-se mostra aos médicos, biólogos, enfermeiros (os profissionais de
medicina erudita) que, no campo da saúde, não há um único modo de se fazer ciência.
A tradição das terapias comprova sua eficácia entre os usuários. Entretanto, ao longo
da história da assistência médica brasileira, os serviços de saúde tem se valido essencialmente
da terapia alopática para o tratamento de sua clientela (BARBOSA, 1990).
Oliveira (1984) coloca que a medicina popular está incorporada aos nossos atos
concretos, cotidianamente vividos. Estes atos estão cristalizados em hábitos, costumes e
tradições. Não nos damos conta do quando ela é importante, mas a medicina popular é
praticada na esfera familiar, na casa de nossos amigos, vizinhos e parentes, na comunidade
onde moramos próximo a nós, mas é difícil explicar este fenômeno, pois ele é muito
complexo. Os vários tipos de técnicas empregadas por especialistas (curandeiros, etc.) não
reconhecidos pela medicina oficial, são chamados de práticas populares.
Elas são desenvolvidas num contexto social que não as isolam dos valores culturais.
No Brasil, na década de 80, as terapias não convencionais, antes consideradas simplistas e
26
marginalizadas pela classe médica, embora utilizadas pela população,porém em menor escala
que á alopática, passam a ser reconhecidas oficialmente, sendo inclusive utilizadas pelo
serviço público e mais especialmente pelo SUS, com grande número de adeptos. A população
francesa, há algum tempo, tem uma forte inclinação em utilizar as terapias alternativas para o
tratamento de seus males (LADMAN,1982).
O crescente interesse pelas terapias alternativas na prevenção e tratamento das
doenças,tanto por parte dos profissionais de saúde quanto dos clientes, contribui para a adoção
dessas técnicas através das resoluções da comissão Interministerial de Planejamento –
CIPLAN . Entre elas destacamos a homeopatia, a acupuntura, as terapias alternativas de saúde
mental, o termalismo e a fitoterapia. Esta prática não se dá apenas, pelo aspecto econômico do
paciente. Existe uma crença popular, uma visão de mundo do organismo e da saúde
incompatível coma medicina vigente (LOYOLA, 1984 ).
Barbosa (1990) constatou, em seu estudo que as pessoas procuram a fitoterapia e a
homeopatia para solução de problemas de saúde, porque consideram o tratamento natural,
mais barato, eficaz, sem química sintética e, conforme referem, sem efeitos colaterais. Outro
motivo desta procura é a experiência anterior com fitoterápicos.
Portanto, a escolha desta área temática se deu na medida em que muitos profissionais,
da área de enfermagem, ainda não perceberam que vários dos clientes que entrevistamos
acreditam e utilizam algum tipo de terapia alternativa para cuidar de seus familiares. O
enfermeiro, neste caso, pode ser aquele profissional facilitador e participante do processo de
cuidado do cliente ou comunidade, pois um dos compromissos do enfermeiro é ser um agente
transformador.
Não é hoje que encontramos enfermeiros interessados neste assunto, existindo
diversos trabalhos desenvolvidos nesta áreas. Nogueira (1983), no seu trabalho intitulado:
“Fitoterapia e Enfermagem Comunitária”, levantou diversos dados sobre plantas utilizadas
por mulheres de uma comunidade, para tratar seus familiares. Este trabalho foi desenvolvido
em uma Unidade de Saúde de São Paulo. Paulo (1989) desenvolveu um estudo em Unidade
de Saúde do Rio de Janeiro, que também abordou o levantamento das práticas populares de
cuidado de saúde, identificando diversas formas de utilização das plantas, bem como a crença
na eficácia destas.
Barbosa (1990), em sua dissertação de mestrado, descreveu sua experiência de cuidado,
através da medicina ayurvédica, no hospital de Goiânia. Em sua tese de doutorado, fez um
levantamento da utilização das terapias por enfermeiros brasileiros, bem como o perfil destes
e os motivos que levaram os mesmo a procurarem as terapias alternativas. Nos depoimentos
27
sugiram o uso de alguma terapia alternativa e procura de terapia alternativa por desencanto
com a medicina clássica. Alguns, devido a este fator, negavam o tratamento alopático e
tentavam viver de forma mais saudável.
Souza (1995) levantou o conhecimento e percepção dos docentes e discentes e a
utilização de fitoterápicos em Belém do Pará e constatou que muitos acreditavam na eficácia
dos fitoterápicos. Também sentiam falta, no currículo, de uma disciplina que tratasse desse
assunto, tanto como professores, que deparavam-se com algum paciente utilizando, mesmo no
hospital, algum tipo de terapia alternativa.
No Estado de Santa Catarina, existe um grupo de estudos da plantas medicinais,
constituído por profissionais de diversas áreas e também por pessoas da comunidade,
interessadas em estudar os fitoterápicos. Este grupo surgiu a partir de discussões sobre as
necessidades da população do bairro Saco Grande II, em Florianópolis.
3.7. A Fitoterapia na História do Brasil
O Brasil tem uma das mais ricas biodiversidades do planeta, com milhares de espécies
em sua flora e fauna. Possivelmente, a utilização das plantas – não só como alimento, mas
também como fonte terapêutica começou desde que os primeiros habitantes chegaram ao
Brasil, dando origem aos “paleoníndios” amazônicos, dos quais derivaram as principais tribos
indígenas do país. Pouco, no entanto, se conhece sobre esse período (MATOS apud
MENDONÇA, 1998). A fitoterapia é um conjunto de técnicas utilizadas no tratamento das
doenças, e recuperação da saúde através das plantas medicinais e suas diferentes preparações
farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal.
Essas plantas, segundo Matos apud Mendonça (1998), podem ser usadas, conforme o caso,
em preparações diversas para serem ingeridas, uso interno, como chás infusos, cozimento,
maceração, xarope, etc e preparações outras para uso na pele ou nas mucosas, uso externo.
Também se pode utilizar as plantas medicinais em banhos, compressas, bochechos e
gargarejos (BORBA apud MENDONÇA,1998). Hoje com o advento da industrialização
moderna e a redescoberta das potencialidades dos produtos vegetais com ação farmacológica,
vem crescendo a produção dos fitoterápicos na indústria. É considerado fitoterápico toda
preparação farmacêutica (extratos, tinturas, pomadas e cápsulas) que utiliza como matéria-
prima partes de plantas, como folhas, caules, raízes, flores e sementes, com conhecido efeito
farmacológico.
28
O uso adequado dessas preparações traz uma série de benefícios para a saúde humana
ajudando no combate a doenças infecciosas, disfunções metabólicas, doenças alérgicas e
traumas diversos, entre outros. Associado às suas atividades terapêuticas está o seu baixo
custo; a grande disponibilidade de matéria-prima, principalmente nos países tropicais; e a
cultura relacionada ao seu uso. Especialmente nas duas últimas décadas inúmeros esforços
têm sido dirigidos para conferir às plantas seu real papel e valor na terapia. Tal paradigma
refere-se principalmente às suas aplicações na cura, tratamento de doenças, disfunções e
distúrbios orgânicos. Cada vez mais as plantas medicinais estão sendo usadas em curas e
tentativas de cura das mais diversas enfermidades. Entretanto, em muitos casos estas são
usadas de forma errônea, dentre outras, na forma de preparo e de acondicionamento, podendo
ocasionar maior risco do que benefícios à saúde (MATOS apud MENDONÇA, 1998).
No mundo, o tratamento com plantas medicinais vem, a cada dia, conquistando mais
adeptos na comunidade científica. Recentemente, a Revista da Associação Médica Americana
(JAMA, 2005), publicou uma edição dedicada as novas terapias na área da saúde;
reconhecendo as plantas medicinais como um instrumento terapêutico de maior validade. A
busca pelo uso das plantas medicinais vem sendo reconhecida pelo governo, que já trabalha
com idéias nesse sentido. O Ministério da Saúde tem apoiado investigações científicas nessa
área: o programa de pesquisa de plantas medicinais foi implantado em 1983 e estruturado,
com o objetivo de propiciar a avaliação das propriedades terapêuticas de espécies vegetais
utilizadas pela população, com o fim de desenvolver medicamentos ou preparações que
sirvam de resposta ao estabelecimento de uma terapêutica alternativa e/ou complementar.
As primeiras informações sobre os hábitos dos indígenas só vieram à luz com o início
da colonização portuguesa, a começar pelas observações feitas na ilha de Santa Cruz pelo
escrivão Pero Vaz de Caminha, da esquadra de Pedro Álvares Cabral, em sua famosa Carta a
El Rei Dom Manuel. Um pouco mais tarde, entre 1560 e 1580, o padre José de Anchieta
detalhou melhoras plantas comestíveis e medicinais do Brasil em suas cartas ao Superior
Geral da Companhia de Jesus. Descreveu em detalhes alimentos como o feijão, o trigo, a
cevada, o milho, o grão-de-bico, a lentilha, o cará, o palmito e a mandioca, que era o principal
alimento dos índios. Anchieta citou também verduras como a taioba-roxa, a mostarda, a
alface, a couve, falou das frutas nativas como a banana, o marmelo, a uva, o citrus e o melão,
e mostrou a importância que os índios davam às pinhas das araucárias (LAPLANTINE,
1989).
Das plantas medicinais, especificamente, Anchieta falou muito em uma “erva boa”, a
hortelã-pimenta, que era utilizada pelos índios contra indigestões, para aliviar nevralgias e
29
para o reumatismo e as doenças nervosas. Exaltou também as qualidades do capim-rei, do
ruibarbo do brejo, da ipecacuanha preta, que servia como purgativo, do bálsamo da copaíba,
usado para curar feridas, e da cabriúva vermelha. Outro fato que chamou a atenção do
missionário foi a utilização dos timbós pelos índios, especialmente da espécie Erythrina
speciosa. O timbó, de acordo com o dicionário Aurélio, é uma “designação genérica para
leguminosas e sapindáceas que induzem efeitos narcóticos nos peixes, e por isso são usadas
para pescar. Maceradas, são lançadas na água, e logo os peixes começar a boiar, podendo
facilmente ser apanhados à mão. Deixados na água, os peixes se recuperam, podendo ser
comidos sem inconvenientes em outra ocasião”. Quase tudo que se sabe da flora brasileira foi
descoberto por cientistas estrangeiros, especialmente os naturalistas, que realizaram grandes
expedições cientificas ao Brasil, desde o descobrimento pelos portugueses até o final do
século XIX. Essas grandes expedições tinham o intuito de conhecer e explorar as riquezas
naturais do país, conhecer a geologia e a geografia do Novo Mundo, bem como determinar
longitudes e latitudes para a elaboração dos mapas” (LAPLANTINE, 1989).
3.8. A Enfermagem e a Fitoterapia
A utilização das plantas medicinais entre outras práticas do cuidar tem sido
responsável pela resolução dos distúrbios que acometem o ser humano no seu processo
saúde/doença. São denominadas “plantas medicinais” aquelas que administradas ao homem
ou animais por qualquer via ou sob qualquer forma, exercem alguma espécie de ação
farmacológica. Considerada uma prática milenar, o proveito desses recursos naturais advindos
do reino vegetal, remonta desde o início das civilizações. Embora seja um recurso autêntico
do saber popular, tradicionalmente utilizado no seio familiar e socializado nas relações da
vizinhança, o conhecimento das plantas com suas propriedades terapêuticas e formas de
utilização, não são baseadas somente no saber adquirido do senso comum (MENDONÇA,
1998).
Os medicamentos extraídos de extratos de folhas, frutos, raízes e semente vêm
conquistando o aval da ciência que tem comprovado a existência do valor terapêutico e de
princípios ativos em algumas plantas. A abundância de diferentes espécies vegetais nativas e a
sua fácil acessibilidade, bem como o baixo custo para a preparação de infusões são algumas
das vantagens da terapia com plantas medicinais no Brasil. Entretanto, a adequada utilização
deste recurso requer a necessidade de um trabalho multidisciplinar, para a seleção e cultivo
30
correto da espécie vegetal, para a avaliação dos teores dos princípios ativos e para que a
manipulação e a aplicação na clínica médica ocorram (ARNOUS apud MENDONÇA, 1998).
“A grande maioria da população acredita que as plantas medicinais não fazem mal a
saúde” (ARNOUS apud MENDONÇA, 1998). No entanto, o uso inapropriado sem o
acompanhamento de um profissional habilitado pode causar surpresas desagradáveis. Ainda, a
associação de ervas cujos efeitos farmacológicos são similares pode ter sua ação
potencializada, bem como podem interferir na ação de medicamentos alopáticos. Dessa
forma, é importante um estreito relacionamento entre paciente e profissional para que toda e
qualquer forma de terapia alternativa, principalmente no que diz respeito ao uso de produtos
naturais, seja relatada pelo paciente e assim considerada pelos profissionais de enfermagem
durante a evolução da patologia, sintomas e tratamento.
As plantas medicinais podem ser consideradas como coadjuvantes terapêuticos e seu
uso pode ser valorizado e discutido junto à comunidade. Uma boa forma de alcançar este
objetivo seria através de serviços comunitários como equipes de PSF (Programa de Saúde da
Família). Este programa constitui-se de uma equipe multidisciplinar, onde o Enfermeiro tem
um papel relevante junto à comunidade, orientando e esclarecendo dúvidas nas Unidades de
Saúde e nas visitas domiciliares. Para tanto, é necessário por parte da enfermagem um
interesse no estudo, desenvolvimento e aplicação do conhecimento sobre plantas medicinais, a
fim de fornecer um respaldo aos pacientes, que buscam informações sobre esta terapia.
Dessa forma, a enfermagem tem papel fundamental e não poderá fechar seus olhos
frente ao uso das plantas medicinais, pela população atendida. Por isso a inclusão de
disciplinas sobre terapias alternativas e plantas medicinais no currículo do curso de
enfermagem, se torna cada vez mais importante, pois o conhecimento tanto do paciente como
dos profissionais de enfermagem sobre estas terapias acontece principalmente por meio de
troca de informações.
3.9. A Fitoterapia como prática utilizada no cuidado
No passado, o homem teve necessidade de cuidar do outro, adquiriu habilidades de
pescar, caçar, fazer fogo, abrigarse das variações climáticas e tratar de seus males utilizando
plantas, talvez a habilidade de usar plantas tenha surgido quando o homem observou os
animais, viu que comiam certas após serem atingidos por algum animal peçonhento
(LEINIGER apud MENDONÇA, 1998).
31
O homem, também para garantir sua existência, teve que viver em alguns grupos,
iniciando um grande processo de desenvolvimento da espécie humana, levando ao
aparecimento das primeiras formas de escrita, que foram repassadas pelas civilizações
evoluindo ao longo do tempo, até ser dominada, principalmente, pelos sacerdotes, ficando
esses responsáveis pela designação do que era certo e errado. Assim os sacerdotes, médicos
juizes decidiam a ordem social (COLLIERE, 1996).
Em 2000 a.C. os médicos assírios e babilônicos já usavam plantas medicinais, e no
séc. XXIII a.C., o rei da babilônia, Hamurabi elabora a primeira codificação de plantas.
Encontra-se também uso das plantas para tratar as moléstias, nos primeiros séculos do
cristianismo Discórieis 54-58 d.C. classificou as ervas e escreveu um livro que foi vendido
por dezesseis séculos (GORDON, 1996).
Os persas judeus, indianos chineses e gregos usavam plantas medicinais, sendo que os
romanos as usavam por terem sido influenciados pelos gregos (CASTIGLIONI, 1947). Já a
partir do século VI os conhecimentos sobre a terapêutica das plantas ficou, principalmente,
restrito ás igrejas e claustro. No século X surgiu o estudo da química e seu emprego
terapêutico (LOPES, 1970). O século XV foi marcado pelo cultivo de Herbários, por monges,
no ambiente restrito dos mosteiros. Estes herbários eram utilizados para estudos,concentrando
os conhecimentos daí advindos para poucos privilégios (CASTIGLIONI. 1947).
Neste mesmo século a quinina, derivada da chichona oficinales, era utilizada pelos
nativos da América para tratar a malária; esta forma de tratamento foi levada para Europa
depois de 1630 (NEVES, 1987).
Posteriormente, também no século XVI, os colonizadores encontraram; nas regiões
conquistadas, vários nativos usando vegetais no cuidado de seu povo. Na Inglaterra, em 1563,
o herbalista Nicholas Culper prescreveu mais de 500 (quinhentas) plantas para curar os males
humanos (GORDON, 1996). Serrano (1985) ressaltava que o emprego de ervas medicinais já
era prática comum entre os indígenas brasileiros, a ela somados procedimentos trazidos pelos
próprios colonizadores e escravos, gerando rica cultura popular.
Mas a partir do século XVII ocorre o surgimento da farmacologia e da química e suas
técnicas de experimentação de vegetais, com finalidade de isolamento de substâncias para
posterior comercialização, que se estendeu até o século XVIII. Em conseqüência desta nova
visão, as utilizações dão vegetais (in natura), com fins terapêuticos, começou a decair a partir
do século XIX (CASTIGLIONI, 1947). Com a sistematização das substâncias começara a ser
produzidas medicamentos potentes, com rápida resolubilidade, sendo só posteriormente
descobertos os danos que as doses concentradas poderiam trazer ao organismo.
32
4. MARCO TEÓRICO
4.1. A Teoria do cuidado cultural de Leininger
No Curso de Graduação de Enfermagem da UNIVALI Biguaçu, há a disciplina de
Teorias de Enfermagem, onde são realizados estudos sobre as diversas teoristas de
enfermagem, o que permitiu conhecê-las e escolher, com segurança, uma teoria para aplicação
na prática assistencial. Optamos pela Teoria da Universalidade e Diversidade Cultural do
Cuidado de Leininger, por entender que essa teoria se assemelha à ao trabalho realizado pela
equipe de enfermagem, e também por se adequar á área temática escolhida para o estudo.
O cuidado cultural é definido por Leininger como os valores, crenças e expressões
padronizados, cognitivamente conhecidos, que auxiliam, dão apoio ou capacitam outro
individuo ou grupo a manter o bem estar, a melhorar uma condição de vida humana ou
enfrentar a morte e deficiências. O cuidado cultural é o mais amplo meio de conhecer,
explicar, justificar e prevenir fenômenos de cuidado em enfermagem e de orientar as
atividades de cuidado de enfermagem. Nesse processo de cuidar, as ações devem começar a
ser planejadas a partir da visão de saúde do cliente e, não do ponto-de-vista da enfermagem.
Assim, jamais deve-se ridicularizar uma crença ou uma prática cultural, seja verbal, seja não
verbal; evite a remoção de medalhas ou da roupagem de caráter religioso que tenham alguma
simbologia para o cliente. No entanto, se, caso isso deva ser feito, mantenha esses objetos em
segurança e recoloque-os; assim que possível; facilite rituais da parte de quem quer que seja,
identificado pelo cliente, seja um curandeiro ou outro indivíduo integrante de seu sistema
religioso.
No cuidado, a cultura pode agir de diferentes maneiras, influenciando os valores
culturais por estar incorporada à vida dos seres humanos. Atua de forma diversificada e
universal, orientando decisões e ações.
4.2. Histórico e conceitos
Leiniger apud Mendonça (1998), designa a cultura como o conjunto de elementos
construídos através da trajetória vivenciada no contexto com crenças, valores, normas e
estilos de vida praticada e que foram compartilhados, aprendidos, incorporados,
compreendidos e transmitidos, por particulares, através de pensamentos, atos, decisões,
abnegações, e guiados por um determinado padrão. A autora tem, em sua teoria, o
33
reconhecimento da importância da cultura e de sua influência sobre tudo aquilo que envolve
os desíguinos e os provedores do cuidado de enfermagem.
Dentro da cultura, estão incorporados outros fatores representativos, como a estrutura
social, que se refere aos principais elementos, interdependentes e funcionais de sistemas, tais
como: valores religiosos, de parentesco, políticos, econômicos, educacionais, tecnológicos e
culturais de uma cultura particular demonstrados em contextos lingüísticos e ambientais
(MENDONÇA, 1998).
As primeiras idéias da teoria criada por Leininger surgiram durante o trabalho, como
especialista em saúde mental, em uma casa de orientação de crianças. Ela observou que as
crianças possuíam diferenças na maneira como elas queriam ser cuidadas ao comerem,
vestirem-se, brincarem, dormirem, maneiras diferentes de agir, de comunicar, correspondendo
a comportamentos padronizados e repetido. A partir de então, Leininger iniciou uma longa
busca para explicar tais expressões e formular teorias sobre a enfermagem como fenômeno
essencialmente cultural. Começou a explorar como crenças, valores e praticas podiam ser um
fator critico, levando gradualmente a problemas de saúde, seja físico ou mental. Portanto as
enfermeiras só poderiam cuidar, se elas compreendessem os valores e crenças culturais da
pessoas. A idéia das diferenças e semelhanças transculturais, quanto à saúde, doença e
cuidado, intrigaram Leininger, levando-a a buscar respostas sobre o que as enfermeiras
poderiam aprender em relação ao cuidado, saúde e doença (MENDONÇA, 1998).
Para aprofundar seus conhecimentos e compreender melhor os fenômenos observados.
Leininger foi estudar os Gadsups, dos Planaltos orientais da Nova Guiné. Aprendeu que estes
tinham significações e idéias sobre cuidado, saúde e doença, bastante deferentes do que tinha
aprendido na educação em enfermagem americana. Os Gadsups consideravam que o cuidado
estava relacionado a fatores econômicos, políticos, religiosos e de parentesco (MENDONÇA,
1998).
A partir daí, iniciou a construção de uma teoria cujo propósito é descobrir
significados, usos e funções culturais do fenômeno do cuidado humano. Propõe ainda usar
este conhecimento para fornecer um cuidado benéfico ou satisfatório a pessoas de diversas
culturas do mundo. Na realidade, o objetivo é conhecer a natureza da enfermagem, sua
essência e propósitos sociais, desenvolver e melhorar o cuidado de enfermagem, que tem
funções culturais universais e especificas, sendo uma teoria testável pelos métodos de
pesquisa qualitativos e quantitativos (MENDONÇA, 1998).
Com isso passamos a utilizar como suporte teórico os conceitos de Leininger sobre
cultura, cuidado cultural, enfermagem.
34
Segundo Leiniger apud Mendonça (1998), cultura seria os valores transmitidos,
crenças, normas e modo de vida de um grupo particular que direcionam os pensamentos,
discussões e ações em padrões ou modelos de comunicação, aprendidos e compartilhados. Ela
fala ainda que alguns profissionais desvalorizam o conhecimento popular, classificando-o
como superstição, menciona também que o cuidado popular de saúde e o cuidado profissional
podem se completar, fazendo a acomodação cultural, que significa o uso de praticas
profissionais, juntamente com praticas populares, denominados como cuidado cultural.
O cuidado cultural é amplamente holístico para conhecer, explicar, interpretar e
predizer o fenômeno do cuidado de enfermagem e guiar sua pratica. Sendo constituído por
conceitos, significados, expressões, padrões, processos e formas estruturais de cuidar que são
diferentes e similares, entre todas as culturas do mundo.
Assim o cuidado cultural é representado por valores, crenças e praticas que são
influenciadas e tendem a estar embutidas na visão de mundo, linguagem, religião, relações de
parentesco, político, educacional, econômico, tecnológico, etnohistórico e ambiental de uma
cultura particular. Para que a enfermeira posso atuar, juntamente com o sistema popular de
saúde, é necessário a compreensão do contexto cultural, que pode ser alcançado através do
suporte da teoria transcultural de Leininger, para evitarmos conflitos, estresse e choque
cultural, já que esta teoria nos faz compreender o ser humano como ele é, com sua própria
visão de mundo, tentando dar cuidado, a partir dos valores do cliente.
Segundo a mesma autora, a enfermagem é essencialmente um fenômeno transcultural,
que envolve o contexto e o processo de cuidado ao ser humano, de diferentes orientações
culturais ou estilos de vida específicos, dentro de uma determinada cultura. É uma disciplina
humanística e científica, uma disciplina que focaliza o fenômeno do cuidado humano e as
atividades ou condições para assistir, dar suporte, facilitar ou capacitar indivíduos ou grupos
para manter ou recuperar seu bem estar, em maneiras culturalmente significativas e de modo
benéfico, ou para ajudar as pessoas diante das dificuldades ou na morte (LEINIGER apud
MENDONÇA, 1998).
Para ser culturalmente congruente, o cuidado de enfermagem só pode ocorrer quando
um indivíduo, grupo, família e comunidade tem reconhecidos os seus valores de cuidados
culturais, expressões ou padrões, conhecidos e usados pela enfermeira.
Existem vários tipos de terapias alternativas como Fitoterapia, Acupuntura,
Homeopatia, entre outros, regulamentados por lei tais como a Portaria Nº 971/2006 e a Lei Nº
12.386/2002, mas este trabalho deteve-se a fitoterapia que segundo Landman (1989), é o
35
emprego de plantas em variadas preparações (infusão, decocção, tinturas, maceração) e tem
uma longa historia ligada à cultura popular.
As dimensões da estrutura social ou cultural são padrões dinâmicos, fatores de inter-
relação estrutural e organizacionais, de uma cultura, do parentesco, do aspecto político,
econômico, educacional, tecnológico, valores culturais, fatores etnohistoricos, que
influenciam o comportamento humano (MENDONÇA apud LEININGER 1985).
4.4. Sistema de cuidado de saúde
Leininger considera que há inúmeros contrastes entre o cuidado de saúde popular e o
profissional, pois no popular se dá o uso de habilidades para promover, assistir, dar suporte,
habilitar ou facilitar ações do indivíduo ou grupo, com evidente necessidade, com a finalidade
de melhorar ou aperfeiçoar o modo de vida humana e suas condições de saúde ou para tratar
deficiências e situações de morte. Já o cuidado profissional é o formalmente ensinado,
aprendido e transmitido sobre saúde, doença e bem estar. É basicamente o conhecimento
relatado, a habilidade prática, caracterizado pela multidiciplinariedade, para servir.
O quadro abaixo apresenta os contrastes apontados por Leininger:
CUIDADO DE SAÚDE POPULAR CUIDADO DE SAUDE PROFISSIONAL
1. Primariamente um foco humanístico;
2. Ênfase sobre os fatos familiares,
práticos, econômicos e sociais;
3. Usa um foco saúde-doença, holístico
junto às pessoas. Isto é, cultural,
religioso, parentesco, econômico e
social;
4. O foco é principalmente cuidar;
5. Usa o cuidado familiar local e
auxiliares de cura;
6. Usa recursos culturais e comunitários
diversos para auxiliar clientes em
ambientes caseiros e comunitários;
7. Ênfase sobre maneiras de permanecer
bem através de modos locais;
1. Primariamente um foco cientifico;
2. Ênfase sobre os fatores não familiares,
menos práticos e abstratos;
3. Usa sua abordagem fragmentada
parcialmente holístico;
4. O foco é primariamente curar com
alguns cuidados;
5. Usa ministradores de cuidado, não
familiares;
6. Usa recursos limitadores, médico
hospitalares;
7. Ênfase sobre a maneira de ser curado
com valores profissionais;
8. Ênfase ao indivíduo nas práticas de
cura;
36
8. Ênfase sobre o grupo, família,
comunidade, nos processos de cura;
9. Usa explicações diversas para
interpretar a boa saúde e a doença.
9. Usa uma causa para explicar doenças e
práticas.
Fonte: Mendonça apud Leininger, 1985
5. METODOLOGIA
Metodologia é o estudo dos métodos, que são caminhos necessários para atingir algum
objetivo. Assim temos como conceito de método “é o conjunto de etapas e processos a serem
vencidos ordenadamente na investigação dos fatos ou na procura da verdade” (RUIZ apud
MENDONÇA, 1998).
O presente estudo consiste na realização de uma pesquisa quanti-qualitativa
exploratória.
5.1. Tipo de estudo
A presente pesquisa se caracterizou como um estudo de campo de natureza quanti-
qualitativa exploratória. “Estudos exploratórios são investigações ou de um problema, com
tripla finalidade: desenvolver hipótese, aumentar a familiaridade do pesquisador com um
ambiente, fato ou uma pesquisa futura mais precisa ou modificar e clarificar conceitos”
(COSTA, 2000).
Método qualitativo é uma opção do investigador, que se justifica por ser uma forma
adequada para entender a natureza de um fenômeno social (COSTA, 2000).
Com esse método podemos manter uma relação com a prática assistencial,
descobrindo realidades, resolvendo problemas e investigando situações especificas, que o
profissional venha a vivenciar no seu cotidiano, prestando uma assistência de melhor
qualidade.
5.2. Local de estudo
A pesquisa aconteceu em três Unidades de Atenção Básica de Saúde da Secretaria
Municipal de Saúde do Município de Biguaçu. As Unidades Básicas de Saúde escolhidas a
princípio para a realização da pesquisa foram:
37
• Unidade de Saúde CIABS / equipe 014/ Bairro Rio Caveiras e Fundos;
• Unidade de Saúde Bom Viver / equipe 009/ Bairro Bom Viver;
• Unidade de Saúde de Três Riachos / equipe 001/ Comunidade Três Riachos,
área rural do município.
A escolha desses locais e suas respectivas equipes se deu com base nos diferentes
perfis populacionais (região central e interior), dos bairros onde estão inseridas as Unidades
Básicas de Saúde. Entendemos, que deste modo, os dados coletados teriam maior
fidedignidade e coerência com a realidade do município, haja vista as diferentes
características populacionais, culturais e localizações geográficas.
A realização da pesquisa em três diferentes locais do município nos mostrou que
apesar de existir variações culturais por regiões, não houve interferências significativas na
aplicabilidade e viabilidade do estudo.
Apesar da escolha inicial dos locais de estudo projetados em consonância com as
necessidades de operacionalizar os objetivos, houve substituição da Unidade de Saúde CIABS
/ equipe 014, pela Unidade de Saúde Saveiro / equipe 011. Esta troca se deu por solicitação da
equipe que considerou a maior importância em realizar a pesquisa no bairro Saveiro pela
necessidade social e pelas características geográficas e culturais.
5.3. População e amostra
A população do estudo compreendeu oito profissionais de enfermagem das equipes de
ESF do município de Biguaçu. Para compôr a amostra definimos três equipes para participar
desta pesquisa. Com relação aos profissionais de saúde a pesquisa se compôs de três
enfermeiros e de cinco técnicos de enfermagem, com faixa etária entre 25 e 45 anos. Além
disso realizou-se entrevista com seis usuários residentes nas áreas de cada equipe de ESF
selecionada, para verificação do uso de plantas e recebimento de informações pela equipe de
enfermagem.
O estudo realizado entre os usuários das áreas em questão se compôs de quatro
pessoas do sexo masculino e duas do sexo feminino, em idades variando entre 30 e 50 anos.
Participaram da entrevista os integrantes das famílias que demonstraram maior
abertura, disponibilidade e facilidade para o dialogo e a troca de informações, e também
aqueles que apontaram afinidade com a temática.
Para identificação das amostras optamos por codinomes, utilizando os nomes de
plantas como referencia. Como seguem as tabelas a seguir.
38
TABELA I: Profissionais de enfermagem participantes e local de estudo
NOME PROFISSÃO LOCAL DO ESTUDO
Camonila Técnico de Enfermagem Bom Viver
Boldo Enfermeiro Bom Viver
Espinheira Santa Técnico de Enfermagem Saveiro
Melissa Técnico de Enfermagem Saveiro
Erva Doce Técnico de Enfermagem Saveiro
Alcachofra Enfermeiro Saveiro
Hortelã Técnico de Enfermagem Três Riachos
Babosa Enfermeiro Três Riachos
Fonte: Instrumento “A” aplicado para profissionais de enfermagem
Não foi possível realizar a entrevista com dois profissionais técnicos de enfermagem,
um da Unidade de Saúde Três Riachos, e outra da Unidade de Saúde Bom Viver por motivos
de licença matrimônio e férias respectivamente.
TABELA II: Usuários participantes e local de estudo
NOME EQUIPE /LOCAL
Cáscara Sagrada Três Riachos
Dente de Leão Bom Viver
Marcela Bom Viver
Orégano Bom Viver
Romã Saveiro
Sete Sangrias Três riachos
Fonte: Instrumento “B” aplicado para usuários de enfermagem
5.4. Coleta e análise de dados
Para a concretização deste estudo foram utilizados dois instrumentos com questionário
semi estruturado, que segundo Ruiz apud Mendonça (1998) “o informante escreve ou
responde por escrito a um elenco de questões cuidadosamente elaboradas”.
39
Estes instrumentos foram divididos em dois grupos:
Instrumento “A”, direcionado aos profissionais de enfermagem;
Instrumento “B”, direcionado aos usuários.
Com o intuito de dar fidedignidade as respostas dos participantes distribuiu-se os
instrumentos para que os mesmos pudessem responder e expressar seus conhecimentos sem
interferência do pesquisador. Nos mantivemos próximos, para que em situações de dúvidas
na interpretação dos instrumentos pudéssemos esclarecer.
Na aplicação dos instrumentos os usuários participantes da pesquisa, observamos
algumas dificuldades relacionadas à interpretação dos questionamentos. Sendo assim tivemos
que realizar as orientações devidas enquanto os respondentes preenchiam o instrumento. As
deficiências na escrita também implicaram em dificuldades na avaliação dos dados.
Os dados coletados dos instrumentos foram acoplados em planilhas que denominamos
de planilhas de discussão “A” e “B”, conforme apêndices III e IV. Este método proporcionou
o confronto das informações de modo ordenado e sistemático para análise e discussão das
idéias.
5.5. Considerações éticas
A saúde foi definida como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e
não meramente a ausência de doença” (Organização Mundial da Saúde - OMS). Não é
surpreendente, portanto, que a boa saúde esteja no topo da lista de aspirações das pessoas em
qualquer lugar. É apropriado que a saúde seja reconhecida como um direito humano em
diversas convenções e tratados globais, inclusive na Declaração Universal dos Direitos
Humanos e nas constituições e políticas nacionais. Conseqüentemente, os formuladores de
políticas em todos os lugares têm a responsabilidade fundamental de proteger e promover a
saúde dos indivíduos e populações a que eles servem. É também de seu próprio interesse, uma
vez que a negligência com a atenção à saúde e com a saúde pública está se tornando uma
importante causa de mudanças nos governos em países democráticos.
Neste estudo consideramos os aspectos éticos contidos na resolução 196/96 que
regulamenta a pesquisa em seres humanos, garantindo-os a privacidade, o anonimato e a
desistência em qualquer etapa da pesquisa.
O incentivo à pesquisa em saúde e a promoção de condições favoráveis à realização de
estudos científicos geram uma prática profissional ampla, eficiente e especializada, pautada
40
em um conhecimento seguro, flexível e sedimentado que enobrece o profissional e propicia
uma assistência plena e garantida à população, após consentimento livre e esclarecido.
A pesquisa deve estar voltada ao compromisso moral e ético com a sociedade, que
garantindo com seriedade a apresentação da relevância do tema, a aplicação do procedimento
metodológico e a divulgação plena dos resultados da pesquisa à população, promovendo, se
necessário as mudanças e adaptações.
5.6. Caminhos metodológicos
1. Encaminhamento de solicitação para a Instituição
10. Cruzamento das Informações
3. Seleção da Amostra
11. Análise e Discussão dos Dados
4. Elaboração do Instrumento
5. Preenchimento de Consentimentos Institucional
8. Preenchimento de Consentimento Livre e
Esclarecido
9. Aplicação dos Instrumentos
6. Aplicação do Instrumento.
2. Definição dos Critérios para a Escolha da Amostra
7. Agendamentos das entrevistas nas Unidades Básicas de Saúde e
das Famílias
41
6. ANÁLISE E DISCUSSÃO
“Planta medicinal é aquela que contem um ou mais de um princípio ativo, conferindo-
lhe atividade terapêutica”.
Ernane Ronie Martins
É provável que a utilização das plantas como medicamento seja tão antigo quanto o
próprio homem. Numerosas etapas marcaram a evolução da arte de curar, porém, torna-se
difícil delimitá-las com exatidão, já que a medicina esteve por muito tempo associada a
praticas mágicas, místicas e ritualísticas. Consideradas ou não seres espirituais, as plantas, por
suas propriedades terapêuticas ou tóxicas, adquiriram fundamental importância na medicina
popular (MARTINS 1994).
Deste modo este estudo vislumbrou em profissionais de enfermagem das USB um
caminho para a investigação sobre a utilização de plantas medicinais em aspectos importantes
com vistas as inúmeras atividades desenvolvidas por estes e a possibilidade de uma discussão
significativa para a sociedade em relação a promoção e a proteção da saúde.
Com relação a participação dos profissionais de saúde nas entrevistas e aplicação do
instrumento “A” (apêndice I), constatamos que dos entrevistados três eram enfermeiros e
cinco eram técnicos de enfermagem, como aponta o gráfico abaixo:
GRAFICO I: Distribuição de categoria profissional
38%
62%
Enfermeiros
Tec. Enfermagem
Fonte: Instrumento “A” aplicado para profissionais de enfermagem
O número de profissionais por categoria corresponde ao número de equipes
escolhidas, haja vista que dois dos técnicos de enfermagem estavam afastados por licença.
A Saúde da Família como estratégia estruturante dos sistemas municipais de saúde tem
provocado um importante movimento com o intuito de reordenar o modelo de atenção no
42
SUS. Busca maior racionalidade na utilização dos demais níveis assistenciais e tem produzido
resultados positivos nos principais indicadores de saúde das populações assistidas às equipes
saúde da família. O trabalho de equipes da Saúde da Família é o elemento-chave para a busca
permanente de comunicação e troca de experiências e conhecimentos entre os integrantes da
equipe e desses com o saber popular do Agente Comunitário de Saúde. As equipes são
compostas, no mínimo, por um médico de família, um enfermeiro, um técnico de enfermagem
e doze agentes comunitários de saúde. Quando ampliada, conta ainda com: um dentista, um
auxiliar de consultório dentário e um técnico em higiene dental. Cada equipe se responsabiliza
pelo acompanhamento de cerca de 3 mil a 4 mil pessoas de uma determinada área, e estas
passam a ter co-responsabilidade no cuidado à saúde. A atuação das equipes ocorre
principalmente nas unidades básicas de saúde, nas residências e na mobilização da
comunidade, caracterizando-se: como porta de entrada de um sistema hierarquizado e
regionalizado de saúde; por ter território definido, com uma população delimitada, sob a sua
responsabilidade; por intervir sobre os fatores de risco aos quais a comunidade está exposta;
por prestar assistência integral, permanente e de qualidade; por realizar atividades de
educação e promoção da saúde (BRASIL 2009).
Com relação ao item “conhecimento sobre fitoterapia”, 7 dos entrevistados, ou seja
87% demonstraram conceituar corretamente fitoterapia, afirmando que trata-se de uma
terapêutica a base de plantas. Apenas 1, correspondendo a 13% dos entrevistados conceituou
erroneamente a fitoterapia, como aponta o gráfico a seguir.
GRAFICO II: Conhecimento da fitoterapia pelos profi ssionais de enfermagem
87%
13%
Tem conhecimentoNão tem conhecimento
Fonte: Instrumento “A” aplicado para profissionais de enfermagem
43
Em estudos que contam experiências acerca da fitoterapia na estratégia da saúde da
família – ESF, vislumbramos caminhos promissores para práticas integrativas e
complementares, como alternativas da promoção e reabilitação da saúde.
Experiências relatadas por uma equipe de saúde de Vitória – ES apontam para um
projeto vitorioso onde após identificar o costume do uso de plantas in natura entre as mais de
1000 famílias entrevistadas e entre profissionais de saúde, a prefeitura municipal criou a
farmácia artesanal de fitoterápicos que em seguida evoluir para dispensação através da rede
básica de saúde. Somente no ano de 2002 foram dispensados 16.918 frascos e mais outras
11.138 receitas de fitoterápicos (BRASIL 2008).
Corroborando com os dados acima ao questionarmos sobre o uso de fitoterápicos no
cotidiano dos profissionais de enfermagem, bem como as plantas mais utilizadas por eles, nos
chamou atenção que 100%, ou seja 8 profissionais, afirmaram usar plantas medicinais na
prevenção e tratamento de doenças. Das plantas citadas, as mais comuns entre outras foram:
Boldo, Melissa, Malva e Penicilina. Entendemos que esta referencia se da também por serem
estas plantas comuns na região e com forte influência histórica e cultural, como mostra o
gráfico a seguir.
GRAFICO III: Espécies de plantas comuns no uso dos profissionais de enfermagem
9%
17%
14%
14%
14%
9%
14%
9% Babosa
Boldo
Malva
Hortelã
Melissa
Guaco
PenicilinaPrópolis
Fonte: Instrumento “A” aplicado para profissionais de enfermagem
44
Segundo Silva (2003), “A adaptação das espécies a um determinado local é
condicionada a uma serie de fatores edafoclimaticos, entre eles altitude, latitude, temperatura,
fotoperiodo, amplitude térmica, luminosidade, pluviosidade, umidade relativa, pH e tipo de
solo”.
Ainda o mesmo autor relata que qualquer tentativa de cultivo poderá ser mal sucedida
se o ambiente parecer estranho ou hostil à espécie. Algumas espécies estão tão adaptadas e
dependentes de ambientes específicos que sucumbem ou não produzem princípios ativos em
áreas de cultivo convencional (SILVA 2003).
Com relação às plantas medicinais de maior uso entre os profissionais a melissa com
14% possui ação sedativa, diurética, estomática, antiinflamatória e hipotensora. São utilizadas
suas folhas e flores. O boldo com 17% é um importante diurético, indicado nos tratamentos de
cálculos biliares, estimulante da digestão, são utilizados na forma de folhas frescas e secas. A
malva com 14% é um antiinflamatório para a garganta, expectorante e diurético, tem
propriedades para tratamento de pele, mas é usada principalmente em afecções de garganta e
ouvido (CARVALHO 2003).
Avaliando e confrontado as informações relacionadas as plantas mais comuns citadas ,
melissa e boldo, os indicadores de morbidade e mortalidade do município de Biguaçu no ano
de 2009, observamos certa coerência já que as principais causas de internações hospitalares
no primeiro semestre deste ano foram doenças do aparelho circulatório, doenças do aparelho
digestivo e doenças do aparelho respiratório, respectivamente (BRASIL 2009).
No que tange a aprendizagem e o conhecimento sobre plantas evidenciamos que 5,
56% dos profissionais referem ter adquirido conhecimento a partir de familiares, 2 ou seja
22% através de educação formal, e 2 correspondendo a 22% através de usuários das Unidades
Básicas de Saúde. Vale lembrar que os entrevistados citaram mais de uma fonte de
aprendizagem nas suas respostas, conforme o gráfico abaixo.
GRAFICO IV: Local de aprendizagem pelos profissiona is de enfermagem
56%
22%
22%
FamiliaresEducação FormalUsuários
Fonte: Instrumento “A” aplicado para profissionais de enfermagem
45
Com relação à troca de diferentes saberes, Santos apud Silva (2003), afirma que: “O
momento e chave: o casamento do resgate da sabedoria popular com o conhecimento
científico e a integração dos seres humanos como parte da natureza estão retomando com
grande força em todas as áreas. Isto e a valorização da vida!”.
Já o gráfico a seguir, nos aponta que apesar dos profissionais terem recebido as
informações sobre o tema e afirmarem da importância dos fitoterapicos e o uso em seu
cotidiano de vida pessoal e profissional, 3 deles correspondendo a 38% do total, afirmam não
indicar o uso de plantas para os usuários das unidades básicas de saúde.
GRAFICO V: Indicação de fitoterápicos pelos profiss ionais de enfermagem
62%
38%
Indicam
Não Indicam
Fonte: Instrumento “A” aplicado para profissionais de enfermagem
Refletindo sobre os dados acima mencionados, supomos que estes profissionais talvez
não se sintam preparados técnica e cientificamente para o repasse dessas informações.
“Os profissionais de saúde precisam se educar e aprender quais os remédios complementares e alternativos úteis, quais os que são nocivos ou inefetivos e quais deles carecem de estudos suficientes sobre a segurança e eficácia. Uma compreensão da fitoterapia e seus componentes é a etapa inicial desse aprendizado. A orientação confiável ainda são o maior instrumento para a realização racional dos fitoterapicos e sua conseqüente eficácia, sendo este matéria de notável importância para tal fim” (DENEZ aput SILVA 2003).
46
Com relação aos que afirmaram indicar o uso de plantas para os seus pacientes, os
momentos citados como mais apropriados para tal comunicação foram: as consultas, triagem e
visita domiciliar.
Para Leininger apud Mendonça (1998), o cuidado é o domínio central e o único para o
corpo e conhecimentos e prática na Enfermagem, e uma investigação sistematizada do
cuidado poderá avançar a disciplina de Enfermagem e em último caso, prover cuidados de
enfermagem melhores para o povo, enfatiza que há diversidades no cuidado humano, com
características que são identificáveis e que podem explicar e justificar a necessidade do
cuidado transcultural de enfermagem, de forma que este se ajuste as crenças, valores e modos
das culturas, para que um cuidado benéfico e significativo possa ser oferecido.
Entre os diferentes aspectos que permeiam o conhecimento sobre plantas medicinais e
as diversas maneiras de vivenciá-los no cotidiano das pessoas, com relação ao item “formas
de preparo”, o chá prevaleceu em 100% das respostas dos entrevistados como forma de
preparo e uso das plantas. Também foram citadas com relação às formas de uso o banho de
assento, cataplasma e a inalação. Nesta pergunta especificamente nos pareceu haver certa
dificuldade na interpretação e confusão de respostas em relação ao modo de preparo e as
diferentes formas de uso.
Os chás (infusão), é um tipo de preparação onse adiciona-se água fervente ao
recipiente onde estão as ervas medicinais, aguardando-se de 5 a 10 minutos, para em seguida
beber-se o infuso. Esta técnica é adequada para os fitoterápicos de espessura delgada e grande
superfície de contato com a água, como folhas e flores. Para inalação se utiliza à combinação
do vapor de água quente com aroma das substâncias voláteis das plantas aromáticas, é
normalmente recomendada para problemas do aparelho respiratório (BOTSARIS, 2007).
Com relação ao cataplasma como forma de preparo as ervas frescas são aplicadas
amassadas diretamente sobre a parte afetada, sem preparação prévia, em caso de ervas secas
são colocadas no interior de um saquinho e aplicadas frias ou quentes, de acordo com o caso.
Estas cataplasmas são recomendadas para combater cãibras, nevralgias, dores de ouvido, já os
cataplasmas sob forma de pasta são ervas são socadas até formarem uma papa, que podem ser
aplicadas diretamente, ou sob dois panos, no local. Quando não se tem erva fresca, usa-se a
seca, sendo assim preciso água fervendo nas ervas, para auxiliar formação de papa. Outra
maneira de preparar o cataplasma é mergulhar a erva em vinagre de maçã e misturar com
farinha integral para dar liga. Espalha-se a mistura quente e úmida em um tecido, que se
coloca sobre o local afetado.Passe óleo na pele antes de aplicar cataplasma quente. Um
47
pedaço de plástico sobre o cataplasma conserva o calor. Os banhos são feitos por uma infusão
mais concentrada, que deve ser coada e misturada a água do banho. Outra maneira indicada é
colocar as ervas em um saco de pano fino e deixar boiando na água do banho, os banhos
podem ser parciais ou de corpo inteiro. (MARTINS 1994).
Quando questionados sobre os riscos do uso inadequado de plantas, a maioria dos
profissionais de enfermagem demonstram despreparo e desinformação, pois 5 deles
correspondendo há 62% do total, afirmam desconhecer estes riscos. Chama-nos atenção ao
cruzarmos as informações de que 100% dos profissionais afirmam conhecer e utilizar as
plantas no seu dia a dia e desconhecer as propriedades nocivas das mesmas. Daqueles que
afirmaram reconhecer os riscos no uso inadequado das plantas ficaram evidentes a
intoxicação e o processo alérgico como principais manifestações nocivas reconhecidos pelos
profissionais entrevistados. A representação gráfica a seguir nos remete aos dados citados.
GRAFICO VI: Conhecimento dos riscos no uso de plant as medicinais
38%
62%
ConhecemNão Conhecem
Fonte: Instrumento “A” aplicado para profissionais de enfermagem
“Qualquer tipo de substancias tóxicas, seja ela sólida, líquida ou gasosa, que possa produzir qualquer tipo de enfermidade, lesão, ou alterar as funções do organismo ao entrar em contato com um ser vivo, por reação química com as moléculas do organismo, pode ser considerado veneno. A automedicação tem sido uma prática comum e pouco recomendável, tanto em nível de alopáticos sintéticos como de plantas medicinais. Por serem consideradas produtos naturais, as espécies medicinais tem sido utilizadas de forma abusiva e indiscriminada, apesar de que muitas delas são desconhecidas botanicamente, fitoquimicamente e farmacologicamente. Veneno de cobra é natural e mata” (SILVA 2003).
48
O que torna essa prática criteriosa geralmente acontece por que as plantas, mesmo
aquelas utilizadas há centenas de anos, podem ter algum efeito adverso no organismo quando
ingeridas em grande quantidade ou por um período de tempo prolongado, ou até mesmo pela
dificuldade do conhecimento sobre as plantas gerando mais confusão e erros na utilização das
mesmas.
Segundo dados da Food and Drug Administration (FDA), as plantas existem para dar
beleza a um espaço. Se não se conhece a planta, estuda-se e não se prova. A idéia, por mais
minimalista que seja, é defendida a cada vez que as plantas fazem uma vítima. Seja por
curiosidade, seja por desconhecimento, só nos Estados Unidos, morrem anualmente cerca de
100 mil pessoas, por usarem indevidamente plantas sem conhecer seus efeitos colaterais ou
por serem consumidos em excesso. Levantamentos da Organização Mundial de Saúde (OMS),
asseguram que no Brasil existem 2 mil ocorrências de envenenamento por uso abusivo de
tóxicas por ano.
As plantas curam as pessoas desde os primórdios. O homem com sua inteligência, se
utilizou da natureza e conseguiu fazer com que as plantas tivessem um fim terapêutico, mas
como qualquer medicamento, nas plantas medicinais também aparecem os efeitos
indesejados. Como não pode se prever qual são as plantas mais venenosas, ou as que mais
podem causar efeitos colaterais no ser humano, porque o efeito da toxina varia muito de
pessoa para pessoa, parte-se do principio de que todas são se utilizadas de forma incorreta, até
mesmo porque a quantidade de veneno capaz de causar problemas ao ser humano muda de
planta para planta, e também porque existem várias formas de contágio: comendo a planta,
tendo contacto pela pele e até cheirando o perfume que ela exala (MENDONÇA, 1998).
Assim como os efeitos nocivos e os perigos que podem representar as plantas quando
utilizadas inadequadamente, nossa pesquisa pretendeu discutir também o uso de plantas
medicinais e seus benefícios com usuários das unidades básicas de saúde. Quando
questionados sobre o conhecimento dos benefícios de plantas medicinais, os pacientes
manifestaram-se em 100%, ou seja 6 entrevistados. Com relação a freqüência de uso 67%, 4
pacientes, afirmam usar frequentemente, respectivamente, como mostra o gráfico a seguir.
49
GRAFICO VII: Uso e benefícios das plantas pelos usu ários
67%
33%
Uso FrequenteNão Usam
Fonte: Instrumento “B” aplicado para usuários
Em pesquisa realizada pela prefeitura municipal de Vitória, no ano de 1990, um dado
muito peculiar no cotidiano da vida dos capixabas foi levantado: no universo de mil famílias
entrevistadas, 95% afirma ter o costume de utilizar, em casa, plantas medicinais in natura e
chás para tratar algumas patologia, antes de procurar o atendimento medico. Gripe, resfriado,
dispepsia e verminoses são algumas das queixas mais comumente tratadas pelas pessoas da
cidade (BRASIL 2008).
Ao questionarmos os usuários dos diferentes bairros sobre as plantas mais comuns
utilizadas por eles, as que foram citadas com mais evidencia são: o boldo, a marcela, a
camomila, a melissa, o hortelã, a erva cidreira, o eucalipto, a cana limão e a laranjeira.
GRAFICO VIII: Espécies de plantas comuns no uso ent re os usuários8%
30%
8%8%
8%
8%
8%
14%
8%CamomilaBoldoLaranjeiraHortelãCana LimãoErva CidreiraMelissaMarcelaEucalipto
Fonte: Instrumento “B” aplicado para usuários
50
Observamos ao cruzarmos as informações sobre as plantas usadas pelos profissionais
de enfermagem, que o boldo e a melissa citados, se evidenciou como mais comum para
ambos. Outras plantas se repetem entre os grupos estudados, atribuímos este fato as
características das plantas, que comumente tem suas espécies bem definidas na região. Além
disso as ervas citadas nos parecem as mais freqüentes no uso da população desta região, como
já havíamos citado anteriormente.
Mesmo reconhecendo a enfermagem como uma importante profissão da área da saúde,
no que tange ao potencial para educação entre outras ações de promoção à saúde e prevenção
de doenças, os usuários entrevistados não citaram os profissionais de enfermagem ou de saúde
como referencia para indicação do uso de plantas medicinais. Todos os entrevistados citam os
seus familiares como responsáveis pelo repasse das informações sobre o assunto.
Observando o gráfico IV, referente aos tipos de aprendizagem pelos profissionais de
enfermagem, verificamos que para os profissionais de saúde os familiares (seus), também são
uma referencia, porém dois dos profissionais entrevistados, ou seja 25%, tem os usuários
como responsáveis pelo repasse de informações acerca dos conhecimentos sobre plantas
medicinais. Sendo assim destacamos a importância da troca de conhecimento e de saberes
entre as pessoas como um mecanismo para o processo de ensino-aprendizagem.
Segundo Leininger, a cultura, por sua vez, abrange valores, crenças, normas e praticas
de vida, aprendidas, compartilhadas e transmitidas em um grupo especifico, que direcionam
seus pensamentos, decisões e ações em formas padronizadas (LEOPARDI 1999).
Diferentes representações de individua-pessoa, corpo-espírito, saúde-doença, cuidado-
tratamento, cura-equilíbrio, estão presentes nos distintos agentes sociais pacientes ou
terapeutas, e mesmo em indivíduos “sadios” praticantes de atividades, sem referencia a
questão do adoecimento. Diferentes sentidos são atribuídos às distintas atividades
desenvolvidas pelos agentes (BRASIL 2008).
Com relação ao acesso aos fitoterapicos pelos usuários entrevistados, 3 deles, ou seja
50%, afirmam que adquirem comercialmente. Segundo Silva (2003), o número médio de
plantas medicinais comercializadas varia de 150 à 200 no Brasil e de 400 à 1.500 na china.
Os outros 50% referem-se à residência da mãe como principal local de acesso as
plantas medicinais. Isso reforça a importância da transmissão das informações entre as
gerações, bem como o potencial dessas informações para ações e mudanças de vida e saúde
das pessoas.
Nenhum dos entrevistados aborda a sua própria residência como local de cultivo de
plantas medicinais, como demonstra o gráfico IX a seguir.
51
GRAFICO IX: Acesso dos usuários aos fitoterápicos
50%50%ComercialmenteResidência da Mãe
Fonte: Instrumento “B” aplicado para usuários
O uso das plantas pode se dar em nível familiar ou em situações em que há a
necessidade de uma maior quantidade de material vegetal. Se apenas para uso familiar,
doméstico, elas podem estar cultivadas nos quintais das casas, ser coletadas em áreas
próximas às casas, compradas ou recebidas de parentes, amigos e/ou vizinhos. Para programas
de saúde, com o uso de forma mais social e coletiva, a obtenção dos materiais vegetais já
passa a ter outra característica, há exemplo disso temos os hortos medicinais. Se for uma
espécie nativa, na maior parte das situações, ela ainda é coletada nos locais onde ocorrem
naturalmente. Neste caso, conhecido como extrativismo, a intensidade de coleta e a não
preocupação com a reposição das plantas podem levar ao desaparecimento da espécie naquela
localidade ou região (MING et al 2002).
O horto medicinal trata-se de um espaço de saúde, cidadania, aprendizagem e de
estímulo à conservação do conhecimento e do uso racional da biodiversidade. Essa prática
tem sido comum dentre os trabalhos. A implantação de um horto medicinal permite ter as
plantas mais indicadas para o tratamento de sintomas e doenças mais comuns e de menor
gravidade. Proporciona também a certeza da espécie que está sendo utilizada, além de
fornecer material fresco e de boa qualidade, estabelecendo uma área de cultivo de plantas
medicinais estimulando a utilização e a aprendizagem dos remédios caseiros, promovendo a
conexão entre o saber científico e o saber popular, estreitando a distância entre a Universidade
e a Sociedade, proporcionando à comunidade o conhecimento das plantas e como usá-las
(SILVA; GOMES; PLATÃO & MARTINS 2007).
Todos os usuários entrevistados foram unânimes em afirmar que consideram
importante o repasse de informações pelos profissionais de saúde em suas unidades básicas de
saúde assim como reforçam a importância das plantas como uma alternativa para promoção
da saúde. Os entrevistados afirmam que quando os profissionais de saúde estão preparados
52
para informar sobre os fitoterapicos, muitas doenças podem ser tratadas sem tantos efeitos
colaterais.
Não evidenciamos o papel significativo multiplicador do profissional de enfermagem
sobre a temática em questão, já que nenhum dos usuários atribuiu a eles as informações
obtidas sobre as plantas, embora considerem significativa a participação desses profissionais.
Contrariamente os profissionais de saúde afirmam indicar as plantas terapêuticas para
prevenção e o tratamento de doenças no cotidiano da unidade básica de saúde. Atribuímos
esta incoerência entre os dados coletados ao fato de que nossa amostra de usuários, além de
não coincidir com aqueles que foram orientados pelos profissionais, pareceu-nos insuficientes
para esta avaliação.
53
7. CONCLUSÃO
Este estudo buscou identificar as diferentes abordagens dos profissionais de
enfermagem do município de Biguaçu, com relação ao uso e repasse das informações sobre
plantas medicinais. Nos últimos anos, tem havido o ressurgimento do uso da fitoterapia, tanto
por parte dos profissionais de saúde, quanto pela população, buscando um tratamento
medicinal para curar, ou mesmo aliviar, seus males orgânicos. O estudo consiste na realização
de uma pesquisa quanti-qualitativa exploratória, objetivando investigar o conhecimento da
equipe de enfermagem das unidades de saúde do município, acerca da utilização dos
fitoterápicos na prevenção e tratamento de doenças. A amostra constou de três equipes de ESF
e de cinco usuários distribuídos pelas áreas de abrangência da cada equipe. Através da análise
do referencial teórico e do resultado da pesquisa, será possível revelar se o uso e o repasse das
informações sobre os fitoterápicos estão corretos, não apenas por parte dos profissionais de
enfermagem, mas por todos aqueles que valorizam a vida saudável, do valor que a fitoterapia
representa para a promoção da saúde.
Concluímos que a fitoterapia, é um método barato e eficaz no tratamento das doenças.
Divulgando o poder das plantas medicinais aos profissionais de saúde da área da enfermagem
e à população, eles terão conhecimento de como utilizar e tratar as doenças pelos quais são
acometidos, de forma correta sem danos a saúde. Observamos também que a maioria dos
profissionais de enfermagem demonstram despreparo, desinformação e até mesmo um certo
preconceito em relação ao uso terapêutico das plantas, talvez pelo avanço da industrialização
farmacêutica, criou-se esse tabú muitas vezes por não correlacionarem que o próprio
princípio ativo do fármaco é extraído das plantas medicinais. A formação de recursos
humanos em fitoterapia está ligada diretamente à qualidade de vida das pessoas, uma vez que
essa decorre da relação entre os costumes, crenças e as suas condições ambientais, mantendo
relação direta com o bem-estar.
Nos chamou atenção também o fato de que ao cruzarmos as informações de que
todos os profissionais afirmam conhecer e utilizar as plantas no seu dia a dia mas desconhecer
as propriedades nocivas das mesmas. Daqueles que afirmaram reconhecer os riscos no uso
inadequado das plantas ficaram evidentes a intoxicação e o processo alérgico como principais
manifestações nocivas reconhecidos por eles. O trabalho da Estratégia de Saúde da Família é
o elemento-chave para a busca permanente de comunicação e troca de experiências e
conhecimentos entre os integrantes da equipe e desses com o saber popular do Agente
Comunitário de Saúde. E com isso observamos a importância dos enfermeiros, tendo noção da
54
importância que a Enfermagem representa a toda população indiscriminadamente. Através da
educação, conscientização, principalmente, no que diz respeito ao desenvolvimento de ações
de saúde que previna e trate as doenças, estando contribuindo, significativamente, para que os
profissionais de enfermagem e a população por eles assistida obtenham uma melhor qualidade
de vida.
Dessa forma, destaca-se a importância e a necessidade da realização de ações
intersetoriais, envolvendo profissionais de saúde e usuários, no sentido de buscar
instrumentalizar-se os mecanismos para abordagem de uma assistência mais humanizada e
eficaz para ao tratamento das doenças com o auxilio a inclusão da fitoterapia. Através desta
análise, podemos perceber que os entrevistados relataram algumas dificuldades em relação ao
preenchimento dos questionamentos desta pesquisa, necessitando a presença e a colaboração
do pesquisador para sanar dúvidas que por ventura pudessem aparecer ao longo da elaboração
das respostas.
Finalmente, após refletir sobre os resultados desta pesquisa, entendemos que o
referencial teórico escolhido para fazer a pesquisa é de grande valia no sentido de
compartilhar saberes que contribuam para o crescimento dos usuários e dos profissionais de
enfermagem como unidade competente de promoção da sua própria saúde e a de seus
membros. Para que isso se torne realidade, já existem políticas publicas de terapias
alternativas e complementares sancionadas pelo poder publico, para que se ponha em prática é
necessário o aperfeiçoamento e a divulgação dessas leis para todos os centros de saúde,
estimulando o uso de plantas como uma das terapias, possibilitando assim o maior acesso e
facilidade para a população.
Sugerimos que a utilização de plantas medicinais seria de grande valia se inseridas na
Atenção Básica de Saúde, pois percebemos que todos os entrevistados utilizam ou sabem de
alguma informação sobre elas. Há exemplo de outros Estados que adotaram as farmácias
vivas, seria uma alternativa para baratear o custo dos medicamentos que compõem a rede, e
de maior acessibilidade, pois trata-se de uma terapia de baixo custo, e eficaz na tratamento de
várias doenças.
55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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58
VASCONCELOS, E.M. Educação popular e a atenção à saúde da Família, editora Hucitec, São Paulo-SP, 1999.
60
APÊNDICE I - INSTRUMENTO DE PESQUISA “A” PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
Profissional: ______________________ Sexo: ___________________ Idade: ________
1) Você sabe o que é fitoterapia?
( ) Sim ( ) Não
Caso sua resposta seja SIM, o que você sabe a respeito?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
2) Você tem o conhecimento que a fitoterapia pode ser usada na prevenção e tratamento de
várias doenças?
( ) Sim ( ) Não
Caso sua resposta seja SIM, qual (is) planta (s) você conhece e como você adquiriu esta
informação?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
3) Você já fez ou faz uso de fitoterápicos no seu dia-a-dia?
( ) Sim ( ) Não
Caso sua resposta seja SIM, com que freqüência você os utiliza?
_________________________________________________________________________
4) Você obteve um resultado positivo?
( ) Sim ( ) Não
5) Com quem aprendeu a usar fitoterápicos?
_________________________________________________________________________
6) Você costuma indicar os fitoterápicos aos usuários da Unidade Básica de Saúde?
( ) Sim ( ) Não
__________________________________________________________________________
61
7) Em quais situações e momentos de trabalho você repassa as informações aos usuários?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8) Quais as maneiras de preparo dos fitoterapicos você conhece?
___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
9) Quais maneiras de preparo você costuma indicar, e como repassa a informação para fácil
entendimento?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
10) Você sabe os riscos que pode trazer o uso inadequado dos fitoterápicos?
( ) Sim ( ) Não
Caso sua resposta seja SIM, cite alguns riscos que você conhece?
___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
11) Quais as formas de uso de fitoterapia você conhece? Quais as formas de uso costuma
orientar ao usuário?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
62
APÊNDICE II - INSTRUMENTO DE PESQUISA “B” USUÁRIOS
Sexo: _____________________ Idade: __________
1) Você conhece os benefícios das plantas medicinais?
( ) Sim ( ) Não
Caso sua resposta seja SIM, o que você sabe a respeito?
_________________________________________________________________________
2) Você já fez ou faz uso de plantas medicinais?
( ) Sim ( ) Não
Caso sua resposta seja SIM, com que freqüência você os utiliza?
___________________________________________________________________________
3) Que fitoterapicos usa para tratar ou previnir doenças?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
4) Quem indicou?
_________________________________________________________________________
5) Com quem aprendeu a usar fitoterápicos?
___________________________________________________________________________
6) Quando surgem duvidas a quem recorre?
_________________________________________________________________________
7) Onde adquire os fitoterápicos?
_________________________________________________________________________
8) Você acredita na eficácia dos fitoterápicos? Acha importante que os profissionais repassem
essas informações nos Unidades de Saúde? Por que?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
63
APÊNCICE III – PLANILHA DE DISCUSSÃO “A”
Nome USB Conhece fitoterapia, o que sabe a
respeito
Usa na prevenção de doenças, quais
plantas conhece
Fez ou faz uso no dia a dia, com
que freqüênci
a
Obteve resultado positivo
Com quem aprendeu
Indica na UBS, em
que momentos
do trabalho
Quais maneiras
de preparo conhece e
quais repassa
Sabe dos riscos no
uso inadequado
Camonila Bom Viver São medicamentos naturais
Sim, ameixa, casa de árvore
Sim, gincobiloba 2 x ano
Sim Com avós indígenas e com os pais
Sim, triagem e consulta
Chá, banho de acento
Não
Boldo Bom Viver Uso de plantas como
tratamento alternativo
Sim, babosa, boldo, malva,
erva doce, hortelã
Sim, sempre
que necessário
Sim Faculdade, prof .Teresa
Gaio, usuários
Sim, nas VD e na
Unidade
Infusão, cataplama, inalatório
Sim, intoxicação,
processo alérgico
Espinheira Santa
Saveiro Medicamento feito com
ervas
Sim, boldo, espinheira santa,
malva
Não Não Não uso Não chá Não
Melissa Saveiro Medicação natural
Sim, goiaba, melissa, guaco,
limão, alho
Sim, mensalme
nte
Sim Com familiares e conhecidos
Sim, quando estão com PA elevada
Chá Não
Erva Doce Saveiro Medicação a base de
homeopatia (ervas)
Sim, melissa, camomila
Sim, sempre
que necessário
Sim Com minha vó, mãe
Não Chá Não
Alcachofra Saveiro Medicamentos feito com
ervas
Sim, alcachofra, centela asiática, boldo, penicilina
Sim, alcachofra
1 x ano
Sim Com minha vó e tias
Sim, quando questionado sobre o uso
Chá Não
Hortelã Três Riachos Uso de ervas medicinais
no
Sim, carqueja, funcho, própolis,
malva,
Não Não Com familiares e pacientes
Não Chá, spray, sache
Sim, intoxicação
64
tratamento de
patologias
penicilina, hortelã, nos
moscada Babosa Três Riachos Medicament
os naturais a base de plantas
medicinais
Sim, cânfora, babosa, boldo,
marcela, insulina,
própolis, mel, guaco, hortelã,
melissa, penicilina,
laranjeira, cravo, canela, maça
Sim, semanalme
nte
Sim Faculdade Sim, nas consultas de enfermagem
Chás, cremes, xampus
Sim, intoxicação,
alergia
65
APÊNDICE IV – PLANILHA DE DISCUSSÃO “B”
Nome UBS Conhecimento de plantas medicinais
Freqüência do uso
Fitoterapia mais comum no seu
uso
Quem indicou
Referência para
dúvidas
Acesso aos fitoterápicos
Acha importante o repasse das
informações nas UBS
Cáscara Sagrada Três Riachos Sim Muita Camomila, Boldo, Laranjeira
Mãe Pessoas mais
velhas
No campo, minha mãe mora
no interior
Sim, ajudam no tratamento de muitas
doenças Dente de Leão Bom Viver Sim Bastante Boldo, Hortelã,
Marcela, Cana Limão
Mãe Mãe Na casa da minha mãe
Sim, por que tem bem menos efeitos
colaterais Marcela Bom Viver Sim Quase
sempre Erva Cidreira, Melissa, Boldo
Mãe Minha mãe Casa de produtos naturais
Tem menos efeitos colaterais
Orégano Bom Viver Sim Pouca Para febre e gripe Amigos Internet e familiares
Farmácias Sim, por que alem de tornar mais
conhecido, abrirá caminhos para
maiores estudos Romã Saveiro Sim Com
imunidade baixa
Marcela, Boldo, Eucalipto
Avó, Mãe
Médico Mercados Sim, por que as vezes uma dor de estomago pode ser resolvido em casa e
não nas filas dos hospitais
Sete Sangrias Três riachos Sim Sempre Sim Mãe Mãe Centros Clínicos Sim, todos os profissionais devem
repassar, por que podem ser curados
de maneiras diferentes.
66
APÊNDICE V – TERMO DE COMPROMISSO DE ORIENTAÇÃO
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO DE BIGUAÇU CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
UNIVALI
TERMO DE COMPROMISSO DE ORIENTAÇÃO
Eu, Liliane Werner dos Santos, docente do Curso de Graduação em
Enfermagem da Universidade do Vale do Itajaí, Campus Biguaçu, comprometo-me e
concordo em orientar a Pesquisa para efetivação do Trabalho de Conclusão de
Curso dos acadêmicos Fernando Schneider e Rosinete Grams Broering , sob a
temática: “PRÁTICAS DE FITOTERAPIA DESENVOLVIDAS POR
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DO MUNICÍPIO DE BIGUAÇU ” . Os
orientandos estão cientes das Normas para elaboração de Trabalho Monográfico de
Conclusão do Curso de Graduação em Enfermagem, bem como, do calendário de
Atividades proposto.
Biguaçu, 05 de agosto de 2008.
_________________________ Profª Orientadora
__________________________ Acadêmico de Enfermagem
UNIVALI
__________________________ Acadêmico de Enfermagem
UNIVALI
67
APÊNDICE VI – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLAR ECIDO
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO DE BIGUAÇU CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
UNIVALI
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado(a) a participar, como voluntário(a), da pesquisa __________________________________, no caso de você concordar em participar, favor assinar ao final do documento. Sua participação não é obrigatória, e, a qualquer momento, você poderá desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com o pesquisador(a) ou com a instituição.
Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e endereço dos pesquisadores, podendo tirar dúvidas do projeto e de sua participação.
NOME DA PESQUISA: ______________________________________________________________
ORIENTADORA RESPONSÁVEL: ____________________________________________________
PESQUISADORES PARTICIPANTES: _________________________________________________
ENDEREÇO: ______________________________________________________________________
TELEFONE: ______________________________________________________________________
E-MAIL: _________________________________________________________________________
OBJETIVOS: identificar os tipos de plantas e formas de uso, pelos profissionais da área da enfermagem no município de Biguaçu, fazendo uma correlação com a literatura, avaliando os diversos tipos de costumes existentes nesta região de abrangência da pesquisa.
PROCEDIMENTOS DO ESTUDO: se concordar em participar da pesquisa, você terá que responder a um questionário ou entrevista (gravada ou não) sobre a utilização das plantas medicinais.
RISCOS E DESCONFORTOS:
BENEFÍCIOS:
CUSTO/REEMBOLSO PARA O PARTICIPANTE: A pesquisa não terá nenhum custo para os participantes, e não haverá qualquer tipo de pagamento, por parte dos pesquisadores para os entrevistados, sendo uma pesquisa totalmente voluntária.
CONFIDENCIALIDADE DA PESQUISA: Os dados confidencias da pesquisa (como nome, endereço e demais dados pessoais dos entrevistados), será mantida em absoluto sigilo assegurando assim a privacidade dos sujeitos. Somente serão divulgados dados diretamente relacionados aos objetivos da pesquisa.
____________________________ ____________________________
Pesquisador Pesquisador
68
APÊNDICE VII – CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DA PES SOA
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO DE BIGUAÇU CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
UNIVALI
CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEIT O
Eu, _______________________________________, portador do RG
nº_______________ e CPF nº_____________________, declaro que li as
informações contidas nesse documento, fui devidamente informado(a) pelos
pesquisadores Fernando Schneider e Rosinete Grams Broering - dos
procedimentos que serão utilizados, riscos e desconfortos, benefícios,
custo/reembolso dos participantes, confidencialidade da pesquisa, concordando
ainda em participar da pesquisa. Foi-me garantido que posso retirar o consentimento
a qualquer momento, sem que isso leve a qualquer penalidade. Declaro ainda que
recebi uma cópia desse Termo de Consentimento.
Biguaçu,____ de ______________ de 2008.
_______________________________ _______________________________
Nome por extenso Assinatura
69
APÊNDICE VIII – DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO INSTITU CIONAL
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO DE BIGUAÇU CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
UNIVALI
DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO INTITUCIONAL PARA REALIZAÇÃO DE PESQUISA
Eu, Liliane Werner dos Santos , representante legal da Secretaria Municipal
de Saúde de Biguaçu, declaro para os devidos fins que estou ciente e de acordo
com o desenvolvimento da pesquisa do acadêmicos Fernando Schneider e
Rosinete Grams Broering , “PRÁTICAS DE FITOTERAPIA DESENVOLVIDAS
POR PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DO MUNICÍPIO DE BIG UAÇU”, nas
Unidades de Saúde.
Biguaçu, 23 de fevereiro de 2008.
_______________________________ Liliane Werner dos Santos
SECRETÁRIA MUNICIPAL DE SAÚDE
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