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RAFAEL FELICE FAN CHEN
ANÁLISE E ESTIMATIVA ESTATÍSTICA DO COMPORTAMENTO D O
INDICADOR DE ARROBA DO BOI GORDO LAPBOV/UFPR NO PER ÍODO
2009/2010
CURITIBA
2010
RAFAEL FELICE FAN CHEN
ANÁLISE E ESTIMATIVA ESTATÍSTICA DO COMPORTAMENTO D O
INDICADOR DE ARROBA DO BOI GORDO LAPBOV/UFPR NO PER ÍODO
2009/2010
Monografia apresentada para conclusão do Curso de Zootecnia da Universidade Federal do Paraná. Supervisor: Prof. Dr. Paulo Rossi Jr. Orientador: Prof. Dr. João Batista
Padilha Jr.
CURITIBA
2010
Aos meus avôs “in memorian”
AGRADECIMENTOS
Meus sinceros agradecimentos,
Aos meus pais em primeiro lugar, pelo exemplo, motivação e todo o
apoio, durante a vida. Também aos meus irmãos e demais familiares sempre
presentes.
Aos colegas e grandes amigos de graduação, por compartilharem
comigo aulas, trabalhos, palestras, viagens, festas... Enfim por todos os
momentos que se tornaram inesquecíveis e também pelo incentivo e apoio
incondicionais. Em especial aos piás burros – Edson, Ferruccio, Maycon,
Miguel e Vitor, pelas altas aventuras e amigas como Paulinha e Adriana que
sempre ajudaram nos meus estudos.
Aos fiéis escudeiros do “Quarto 15” Dallmann, Ervin, Pedro e Alessi, se
ontem éramos jovens inconseqüentes em busca de diversão, hoje somos
jovens publicitário, advogados, engenheiro e zootecnistas inconseqüentes em
busca de diversão.
A todos os funcionários e professores da UFPR que foram muito
importantes na minha vida acadêmica.
Aos “Nelores” do “LAPBOBY” pelos bons momentos de trabalho,
descontração, churrascos, viagens e afins. Levarei comigo o lema ”Uma vez
Nelore, sempre Nelore”. Viva Viva Rodeio em Touros, Vacas & Cavalos.
Se um dia chegar a algum lugar profissionalmente, existem em especial
dois professores responsáveis por isso João Batista Padilha Jr. e Paulo Rossi
Jr. Agradeço ambos pela oportunidade, conhecimento e atenção dada a mim.
Padilha meu orientador, o cara do agronegócio, visão sistêmica da
produção e a mente de um economista. Foi em suas aulas de agronegócios
que despertou em mim o interesse pela economia e administração rural. Sem
esquecer os papos gastronômicos e degustações de bolos, pizzas e carnes.
Vou deixar também um abraço para sua esposa Helena. ”Tranqüilo...Tranqüilo”
Paulo Rossi Jr, como a vida tem seu destino e é às vezes um pouco
engraçada. Fui um aluno mediano em sua disciplina, seis meses depois fiz sua
optativa, no meio desse período surgiu uma oportunidade de viagem, você me
aconselhou a fazer essa viagem, no final do período estava reprovado por
Freqüência & Nota na sua disciplina. A reprovação em essa mais algumas
disciplinas me obrigaram há ficar um ano a mais. Nesse ano extra me tornei
seu estagiário, posteriormente seu estagiário curricular e quem sabe, ainda
tenho minhas dúvidas da minha capacidade, de ser seu mestrando.
“...
There's nothing you can do that can't be done.
Nothing you can sing that can't be sung.
Nothing you can say but you can learn how to play the game
It's easy.
There's nothing you can make that can't be made.
No one you can save that can't be saved.
Nothing you can do but you can learn how to be you
in time - It's easy.
All you need is love, all you need is love
…”
Lennon/McCartney
“O mundo não será salvo pelos caridosos, mas pelos eficientes.” Roberto Campos
ii
RESUMO
O estágio curricular foi realizado no período de julho de 2010 a setembro de 2010, no Laboratório de Pesquisas em Bovinocultura do Departamento de Zootecnia da UFPR (LAPBOV-UFPR), no projeto “Indicador de Preços da Arroba do Boi Gordo no Estado do Paraná”. Uma das intenções dos indicadores LAPBOV-UFPR e da ESALQ/BM&FBovespa é dar apoio ao mercado, gerando dados transparentes e tornar-se base de negociações. O objetivo geral com esse trabalho é analisar o comportamento, correlações, e diferença da série histórica, 28 de setembro de 2009 a 28 de setembro de 2010 do indicador da arroba do boi gordo LAPBOV-UFPR e ESALQ/BM&F/Bovespa. Os preços foram deflacionados pelo Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna da fundação Getulio Vargas, com base no mês de setembro 2010. Os preços apresentaram um crescimento no período analisado, influenciados pela estiagem acima da média para o período e uma falta de oferta constante de boi gordo no frigorifico. Os indicadores apresentam uma alta correlação entre si, demonstrando a influencia do indicador ESALQ/BM&FBovespa no estado do Paraná. Demonstra que o indicador de preços da arroba do boi gordo LAPBOV-UFPR acompanha os preços formados em São Paulo, levando em conta as características das mesorregiões paranaenses. A partir deste trabalho, sugere-se a utilização do indicador LAPBOV/UFPR por partes da cadeia produtiva da bovinocultura de corte paranaense, uma vez que mostrou condizente a realidade e é gerado por uma instituição idônea.
Palavras-chave : ciclo pecuário, preços agropecuários, bovinocultura de corte
iii
LISTA DE FIGURA FIGURA 1 O PARANÁ E SUAS MESORREGIÕES .......................................... 11
iv
LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1. PREÇOS NOMINAIS E REAIS (SETEMBRO DE 2009 A
SETEMBRO 2010) ....................................................................... 17
GRÁFICO 2. ÍNDICE LAPBOV/UFPR .............................................................. 18
GRÁFICO 3. VALORES DA ARROBA DO INDICADOR LAPBOV/UFPR E
ESALQ/BM&FBOVESPA ............................................................. 19
GRÁFICO 4. RELAÇÃO DE VOLUME DE ABATE COM O PREÇO (2005-2010)
..................................................................................................... 21
GRÁFICO 5. RELAÇÃO DE VOLUME DE ABATE COM O PREÇO (2005-2010)
..................................................................................................... 21
GRÁFICO 6. NÚMERO DE CABEÇAS ABATIDAS FONTE: O AUTOR ............. 22
GRÁFICO 7. RELAÇÃO ENTRE O ÍNDICE PLUVIOMÉTRICO E O PREÇO
PAGO NA REGIÃO DE PARANAVAÍ, NOROESTE DO
ESTADO.......................................................................................23
v
LISTA DE TABELAS
TABELA 1.REBANHO MUNDIAL DE CABEÇAS BOVINAS* .................................... 3
TABELA 2.EXPORTAÇÕES MUNDIAIS DE CARNE BOVINAS ............................... 3
TABELA 3.DESTINO DAS EXPORTAÇÕES DA CARNE BOVINA
BRASILEIRA ......................................................................................... 4
TABELA 4.EFETIVO POR REGIÃO (POR CABEÇAS) ............................................. 4
TABELA 5.PRODUÇÃO DE CARNE BOVINA NO BRASIL ...................................... 5
TABELA 6.NUMERO DE CABEÇAS DE BOVINOS NO ESTADO DO
PARANA, NO ANO DE 2007. ................................................................. 6
TABELA 7.TOTAL DE PRODUÇÃO DE CARNE NO ESTADO DO PARANÁ,
ANO DE 2007, EM TONELADAS EQUIVALENTE-CARCAÇA. ............. 7
TABELA 8.PREÇO MÁXIMO E MÍNIMO REGISTRADOS NO PERÍODO ............... 18
TABELA 9.DIFERENÇA ENTRE O VALOR DA ARROBA DO BOI GORDO NO
PARANÁ E SÃO PAULO ..................................................................... 20
TABELA 10.DIFERENÇA % ENTRE O VALOR DA ARROBA DO BOI GORDO
NO PARANÁ E SÃO PAULO ............................................................ 20
TABELA 11.COMPARAÇÃO ENTRE AS MÉDIAS ENTRE SI PELA ANALISE
DE TUKEY (Α 5%) ............................................................................. 24
TABELA 12.CORRELAÇÃO ENTRE OS PREÇOS DAS MESORREGIÕES
NO ESTADO DO PARANÁ E CEPEA/BM&F ..................................... 26
vi
LISTAS DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
@ - arroba
R$ - Real
US$ - Dólar americano
BM&F/BOVESPA- Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo
CDI – Certificado de deposito interbancário
CEPEA - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada
CESSR – Contribuição especial de seguridade social rural
CPR - Cédula do produto rural financeira
DESV.PAD- Desvio padrão
E.PAD – Erro padrão
ESALQ - Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"
FGV - Fundação Getúlio Vargas
FUNRURAL - Contribuição Social Rural
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IGP-DI - Índice Geral de Preços / Disponibilidade Interna
Kg - Quilograma
LAPBOV - Laboratório de pesquisa em bovinocultura
MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
METRO.CURITIBA - Metropolitana de Curitiba
N° - Número
SEAB/PR - Secretária de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná
SIF – Serviço de inspeção federal
SINDICARNE/PR - Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados no Estado
do Paraná
t - tonelada
UFPR - Universidade Federal do Paraná
vii
SUMARIO
Conteúdo RESUMO.................. .......................................................................................... ii
LISTA DE FIGURA ........................................................................................... iii
LISTA DE GRÁFICOS ...................................................................................... iv
LISTA DE TABELAS ......................................................................................... v
LISTAS DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS ................................... vi
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1
2 OBJETIVO GERAL .................................................................................... 2
3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................... 2
3.1 Hipóteses ................................................................................................. 2
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................... 3
4.1 A bovinocultura no Brasil e Paraná ......................................................... 3
4.2 O preço da arroba do boi gordo ............................................................... 7
4.3 A variação temporal do preço da arroba do boi gordo ............................. 8
4.4 Indicadores econômicos ........................................................................ 10
4.5 Preço Nominal e Preço Real ................................................................. 12
5 METODOLOGIA ....................................................................................... 13
5.1 Informações sobre o estagio ................................................................. 13
5.2 Atividades desenvolvidas ...................................................................... 14
5.3 Análise dos preços ................................................................................ 14
5.4 Linhas de Tendência ............................................................................. 15
5.5 Índice de preços .................................................................................... 15
5.6 Dados climatológicos ............................................................................. 15
5.7 Análise Estatística ................................................................................. 15
6 RESULTADO E DISCUSSÃO .................................................................. 17
6.1 Preço Nominal e Preço Real ................................................................. 17
6.2 Teste de médias .................................................................................... 24
7 CONCLUSÃO ........................................................................................... 27
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 29
1 INTRODUÇÃO
O planejamento estratégico de uma empresa ligada ao ramo da pecuária,
tanto pecuaristas como frigoríficos, não está apenas nos cuidados com os recursos
humanos, eficiência produtiva, índices zootécnicos ou condições climáticas da
região, mas principalmente, por um conjunto de variáveis econômicas, as quais
podem agir sobre o mercado de bovinos, provocando mudanças no processo
produtivo e na caracterização dos ciclos pecuários, mudando o rumo da atividade
conforme as condições favoráveis, instáveis ou adversas predominantes no mercado
do boi (GARCIA, 1984).
Os indicadores do LAPBOV-UFPR e da ESALQ/BM&FBovespa têm a função
de dar apoio ao mercado, gerando dados transparentes e tornar-se base de
negociações. Além do apoio a cadeia produtiva da bovinocultura, esses indicadores
geram dados para serem estudos pelos meios acadêmicos.
O preço do boi gordo divulgado pela ESALQ/BM&FBovespa é o indicador
mais tradicional e usado na cadeia produtiva. Desde março de 1994, informa
diariamente o público de forma gratuita. É utilizado em liquidação de contratos
futuros da Bolsa de Mercado e Futuros e Bolsa de Valores de São Paulo
(BM&F/Bovespa) do boi gordo, usado também pelo Banco do Brasil para lastrear a
Cédula do Produto Rural Financeira (CPR), referência para o fechamento de
negócios/contratos de entidades/empresas com pecuaristas em todo Brasil. Os
dados são uma média ponderada para todo o Estado de São Paulo proveniente de
abates do estado.
O Laboratório de Pesquisa em Bovinocultura da Universidade Federal do
Paraná (LAPBOV-UFPR) tem a intenção de gerar um indicador confiável para o
mercado paranaense, uma vez que o indicador ESALQ/BM&FBovespa é utilizado
como referencia mais não como base nas negociações, existe uma diferença de
preço utilizado, pois o preço reflete o mercado do boi gordo no Estado de São Paulo.
O LAPBOV-UFPR divulga diariamente os preços da arroba do boi gordo das dez
mesorregiões do estado do Paraná, desde setembro 2009, de forma gratuita.
2
2 OBJETIVO GERAL
O objetivo geral com esse trabalho é analisar o comportamento da série
histórica, 28 de setembro de 2009 a 28 de setembro de 2010 do indicador da arroba
do boi gordo LAPBOV-UFPR.
3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Analisar a diferença entre os preços da arroba do boi gordo LAPBOV-UFPR
das mesorregiões do Estado do Paraná com o indicador ESALQ/BM&FBovespa.
Avaliar a correlação do indicador da arroba do boi gordo LAPBOV-UFPR com
o indicador da arroba do boi gordo ESALQ/BM&FBovespa.
Verificar a diferença entre as médias dos preços nas mesorregiões do Estado
do Paraná, e analisar a viabilidade de agrupamento de dados entre as
mesorregiões.
3.1 Hipóteses
Este trabalho visa avaliar as seguintes hipóteses:
1ª.) Existe uma diferença entre as médias dos preços da arroba do boi gordo entre
as mesorregiões do estado do Paraná.
2ª.) Há uma correlação entre o indicadores de preço LAPBOV e
ESALQ/BM&FBovespa.
3
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4.1 A bovinocultura no Brasil e Paraná
O Brasil possui o segundo maior rebanho bovino do mundo (Tabela 1), maior
rebanho comercial aproximadamente 178 milhões de cabeças (ANUALPEC, 2010).
TABELA 1. REBANHO MUNDIAL DE CABEÇAS BOVINAS*
Países 2009 2010**
Índia 281.100 280.830
Brasil 174.321 177.743
China 104.900 104.649
Estados Unidos 93.000 91.900
União Européia 88.630 88.250
TOTAL 969.773 957.961 *Inclui bubalino **Projeção FONTE: Adaptado ANUALPEC (2010)
Mesmo sendo o segmento agroindustrial que sofre com as barreiras sanitárias
e comerciais impostas pela União européia, Estados Unidos e Japão o Brasil é o
maior exportador de carne bovina no mundo (WILKINSON, 2005), segundo
projeções do ANUALPEC (2010) o Brasil deve exportar mais de 1.700 mil toneladas
de equivalente carcaça (Tabela 2).
TABELA 2. EXPORTAÇÕES MUNDIAIS DE CARNE BOVINAS Países 2009 2010*
Brasil 1.611 1.700 Austrália 1.390 1.350 Estados Unidos 785 837 Índia 675 700
TOTAL 6.706 6.891 *Projeção FONTE: Adaptado ANUALPEC (2010) De acordo com o SINDICARNES PARANÁ (2010a), de Janeiro a Junho de
2010 a Rússia foi à maior compradora da carne bovina brasileira, responsável por
22% da exportação brasileira gerando US$ 467 milhões (Tabela 3).
4
TABELA 3. DESTINO DAS EXPORTAÇÕES DA CARNE BOVINA BRASILEIRA
Países Brasil Participação %
kg US$ kg US$
Rússia 142.617.312 476.168.977 22,4% 20,2%
Irã 94.998.317 367.970.310 15,0% 15,6%
Hong Kong 97.321.979 303.953.888 15,3% 12,9%
Egito 50.271.559 170.746.649 7,9% 7,3%
Venezuela 20.769.382 93.605.653 3,3% 4,0%
Itália 12.701.380 92.596.904 2,0% 3,9%
Reino Unido 22.129.403 80.094.541 3,5% 3,4%
Estados Unidos 13.878.161 78.062.038 2,2% 3,3%
Demais Países 180.581.221 689.622.533 28,4% 29,3%
TOTAL 635.268.714 2.352.821.493 100,0% 100,0% FONTE: Adaptado SINDICARNES Paraná (2010) De acordo com SOBOYA (2003) citado por BARRISGUELA (2004) “O mundo
passa por uma verdadeira revolução na produção e consumo de proteínas animais e o movimento
deverá intensificar se nos próximos vinte anos”. O consumo de carne estimado para a
população brasileira para o ano de 2009/2010 gira entorno de 91,65 kg/pessoa/ano
(ANUALPEC, 2010).
O rebanho bovino se encontra distribuído em todo território brasileiro (Tabela
4). A região do Centro Oeste possui o maior rebanho nacional cerca de 30%,
aproximadamente 52 milhões de cabeças, seguido pela região norte com 20%
(ANUALPEC, 2010). A região sul tem a menor percentagem do rebanho nacional,
porém o rebanho é livre com vacinação da febre aftosa nos estados do Paraná e Rio
Grande do Sul e livre sem vacinação no estado de Santa Catarina (MAPA, 2010).
TABELA 4. EFETIVO POR REGIÃO (POR CABEÇAS) Regiões 2009 2010*
Centro Oeste 51.457.588 52.634.132
Norte 35.606.111 36.973.875
Sudeste 33.688.759 33.519.149
Nordeste 27.861.484 28.302.682
Sul 24.575.472 25.181.105
Brasil 173.189.414 176.610.943 *Projeção FONTE: ANUALPEC (2010)
Os estados de Minas Gerais e Mato Grosso possuem o maior rebanho
aproximadamente 20 milhões de cabeças, cerca de 10% cada do rebanho nacional,
seguidos de Mato grosso do Sul e Goiás com cerca 16 milhões de cabeças cada. O
5
Paraná é o décimo maior rebanho quase 8,5 milhões de cabeças (ANUALPEC,
2010).
As maiores regiões produtoras de carne bovina no Brasil são Centro Oeste
seguido pelo Sudeste e o Norte (Tabela 5).
TABELA 5. PRODUÇÃO DE CARNE BOVINA NO BRASIL Regiões 2009 2010*
Centro Oeste 2.172.258 2.120.373
Sudeste 1.894.110 1.900.854
Norte 1.220.705 1.306.603
Sul 1.237.681 1.225.902
Nordeste 1.093.021 1.223.774
Paraná 523.508 512.426
Brasil 7.617.775 7.777.505 *Projeção, em milhões de toneladas equivalente carcaça. FONTE: Adaptado ANUALPEC (2010)
O Paraná apresenta uma pecuária na maioria extensiva, possuindo uma
variedade de solos e climas que propiciam a implantação de diversas pastagens de
qualidade, destacando-se as espécies Braquiárias, Hermátrias, Capim-elefante,
Napier, Colonião, Milheto, Setárias, Aveias, Azevém e Trevos. A criação e
adaptação de diferentes espécies bovinas e seus cruzamentos e produtores cada
vez mais atrás de capacitação, procurando atingir grandes índices produtivos
(SEAB, 2007).
O estado possui dois climas diferentes, pois é cortado pelo Trópico de
Capricórnio, que divide o clima em subtropical ao norte e temperado ao sul, o que
favorece a cultura de variadas espécies forrageiras em todas as estações do ano, e
permite a criação de diferentes raças bovinas adaptadas ao frio e ao calor,
favorecendo a oferta constante de animais precoces e com bom peso ao longo do
ano (SEAB, 2007).
Os bovinos da raça Nelore e anelorados compõem aproximadamente 70% do
rebanho paranaense, aonde a raça adaptou-se ao clima subtropical nas regiões do
Norte, Noroeste e Oeste do estado (SEAB, 2007).
O rebanho bovino paranaense se encontra dividido por todo o estado (Tabela
6). As regiões mais expressivas em pecuária de corte no estado são Umuarama e
Paranavaí, além de outras regiões de destaque como Londrina, Maringá, Campo
Mourão, Jacarezinho, Ponta Grossa.
6
O pecuarista paranaense está cada vez mais tecnificados, suas pastagens
possuem uma melhor qualidade, conseqüentemente houve um aumento de lotação
(>1,5 cab/ha), o rebanho apresenta um alto valor genético e com uma boa sanidade
animal. De acordo com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná
(SEAB), em 2007 a região Oeste do estado possuía aproximadamente 200 mil
cabeças de bovinos, representando 18% do rebanho paranaense, logo em seguida o
norte central do estado com os mesmos 18%. (SEAB, 2010).
TABELA 6. NUMERO DE CABEÇAS DE BOVINOS NO ESTADO DO PARANA, NO ANO DE 2007.
Mesorregiões 2007
Cabeças %
Oeste 206.373 18,82%
Norte Central 201.788 18,41%
Sudoeste 169.387 15,45%
Metropolitana 158.279 14,44%
Centro Sul 112.051 10,22%
Sudeste 77.510 7,07%
Noroeste 57.150 5,21%
Norte Pioneiro 50.581 4,61%
Centro Oriental 47.415 4,33%
Centro Ocidental 15.748 1,44%
Paraná 1.096.282 100% FONTE: Adaptado SEAB (2010)
Em 2007 o Paraná produziu cerca de 240 mil toneladas de carne (Tabela 7).
A região Noroeste se destacou com uma produção anual de 53 mil toneladas de kg
de carne, aproximadamente 1/5 da produção estadual (SEAB, 2010).
7
TABELA 7. TOTAL DE PRODUÇÃO DE CARNE NO ESTADO DO PARANÁ, ANO DE 2007, EM TONELADAS EQUIVALENTE-CARCAÇA.
Mesorregiões 2007
kg %
Noroeste 53.792 22,52%
Sudoeste 40.493 16,95%
Norte Pioneiro 36.559 15,30%
Norte Central 32.425 13,57%
Centro Sul 24.126 10,10%
Oeste 18.959 7,94%
Centro Oriental 13.074 5,47%
Centro Ocidental 11.981 5,02%
Sudeste 4.760 1,99%
Metropolitana 2.706 1,13%
Total da Produção de Carne (t) 238.875 100% FONTE: Adaptado SEAB 2010
4.2 O preço da arroba do boi gordo
Os mercados de produtos agrícolas são muitas vezes, competitivos, ou seja,
existe um grande número de vendedores e de compradores com informações sobre
o mercado, negociando mercadorias razoavelmente homogêneas. Também é
freqüente a situação em que um grande número de produtores agrícolas se defronta
com um número relativamente reduzido de compradores, especialmente quando o
produto agrícola é a matéria prima de uma agroindústria (KASSOUF & HOFFMANN,
1988).
Com essa concorrência, os pecuaristas simplesmente recebem os sinais
desse mercado através dos frigoríficos. Dessa forma, a relação entre esses dois elos
da cadeia é conflituosa em torno da margem a ser apropriada no momento da
comercialização. Diferentemente das atividades suína e avícola, em que há nítida
relação de subordinação à esfera industrial, pois a cadeia na maioria dos casos é
verticalizada, os pecuaristas, por serem independentes, acabam por deter maior
poder de negociação de venda dos animais com os frigoríficos (IPARDES, 2002).
A característica fundamental dos preços dos produtos agropecuários é um
elevado grau de variabilidade no decorrer do tempo. Esse fenômeno ocorre por
conseqüência de fatores como biológicos, climáticos, pragas e doenças,
mercadológicos. Quanto maior o número de variáveis que afetam oferta e demanda
por boi gordo, maiores as chances de se observar preços instáveis. Existe uma
dificuldade na previsão sobre a oferta e procura de animais, uma vez que a oferta de
8
animais não ocorre de forma constante durante o ano e o consumo é atrelado a
questões de costume e preço do produto (MENDES & PADILHA, 2007).
Quando se menciona “preço” implica-se que houve negócios realizados a este
valor. Preço pago é uma interação entre a compra - escolha do bem ou do serviço
que melhor atende aos objetivos dos compradores com a de venda - consiste em
uma ação persuasiva do vendedor no sentido de repassar ao comprador aspectos
positivos do produto, realizado através da interação de compradores e vendedores
(MENDES & PADILHA, 2007).
O preço da arroba do boi gordo é formado pelo equilíbrio da oferta e da
procura, que se deve a fatores endógenos e exógenos ao segmento pecuário.
Dentre os internos ao segmento, destacam-se as condições climáticas, uso da
tecnologia e a rentabilidade, variáveis que influem na oferta. A demanda é
condicionada por fatores exógenos, como renda, população e exportações, entre
outros. Nos períodos em que a oferta de animais pronto para o abate excede muito à
procura, seu preço tende a cair. Já em períodos nos quais a procura pelos
animais passa a superar a oferta, a tendência é o aumento do preço (DE ZEM &
BARROS, 2005).
4.3 A variação temporal do preço da arroba do boi g ordo
Os preços da arroba na pecuária de corte apresentam variações de natureza
sazonal, durante o ano, e plurianual, durante um período de anos.
As variações sazonais são resultantes de variações climáticas que afetam a
oferta e qualidade de alimentos, constituídos basicamente pelas pastagens e pelo
manejo reprodutivo caracteriza períodos conhecidos por safra, que vai dezembro a
maio e entressafra que vai junho a novembro (COUTO, 1996).
A disponibilidade e a qualidade das forrageiras são influenciadas pela espécie
e pela cultivar, pelas propriedades químicas e físicas do solo, pelas condições
climáticas, pela idade fisiológica e pelo manejo a que a forrageira é submetida. A
produtividade e a qualidade de uma pastagem são determinadas pelo conjunto de
fatores de meio, capazes de agir sobre a produção e sobre a utilização da forragem,
e pela resposta própria de cada espécie forrageira a tais fatores. As forrageiras
tropicais, em conseqüência da estacional idade da produção, não fornecem
9
quantidades suficientes de nutrientes para a produção máxima dos animais
(EUCLIDES, 2001).
O ciclo de produção na pecuária brasileira é predominantemente natural,
seguindo as épocas de reprodução dos animais, a estação de monta inicia-se em
setembro e termina em janeiro, culminando com nascimento no primeiro semestre
do ano, esses animais engordados a pasto, estarão prontos ao abate no primeiro
semestre do ano (MAPA, 2007). Segundo o IPARDES (2002) citando ABRAHÂO et
al. (1999) no Estado do Paraná, observa-se variação quanto ao grau de utilização de
tecnologia na produção bovina, existem produtores abatendo animais com menos de
24 meses de idade e outros aos 42 meses ou mais.
As variações plurianuais, conhecidas como ciclo pecuário, têm uma duração
aproximada de quatro anos, possui duas fases, acedente e descendente, e é
marcado pela expectativa do preço do boi gordo no futuro (GARCIA, 1984;
HOFFMANN & KASSOUF, 1988; COUTO, 1996; AGRAFNP, 2007).
Segundo GARCIA (1984) a principal característica do mercado do boi gordo é
o aumento do abate de matrizes em resposta à queda prolongada da rentabilidade
da pecuária. Um dos principais fatores que influenciam os produtores quanto ao
momento de vender os animais e a necessidade de “fazer caixa” para gerar recursos
para o custeio e gerar lucros aos proprietários. (De ZEM, 1993)
A fase descendente consiste em quando os preços do boi gordo começam a
baixar e isto gera uma expectativa de que os preços futuros do boi serão ainda
menores. Devido a esta expectativa pessimista e falta de rentabilidade, os
pecuaristas decidem abater suas novilhas e matrizes mais velhas, forçando ainda
mais a baixa nos preços devido ao aumento da oferta. Este fenômeno não é
instantâneo, mas ocorre ao longo de um período de quatro anos. Após a redução do
plantel, há uma diminuição no abate e conseqüentemente aumento nos preços,
revertendo assim à expectativa marcando a fase de ascendência. Este fato estimula
a retenção de novilhas para serem matrizes, cujos bezerros estarão disponíveis para
o mercado daqui a quatro anos, quanto então haverá novamente aumento de oferta
e um novo ciclo se inicia. (GARCIA, 1984; HOFFMANN & KASSOUF, 1988; COUTO,
1996; GUIMARÃES & STEFANELO, 2003; AGRAFNP, 2007).
10
4.4 Indicadores econômicos De acordo com GUIMARÃES & STEFANELO (2003) os indicadores tem o
objetivo de dar transparência ao mercado, gerando base de referência para aqueles
que tomam as decisões de negociar. Esta transparência é essencial, especialmente
para aqueles agentes da cadeia que tem menos recursos para obter informação de
boa qualidade. Na grande maioria das atividades agropecuárias, o agente com maior
probabilidade de estar nesta situação é o produtor rural e, por isso, há um esforço do
governo em manter estruturas de coleta e acompanhamento de preços com
divulgação ampla e gratuita.
O indicador ESALQ/BM&FBovespa para o boi gordo (bovino macho, castrado,
comum e rastreado com 16 arrobas ou mais). É o principal indicador no Brasil, pois é
utilizado para liquidação de contratos futuros da BM&FBovespa de boi gordo
principalmente, usado também pelo Banco do Brasil para lastrear a Cédula do
Produto Rural financeira (CPR), referência para o fechamento de negócios/contratos
do Carrefour e de outras entidades/empresas com pecuaristas. Divulgado
diariamente desde março de 1994, considera a média ponderada da arroba do boi
gordo entre as regiões do estado de São Paulo (CEPEA, 2010).
Os valores coletados se referem aos negócios realizados no mercado físico
referentes a preços ao produtor, consultando frigoríficos, pecuaristas, escritórios de
compra e venda de gado e leiloeiras. O estado de São Paulo é dividido em quatro
regiões: Presidente Prudente, Araçatuba, Bauru e São José do Rio Preto. O peso de
cada região na composição do Indicador é definido com base nos dados de volume
de abate dos frigoríficos amostrados, sendo atualizado mensalmente. A participação
de cada região é definida pela soma dos volumes de abate das unidades que
possuem cadastro no Serviço de Inspeção Federal (SIF), consideradas no
levantamento do dia. Tem-se, desta forma, um painel mensal de ponderação que
leva em conta os padrões sazonais de abate de cada região. Quando uma unidade
sai da amostra, devido à falta de relato do preço ou exclusão pelo critério estatístico,
o peso relativo dessa unidade é redistribuído entre as demais. Desta forma, o
sistema de ponderação pode modificar-se diariamente, de acordo com a
participação dos frigoríficos na amostra. Os preços que compõem a amostra devem
estar dentro do intervalo de dois desvios padrão. No caso dos preços dos animais
rastreados, os preços que estiverem fora desse intervalo são retirados dos cálculos
do Indicador. Os preços que estão dentro desse intervalo são considerados,
11
independentemente do relato de rastreabilidade, pois não existe documentação do
valor preciso pago pela rastreabilidade. A Taxa de desconto dos valores a prazo é o
CDI (Certificado de Depósito Interbancário) e o imposto considerados e no valor de
2,3% referente a Contribuição Especial da Seguridade Social Rural (CESSR), ex-
Funrural, pois este percentual é descontado do produtor. (CEPEA, 2010)
O Indicador LAPBOV/UFPR vem sendo divulgado desde maio de 2009, e
desde setembro de 2009 divulga o preço do boi e vaca gorda para as 10
Mesorregiões definidas pelo IBGE no estado do Paraná (Figura 1). Para sua
elaboração, diariamente são consultadas 42 fontes, entre frigoríficos, escritórios de
compra e venda de gado e pecuaristas. Os informantes relatam o volume de animais
abatidos ou comercializados para o abate, o preço nominal de negócios
efetivamente realizados e os prazos de pagamento (LAPBOV, 2010).
Com os dados de volume de abate é feita à ponderação de quantos animais
foram abatidos em cada mesorregião. As cotações (em R$/arroba) dos preços no
mercado físico refletem o valor da arroba na fazenda, livre da Contribuição Especial
da Seguridade Social Rural (CESSR), antigo FUNRURAL, cujo valor é de 2,3%
sobre a produção. Os preços nominais de cada fonte são descontados pelo prazo de
pagamento por meio da taxa média do custo de oportunidade do DI (Depósito
Interbancário), divulgada diariamente pelo Banco Central. Uma vez obtidos os
FIGURA 1. O PARANÁ E SUAS MESORREGIÕES FONTE: Adaptado de ORBIS (2009)
12
preços à vista de cada informante, é calculada a média ponderada para cada
mesorregião paranaense, gerando-se assim os preços regionais à vista.
Posteriormente, estes preços são novamente agrupados por meio de uma média
ponderada, elaborando, assim, o Indicador LAPBOV/UFPR. São considerados na
amostra apenas os dados de preço que se encontram no intervalo que corresponde
à média + dois desvios-padrão.
Nos dias em que o informante não comercializou animais para o abate ele fica
de fora da formação do indicador entrando novamente no índice quando tiver
realizado comercialização. Caso não haja comercialização de animais em toda uma
mesorregião, são considerados o preço e volumes de abates praticados no dia
anterior. A partir de dois dias sem comercialização na região, é considerada a média
do estado para a mesma. A divulgação é feita por meio de uma tabela, postada
diariamente no site www.lapbov.ufpr.br que possui acesso público (LAPBOV, 2010).
4.5 Preço Nominal e Preço Real
O preço nominal (ou em valores correntes) é valor absoluto de um produto
mais a inflação embutida nele. O preço real (ou em valores constantes) é o preço
sobre o qual se descontou a inflação acumulada durante certo período de tempo,
permitindo com isso a sua análise e comparação no tempo. Os valores reais (sem
inflação) são obtidos deflacionando-se os valores nominais (com inflação) em
questão por meio de um índice geral de preços. Esse método consiste na utilização
do índice geral de preços (IGP) - disponibilidade interna (DI) o, da FGV, como
deflator e, basicamente, visa retirar dos preços nominais o efeito da inflação,
convertendo-os em preços reais, que podem ser comparados e analisados no tempo
(MENDES & PADILHA, 2007).
13
5 METODOLOGIA
5.1 Informações sobre o estagio
O estágio curricular supervisionado, requisito final para obtenção do título de
Bacharel em Zootecnia pela Universidade Federal do Paraná, foi realizado no
período de 12 de julho de 2010 a 30 de setembro de 2010, no Laboratório de
Pesquisas em Bovinocultura (LAPBOV) do Departamento de Zootecnia da UFPR,
sob orientação do Profo. Dr. João Batista Padilha Jr. e supervisão do Profo. Dr. Paulo
Rossi Jr.
O Laboratório de Pesquisas em Bovinocultura do Departamento de Zootecnia
da UFPR tem como objetivo aperfeiçoar as atividades de ensino, pesquisa e
extensão da Bovinocultura de Corte, Bovinocultura de Leite, Forragicultura, Nutrição
de Ruminantes, Melhoramento Genético Animal, Economia Rural e Comercialização
Agropecuária. Foi criado para aproximar todos os setores envolvidos com a
Bovinocultura, tornando-se um meio de produção, divulgação e transferência de
conhecimento, consolidando a parceria entre universidades e instituições privadas,
para o desenvolvimento de diversos projetos.
Foram realizadas atividades na área de Bovinocultura de Corte e
Agronegócios, com ênfase na formação diária do Indicador da Arroba do Boi Gordo
LAPBOV-UFPR. O objetivo do estágio foi acompanhar a rotina de trabalho do
LAPBOV e participar do seguinte projeto de pesquisa em andamento:
Indicador de Preços da Arroba do Boi Gordo no Estad o do Paraná
O Indicador de preços de um produto é um preço médio de mercado daquele
produto praticado num determinado período, ou seja, é o preço (cotação) que reflete
as forças de oferta e demanda que atuam naquele momento. O propósito deste
trabalho desenvolvido pelo LAPBOV/UFPR é o de construir um Indicador de preços
de arroba do boi gordo que seja mais abrangente para o estado, e para tal, será
formulado a partir de uma média ponderada que terá como base de ponderação o
volume de abate de bovinos em cada região do estado. Este indicador poderá servir
como referencial no direcionamento de operações de compra e venda de gado pelos
produtores e frigoríficos, pois possivelmente representará um preço mais próximo do
14
real praticado no Estado, reduzindo as forças de oligopsônios por parte dos
frigoríficos e aumentando as margens recebidas pelos produtores. (LAPBOV 2010)
5.2 Atividades desenvolvidas
Diariamente eram feitas ligações para os informantes coletando a informação
sobre o volume de abate e o preço praticado realizados no dia. Após coletar todas
as informações, os valores eram transformados em valores a vista e livre do CESSR.
Posteriormente os dados eram analisados na planilha eletrônica do MICROSOFT
EXCEL® para serem efetuados as devidas analises estatística. Com a tabela do
indicador LAPBOV/UFPR pronta, era feita a divulgação por meio eletrônico através
do site do laboratório e e-mails.
Após a divulgação do indicador de preços da arroba do boi gordo, participava
em atividades paralelas do laboratório como: proposta de uma matriz de custos de
produção para a bovinocultura, levantamentos de leiloeiras e alianças
mercadológicas na cadeia da carne no estado do Paraná. Em ambos os casos o
LAPBOV tem a pretensão de divulgar periodicamente os custos de produção
envolvidos na produção bovina, preço pago pelo bezerro e preço pago pela carcaça
de novilhos no estado do Paraná, pois acredita que o mercado carece dessas
informações fundamentais para um acompanhamento correto da situação do
mercado bovino.
5.3 Análise dos preços
As séries de preços diários da arroba do boi gordo no Estado do Paraná
foram obtidas no site do LAPBOV/UFPR, e representam valores nominais médios
recebidos pelos pecuaristas, no período de setembro de 2009 a setembro de 2009.
As séries de preços diários da arroba do boi gordo para o indicador
ESALQ/BM&FBovespa foram obtidas no site do Cepea, e representa valores
nominais médios recebidos pelos pecuaristas, no período de janeiro de 1997 a
setembro de 2009. No dia 9 de julho de 2010 o indicador ESALQ/BM&FBovespa
chegou ao valor zero, pois era feriado estadual em São Paulo referente à revolução
constitucionalista de 1932, mas para efeitos de calculo, foi considerado o valor do
dia 8 de julho de 2009.
15
Os preços foram deflacionados pelo Índice Geral de Preços Disponibilidade
Interna da fundação Getulio Vargas, com base no mês de setembro 2010.
5.4 Linhas de Tendência
As linhas de tendências, tanto as polinomiais como as lineares, foram geradas
automaticamente no programa MICROSOFT EXCEL®.
5.5 Índice de preços
O índice de preço gerado utilizou o valor médio da arroba do boi gordo no
Estado do Paraná segundo o indicador LAPBOV/UFPR. Foi definido como base 100
o primeiro dia da serie, 28 de setembro de 2009, essa base foi então acumulada
pela taxa de variação diária dos preços anteriores ao dia da base.
5.6 Dados climatológicos
Os dados climatológicos foram fornecidos pelo Instituto Tecnológico
SIMEPAR (2010) e representa o volume pluviométrico e a temperatura média diária
para a cidade de Paranavaí, cidade situada no noroeste do estado do Paraná e é
segundo a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (2007) a cidade de
com maior número de cabeças de bovinos abatidos no estado.
5.7 Análise Estatística
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado,
considerando cada mesorregião do estado do Paraná como um tratamento e os 249
dias de observação como repetição.
A comparação de médias para o período de setembro de 2009 a setembro de
2010 foi feita pelo teste de Tukey, com 5% de significância.
A viabilidade de agrupamento de dados foi calculado pelo método de Scheffé,
com significância de 5%, considerando uma diferença entre os preços da região
Norte do estado (Centro Ocidental, Noroeste, Norte Central e Norte Pioneiro) com o
Sul (Centro Oriental, Centro Sul, Metropolitana, Oeste, Sudeste e Sudoeste)
divulgados pelo LAPBOV/UFPR.
16
A correlação dos dados para o mesmo período foi feita pelo método de
correlação de Pearson com 5% de significância.
As analises estatísticas foram calculadas no programa estatístico Statistix
8.0®.
17
6 RESULTADO E DISCUSSÃO
6.1 Preço Nominal e Preço Real
O GRÁFICO 1 demonstra o comportamento dos preços nominais e reais da
serie de preços do LAPBOV/UFPR, no período de setembro de 2009 e setembro de
2010.
GRÁFICO 1. PREÇOS NOMINAIS E REAIS (SETEMBRO DE 2009 a SETEMBRO 2010) FONTE: O Autor
Em ambos os casos, preço real e nominal, a série de preços apresenta um
crescimento exponencial, com um maior crescimento a partir do mês de Março de
2010. Segundo o Índice gerado, de setembro 2009 á setembro 2010, houve um
aumento de aproximadamente 9% no período (Gráfico 2).
y = 0,000x2 - 0,068x + 74,22R² = 0,913
y = 0,000x2 - 0,088x + 80,64R² = 0,812
60
65
70
75
80
85
90
95
100
28/9/2009 26/2/2010 21/7/2010
MÉDIA PARANÁ NOMINAL
MÉDIA PARANÁ REAL
Polinômio (MÉDIA PARANÁ NOMINAL)
Polinômio (MÉDIA PARANÁ REAL)
18
GRÁFICO 2. ÍNDICE LAPBOV/UFPR FONTE: O Autor
A tabela 8 de mostra os valores máximos e mínimos que os valores dos
indicadores obtiveram no período.
TABELA 8. PREÇO MÁXIMO E MÍNIMO REGISTRADOS NO PERÍODO
Máximo Mínimo Diferença N°Dias
ESALQ/BM&FBovespa R$ 92,05 R$ 75,96 R$ 16,09 249
Noroeste R$ 88,62 R$ 73,15 R$ 15,47 249
Norte Central R$ 88,15 R$ 75,08 R$ 13,07 249
Centro Sul R$ 87,70 R$ 71,50 R$ 16,20 249
Metropolitana De Curitiba R$ 88,29 R$ 71,65 R$ 16,64 249
Média Paraná R$ 87,22 R$ 75,59 R$ 11,63 249
Norte Pioneiro R$ 88,96 R$ 74,84 R$ 14,13 249
Oeste R$ 87,23 R$ 72,71 R$ 14,52 249
Centro Ocidental R$ 86,00 R$ 69,49 R$ 16,51 249
Centro Oriental R$ 88,00 R$ 71,03 R$ 16,97 249
Sudeste R$ 88,00 R$ 72,18 R$ 15,82 249
Sudoeste R$ 84,22 R$ 68,03 R$ 16,19 249 FONTE: O Autor
O valor mais alto registrado no período foi do indicador
ESALQ/BM&FBovespa, R$ 82,47/@, em uma sexta feira dia 10 de setembro de
2010, e o valor mínimo para esse indicador foi, R$ 75,96/@ na segunda-feira 30 de
novembro de 2009. A diferença entre o maior valor para o menor foi de R$16,09 por
arroba.
90,0000
100,0000
110,0000
120,0000
28/9
/200
9
19/1
0/20
09
9/11
/200
9
30/1
1/20
09
21/1
2/20
09
11/1
/201
0
1/2/
2010
22/2
/201
0
15/3
/201
0
5/4/
2010
26/4
/201
0
17/5
/201
0
7/6/
2010
28/6
/201
0
19/7
/201
0
9/8/
2010
30/8
/201
0
20/9
/201
0
Índice LAPBOV
19
No Paraná a mesorregião que apresentou o maior valor foi o noroeste do
estado, R$ 88,62/@ na segunda feira dia 13 de setembro de 2010, um dia útil após a
maior alta no indicador ESALQ/BM&FBovespa. O menor valor registrado foi segunda
feira dia 28 de junho de 2010. A diferença entre o maior valor para o menor foi de R$
15,47 por arroba.
A região noroeste apresenta um nível de desenvolvimento superior ao das
demais, não apenas pela maior participação das áreas de pastagens, do número de
animais e de criadores, mas pela densidade de cabeças e pelo número médio de
cabeças (SEAB, 2007). e a proximidade com o Estado de Mato Grosso do Sul, pólo
da bovinocultura brasileira.
O valor da média Paraná teve seu pico, R$ 87,22/@, na segunda feira dia 13
de setembro de 2010, no mesmo dia em que o noroeste do estado atingiu seu pico,
e um dia útil após o ESALQ/BM&FBovespa atingir seu pico no período. O valor mais
baixo registrado pela média Paraná foi no dia terça-feira, 8 de dezembro de 2009,
no valor de 75,59 reais por arroba.
Essa proximidade de tempo e visto no gráfico 3,
GRÁFICO 3. VALORES DA ARROBA DO INDICADOR LAPBOV/UFPR E ESALQ/BM&FBOVESPA FONTE: O Autor
A diferença média entre o valor ESALQ/BM&FBovespa com a média do
Paraná foi de R$ 3,48/@, variando de R$ 1,63/@ a R$ 7,74 reais por arroba do boi.
Houve casos em que o preço real registrado no Paraná fosse maior que no estado
de São Paulo, levando a crer que houve se uma falta de animais na região.
y = 0,024x + 75,89R² = 0,339
y = 0,040x + 77,37R² = 0,594
70
75
80
85
90
95
28/9/2009 27/1/2010 25/5/2010 16/9/2010
MÉDIA PARANÁ
BM&F
Linear (MÉDIA PARANÁ)
Linear (BM&F)
20
TABELA 9. DIFERENÇA ENTRE O VALOR DA ARROBA DO BOI GORDO NO PARANÁ E SÃO PAULO
Média Desvio Padrão Máximo Mínimo Diferença N° Dias
Sudoeste R$ 5,97 R$ 2,59 R$ 14,22 R$ 1,17 R$ 13,05 249
Sudeste R$ 5,60 R$ 2,16 R$ 12,38 -R$ 0,21 R$ 12,60 249
Centro Oriental R$ 4,73 R$ 3,01 R$ 12,68 -R$ 2,34 R$ 15,01 249
Centro Ocidental R$ 4,50 R$ 2,27 R$ 11,73 -R$ 6,46 R$ 18,20 249
Oeste R$ 4,39 R$ 2,38 R$ 12,61 -R$ 0,86 R$ 13,47 249
Norte Pioneiro R$ 4,05 R$ 1,69 R$ 7,62 -R$ 0,68 R$ 8,29 249
Média Paraná R$ 3,48 R$ 1,63 R$ 7,74 R$ 0,08 R$ 7,67 249
Metropolitana De Curitiba R$ 3,35 R$ 2,00 R$ 10,49 -R$ 1,36 R$ 11,85 249
Centro Sul R$ 3,15 R$ 2,16 R$ 9,84 -R$ 2,65 R$ 12,50 249
Norte Central R$ 3,09 R$ 1,41 R$ 6,05 -R$ 0,95 R$ 7,01 249
Noroeste R$ 2,44 R$ 2,14 R$ 10,37 -R$ 2,71 R$ 13,08 249 FONTE: O Autor
O sudoeste paranaense mostrou a maior diferença com São Paulo, muito
provavelmente por questões geográficas, e a região mais afastada de São Paulo
encarecendo o frete de transporte caso queira fazer o transporte entre animais
nessas duas regiões.
Em valores percentuais, encontra se um valor relativamente igual relatado por
IPARDES (2002). Segundo IPARDES (2002) O preço pago ao produtor pecuarista é
estabelecido pelos frigoríficos de conformidade com os preços parametrizados pela
praça de São Paulo, que são, em média, 5% maiores, enquanto o trabalhou mostrou
4,18% inferior ao estado de São Paulo.
TABELA 10. DIFERENÇA % ENTRE O VALOR DA ARROBA DO BOI GORDO NO
PARANÁ E SÃO PAULO Média Desvio padrão Máximo Mínimo Intervalo
Sudoeste 7,15 2,95 17,29 1,50 15,79
Sudeste 6,73 2,46 14,65 -0,28 14,92
Centro Oriental 5,65 3,56 13,92 -3,04 16,97
Centro Ocidental 5,39 2,62 14,44 -7,72 22,17
Oeste 5,26 2,76 13,81 -1,10 14,91
Norte Pioneiro 4,88 2,00 8,97 -0,89 9,87
MÉDIA PARANÁ 4,18 1,89 9,13 0,09 9,03
Metropolitana de Curitiba 4,01 2,37 12,45 -1,80 14,25
Centro Sul 3,76 2,56 12,10 -3,29 15,40
Norte Central 3,70 1,62 6,96 -1,24 8,20
Noroeste 2,91 2,53 12,07 -3,46 15,52 FONTE: O Autor
O ciclo pecuário teve sua influencia no preço do boi gordo no período de
setembro de 2009 a setembro de 2010. De acordo com dados divulgados pelo IBGE
21
e o preço real divulgado pelo ESALQ/BM&FBovespa, no intervalo dos anos 2001 a
2005, fase descendente do ciclo, houve um aumento no abate de fêmeas devido à
tendência de queda do preço boi gordo (Gráfico 4).
Esse aumento de abate de matrizes fez a oferta de animais diminuírem ao
longo do tempo e com isso houve um aumento do preço nos anos seguintes.
(Gráfico 5).
R$ 0,00
R$ 10,00
R$ 20,00
R$ 30,00
R$ 40,00
R$ 50,00
R$ 60,00
R$ 70,00
R$ 80,00
R$ 90,00
R$ 100,00
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
ago
-01
dez
-01
abr-
02
ago
-02
dez
-02
abr-
03
ago
-03
dez
-03
abr-
04
ago
-04
dez
-04
abr-
05
ago
-05
% BOI
% VACA
Preço Real
Linear (% BOI)
Linear (% VACA)
Linear (Preço Real)
Linear (Preço Real)
R$ 0,00
R$ 10,00
R$ 20,00
R$ 30,00
R$ 40,00
R$ 50,00
R$ 60,00
R$ 70,00
R$ 80,00
R$ 90,00
R$ 100,00
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
set-
05
jan
-06
mai
-06
set-
06
jan
-07
mai
-07
set-
07
jan
-08
mai
-08
set-
08
jan
-09
mai
-09
set-
09
jan
-10
% BOI
% VACA
Preço Real
Linear (% BOI)
Linear (% VACA)
Linear (Preço Real)
GRÁFICO 5. RELAÇÃO DE VOLUME DE ABATE COM O PREÇO (2005-2010) FONTE: O Autor
GRÁFICO 4 RELAÇÃO DE VOLUME DE ABATE COM O PREÇO (2005-2010) FONTE: O Autor
22
Esses dados estão de acordo com a SEAB (2007) que relata um grande
abate de matrizes que se iniciou em 2003 e segue ate hoje, expressivamente na
região noroeste do estado, aonde muitas e tradicionais propriedades de pecuária de
corte estão mudando para a cana de açúcar. Essa conjuntura do avanço da cana de
açúcar, ao ciclo pecuário, está causando um declínio na oferta de bezerros e
também em outras categorias da reposição, como bois magros e novilhas.
De acordo com os dados divulgados pelo SINDICARNES PARANÁ (2010b), o
volume de abate no período analisado, acompanhou o ritmo do preço da arroba, o
volume de cabeças abatidas chegou a 1,24 milhão (Gráfico 6). Nota se um aumento
de número de cabeças abatidas de janeiro-março de 2010, mesmo período em que
o valor da arroba do boi começa seu aumento exponencial.
GRÁFICO 6. NÚMERO DE CABEÇAS ABATIDAS FONTE: O Autor
Devido ao baixo volume pluviométrico a partir do mês de fevereiro de
2010(Gráfico 7), a oferta de pastagens para a alimentação do gado diminuiu,
dificultando a terminação dos animais a pasto. Com isso a oferta de animais pronto
para o abate caiu, os frigoríficos tiveram que manter o preço em alta para incentivar
o pecuarista a vender seus animais, com a intenção de aumentar a escala de abate,
evitando deixar as plantas ociosas.
y = 53,63x - 2E+06R² = 0,291
65.000
75.000
85.000
95.000
105.000
115.000
set/
09
ou
t/0
9
no
v/0
9
dez
/09
jan
/10
fev/
10
mar
/10
abr/
10
mai
/10
jun
/10
jul/
10
ago
/10
set/
10
Número de cabeças
Linear ( Número de cabeças )
Linear ( Número de cabeças )
23
y = 0,000x2 - 16,25x + 32708R² = 0,644
60
65
70
75
80
85
90
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
set-09 out-09 nov-09 dez-09 jan-10 fev-10 mar-10 abr-10 mai-10 jun-10 jul-10 ago-10 set-10
Média 09-10
Média decada
Noroeste
Polinômio (Noroeste)
GRÁFICO 7. RELAÇÃO ENTRE O ÍNDICE PLUVIOMÉTRICO E O PREÇO PAGO NA REGIÃO DE PARANAVAÍ, NOROESTE DO ESTADO FONTE: O Autor
24
6.2 Teste de médias
Conforme a Tabela 11, as médias de preços da arroba do boi gordo diferem
(P<0,001) entre as mesorregiões do estado do Paraná e com os valores do
ESALQ/BM&FBovespa. Os maiores preços foram registrados na Bolsa de Mercados
& Futuros (ESALQ/BM&FBovespa; R$/@ 82,47) e na região Noroeste do estado
(R$/@ 80,03)enquanto nas regiões sul do estado à média foi a menor registrada.
A média do Indicador ESALQ/BM&FBovespa demonstra nesse caso ser
diferente entre todas as mesorregiões e da média do estado do Paraná, porém uma
correlação significativa com a média Paraná e suas mesorregiões (p=0,910) (tabela
10)
TABELA 11. COMPARAÇÃO ENTRE AS MÉDIAS ENTRE SI PELA ANALISE DE TUKEY (Α 5%)
Média E.padrão Desv.pad Variância Tukey 5%
BM&FBovespa 82,47 0,24 3,81 14,52 a
Noroeste 80,03 0,21 3,25 10,58 b
Norte Central 79,38 0,2 3,11 9,68 b c
Centro Sul 79,32 0,2 3,12 9,75 b c d
Metropolitana de Curitiba 79,12 0,21 3,34 11,14 b c d
MÉDIA PARANÁ 78,99 0,19 3,06 9,38 c d e
Norte Pioneiro 78,42 0,22 3,52 12,4 d e f
Oeste 78,08 0,2 3,2 10,23 e f
Centro Ocidental 77,93 0,19 2,93 8,57 f
Centro Oriental 77,74 0,21 3,31 10,98 f g
Sudeste 76,87 0,19 2,98 8,9 g h
Sudoeste 76,5 0,17 2,73 7,45 h
E.padrão- Erro padrão; Desv.pad-Desvio padrão FONTE: O Autor
As médias do noroeste, norte central, centro sul e metropolitana mostraram
serem superiores e iguais estatisticamente, muito provavelmente pelo volume de
abate e sistema produtivos similares e proximidade com regiões de destaque na
bovinocultura como o Mato Grosso do Sul e São Paulo,praça referente ao indicador
ESALQ/BM&FBovespa. A mesma explicação pode ser dada pela similaridade de
médias inferiores do sudeste e sudoeste, volume de abate e sistema produtivos
similares e a distancia das regiões se MS e SP.
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De acordo com o contraste de médias realizado no teste de Scheffé (p<0,05),
houve diferença significativa entre os preços da região norte e sul do estado do
Paraná.
A região norte apresentou uma média superior a região sul, mostrando a
influencia da diferença climática e do volume do abate entre as mesorregiões. De
acordo com IPARDES (2002) nessa divisão, praticamente 60% do rebanho
paranaense encontra-se ao norte e os outros 40%, ao sul, porém com diferenças
nas características de produção. No Norte situam-se os maiores confinamentos, com
66% dos animais confinados no Estado. Os animais são criados e terminados
basicamente em regime de manejo extensivo e em grandes estabelecimentos, com
área média de pasto de 110 ha, apresentando menor custo de produção e animais
de boa qualidade. Na região sul a atividade ocorre de forma mais sistemática em
médios e pequenos estabelecimentos, com área média de 70 há (SEAB 2007).
As maiores correlações (Tabela12) encontradas entre as médias de preço
pago das mesorregiões com a média Paraná, ocorreram na região norte central
(p=0,976), norte pioneiro (p=0,967), noroeste (p=0,934) e metropolitana de Curitiba
(p=0,945). A menor correlação foi da região do centro oriental (p=0,770).
A menor correlação encontrada entre as mesorregiões do estado foram entre
a região noroeste com a região centro oriental(p=0,691).
Essas correlações podem ser explicadas pelo fato do volume de abate de
animais nessas regiões serem diferentes, o norte do estado possui um maior
numero frigorifico, já a região centro oriental possuiu poucos frigoríficos e com uma
pequena capacidade de abate.
Ambas as mesorregiões do estado apresentaram um coeficiente de
correlação alto (p>0,7) com a média Paraná, mostrando que essa sofre a influencia
de todas essas regiões (Tabela 12).
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TABELA 12. CORRELAÇÃO ENTRE OS PREÇOS DAS MESORREGIÕES NO ESTADO DO PARANÁ E CEPEA/BM&F
Centro
Ocidental Centro Oriental
Centro Sul
Metro Curitiba*
Noroeste Norte
Central Norte
Pioneiro Oeste Sudeste Sudoeste
Média Paraná
ESALQ/ Bm&F
Centro Ocidental 1,000
Centro Oriental 0,710 1,000
Centro Sul 0,852 0,715 1,000
Metro.Curitiba* 0,867 0,752 0,878 1,000
Noroeste 0,853 0,691 0,855 0,872 1,000
Norte Central 0,892 0,737 0,900 0,921 0,908 1,000
Norte Pioneiro 0,892 0,761 0,904 0,921 0,876 0,949 1,000
Oeste 0,822 0,731 0,818 0,841 0,811 0,847 0,855 1,000
Sudeste 0,856 0,722 0,841 0,843 0,830 0,874 0,886 0,816 1,000
Sudoeste 0,796 0,735 0,807 0,804 0,764 0,807 0,842 0,793 0,821 1,000
Média Paraná 0,916 0,770 0,925 0,945 0,934 0,976 0,967 0,895 0,899 0,846 1,000
ESALQ/BM&FBovespa 0,827 0,651 0,823 0,851 0,828 0,937 0,897 0,784 0,825 0,733 0,910 1,00
*Metropolitana de Curitiba FONTE: O Autor
27
7 CONCLUSÃO
Os preços pagos tanto no indicador do ESALQ/BM&FBovespa como
LAPBOV-UFPR, apresentaram um crescimento no período analisado,
influenciados pela estiagem acima da média para o período e uma falta de
oferta constante de boi gordo no frigorifico, reflexo do excesso de abate de
matrizes no ano 2005/2006 conseqüentemente uma baixa produção de
bezerros nascidos que se tornariam os bois gordos do ano de 2009/2010.
A falta de padronização da carcaça bovina e um não pagamento pela
qualidade desta fazem que o ciclo pecuário continue tendo uma forte
participação no comportamento do preço da arroba do boi gordo, uma vez que
independe da qualidade do animal ele é considerado apenas um insumo para a
produção da carne comercial (URSO, 2007). Tanto pecuaristas e frigoríficos
tiram proveito dessa situação, o pecuarista tenta vender o animal no “melhor”
preço possível, enquanto o frigorífico busca um “insumo” de menor valor, em
nenhum dos casos a qualidade do animal e questionada
Os indicadores apresentam uma alta correlação entre si, demonstrando
a influencia do indicador ESALQ/BM&FBovespa no Estado do Paraná. A
defasagem de tempo do repasse de alta do preço do boi gordo do estado de
São Paulo para o Paraná foi de um dia útil.
As mesorregiões do estado apresentam valores para a arroba do boi
gordo que se correlaciona entre si, porem são diferentes estatisticamente, não
obedecendo a uma lógica geográfica segundo o mapa do IBGE. A região norte
do estado apresentou uma média de preços reais maiores que a região sul,
significativa de acordo com Teste de Scheffé. Essa superioridade de preço da
região norte pode ser explicada pelo fato que ela faz divisão entre os Estados
do Mato Grosso do Sul e São Paulo, terem um maior plantel e volume de
abate, do que a região sul.
Um reagrupamento de preços por mesorregiões segundo o IBGE é
viável. Esse reagrupamento dividiria o estado em região norte e região sul, sem
perdas estatísticas significativas.
A partir deste trabalho, sugere-se a utilização do indicador
LAPBOV/UFPR por partes da cadeia produtiva da bovinocultura de corte
28
paranaense, uma vez que mostrou condizente a realidade e é gerado por uma
instituição idônea.
Futuros trabalhos ligando preço com qualidade de carcaça, parcerias
comerciais voltadas a qualidade da carne são convenientes. Esses trabalhos
além de promover um incentivo para o setor procurar qualidade e se organizar,
pode ajudar a diminuir o abate de matrizes destinadas à produção de carne, e
reduzir o efeito do ciclo pecuário no preço da arroba do boi gordo, gerando uma
estabilidade no setor.
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8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANUALPEC (Anuário da pecuária brasileira). Novas previsões para o ciclo pecuário . São Paulo: FNP Consultoria & Comércio, p. 99-100, 1997. ANUALPEC (Anuário da pecuária brasileira). Ambientalistas, frigoríficos, importadores, rentabilidade, confinamento, expansão , nova realidade. São Paulo: AgraFNP pesquisa Ltda.2010 BARRIGUELA, T.M. Coordenação produtiva na bovinocultura de corte br asileira por meio da utilização do mercado futuro da arroba do boi gordo .Trabalho de conclusão de curso.Faculdades Integradas “Antônio Eufrásio De Toledo” Faculdade De Ciências Econômicas E Administrativas de Presidente Prudente,Presidente Prudente,p. 101.2004 CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).Serie de preço (desde 23/07/19970. Disponível em: < http://www.cepea.esalq.usp.br/boi/>. Acesso em: 01 de outubro de 2010. CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). Metodologia do Indicador ESALQ/BM&F Bovespa. Disponível em: <http://www.cepea.esalq.usp.br>. Acesso em: 03 de outubro de 2010. COUTO, M.T. Ciclos de preços na pecuária de cort e. Preços Agrícolas, Piracicaba, n. 118, p. 2-5, ago. 1996. DE ZEN, S. Alguns aspectos do processo de formação dos preço s da pecuária de corte . Preços agrícolas, Piracicaba, n. 86, p. 4-9, dez. 1993. DE ZEN, S.; BARROS, G.S.C. Formação de preços do boi, uma perspectiva histórica . Visão Agrícola. Piracicaba, n. 3, p. 120-122, jan./jun. 2005. EUCLIDES, V. P. B. Produção intensiva de carne bovina em pasto . In: II Simpósio de Produção de Gado de Corte, 2001, Viçosa. II Simpósio de Produção de Gado de Corte. Viçosa : Suprema Gráfica e Editora Ltda, 2001. v. 1. p. 55-82. FGV – Fundação Getúlio Vargas. Índices Gerais de Preços. Disponível em: <http://portalibre.fgv.br/main.jsp?lumChannelId=402880811D8E34B9011D92B6B6420E96>. Acesso em: 20 de outubro de 2010. GARCIA,E.A.C.Os preços da pecuária bovina do pantanal mato-grossense. Brasília: Pesq. Agropec. Brás. P. 123-148,fev. 1984 GUIMARÃES, V.A. di; STEFANELO, E. L. Comercialização Agrícola . Apostila. Universidade Federal do Paraná. Curitiba: UFPr/SCA/DERE, p.116. 2003. IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Pesquisa Trimestral de Abate de Animais. Disponível em:
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