View
214
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
TEIA DOTEIA DO SABERSABER2005
METODOLOGIA DE ENSINO DE DISCIPLINAS DA ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA, MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS DO ENSINO
MÉDIO: FÍSICA, QUÍMICA E BIOLOGIA
Fundação de Apoio às Ciências: Humanas, Exatas e Naturais
Material Pedagógico para uso do professorEVenda Proibida Coordenação GeralProf. Dr. Mauricio dos Santos Matos(16) 3602-3670 e-mail:teiadosaber@ffclrp.usp.br
Acompanhe a programação pela internet: http://sites.ffclrp.usp.br/laife
Projeto TemáticoReferenciais Iniciais
Prof. Dr. Mauricio dos Santos MatosProfa. Dra. Clarice Sumi Kawasaki
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULOSECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE ENSINO - REGIÃO DE RIBEIRÃO PRETOAv. Nove de Julho no. 378 - Ribeirão Preto
TURMA DE CONTINUIDADE
TEIA DO SABER 2005 Metodologia de Ensino de Disciplinas da Área de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma de Continuidade)
Projeto Temático 2
(Referenciais iniciais)
Prof. Dr. Mauricio dos Santos Matos & Profa. Dra. Clarice Sumi Kawasaki
APRESENTAÇÃO DOS PROFESSORES RESPONSÁVEIS PELO PROJETO TEMÁTICO
PROFa. CLARICE SUMI KAWASAKI: formada em Ciências Biológicas e
mestre e doutora em Educação, na área de Ensino de Biologia e de Ciências. É
docente do Depto. de Psicologia e Educação da FFCLRP/USP e responsável
pelas disciplinas de Metodologia e Prática de Ensino de Biologia e de Ciências
e Educação Ambiental. Está credenciada ao Programa de PG em Educação
pela FEUSP. Coordena o Laife – Laboratório Interdisciplinar de Formação do
Educador da FFCLRP, desenvolvendo projetos de ensino, pesquisa e extensão na área de ensino de ciências.
PROF. MAURICIO DOS SANTOS MATOS: formado em Química e
mestre e doutor em Físico-Química pela Universidade de São Paulo e pela
Katholieke Universiteit Leuven -Bélgica. Foi professor de física e física
aplicada na escola de aplicação da Universidade Estadual de Londrina e
professor de Química em outras escolas públicas e privadas da cidade de
Londrina –PR e do distrito rural de Guaravera-PR. É atualmente docente do
Depto. de Psicologia e Educação da FFCLRP/USP e responsável pelas disciplinas de Prática de Ensino de
Química, Educação Ambiental e Metodologia de Ensino em Química e em Ciências I e II. Orienta no
Programa de Pós-graduação Interunidades em Ensino de Química e Física pela USP-SP. É um dos
coordenadores do LAIFE e coordenador geral dos cursos da Teia do Saber na USP-RP.
O Laboratório Interdisciplinar de Formação do
Educador é um laboratório de ensino, extensão e
pesquisa em ensino de ciências pertencente ao Departamento de
Psicologia e Educação da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de
Ribeirão Preto (DPE/FFCLRP-USP). As atividades de ensino, pesquisa
e extensão desenvolvidas estão relacionadas à formação inicial e continuada de professores, atendendo
principalmente às Licenciaturas em Biologia, Química, Psicologia e Pedagogia da FFCLRP.
TEIA DO SABER 2005 Metodologia de Ensino de Disciplinas da Área de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma de Continuidade)
1
APRESENTAÇÃO DAS ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS
Caros Professores:
Este material de apoio do Programa Teia do Saber (2005) abrange o Tema 2, do
curso de continuidade, que trata da “Metodologia do Ensino de Ciências: a seleção e
organização de conteúdos e métodos de ensino”.
Nele você encontrará uma apresentação do tema e a forma como este será abordado
ao longo da aula, bem como, textos utilizados em sala de aula. A aula deverá partir de um
problema concreto no ensino que diz respeito à “difícil” tarefa de escolher e organizar
conteúdos e métodos de ensino, trazendo para discussão, os referenciais e diretrizes
metodológicas do ensino de ciências que deverão auxiliar o professor nesta atividade. O
que se busca nesta aula é que o professor possa apropriar-se de instrumentos de
planejamento de aulas de ciências, focalizando os conteúdos e métodos de ensino, a partir
do conhecimento das várias mediações existentes entre o saber científico e o saber escolar.
Após as exposições orais e troca de experiências com os professores, serão iniciadas
as atividades de desenvolvimento de Projetos Temáticos de Ensino, planejados e
produzidos pelos professores, que serão organizados em grupos compostos por professores
das diferentes áreas das ciências naturais de uma mesma escola.
Como atividade do 2º dia de Projeto temático serão analisados vídeos com propostas
temáticas na área de ciências da natureza e, conjuntamente, desenvolvidos critérios iniciais
para o desenvolvimento dos projetos temáticos, iniciando-se a estruturação das primeiras
propostas dos grupos formados. Tenham um ótimo curso!
Mauricio e
TEIA DO SABER 2005 Metodologia de Ensino de Disciplinas da Área de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma de Continuidade)
2
1. METODOLOGIA DE ENSINO DE CIÊNCIAS: A SELEÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE CONTEÚDOS E MÉTODOS DE ENSINO
Das inúmeras dificuldades que o professor enfrenta em sua prática pedagógica,
aquelas que se referem à seleção de conteúdos de ensino e de como ensiná-los são, ao
mesmo tempo, os mais triviais e os que merecem maior aprofundamento, já que envolvem
decisões para além destes conteúdos escolares. Todo professor sabe que qualquer escolha
torna-se difícil, na medida em que a seleção de determinados conteúdos a serem ensinados,
significará a escolha do próprio conteúdo do processo pedagógico, suas finalidades
educacionais e o seu papel na formação do aluno.
“É por isso que todo questionamento ou toda crítica envolvendo a verdadeira natureza
dos conteúdos ensinados, sua pertinência, sua consistência, sua utilidade, seu interesse,
seu valor educativo ou cultural, constitui para os professores um motivo privilegiado de
inquieta reação ou de dolorosa consciência” (Forquin, 1993, p.09).
A seqüência ou o tipo de ordem que se propõe no estudo dos conteúdos e as
relações que se estabelecem entre esses conteúdos são também escolhas do professor e
estes revelam o(s) método(s) de ensino que se pretende desenvolver. Em suma, o que se
quer dizer é que no “fligir dos ovos” cabe ao professor fazer escolhas, ser o mediador dos
processos de ensino e aprendizagem, e para isso, o professor precisa ter parâmetros e
critérios. É nesse contexto que esta aula deverá ser desenvolvida.
São inúmeras as formas de estabelecer tais parâmetros e critérios, mas todos eles
certamente precisam ser pensados no âmbito dos objetivos gerais do ensino de ciências;
esses, por sua vez, devem estar coerentes com os objetivos educacionais mais amplos. É
bom lembrar que toda escolha de finalidades educacionais traz consigo o seu
comprometimento com uma determinada visão da sociedade, de ciência, de educação e de
aprendizagem. Sendo assim, é preciso decidir sobre quais concepções de ciência, de
TEIA DO SABER 2005 Metodologia de Ensino de Disciplinas da Área de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma de Continuidade)
3
aprendizagem e de ensino de ciências se deve optar, pois estes devem nortear o
estabelecimento de critérios para a seleção e organização de conteúdos e de métodos.
A “Proposta Curricular para o Ensino de Ciências e Programas de Saúde” (1991)
propõe três critérios para a seleção e organização dos conteúdos de ciências, quais sejam: a)
apresentarem vínculo com o cotidiano do aluno; b) apresentarem relevância social e
científica e c) apresentarem adequação ao desenvolvimento intelectual do estudante. Propõe
o estudo do AMBIENTE numa abordagem interdisciplinar, sugerindo que os conteúdos
sejam organizados tendo em vista que a noção de ambiente se construa a partir da
apreensão dos seus componentes e fenômenos e das relações entre eles, com especial
atenção ao modo pelo qual o homem interage com o meio. Propõe ainda que a abordagem
ao estudo do ambiente ocorra em escala crescente de alcance e complexidade ao longo das
séries. A partir do objetivo geral do ensino de ciências, que visa a formação intelectual
básica do aluno de modo a contribuir para que compreenda seu meio físico e social e dele
participe, é que se estabelecem as diretrizes metodológicas do ensino. A primeira delas diz
respeito à necessidade de se tratar o conhecimento científico, sempre que possível, de uma
perspectiva histórica. Uma outra diretriz diz respeito à necessidade de buscar formas por
meio das quais os estudantes possam desenvolver os conhecimentos científicos utilizando
as suas próprias elaborações intelectuais, a partir de conhecimentos prévios que já possuem
a respeito dos fenômenos e processos estudados na escola. A última diretriz estabelece
como de fundamental importância utilizar-se de um amplo repertório de modalidades
didáticas, estratégias de ensino e de recursos didáticos e pedagógicos.
Nos “Parâmetros Curriculares Nacionais – Ciências Naturais” (1997), o ensino de
ciências naturais é considerado espaço privilegiado em que as diferentes explicações sobre
o mundo, os fenômenos da natureza e as transformações produzidas pelo homem podem ser
expostas e comparadas. É espaço de expressão das explicações espontâneas dos alunos e
daquelas oriundas de vários sistemas explicativos. Segundo estes documentos, contrapor e
avaliar diferentes explicações favorece o desenvolvimento de postura reflexiva, crítica,
questionadora e investigativa e, também, a percepção dos limites de cada modelo
explicativo, inclusive dos modelos científicos, colaborando para a construção da autonomia
de pensamento e ação. Sendo assim, os objetivos de ciências naturais no ensino
fundamental são concebidos para que o aluno desenvolva competências que lhe permitam
TEIA DO SABER 2005 Metodologia de Ensino de Disciplinas da Área de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma de Continuidade)
4
compreender o mundo e atuar como indivíduo e como cidadão, utilizando conhecimentos
de natureza científica e tecnológica. Os conteúdos não são apresentados em blocos de
conteúdos, mas em blocos temáticos, que indicam perspectivas de abordagem e dão
organização aos conteúdos sem se configurarem como padrão rígido, pois possibilitam
estabelecer diferentes seqüências internas aos ciclos, tratar conteúdos de importância local e
fazer conexão entre conteúdos dos diferentes blocos, das demais áreas e dos temas
transversais. São quatro os blocos temáticos propostos para o ensino fundamental –
Ambiente, Ser Humano e Saúde, Recursos Tecnológicos e Terra e Universo, sendo que em
cada bloco temático são apontados conceitos, procedimentos e atitudes centrais para a
compreensão da temática em foco. A grande variedade de conteúdos teóricos das
disciplinas científicas, como a Astronomia, a Biologia, a Física, as Geociências e a
Química, assim como os conhecimentos tecnológicos, deve ser considerada em seu
planejamento.
Como pode ser observado, são vários os parâmetros e critérios para esta escolha.
Cabe ao professor, escolher os conteúdos mais significativos e as abordagens
metodológicas mais adequadas às finalidades propostas, às concepções de ensino de
ciências e aos alunos.
TEIA DO SABER 2005 Metodologia de Ensino de Disciplinas da Área de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma de Continuidade)
5
2. PROJETOS TEMÁTICOS DE ENSINO
Dentre as várias formas de se organizar o trabalho pedagógico, escolheu-se o
desenvolvimento de Projetos Temáticos de Ensino que traduz uma determinada concepção
de conhecimento escolar. Esta coloca-se em oposição ao ensino conteudístico e a favor de
um ensino de conteúdos científicos (que é uma das finalidades mais importantes da escola),
desde que estes sejam científica e culturalmente significativos para o aluno.
A idéia de trabalhar por projetos não é nova, segundo Leite e Mendes: “...vem do
início do século com as idéias democráticas de John Dewey. As rápidas e intensas
mudanças deste final de milênio trazem à tona o debate que, no início do século, já estava
presente: como dar vida ao processo de aprendizagem escolar, conectando-o com o mundo
real. Nessa perspectiva, os projetos de trabalho não podem ser entendidos como uma
técnica de ensino. Caracterizam-se, sim, por ser uma postura pedagógico que rompe com
uma visão compartimentada e fragmentada da educação escolar (Leite e Mendes, 2001: 25-
26).
Para Schmitt (2001), o professor ao desenvolver um projeto faz uma escolha
didática, visando à compreensão das estruturas internas de um conteúdo que se quer
ensinar, no estudo de assuntos das diferentes áreas. Para a autora, os projetos podem ser
montados, segundo infinitas e variadas formas, as quais fundamentalmente têm que abordar
o conteúdo que se objetiva trabalhar, em seus aspectos conceituais, procedimentais e
avaliativos. Estes projetos podem ocorrer com média e longa duração e cada etapa deve ser
estruturante para o que será proposto na etapa seguinte. Também incentivam a reflexão
sobre a importância das perguntas no processo de ensino-aprendizagem de alunos e
professores, a importância de ter desafios, problemas a resolver, de modo que cada etapa de
resolução do problema proposto no projeto deve funcionar como uma base de
conhecimentos e competências adquiridas para a seqüência do trabalho, ou seja, para a
próxima etapa.
TEIA DO SABER 2005 Metodologia de Ensino de Disciplinas da Área de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma de Continuidade)
6
2.1. A ORGANIZAÇÃO DOS PROJETOS TEMÁTICOS DE ENSINO
2.1.1. A Proposta Político Pedagógica da Escola Plural, da Rede Municipal de
Educação de Belo Horizonte:
O Projeto de Trabalho deve considerar o processo de aprendizagem dos conteúdos
disciplinares, que são historicamente construídos pela humanidade, os problemas
contemporâneos da realidade atual e as concepções e interesses dos alunos, segundo a
concepção globalizante de Zabaia (1990) proposta abaixo:
CONHECIMENTO DISCIPLINAR PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS
CONHECIMENTO ESCOLAR CONCEPÇÕES DOS ALUNOS
INTERESSES DOS ALUNOS
O que se coloca, então, não é a organização de projetos de ensino em detrimento de
conteúdos das disciplinas, e sim, a construção de uma prática pedagógica centrada na
formação global dos alunos. O desenvolvimento de projetos, com o objetivo de resolver
questões relevantes para os alunos, vai gerar necessidades de aprendizagem e, nesse
processo, os alunos irão se defrontar com os conteúdos das diversas disciplinas, evitando
que os alunos entrem em contato com estes conteúdos disciplinares, a partir de conceitos
abstratos e fechados. Essa mudança de perspectiva traz conseqüências na forma de
selecionar e sequênciar os conteúdos, pautada geralmente numa concepção etapista e
acumulativa. A sequenciação é fundada na dinâmica, no processo de “ir e vir”, no qual os
conteúdos vão sendo vistos de forma mais abrangente e aprofundada, dependendo do
conhecimento prévio e da experiência cultural dos alunos. Esta flexibilidade do projeto de
ensino permite desenvolvê-lo em séries e turmas diferentes, recebendo tratamento
diferenciado, a partir do perfil dos grupos ().
Ao se pensar em um projeto temático, a primeira questão que se coloca é “qual
tema” deverá ser desenvolvido e, em seguida, quem deverá propor este tema: o professor ou
o aluno?
TEIA DO SABER 2005 Metodologia de Ensino de Disciplinas da Área de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma de Continuidade)
7
Na verdade, para a proposição do projeto temático, todo o grupo deverá ser
envolvido. Um tema pode surgir dos alunos, do professor ou de ambos. Não importa de
quem possa surgir este tema, o importante é garantir que o tema escolhido venha responder
a problemas que sejam de todos os envolvidos, segundo o esquema abaixo proposto:
PROJETOS TEMÁTICOS DE ENSINO PROCESSO DE ENSINO E
APRENDIZAGEM
• Responder a problemas colocados
pelo grupo, pelo professor ou pela
própria conjuntura social.
• Detectar necessidades de
aprendizagem.
• Aprofundar e/ou sistematizar os
conteúdos disciplinares apontados
como necessários para o
desenvolvimento do projeto
2.1.2. A Proposta desenvolvida no Curso de Formação Inicial de Professores de
Ciências e de Biologia
2.1.2.1. Esquema geral sugerido para o projeto
A- O método em si:
Trata-se de uma proposta de configuração geral que deve ter o desenvolvimento de
determinado assunto, ou seja, o seu ponto de partida, o seu desenvolvimento propriamente
dito e o seu ponto de chegada.
“O movimento que vai da síncrese (a visão caótica do todo) à síntese (uma rica
totalidade de determinações e de relações numerosas) pela mediação da análise (as
abstrações e determinações mais simples), constitui uma orientação segura tanto
para o processo de descoberta de novos conhecimentos (o método científico) como
para o processo de transmissão-assimilação de conhecimentos (o método de
ensino)” (Saviani, 1984, p.73).
TEIA DO SABER 2005 Metodologia de Ensino de Disciplinas da Área de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma de Continuidade)
8
A1. Vejamos como este movimento se traduz em termos de momentos de um método
de ensino:
1o momento: síncrese (visão caótica do todo).
“O ponto de partida seria a prática social que é comum a professor e alunos.
Entretanto, em relação a essa prática comum, o professor assim como os alunos
podem se posicionar diferentemente enquanto agentes sociais diferenciados”.
(Saviani, 1984)
A compreensão dos alunos é sincrética uma vez que por mais conhecimentos e
experiências que detenham, estes encontram dificuldades na articulação dos conhecimentos
sistematizados com a prática social de que participam.
2o momento: análise (visão das partes).
É a quebra da totalidade sincrética em suas partes componentes.
a) Problematização: identificação dos principais problemas postos pela prática social;
trata-se de detectar que questões precisam ser resolvidas no âmbito da prática social
e, em conseqüência, que conhecimentos são necessários dominar.
b) Instrumentalização: trata-se (para os alunos) de se apropriar dos instrumentos
teóricos e práticos necessários ao equacionamento dos problemas da prática social.
Como tais instrumentos são produzidos socialmente e preservados historicamente, a
sua apropriação pelos alunos está na dependência de sua transmissão direta ou
indireta por parte do professor.
3o momento: síntese (uma visão do todo organizado).
É a recomposição da totalidade partida, uma vez que suas partes já foram
analisadas. Trata-se da elaboração superior da estrutura em superestrutura na consciência
TEIA DO SABER 2005 Metodologia de Ensino de Disciplinas da Área de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma de Continuidade)
9
dos homens; da efetiva incorporação dos instrumentos culturais, transformados agora em
elementos ativos de transformação social. Assim, o ponto de chegada é a própria prática
social, compreendida agora não mais em termos sincréticos (caóticos) pelos alunos. A
compreensão da prática social passa por uma alteração qualitativa. Conseqüentemente, a
prática social referida no ponto de partida (1o momento) e no ponto de chegada (3o
momento) é e não é a mesma. É a mesma, uma vez que é ela própria que constitui ao
mesmo tempo o suporte e o contexto, o pressuposto e o alvo, o fundamento e a finalidade
de prática pedagógica. E não é a mesma, se considerarmos que o modo de nos situarmos em
seu interior se alteram qualitativamente pela mediação da ação pedagógica.
“As considerações acima desenvolvidas podem ser consideradas como uma tentativa de
aduzir elementos para a explicitação de uma definição de educação (...) Trata-se da
conceituação de educação como uma atividade mediadora do seio da prática social. Daí
porque a prática social foi tomada como ponto de partida e ponto de chegada na
caracterização dos momentos do método de ensino” (Saviani, 1984).
A2. Como trabalhar: indicadores gerais
1o momento: síncrese (visão caótica do todo).
- Não iniciar com definições de idéias ou conceitos específicos, mas sim de relações
gerais ligadas à prática social dos alunos, ao seu cotidiano.
- Estimular os alunos para que exteriorizem o seu ponto de partida.
- Formular perguntas sobre a prática social dos alunos, sobre curiosidades, sobre fatos
atuais ligados ao assunto.
- Lançar mão, dependendo do assunto, de áudio e/ou vídeo; jornais e/ou revistas;
simulação de atividades práticas problematizadoras.
2o momento: análise (a visão das partes).
- Explicitar os conceitos particulares, relacionados com o assunto.
TEIA DO SABER 2005 Metodologia de Ensino de Disciplinas da Área de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma de Continuidade)
10
- Lançar mão dos recursos possíveis, dependendo do assunto, procurando não se
limitar a apenas um recurso, como a exposição, por exemplo.
3o momento: síntese (visão do todo organizado).
- Concatenar os conceitos entre si.
- Contextualizar o assunto estudado na prática social dos alunos, ressaltando a
relevância social do referido assunto.
- Responder a todas as questões levantadas no momento inicial.
B - Os princípios metodológicos:
Trata-se de princípios teórico-metodológicos que devem perpassar todos os diferentes
momentos do método em si. Tais princípios, na verdade, traduzirão a concepção que tenha
de sociedade, de educação e de ensino de Ciências, de Biologia, Química, Física e
Matemática. Muito embora o método em si também reflita, de certa forma, tais concepções.
Alguns elementos que devem estar presentes ao longo de todos os momentos do método.
1o ) Princípios relativos à ciência.
a) núcleos integradores das ciências naturais:
• Biologia: vida, reprodução, hereditariedade, evolução.
• Física: matéria, energia.
• Geociências: movimento, gravidade, transformação.
b) noções de tempo, espaço e causalidade.
• Não existe movimento sem matéria, nem matéria sem movimento.
• O movimento da matéria no tempo e no espaço obedece a certa regularidade causal.
2o ) Princípios relativos à relação entre ciência e sociedade.
- O cotidiano.
- A relevância social.
- A tecnologia.
TEIA DO SABER 2005 Metodologia de Ensino de Disciplinas da Área de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma de Continuidade)
11
3o ) Princípios mais relativos ao desenvolvimento intelectual.
- Habilidades lógicas e técnicas de ensino.
- Métodos científicos e técnicas de ensino.
As relações entre a formação do pensamento lógico e crítico, e as técnicas de ensino.
Similaridades e diferenças entre os métodos de ensino e os métodos científicos.
&&: baseado no texto de Borges, G.A. (IB/UNESP/Botucatu, 1991).
TEIA DO SABER 2005 Metodologia de Ensino de Disciplinas da Área de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma de Continuidade)
12
3. BIBLIOGRAFIAS
BELO HORIZONTE. Secretaria Municipal de Educação. ESCOLA PLURAL: Proposta
Político-Pedagógica da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte. Belo
Horizonte, 1994.
BORGES, G.A. Orientações para o projeto de ensino. UNESP, IB, Botucatu, 1991.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:
ciências naturais. Secretaria de Educação Fundamental, Brasília, MEC/SEF, 1997.
LEITE, L.H.A. e MENDES, V. Os Projetos de Trabalho: um espaço para viver a
diversidade e a democracia na escola. Projeto – Revista de Educação: Projetos de
Trabalho. Porto Alegre, Projeto, v.3, n.4, 2001.
SÃO PAULO (Estado) Secretaria da Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas
Pedagógicas. Proposta Curricular para o ensino de ciências e programas de saúde. 4ª
ed. São Paulo, SE/CENP, 1991.
SCHMITT, L.R. A prática dos Projetos. Projeto – Revista de Educação: Projetos de
Trabalho. Porto Alegre, Projeto, v.3, n.4, 2001.
SUGESTÕES PARA LEITURA
BIZZO, N.M.V. Ciências: fácil ou difícil? São Paulo, Editora Ática, Coleção Palavra do
Professor ,1998.
FRACALANZA, H. ; AMARAL, I.A. e GOUVEIA, M.S. O Ensino de Ciências no 1º
Grau. São Paulo, Atual, 1986.
Recommended