View
4
Download
0
Category
Tags:
Preview:
DESCRIPTION
Script
Citation preview
1
2
1 - AVISO TEATRO
2 - SÍTIO DO PICAPAU AMARELO
Cena 1
(Cenário: Quinta do Sítio do Picapau Amarelo / Camponês com uma guitarra introduz a
história / função de narrador)
Camponês:
Marmelada de banana,
Bananada de goiaba
Goiabada de marmelo
Sítio do Picapau Amarelo
Sítio do Picapau Amarelo
A mentira e a verdade
Fantasia realidade
Universo paralelo
Sítio do Picapau Amarelo
Sítio do Picapau Amarelo
Do do do do do
do do do do
Do do do do
Do do
Do do do do do
do do do do
Do do do do
Do do
3
Camponês: Dona Benta é a dona desta maravilhosa quinta. É avó de Lúcia, que tem
alcunha de Narizinho arrebitado.
Avó Benta: (Gritando/chamando) Narizinho! Lúcia! Narizinho!
Camponês:
Do do do do do
do do do do
Do do do do
Do do
Do do do do do
do do do do
Do do do do
Do do
Num país de maravilha
Cada sonho é uma ilha
Tudo sabe a caramelo
Sítio do Picapau Amarelo
Sítio do Picapau Amarelo
Camponês: Narizinho vive nesta quinta com a Vóvó Benta, a Tia Nastácia e a sua
boneca de trapos Emília, que é a sua melhor amiga e que a acompanha em todas as
suas aventuras.
Narizinho e Emília passam o tempo a brincar e a fantasiar com as histórias que a Vovó
Benta lhes conta.
Avó Benta: (Gritando/chamando) Lúcia! Narizinho! Onde é que se meteu esta miúda?
Nunca mais chega...(atira uma moeda ao camponês)
Camponês: (Agradece tirando o chapéu) Uh! Obrigado Dona Benta! Até logo!
Tia Nastácia: Dona Benta, já encontrou a Narizinho?
Avó Benta: Não Nastácia, saiu de manhã e eu nunca mais a vi.
(Ouve-se a Narizinho)
4
Cena 2
Narizinho: Vovó Benta! Tia Nastácia! Vamos Emília. Vovó Benta! Tia Nastácia!
Avó Benta: Narizinho, mas onde é que te meteste? Eu e a Nastácia já estávamos
preocupadas.
Narizinho: Desculpe Vovó Benta, estivemos a brincar no bosque e nem dé-mos pelas
horas passar. Tia Nastácia, preciso de si. Enquanto brincávamos no bosque, a Emília
tropeçou num pedaço de tronco e rasgou um bocado do seu ombro. Coitadinha.
Tia Nastácia: Não se preocupe Narizinho. Essa boneca já tá velha. Tia Nastácia vai fazer
nova pra você.
Narizinho: Não Tia Nastácia, eu não quero ficar sem a minha Emília. Pode-mos cozer-
lhe o braço?
3 - BONECA DE TRAPOS
Todas:
Boneca de trapos, farrapos, botões
Sempre aos trambolhões
Emília boneca feita de algodão
Mas tem bom coração
Narizinho:
Não a pique coitadinha
Que ela é tão boazinha
Tia Nastácia:
Paciência é que é preciso
Avó Benta:
Ela não ganha juízo
Todas:
Boneca de trapos, farrapos, botões
Sempre aos trambolhões
Dá mais trabalho que uma miúda
Só que não fala é muda
5
Narizinho:
Cabelo...
Tia Nastácia / Avó Benta:
...Vermelho e amarelo
Narizinho:
Nariz...
Tia Nastácia / Avó Benta:
... que parece um cogumelo
Narizinho:
A boca...
Tia Nastácia / Avó Benta:
...Não serve para nada
Todas:
Não fala, está sempre calada
Narizinho:
Os pés...
Tia Nastácia / Avó Benta:
... são de palha e de cartão
Narizinho:
Orelhas...
Tia Nastácia / Avó Benta:
... Pedaços de colhão
Narizinho:
É...
Tia Nastácia / Avó Benta:
... boneca de algodão
6
Todas:
Mas no peito bate forte o coração
Todas:
Boneca de trapos, farrapos, botões
Sempre aos trambolhões
Emília boneca feita de algodão
Mas tem bom coração
Mas tem bom coração
Mas tem bom coração
Mas tem bom coração
Narizinho: Obrigado Tia Nastácia! A Emília está como nova. Vovó Benta, vou até ao
Reino das Águas Claras, falar com o Doutor Caramujo, que vai dar à Emília uma pílula
falante. Assim a Emília poderá finalmente falar.
Avó Benta: Vives sempre no mundo da fantasia rapariga. Vai lá... Mas cuidado. Quero-
te em casa quando o teu primo chegar.
Tia Nastácia: Cuidado Narizinho.
Narizinho: Combinado! Até logo. (Dá um beijinho à Tia Nastácia e à Vovó Benta)
Cena 3
4 - VAMOS SONHAR
Narizinho:
Vamos sonhar, imaginar
Um mundo só pra nós
Onde afinal, tudo é real
Não estamos sós
Vamos fugir, e conseguir
Ao rio azul, chegar
E jóias raras, nas águas claras
Ei de encontrar
7
Vamos sonhar, imaginar
Um mundo só pra nós
Onde afinal, tudo é real
Não estamos sós
Príncipes, fadas, conchas douradas
E peixes de mil cores
Estrelas do mar, vem cantar
Canções de amor
Voz de sereia, a música no ar
Canta na areia, histórias de encantar
Um novo mundo a descobrir
No azul profundo
Para sonhar, para sentir
Para inventar, partir
Vamos voar, pra um lugar
Onde sorris, e eu possa vir
A ser feliz, foi tudo aquilo
Que eu sempre quis
Vamos voar, pra um lugar
Vou ser feliz!
Cena 4
Narizinho: Chegámos Emília. Doutor Caramujo. Doutor Caramujo. Está aí?
Doutor Caramujo: Estou sim. Bom dia menina Narizinho.
Narizinho: Eu peço muita desculpa por o vir incomodar, mas eu gostava tanto de lhe
pedir um pequeno favorzinho. A Emília, a minha boneca, e a minha melhor amiga não
fala. E como o Sr. é tão famoso por causa das suas pílulas. Por acaso não tem nenhuma
pílula falante?
8
Doutor Caramujo: Menina Narizinho, por acaso até acho que sou capaz de ter. Deixe-
me procurar. Ai assim não é possível. Não encontro. Aqui não está. Aqui também não.
Mas onde foi que eu as deixeis? Ah já achei. A pílula falante. Vamos colocar na boca da
Emília.
Narizinho: Come Emília. Vais finalmente poder falar.
Emília: (Emília mastiga as gomas e rodopia ao som do xilofone) Consigo falar.
Finalmente sai som da minha boca! Agora posso dizer tudo… Tenho tanta coisa para
dizer, tanta, tanta, tanta. Ai que vontade de esticar as pernas. Vejam, já consigo pular,
eu sempre quis pular. Ai é maravilhoso. Acho que todos os bonecos do mundo deviam
poder falar.
Narizinho: Emília, finalmente vamos poder conversar.
Emília: Vamos sim! Tenho tanta coisa para dizer, tanta, tanta, tanta. Ainda no outro dia
estava a pensar "Será que a Narizinho, não me quer levar a passear?" Mas..
Narizinho: Muito obrigado Doutor Caramujo, o senhor é realmente fantástico. Até
logo.
Doutor Caramujo: Ora essa menina Narizinho. Sempre às suas ordens.
Narizinho: Adeus. Emília, vê lá se não falas tanto para não ficares sem voz outra vez.
Cena 5
Emília: Ai ai ai ai ai, agora que falo é que não me deixas falar.
Narizinho: Claro que podes falar. Agora és como eu, uma menina de verdade. Vamos
Emília. Vamos voltar para o Sítio porque o primo Pedrinho deve estar quase a chegar.
Emília: Avó Benta, Tia Nastácia! Chegámos! (Esconde-se)
Avó Benta: Até que enfim! Estava a ver que nunca mais chegavam. Que é feio da doida
da tua boneca? Não veio contigo?
Tia Nastácia: Não me diga Narizinho que conseguiu finalmente livrar-se dessa maluca
da sua boneca de trapo.
9
(Emilia aparece por trás delas e assusta-as)
Emília: Bu! Assustei-vos! Estou aqui, pensavam que se viam livre de mim assim tão
facilmente?
Tia Nastácia e Avó Benta: (Gaguejando) Ma – ma – mas a boneca Emília, fala mesmo?
Emília: Falo pois! Não precisam de ficar guegas.
Narizinho: Gagas.
Emília: Ou isso… Ai, tenho tanta coisa para vos contar, tanta, tanta, tanta, que nem sei
por onde começar. Fui com a Narizinho ao reino das águas claras, e falámos com o Dr.
Caramujo que é um caranguejo... é um bocado doido, mas é muito inteligente. Tem
uma enorme coleção de pílulas, e deu-me uma pílula falante. Eu engoli e senti uma
enorme vontade de saltar e pular e...
(Emília é interrompida)
Narizinho, Tia Nastácia e Avó Benta: Cala-te!
Emília: Mas agora que falo, não me deixam falar?
5 – Bolos de Côco
Tia Nastácia: Guarda masé essa energia Emília, porque vamos fazer bolinhos de Côco
que o menino Pedrinho está a chegar, para vir passar as férias aqui ao sítio do picapau
amarelo com vocês.
Avó Benta: Não bastavam dois pequenos diabretes, agora são três.
Todas:
Vamos fazer bolos de côco
Que o Pedrinho vai adorar
O menino vai ficar doido depois de os provar
Que lindos bolos de côco de nós todas vamos fazer
Desaparecer
Nunca páres de mexer a panela que está no fogão
10
Tia Nastácia:
Até a massa ficar bem grossa
Todas:
Nunca deixes de olhar para ela com muita atenção
Tia Nastácia:
E um pau de canela doce
Todas:
Deixa-me ser eu a provar
Tia Nastácia:
Cuidado tem que esperar
Todas:
Põe a massa nas formas para cozer
Que o forno está aceso para aquecer
E daqui a alguns minutos, é só tirar
E vamos comer
E vamos comer
E vamos comer
E vamos comer
Cena 6
Emília: O Pedrinho!!! O Pedrinho está a chegar.
Avó Benta: O Tio Barnabé foi buscá-lo ao comboio.
Pedrinho: Vóvó! Tia Nastácia! Narizinho! Que saudades do Sítio do Picapau Amarelo.
Narizinho: Ai que bom primo Pedrinho, teres vindo passar as férias connosco.
Avó Benta: Estás mais crescido miúdo.
Pedrinho: Vóvó, Tia Nastácia, está muito mais gorda.
Tio Barnabé: Pudera, a provar os doces deliciosos que faz.
11
Avó Benta: Eu gostava de saber é o que estes dois diabretes vão fazer durante as
férias.
Emília: Dois diabretes não. Três.
Pedrinho e Tio Barnabé: Ma - Ma -Ma a Emi - mi -mi - lia Fala?
Emília: Mas esta família ficou toda guega?
Todos: Gaga!
Tio Barnabé: Mas como é possível, uma boneca de trapo que fa - fa - fala?
Emília: Tio Barnabé, o impossível é sempre... possível!
6 – Tudo É Possível
Pedrinho: A Emília, é uma boneca de trapos mágica. E é muito esperta, porque ela
sabe que...
Pedrinho:
Tudo é possível, nada é incrível
Basta querer, e acreditar
É tudo faz de conta, invenção e fantasia
E assim se dá mais cor à nossa vida dia-a-dia
Se queres voar, olha pro céu
Emília:
É só sonhar
Pedrinho:
E o mundo é teu,
És dono do Oceano, tens a terra em tua mão
É só fechares os olhos e sentires o coração nessa ilusão
Pedrinho: Tia Nastácia, olhe o que eu lhe trouxe...
Tia Nastácia: Ai, que lindo avental.
12
Todos:
Tudo é possível, nada é incrível
Basta querer, e acreditar
É tudo faz de conta, invenção e fantasia
E assim se dá mais cor à nossa vida dia-a-dia
Tio Barnabé:
Se queres sorrir, vais descobrir
Uma razão, pra ser feliz...
Pois tudo o que procuras, está bem perto podes crer
E muitas aventuras vais viver e conhecer e vais crescer
Todos:
Tudo é possível, nada é incrível
Basta querer, e acreditar
É tudo faz de conta, invenção e fantasia
E assim se dá mais cor à nossa vida dia-a-dia
Se queres sorrir, vais descobrir
Uma razão, pra ser feliz...
Pois tudo o que procuras, está bem perto podes crer
E muitas aventuras vais viver e conhecer e vais crescer
Tudo é possível, nada é incrível
Basta querer, e acreditar
É tudo faz de conta, invenção e fantasia
E assim se dá mais cor à nossa vida dia-a-dia
Tudo é possível, nada é incrível
Basta querer, e acreditar
É tudo faz de conta, invenção e fantasia
E assim se dá mais cor, e mais amor e mais valor
Tia Nastácia: Épa, bolinho de Côco pra toda a gente que Tia Nastácia fez.
Pedrinho: Hmm que cheirinho.
Narizinho: Ai que bom...
13
Cena 7
Tia Nastácia: Boneco de peluche, boneco da cidade. Ah Tia Nastácia não gosta não.
Pedrinho, venha cá ver o que Tia Nastácia fez para ti. De uma espiga de milho, eu fiz...
Visconde de Sabugosa. Cuidado, sábio, muito inteligente. Durante a noite, ele comeu
todos os livros de história da Dona Benta.
Emilia: Nein, nein, nein, nein, nein. Esse Visconde nein fala como eu.
Visconde: Não falo como você porque, logicamente, eu domino as leis da gramática.
Todos: Gramática!
Visconde: Da morfologia.
Todos: Morfologia.
Visconde: E da sintaxe.
Todos: Sintaxe. Que cultura, que sabedoria.
Visconde: O saber não ocupa lugar...
Emília: E o Sr. tão pequenino, também pouco lugar ocupa.
Narizinho: Cala-te Emília.
Tio Barnabé: Mais respeito Emília.
Tia Nastácia: Cala a boca linguaruda.
Pedrinho: Silêncio.
Emília: Nein!!! Agora que falo, ninguém me deixa falar?
Visconde: Já Platão dizia, quem muito fala, pouco acerta e o calado, é o melhor. Tia
Nastácia, vou comer muitos livros, para crescer, crescer. crescer, crescer. Os livros são
o verdadeiro alimento do Homem. Um bom livro com batata frita, um ovo a cavalo e
muito ketchup, fazem de um pequeno ignorante, um grande sábio.
14
Pedrinho: Mas não comas muitos livros, senão tornas-te num gigante.
Visconde: Ora essa, eu já sou um gigante no conhecimento e no apetite intelectual.
7 – Canção do Visconde
Visconde: Lição número 1
A cultura faz falta a toda a gente
Faz de um burro, um homem inteligente
Eu cá sou professor, trate-me por doutor
Ou chumbo quem estiver à minha frente
Menina diga lá, faça favor
O nome do grande navegador
Que um dia, descobriu o Brasil
Se quer ter um excelente com louvor
Narizinho: Pedro Álvares Cabral
Visconde: 20 valores!
Todos:
Viva o Visconde, que sabe e não esconde
Mais de mil livros comeu,
Com arte e com brilho,
É feito de milho
Visconde: Esse fenómeno, sou eu!
Todos:
Viva o Visconde, que sabe e não esconde
Mais de mil livros comeu,
Com arte e com brilho,
É feito de milho
Visconde: Lição número 2
15
Pedrinho diga lá com energia
Se é um bom aluno a zoologia
Qual é o animal, mamífero irracional
Que descasca bananas todo o dia
Cuidado não responda meu amigo,
Sem antes pensar bem no que lhe digo
Ele anda pelas matas, trepa com as 4 patas
E eu acho que ele é parecido consigo
Todos:
Viva o Visconde, que sabe e não esconde
Mais de mil livros comeu,
Com arte e com brilho,
É feito de milho
Todos:
Viva o Visconde, que sabe e não esconde
Mais de mil livros comeu,
Com arte e com brilho,
É feito de milho
Tia Nastácia: E é meu filho!
Todos:
Viva o Visconde, que sabe e não esconde
Mais de mil livros comeu,
Com arte e com brilho,
É feito de milho
Visconde: E o grande fenómeno, sou eu!
Cena 8
Tio Barnabé: O meu cachimbo desapareceu. Alguém o viu? Que estranho, ainda agora
estava aqui. Isto é obra do Saci!
Pedrinho: Saci? O que é isso?
16
Tio Barnabé: É um diabinho de uma perna só, que anda à solta pelo mundo a pregar
partidas de toda a espécie. Tem sempre um cachimbo na boca, e um barrete vermelho
na cabeça.
Emília: Mas que partidas é que ele faz?
Narizinho: Não sei...
Tia Nastácia: Ai, ai ai ai. O leite para os bolinhos azedou.
Tio Barnabé: Isso foi obra do Saci.
Avó Benta: Os meus novelos de lã, estão todos embaraçados.
Tio Barnabé: Mas onde está o Saci?
Visconde: Com mil coriscos, os meus livros caíram todos ao chão.
Tio Barnabé: Alguém viu o Saci?
Emília: Ai, ai ai. Espetei um prego no pé.
Tio Barnabé: Foi o Saci Pereré, né? Foi o saci!
Pedrinho: Tio Barnabé!!! Roubaram o café!
Tio Barnabé: Ah roubaram o café D. Benta.
Narizinho: A casa cheira a enxofre.
Tio Barnabé: Foi partida do Saci.
Pedrinho: Saiam da frente que eu vou caçar esse Saci!
Tio Barnabé: Calma, se queres caçar o Saci eu digo-te como é. Quando o vento estiver
forte como está hoje, e vires um remoinho de folhas e de areia, pegas aqui nesta
garrafa, ouviu? E o Saci, que não gosta nada de vento, vai entrar pelo gargalo e
refugiar-se do vento, dentro da garrafa. Pronto é fácil.
Pedrinho: Fantástico, o Tio Barnabé sabe tudo.
17
Visconde: Tudo, tudo não. Tem a prática, mas falta-lhe a teoria, a filosofia da vida.
Emília: O Sr. Visconde, quantos livros comeu hoje ao pequeno almoço?
Visconde: Quatro romances, cinco novelas, ah e dois ensaios.
Narizinho: Ah Emília, deixa-te de tagarelices, temos que ajudar o Pedrinho, a caçar o
Saci.
Avó Benta: Meninos, cacem os Sacis que quiserem, mas às oito horas quero toda a
gente em casa para jantar sim?
Todos: Sim Vóvó Benta.
Tia Nastácia: E tem surpresa... Feijão com farofa.
Todos: Sim Tia Nastácia.
Cena 9
Pedrinho: Vá, vamos combinar tudo malta. Cada um vai para o seu lado à procura de
um bom remoinho. O Tio Barnabé vai para Sul. O Visconde vai para Norte. A Emília vai
para Oeste, e eu vou para... Este!
Narizinho: Ah, e eu onde é que fico na Rosa dos Ventos?
Pedrinho: Tu narizinho arrebitado, ficas aqui.
Narizinho: Aqui?
Pedrinho: Sim...
Narizinho: Sozinha?
Pedrinho: Sim, sozinha. Não tenhas medo prima. Se vires primeiro um remoinho, grita
logo por mim que eu não estarei longe. Combinado?
Narizinho: Combinado. Boa sorte.
18
8 – Vento
Narizinho:
Vento, vento
Onde estás, estas aí?
Vento, vento
Onde estás, vem para aqui?
Vento, vento
Sopra forte, de sul ou norte
Vento, vento
Vem enfim, dança só para mim
Dança sempre a rodar, dança sem nunca parar
Que a terra também dá voltas, sempre a girar
Vento, vento levas o sonho
Pra longe triste e risonho
Segredas louco e medonho
Que hoje há luar
Vento, vento
Vento, vento
Vento, vento
Vento, vento
Ao longe oiço a tua voz, vem poderoso e veloz
Leva-me à estrela distante, meu viajante
Vento, vento levas o sonho
Pra longe triste e risonho
Segredas louco e medonho
Que hoje há luar
Cena 10
9 – A Cuca Te Pega
Cuca: Boa noite, minha menina.
Narizinho: Quem é a senhora?
19
Cuca: Sou uma pobre velhinha, que anda a apanhar maçãs, na floresta para almoçar
amanhã. Veja como são belas, tentadoras e apetitosas. Quer provar minha menina?
Narizinho: Hm, muito obrigada, mas a Tia Nastácia está a preparar o jantar lá no Sítio
do Picapau Amarelo.
Cuca: Aquele sítio horrível... Mas não há melhor aperitivo para o jantar, do que uma
bela dentada de maçã. Cada dentada, é uma vitamina. Vá lá, só uma dentadinha
pequenina. Ahahaha (riso de bruxa) Caíste minha idiotazinha. É um truque velho, mas
nunca falha. É muito ignorante. Nunca viu o filme da Branca de Neve e dos sete anões.
Agora, estás transformada em pedra. E eu vou pôr-te no jardim do teu querido Sítio do
Picapau Amarelo. Eu sou a Cuca, a bruxa mais maluca. Com cabeça de Jacaré e cabelos
loiros na peruca. Não comam a sopa não, que vão ver o que vos vai acontecer.
Cena 11
Emília: Narizinho, Narizinho. Eu não encontrei nenhum remoinho de vento. Onde estás
tu Narizinho?
Visconde: Oh venho exausto. Angustiado. Desesperado. Psicologicamente deprimido.
Mas confesso como os sábios gregos, que a busca do remoinho de vento, me deixou
um remoinho na cabeça, e o cérebro descomputorizado.
Tio Barnabé: O Saci é muito esperto. Ele é que sabe onde estão esses remoinhos. Eu
nunca vi nenhum Saci. Mas que tem, tem.
Emília: Narizinho.
Visconde: Narizinho.
Tio Barnabé: Narizinho.
Emília: Onde está a Narizinho? Será que o remoinho a levou? Tenho tantas saudades
tuas...
20
10 – Vento (reprise)
Emília:
Ao longe oiço a tua voz, vem poderoso e veloz
Leva-me à estrela distante, meu viajante
Vento, vento levas o sonho
Pra longe triste e risonho
Segredas louco e medonho
Que hoje há luar
Pedrinho: Afastem-se! Encontrei um remoinho. Afastem-se, e deixem-me apanhar
esse Saci Pereré. Ahhh, bolas estava quase. Malvado Saci, conseguiu escapar outra vez.
Emília: Se calhar foi o Saci que levou a Narizinho.
Tio Barnabé: Não acredito que tenha sido. Um Saci é um diabrete, que gosta de pregar
partidas, mas não faz desaparecer pessoas. Eu até aposto que sei quem foi...
Todos: Quem foi?
Tio Barnabé: Foi...
Todos: Foi...
Tio Barnabé: A danada da Cuca.
Todos: A danada da Cuca?
Tio Barnabé: Aposto que foi ela que roubou a narizinho arrebitado.
Emília: Eu quero a Narizinho.
Pedrinho: Tio Barnabé, sabe dizer-nos onde essa bruxa mora?
Tio Barnabé: Comigo não. A Cuca vive numa gruta no fim da fim da floresta. Os menino
não deve ir lá, 'viu? É perigoso.
Pedrinho: Nós não temos medo pois não?
21
Todos: Não!
Pedrinho: Damos a vida pela Narizinho. Adeus Tio Barnabé.
Tio Barnabé: Adeus meninos. Mas cuidado, 'viu?
Pedrinho: Por um amigo tudo se faz.
Cena 12
11 – À Procura da Narizinho
Todos:
Vamos embora pela floresta
A Narizinho procurar
A noite é escura, feia e funesta
Mas nós temos que a salvar
Vamos por trás dos canaviais
Prados, ribeiros, montanhas
Ouvindo as vozes dos animais
Araras, macacos, piranhas
Vamos embora pela floresta
A Narizinho procurar
A noite é escura, feia e funesta
Nas nós temos que a salvar
Não temos medo, nada a temer
Nenhum perigo haverá
Nada e ninguém nos pode prender
Só a amizade vencerá
Emíla: Ó Narizinho...
Queremos que voltes agora
A tua boneca que te adora...
Além de falar, já chora
22
Todos:
Vamos depressa que já é tarde
E não há tempo a perder
Ninguém tem medo, nem é cobarde
E nós temos que vencer
Por um amigo tudo se faz
Quando se gosta a valer
Um bom amigo, de tudo é capaz
E vale a pena viver
Cena 13
Cuca: (Ressonar)
Visconde: Já chegámos à gruta da grande malvada da Cuca.
Emília: Ai, estou toda a tremer.
Visconde: O medo é apenas uma sugestão psicológica.
Emília: Ui, que monstro. Tem cara de jacaré…
Cuca: Eu não quero ir para a escola, mãe…
Emília: Garra s de gavião, e deve ter mais de 3 mil anos.
Visconde: Estamos com sorte, a Cuca está a dormir. Ela só dorme numa noite de lua
cheia de 7 em 7 anos.
Pedrinho: Hey, vamos amarrar a Cuca.
Emília: E se ela acorda?
Pedrinho: Ela tem um sono pesadíssimo.
Visconde: A astúcia deste Pedrinho, impressiona-me. E como diz o sábio grego, a
astúcia vence a força.
Emília: O Sr. Visconde só atrapalha. Fala, fala e não faz nada.
23
Visconde: Eu penso, logo existo.
Pedrinho: Puxa Emília, puxa. Pronto Visconde, está toda amarradinha. E agora?
Visconde: Agora só temos de acordá-la..
Emília: Acordá-la não. A dormir, é um pavor, acordada deve ser um horror.
Visconde: A única arma que nós podemos usar contra a Cuca, é aquele pingo de água.
Emília: Um pingo de água?
Visconde: Sim, é a única tortura que a Cuca não tolera. Aquele pingo de água vai
enlouquecê-la!
Cuca: Ai a minha cabeça. Ai que fico louca de dores.
12 – Batalha da Cuca
Pedrinho: Berra demónio, berra. Berra até rebentares. Berra à vontade que esse pingo
de água não tem ouvidos nem tem pressa. E vai divertir-se a pingar nessa tua cabeça
horrorosa por cem anos.
Cuca:
A minha cabeça até rebenta
Este pingo de água já não se aguenta
Já tenho um buraco na minha testa
Maldita amizade, que não presta
Emília:
Foste tu, eu adivinho
Que roubaste a Narizinho
Exigimos que nos diga
Onde está a nossa amiga
Todos: Pinga!
Cuca: Piedade.
24
Todos: Pinga!
Cuca: Tenham dó desta velha. Não posso mais, não posso mais. Não.
Cuca:
Já não posso suportar,
A verdade eu vou contar
Um feitiço lhe lancei
Numa pedra a transformei
Emília:
Numa pedra, mas que horror
Narizinho meu amor
Velha Cuca, maldição
Tu não mereces perdão
Cuca:
Já não posso suportar,
A verdade eu vou contar
Um feitiço lhe lancei
Numa pedra a transformei
Emília:
Numa pedra, mas que horror
Narizinho meu amor
Velha Cuca, maldição
Tu não mereces perdão
Emília:
Numa pedra, mas que horror
Narizinho meu amor
Velha Cuca, maldição
Tu não mereces perdão
Todos:
Numa pedra, mas que horror
Narizinho meu amor
Velha Cuca, maldição
Tu não mereces perdão
25
Todos:
Vais sofrer, vais dizer, vais morrer, enlouquecer
Cuca: Não, não, rendo-me. Sim, eu confesso. Enfeiticei essa menina que vocês
procuram e transformei-a numa pedra.
Todos: Numa pedra?
Cuca: Mas só poderei quebrar o feitiço, se me trouxerem um fio de cabelo verde da
Yara, a rainha das águas.
Pedrinho: Não há problema, nós iremos buscar o fio de cabelo verde da Yara.
(Riso maléfico de Cuca)
Cena 14
Emília: Mas quem é, essa rainha Yara?
Visconde: É uma sereia, que vive no fundo do mar e aparece nos rochedos em noites
de luar, a pentear os seus lindos cabelos verdes com um pente de oiro. Mas cuidado,
dizem que Yara é uma criatura bastante perigosa. Quem para Yara olhar, pode cegar.
Vocês não podem olhar para ela prometido?
Todos: Prometido.
13 – NO FUNDO DO MAR
Yara:
Meu pente de oiro a pentear
Os meus cabelos ao luar
São algas verdes que há no mar
São estrelas lindas a brilhar
Neste meu canto de sereia
A voz de búzios pela areia
Seduz, encanta quem me olhar
Tanta beleza o vai cegar
No fundo do mar, há outro país
Vais-me encontrar, amar e ser feliz
26
Visconde: Temos de andar de costas para não olharmos para ela.
No fundo do mar, há outro país
Vais-me encontrar, amar e ser feliz
Pedrinho:
Senhora minha, rainha do mar
Teus lindos cabelos quero pentear
Olha-te ao espelho, que bela
Yara:
Meus olhos refletem, a luz do luar
Minha boca é flor, a desabrochar
Corpo de sereia…
A beleza está-me a cegar (gritando)
Todos:
No fundo do mar, há outro país
Vais-me encontrar, amar e ser feliz
No fundo do mar, há outro país
Vais-me encontrar, amar e ser feliz
Feliz…
Pedrinho: Yara nunca mais poderá ver a sua própria beleza.
Emília: Pobre sereia, quem olha só para si próprio não vê a beleza do mundo.
Cena 15
Cuca: Ai. Ai, maldito pingo de água. Tirem-me deste chuveiro, por favor.
Pedrinho: Já temos o fio de cabelo verde da Yara, Cuca maluca.
Cuca: Mas como é que conseguiram vencê-la?
Visconde: Fácil, pela vaidade. Já dizia Platão que era um grande sabichão, a vaidade
cega o Homem.
27
Cuca: Dá-mo, dá-mo cá.
Emília: Não dês. Mas para que é que a D. Cuca, quer o cabelo verde de sereia?
Cuca: Hmm, para nada. Para absolutamente nada. Minha querida, bonequinha, tão
fofinha...
(rouba-lhe o cabelo)
Cuca: Libertei-me! Agora sim, poderei ser a rainha dos mares, mais poderosa quer uma
baleia, mais forte que um tubarão, mais bela que uma estrela do mar e mais
inteligente que um golfinho.
Emília: Então se é a mais poderosa, a mais forte, a mais bela e a mais inteligente, diga-
nos como vai tirar o feitiço à nossa Narizinho.
Cuca: É fácil minha querida, voltem ao Sítio do Picapau Amarelo, procurem perto da
casa da D. Benta, uma flor azul que eu lá deixei. Arranquem-lhe as pétalas e lancem-
nas ao vento. Narizinho de pedra, voltará a ser uma menina embirrenta e de nariz
arrebitado.
Emília: Ai minha querida Narizinho, vou voltar a encontrar-te.
Cuca: E eu juro e rejuro, e torno a jurar, que a este Sítio do tal Picapau Amarelo, eu não
ei de voltar. Eu Cuca Maluca, vou de férias para o Havai.
Todos: Adeus! Boas férias.
14 – À Procura da Narizinho (reprise)
Todos:
Vamos embora pela floresta
A Narizinho procurar
A noite é escura, feia e funesta
Mas nós temos que a salvar
28
Não temos medo, nada a temer
Nenhum perigo haverá
Nada e ninguém nos pode prender
Pois vale a pena, viver
Todos:
Vamos embora pela floresta
A Narizinho procurar
A noite é escura, feia e funesta
Mas nós temos que a salvar
Não temos medo, nada a temer
Nenhum perigo haverá
Nada e ninguém nos pode prender
Pois vale a pena, vale a pena viver
Cena 16
Avó Benta: Meninos, meninos, já é tarde. Pedrinho , viste a Narizinho?
Pedrinho: A Narizinho?
Tia Nastácia: Onde está a Narizinho?
Tio Barnabé: Sim, o que fizeram à Narizinho?
Emília: Foi a Cuca...
Todos: A Cuca?
Tia Nastácia: (querendo bater com a vassoura) Onde está essa malvada?
Visconde: Deve ser esta pedra.
Todos: Pedra?
Visconde: Sim!
Emília: (chorando) A minha querida Narizinho.
29
Avó Benta: Barnabé, a minha querida Narizinho...
15 - VAMOS SONHAR (reprise)
Visconde: Tenha calma D. Benta. Está a ver esta flor azul? Eu vou desfolhá-la e lançá-la
ao vento.
Narizinho:
Vamos sonhar, imaginar
Um mundo só pra nós
Onde afinal, tudo é real
Não estamos sós
Príncipes, fadas, conchas douradas
E peixes de mil cores
Estrelas do mar, vem cantar
Canções de amor
Vamos sonhar, imaginar
Um mundo só pra nós
Onde afinal, tudo é real
Não estamos sós
Príncipes, fadas, conchas douradas
E peixes de mil cores
Estrelas do mar, vem cantar
Canções de amor
Todos:
Voz de sereia, a música no ar
Canta na areia, histórias de encantar
Um novo mundo a descobrir
No azul profundo
Para sonhar, para sentir
Para inventar, partir
Vamos voar, pra um lugar
Onde sorris, e eu possa vir
A ser feliz, foi tudo aquilo
30
Que eu sempre quis
Vamos voar, pra um lugar
Vou ser feliz!
16 - Agradecimentos (Sítio do Picapau Amarelo)
Todos:
Marmelada de banana,
Bananada de goiaba
Goiabada de marmelo
Sítio do Picapau Amarelo
Sítio do Picapau Amarelo
Do do do do do
do do do do
Do do do do
Do do
A mentira e a verdade
Fantasia realidade
Universo paralelo
Sítio do Picapau Amarelo
Sítio do Picapau Amarelo
Do do do do do
do do do do
Do do do do
Do do
Num país de maravilha
Cada sonho é uma ilha
Tudo sabe a caramelo
Sítio do Picapau Amarelo
Sítio do Picapau Amarelo
31
Do do do do do
do do do do
Do do do do
Do do
Marmelada de banana,
Bananada de goiaba
Goiabada de marmelo
Sítio do Picapau Amarelo
Sítio do Picapau Amarelo
17 - É Natal
Narizinho:
Quando sentires dentro de ti uma chama acesa,
Quando sentires que há algo em ti a brilhar
É Natal em ti, Natal em mim, Natal em todos
Dá-me a tua mão e vamos cantar
Pedrinho:
Quando em teu peito houver calor, pra aqueceres o frio
Quando em teu peito houver amor, para dar
Todos:
É Natal em ti, Natal em mim, Natal em todos
Dá-me a tua mão e vamos cantar
Todos:
É Natal, é Natal, sempre que alguém quiser
É Natal, é Natal num momento qualquer
Olha em redor gente que espera por ti
É Natal, é Natal, se houver amor em ti
Emília:
Quando tu deres sem condição, a quem te procura
Quando vestires de luz e cor, o olhar
32
Todos:
É Natal em ti, Natal em mim, Natal em todos
Dá-me a tua mão e vamos cantar
É Natal, é Natal, sempre que alguém quiser
É Natal, é Natal num momento qualquer
Olha em redor gente que espera por ti
É Natal, é Natal, se houver amor
Se houver amor, se houver amor em ti
Recommended